Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Resultados do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 realizado no Autódromo do Estoril em 24 de setembro de 1989.[2] Décima terceira etapa do campeonato, foi vencido pelo austríaco Gerhard Berger, da Ferrari, com Alain Prost em segundo pela McLaren-Honda e Stefan Johansson em terceiro pela Onyx-Ford.[3]
Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 de 1989 | |||
---|---|---|---|
Sexto GP de Portugal realizado no Estoril | |||
Detalhes da corrida | |||
Categoria | Fórmula 1 | ||
Data | 24 de setembro de 1989 | ||
Nome oficial | XXIII Grande Prémio de Portugal[1][nota 1] | ||
Local | Autódromo do Estoril, Estoril, União das Freguesias de Cascais e Estoril, Portugal | ||
Percurso | 4.350 km | ||
Total | 71 voltas / 308.850 km | ||
Condições do tempo | Ensolarado, quente, seco | ||
Pole | |||
Piloto |
| ||
Tempo | 1:15.468 | ||
Volta mais rápida | |||
Piloto |
| ||
Tempo | 1:18.986 (na volta 49) | ||
Pódio | |||
Primeiro |
| ||
Segundo |
| ||
Terceiro |
|
Alain Prost chegou a Portugal como vencedor do Grande Prémio da Itália e detinha 20 pontos de vantagem sobre Ayrton Senna, mas pelo teor das suas declarações à imprensa durante o fim-de-semana em Monza, a situação parecia outraː há alguns dias o francês acusou a Honda de favorecer o seu rival ao desenvolver motores mais adequados ao estilo de condução de Senna, num açoite verbal repudiado pelos nipónicos.[4] Em resposta, a McLaren divulgou no Estoril um comunicado assinado por Ron Dennis, Yoguro Noguchi e Alain Prost onde "Alain lamenta profundamente a publicidade adversa e o resultante embaraço causado pelas suas declarações".[5] Redigido de uma forma a evitar a demissão de Prost por infração contratual à honra e integridade da Honda,[5] o documento ressaltou o esforço em criar "o melhor ambiente de trabalho possível para o piloto e para a equipa durante o resto da temporada".[5]
Em nome desse ambiente ordeiro desejado por ambas as partes, o conjunto McLaren-Honda reafirmou a Alain Prost o compromisso de tratar os seus pilotos com igualdade de condições, extraindo do corredor francês o compromisso de relatar as suas dúvidas à equipa antes de levá-las à imprensa.[5] Por fim, o comunicado repudiou qualquer declaração doentia feita por terceiros ao final da corrida italiana, ressalvando que McLaren e Honda procura o sucesso e a excelência técnica, mas sem abrir mão de valores como honestidade e desportivismo.[5]
Menos sorte teve Bertrand Gachot, demitido pela Onyx ao criticar a equipa. Para o substituir escolheram o finlandês J. J. Lehto, que virá a estrear na Fórmula 1 ostentando o título do Campeonato Britânico de Fórmula 3 em 1988.[6] Outra mudança na grid aconteceu na Tyrrell, que libertou Jean Alesi para correr na Fórmula 3000 e convocou Johnny Herbert no seu lugar.[7]
Indiferente à polémica em volta de Alain Prost, o brasileiro Ayrton Senna manteve-se inabalável na pista ao assinalar o melhor tempo nos treinos de sexta-feira, façanha confirmada no sábado quando o campeão mundial de 1988 baixou o próprio tempo em vinte e oito centésimas de segundo[8] e confirmou mais uma pole position. Ao comentar o próprio feito, Ayrton Senna mostrou-se preocupado com o calor, o desgaste do equipamento e o consumo dos pneus, razão pela qual este pretendia poupar a sua McLaren com uma atitude cautelosa. Em segundo e terceiro lugares estavam Gerhard Berger e Nigel Mansell, pilotos da Ferrari, enquanto Alain Prost atribuiu o seu quarto lugar ou ao balanço dos travões ou ao tráfego,[9] razão pela qual a sua McLaren ficou à frente de Pierluigi Martini, destaque do treino com a sua Minardi,[7] apesar de ter corrido no sábado.[9] O único momento de tensão nesse dia foi o choque entre a Coloni de Roberto Moreno e a Arrows de Eddie Cheever na entrada da curva oito do Estoril, um susto que não impediu a qualificação de ambos.[10]
Mesmo partindo na pole position, Ayrton Senna foi presa fácil para Gerhard Berger, pois na hora da partida, o brasileiro estava no lado mais sujo da pista (dado o pouco uso do local destinado à posição de honra) e viu o austríaco da Ferrari tomar a liderança enquanto o próprio Senna caiu para segundo à frente de Nigel Mansell. Tal cenário manteve-se inalterado por sete voltas até que Mansell subiu para o segundo lugar e mesmo sob um calor de 27 °C, o rendimento do "leão" compensava, inclusive, o asfalto irregular do Estoril, factos que levaram o britânico ao primeiro lugar na volta vinte e quatro invertendo a dobradinha com Berger, enquanto Senna corria discretamente em terceiro, ora à frente de Alain Prost, ora adiante de Pierluigi Martini.[11]
Paulatinamente, os corredores foram chamados às boxes para a troca de pneus e quando Nigel Mansell parou, a liderança caiu nas mãos de Pierluigi Martini, que ponteou a quadragésima volta com a sua Minardi. Enquanto isso, uma manobra canhestra de Mansell nas boxes mudaria do curso da provaː último a parar, o britânico entrou nas boxes com tamanho furor a ponto de quase atropelar os mecânicos da Ferrari e errar o ponto de travagem.[12] Logo a emenda ficaria pior que o soneto, pois Mansell infringiu o regulamento e engatou uma marcha atrás a fim de realizar o seu pit stop, manobra punida com a bandeira preta.[13]
Ignorando a punição que estava por vir, Nigel Mansell voltou ao asfalto com Gerhard Berger novamente em primeiro lugar e diante deste cenário decidiu caçar Ayrton Senna e tomar-lhe o segundo lugar.[13] Enquanto isso, a bandeira preta tremulava com insistência para informar a desclassificação do carro 27, mas tais avisos (nas nas voltas 45, 46 e 47) foram ignorados por Mansell,[14] enquanto Senna desconhecia a sanção ao rival por uma falha de comunicação com a box da McLaren.[15][16] Entre uma circunstância e outra, Senna e Mansell chegaram na entrada da curva um após quarenta e oito voltas e bateram ao final da reta das boxes. Fim de prova para os dois.[11] Avaliando o incidente, os comissários da FISA recomendaram a suspensão de Nigel Mansell por uma corrida, além de multarem o piloto e a Ferrari em 50 mil dólares.[17]
O gesto de Nigel Mansell não afetou a liderança de Gerhard Berger, mas aplainou o caminho de Alain Prost rumo ao título, pois o francês ascendeu ao segundo lugar sabendo que Ayrton Senna não pontuaria e destacou o desempenho de Stefan Johansson, terceiro colocado com a Onyx, equipa cuja estreia na Fórmula 1 ocorreu no Grande Prémio do México de 1989. Não obstante o seu esmero, o veterano corredor sueco tinha atrás de si as Williams de Riccardo Patrese e Thierry Boutsen e a Benetton de Alessandro Nannini. Exceto pela ultrapassagem de Patrese sobre Johansson, este grupo manteve-se inalterado até a volta sessenta, quando os dois carros de Frank Williams pararam por superaquecimento do motor, mesmo na estreia do modelo FW13.[1] Com isso, Pierluigi Martini (Minardi) e Jonathan Palmer (Tyrrell) alcançaram a zona de pontuação.
Na volta 63, o narrador Galvão Bueno anunciou que a transmissão da prova seria suspensa, pois a Rede Globo teria que exibir o horário eleitoral gratuito relativo à eleição presidencial de 1989 conforme lei sancionada pelo presidente José Sarney,[18][nota 2] A emissora pediu ao Tribunal Superior Eleitoral para que a lei não fosse aplicada neste contexto e embora quatorze dos vinte e dois presidenciáveis aceitassem libertar o seu espaço para a exibição da prova, a corte eleitoral alegou não haver base legal que justificasse tal exceção e negou o pedido. Foi a única vez que uma lei interrompeu a exibição de um Grande Prémio de Fórmula 1 no Brasil, obrigando a claque a recorrer à rádio para acompanhar os momentos finais da prova.[9][nota 3] Com o término da propaganda eleitoral, o resto da corrida foi exibido em videogravação durante o Domingão do Faustão.[19]
Sem alterações quanto aos seis primeiros, a prova terminou com a vitória da Ferrari de Gerhard Berger (aliás, a última de John Barnard como diretor técnico da equipa italiana), com Alain Prost em segundo pela McLaren e Stefan Johansson em terceiro pela Onyx. Na mesma volta dos ponteiros chegou a Benetton de Alessandro Nannini, enquanto Pierluigi Martini foi o quinto pela Minardi e Jonathan Palmer o sexto pela Tyrrell, estes com uma volta de diferença.[7] Dentre as efemérides da prova estavam os 150 Grandes Prémios de Alain Prost, o último pódio de Stefan Johansson, o único pódio da equipa Onyx, a única volta liderada por Pierluigi Martini e pela Minardi e o último ponto na carreira de Jonathan Palmer.[20]
O único dentre os brasileiros a terminar a corrida foi Maurício Gugelmin, décimo colocado com a March, pois Roberto Moreno parou por falha mecânica na sua Coloni e Nelson Piquet ficou a pé quando a sua Lotus foi atingido pela Dallara de Alex Caffi,[21] além, claro, do acidente entre Senna e Mansell.[13] Com os resultados da etapa portuguesa, Alain Prost liderava o certame com 75 pontos contra 51 de Ayrton Senna e o francês estava a uma vitória do tricampeonato mundial, enquanto Ayrton Senna precisaria vencer as três corridas restantes para chegar ao título sem depender dos resultados do seu rival.[11][nota 4]
Horas depois da frustração no Estoril, uma alegriaː Emerson Fittipaldi venceu o Grande Prémio de Nazareth e tornou-se campeão da Fórmula Indy em 1989, figurando como o primeiro brasileiro a ganhar um título no automobilismo norte-americano.[22][nota 5]
Pos. | Nº | Piloto | Construtor | Tempo | Dif. |
---|---|---|---|---|---|
1 | 36 | Stefan Johansson | Onyx-Ford | 1:18.623 | — |
2 | 30 | Philippe Alliot | Lola-Lamborghini | 1:19.164 | + 0.541 |
3 | 31 | Roberto Moreno | Coloni-Ford | 1:19.780 | + 1.157 |
4 | 29 | Michele Alboreto | Lola-Lamborghini | 1:19.869 | + 1.246 |
5 | 37 | J. J. Lehto | Onyx-Ford | 1:20.880 | + 2.257 |
6 | 18 | Piercarlo Ghinzani | Osella-Ford | 1:21.021 | + 2.398 |
7 | 33 | Oscar Larrauri | Eurobrun-Judd | 1:21.326 | + 2.703 |
8 | 40 | Gabriele Tarquini | AGS-Ford | 1:21.881 | + 3.258 |
9 | 35 | Aguri Suzuki | Zakspeed-Yamaha | 1:24.116 | + 5.493 |
10 | 34 | Bernd Schneider | Zakspeed-Yamaha | 1:24.732 | + 6.109 |
11 | 32 | Enrico Bertaggia | Coloni-Ford | 1:28.526 | + 9.903 |
EXC | 41 | Yannick Dalmas | AGS-Ford | — | — |
EXC | 17 | Nicola Larini | Osella-Ford | — | — |
Pos. | Nº | Piloto | Construtor | Q1 | Q2 | Dif. |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | 1 | Ayrton Senna | McLaren-Honda | 1:15.496 | 1:15.468 | — |
2 | 28 | Gerhard Berger | Ferrari | 1:16.799 | 1:16.059 | + 0.591 |
3 | 27 | Nigel Mansell | Ferrari | 1:17.387 | 1:16.193 | + 0.725 |
4 | 2 | Alain Prost | McLaren-Honda | 1:17.336 | 1:16.204 | + 0.736 |
5 | 23 | Pierluigi Martini | Minardi-Ford | 1:16.938 | 1:17.161 | + 1.470 |
6 | 6 | Riccardo Patrese | Williams-Renault | 1:17.281 | 1:17.852 | + 1.813 |
7 | 21 | Alex Caffi | Dallara-Ford | 1:18.623 | 1:17.661 | + 2.193 |
8 | 5 | Thierry Boutsen | Williams-Renault | 1:17.801 | 1:17.888 | + 2.333 |
9 | 24 | Luis Pérez-Sala | Minardi-Ford | 1:17.844 | 1:18.305 | + 2.376 |
10 | 7 | Martin Brundle | Brabham-Judd | 1:17.874 | 1:17.995 | + 2.406 |
11 | 8 | Stefano Modena | Brabham-Judd | 1:18.589 | 1:18.093 | + 2.625 |
12 | 36 | Stefan Johansson | Onyx-Ford | 1:19.281 | 1:18.105 | + 2.637 |
13 | 19 | Alessandro Nannini | Benetton-Ford | 1:18.115 | 1:18.359 | + 2.647 |
14 | 15 | Maurício Gugelmin | March-Judd | 1:18.124 | 1:18.277 | + 2.656 |
15 | 31 | Roberto Moreno | Coloni-Ford | 1:18.196 | 1:20.512 | + 2.728 |
16 | 20 | Emanuele Pirro | Benetton-Ford | 1:18.340 | 1:18.328 | + 2.860 |
17 | 30 | Philippe Alliot | Lola-Lamborghini | 1:19.306 | 1:18.386 | + 2.918 |
18 | 3 | Jonathan Palmer | Tyrrell-Ford | 1:19.172 | 1:18.404 | + 2.936 |
19 | 22 | Andrea de Cesaris | Dallara-Ford | 1:18.442 | 1:18.511 | + 2.974 |
20 | 11 | Nelson Piquet | Lotus-Judd | 1:18.482 | 1:18.682 | + 3.014 |
21 | 29 | Michele Alboreto | Lola-Lamborghini | 1:18.563 | 1:18.846 | + 3.095 |
22 | 9 | Derek Warwick | Arrows-Ford | 1:18.711 | 1:18.892 | + 3.243 |
23 | 25 | René Arnoux | Ligier-Ford | 1:18.767 | 1:19.979 | + 3.299 |
24 | 16 | Ivan Capelli | March-Judd | 1:19.079 | 1:18.785 | + 3.317 |
25 | 12 | Satoru Nakajima | Lotus-Judd | 1:19.278 | 1:19.165 | + 3.697 |
26 | 10 | Eddie Cheever | Arrows-Ford | 1:19.247 | 1:20.006 | + 3.779 |
27 | 4 | Johnny Herbert | Tyrrell-Ford | 1:19.515 | 1:19.264 | + 3.796 |
28 | 26 | Olivier Grouillard | Ligier-Ford | 1:19.605 | 1:19.436 | + 3.968 |
29 | 39 | Pierre-Henri Raphanel | Rial-Ford | s/tempo | 1:21.435 | + 5.967 |
30 | 38 | Christian Danner | Rial-Ford | 1:21.678 | 1:22.423 | + 6.210 |
Fonte:[2] |
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.