Estação Ferroviária de Setúbal
estação ferroviária em Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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A estação ferroviária de Setúbal (nome anteriormente grafado como "Setubal") é uma gare da Linha do Sul, que serve a cidade de Setúbal, em Portugal. Foi inaugurada em 21 de Fevereiro de 1861.[3]
Setúbal | |||||||||||||||||||||
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a estação de Setúbal, em Junho de 2019 | |||||||||||||||||||||
Identificação: | 68122 SAL (Setúbal)[1] | ||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação de Concentração de Setúbal | ||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (sul)[2] | ||||||||||||||||||||
Classificação: | EC (estação de concentração)[1] | ||||||||||||||||||||
Tipologia: | B [2] | ||||||||||||||||||||
Linha(s): | Linha do Sul (PK 28+222) | ||||||||||||||||||||
Altitude: | 15 m (a.n.m) | ||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 38°31′50″N × 8°53′5.94″W (=+38.53056;−8.88498) | ||||||||||||||||||||
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Município: | Setúbal | ||||||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||||||
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Coroa: | Coroa 3 Navegante | ||||||||||||||||||||
Conexões: | |||||||||||||||||||||
Equipamentos: | |||||||||||||||||||||
Inauguração: | 1 de fevereiro de 1861 (há 163 anos) | ||||||||||||||||||||
Website: |
Esta interface situa-se na cidade de Setúbal, tendo acesso pela Estrada dos Ciprestes e pela Praça do Brasil.[4][5]
A Carris Metropolitana opera, desde 2022, 46 linhas de autocarro regulares, ligando a estação a toda a Península de Setúbal.[6]
Esta interface apresenta quatro vias de circulação, numeradas de I e IV, com comprimentos entre 232 e 403 m e acessíveis por plataformas com comprimentos entre 323 e 221 m e 90 cm de altura; existe ainda uma via secundária, identificada como G1, com comprimento de 30 m; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[2] Esta configuração apresenta-se algo reduzida em comparação com a de décadas anteriores.[7]
No local desta interface há um limiar de tipologia ferroviária no que respeita ao tipo de via, que é dupla troço Setúbal - Pinhal Novo e única no troço Águas de Moura - Setúbal, e também aos patamares de velocidade mais elevados (sic), que é de 160-220 km/h no troço Setúbal - Pinhal Novo e 120-160 km/h no troço Águas de Moura - Setúbal.[2]
Esta estação é utilizada por serviços urbanos da Linha do Sado, assegurados pela operadora Comboios de Portugal,[8] e também pelos serviços da operadora Fertagus.[9]
Uma lei de 7 de Agosto de 1854 autorizou a Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo foi autorizada a construir um caminho de ferro de Aldeia Galega a Vendas Novas, com um ramal para Setúbal.[10] O ponto inicial foi alterado em 26 de Agosto desse ano para o Barreiro,[10] tendo o troço até Vendas Novas sido aberto à exploração em 1 de Fevereiro de 1861, incluindo desde logo o Ramal de Setúbal, desde o Pinhal Novo até à cidade de Setúbal.[11][12] Originalmente, foi construída utilizando uma bitola de 1,44 metros.[13]
De forma a evitar uma custosa passagem pelo interior da cidade, a estação foi instalada na periferia, o que gerou vários problemas de acesso para o transporte de mercadorias, especialmente de peixe, que tinha de ser transportado desde a margem do Rio Sado em carroças.[14] Durante a segunda metade do século, a Rua de São João, posteriormente denominada Avenida Manuel Maria Portela, afirmou-se como a principal ligação da cidade de Setúbal à gare ferroviária.[15] Além da cidade em si, a estação também servia a praia de Setúbal.[16]
Em 7 de Agosto de 1861, o Caminho de Ferro do Sul e o seu Ramal para Setúbal foram tomados pelo estado quando a Companhia ao Sul do Tejo foi nacionalizada, tendo as linhas ficado sob a gestão estatal até 21 Abril de 1864, data em que foram entregues à Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste,[17] que devia alargar as vias para bitola ibérica, que aquela empresa já tinha utilizado nas suas linhas, de Vendas Novas até Évora e Beja.[18] A Companhia, por seu turno, acabou por ser também nacionalizada em 13 de Março de 1869, após vários anos de conflitos com o estado.[18]
Já quando se contratou a exploração da rede ao Sul do Tejo à Companhia do Sueste, em 1864, estava previsto o prolongamento do Ramal de Setúbal até à margem do Rio Sado, onde deveria ser construída uma nova estação.[10] Este empreendimento voltou a surgir numa lei de 29 de Março de 1883, já durante a gestão do estado,[14] e em finais de 1897 estava a ser projectado.[19] Uma das bases da Lei de 14 de Julho de 1899 incluiu o ramal como um dos projectos preferenciais para receber os recursos financeiros do Fundo Especial de Caminhos de Ferro.[14] Nesta altura, já estava em elaboração o Plano da Rede ao Sul do Tejo, no qual estava incluída a Linha do Sado; este caminho de ferro devia iniciar-se em Garvão, na Linha do Sul, e terminar na estação de Setúbal, estabelecendo desta forma a ligação directa entre a Margem Sul do Tejo e o Algarve.[14] No entanto, a transição do Esteiro da Marateca oferecia dificuldades tais que se chegou a ponderar a ligação directa ao Pinhal Novo em vez da passagem por Setúbal.[14] Quando o Plano da Rede foi decretado, em 27 de Novembro de 1902, determinou-se que deviam ser feitos estudos para escolher qual dos dois pontos, Setúbal ou Pinhal Novo, seria o melhor para iniciar a Linha do Sul.[14] Entretanto, a Câmara Municipal de Setúbal já tinha sido autorizada pelo ministro Mariano de Carvalho a criar novas taxas, de forma a financiar vários melhoramentos na cidade, incluindo o ramal até à margem do rio.[14]
Foram feitos vários estudos para o novo ramal, mas depressa se chegou à conclusão que prolongar o caminho de ferro seria uma tarefa muito complicada, devido ao desenvolvimento urbano entre a estação e a margem do rio; para tentar evitar este problema, foi sugerido um traçado que saía do Ramal de Setúbal antes de chegar ao terminal, seguindo depois até à margem do Rio, onde teria seria construída a nova estação.[14] Esta proposta foi rejeitada, devido ao facto de deixar ao abandono a antiga estação, que já se tinha afirmado como um importante pólo urbano, e à sua passagem pelo centro da cidade.[14] Com efeito, em meados de 1903 um grupo de cidadãos de Setúbal publicou um manifesto, no qual criticou a directriz pelo centro da cidade, e defendeu que a linha devia passar pelos arredores de Setúbal, com um apeadeiro nas Fontainhas.[20]
Em 1901, já se planeava que o ramal teria o seu início nas agulhas à entrada da estação, passaria por um poço construído recentemente no Bairro Baptista, atravessaria a estrada e depois a Quinta de Tebaida, passaria em trincheira até junto ao Baluarte do Cemitério dos Ingleses, teria um túnel até à Rua do Quebra Costas, junto às Fontainhas, e finalmente seguiria até ao local de desembarque na margem do rio.[21] Um traçado semelhante foi aplicado pelo engenheiro Augusto César Justino Teixeira no seu projecto, que fez o ramal sair da estação pelo lado Sul, passando pela Praça do Quebedo, atravessando um túnel e cruzando a Avenida Luísa Todi antes de chegar à margem do Rio, onde teria uma estação fluvial.[14] Este projecto, datado de 30 de Abril de 1903, foi aprovado em 6 de Julho de 1903, constituindo o primeiro troço da Linha do Sado.[22]
O troço seguinte, até Setúbal - Mar, foi construído em 1907,[23] mas a ligação entre Setúbal e Alcácer do Sal só entrou oficialmente ao serviço em 25 de Maio de 1920.[11]
Em 1913, existiam serviços de diligências entre a estação e a cidade de Setúbal, e de automóveis desde a estação até Águas de Moura, Palma, Alberge, Alcácer do Sal, Grândola, Santa Margarida do Sado, São Francisco da Serra e Santiago do Cacém.[24]
Em 11 de Maio de 1927, a operadora Caminhos de Ferro do Estado foi integrada na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que passou a explorar a rede ferroviária do Sul e Sueste.[25] Em Abril de 1929, foi noticiado que a Companhia tinha um projecto para duplicar os troços entre o Barreiro e Setúbal.[26] Em 1932, aquela empresa realizou obras de melhoramento na toma de água,[27] e em 1934 construiu um muro de suporte e instalou uma electro-bomba.[28]
Em 21 de Junho de 1934, foi inaugurado o troço até Santiago do Cacém da Linha de Sines,[29] tendo sido organizado um comboio especial, que passou pela Estação Ferroviária de Setúbal, onde foi recebido pelos oficiais de Infantaria 11, comandados pelo tenente-coronel Marcus Escrivanis, o comandante da Polícia de Segurança Pública, e uma secção da Acção Escolar Vanguarda, que embarcou no comboio.[30] Também entraram alguns membros da Câmara Municipal, o reitor do Liceu, António Manuel Gamito, e os delegados da Junta Geral do Distrito.[30] Nesse ano, a C.P. construiu um reservatório em betão na estação de Setúbal.[31]
Em 26 de Maio de 1939, o Regimento de Sapadores de Caminhos de Ferro organizou um comboio especial do Barreiro a Setúbal, por ocasião do final do curso de várias especialidades ligadas ao transporte ferroviário.[32]
Em 16 de Agosto de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses estava a preparar um contrato para a renovação integral de vários troços, incluindo os do Barreiro a Faro, via Setúbal.[33] Em 1972, Setúbal recebia azeite em embalagens de Olhão, Luz de Tavira, Conceição, Cacela e da Fuseta, e farinha e óleo de peixe de Olhão.[34]
Em 1990, foi aberto o concurso para o Sistema Integrado de Sinalização do Sul (SISSUL), que tinha como objectivo modernizar a sinalização nas linhas que integravam o chamado Itinerário do Carvão, de Ermidas Sado até à Central Termoeléctrica do Pego, passando por Setúbal; neste projecto, também estava incluída a construção de 2 centros de telecomando (controlo centralizado de tráfego), sendo um deles em Setúbal, que devia cobrir toda a área a Sul de Bombel.[35]
Em Janeiro de 2011, possuía quatro vias de circulação, com 451, 387, 339 e 317 m de comprimento; as quatro plataformas tinham 326 e 305 m de comprimento, e 70 e 40 cm de altura[36] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]
No livro Uma Visita a Portugal em 1866, Hans Christian Andersen descreve a sua chegada à estação de Setúbal:
Em breve temos em nossa frente Setúbal. [...] A carruagem de Carlos O’Neill esperava-nos na estação e logo partimos atravessando uma parte da cidade [...].— Hans Christian Andersen, Uma Visita a Portugal em 1866, p. 50
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