Operação Popeye
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A Operação Popeye foi o avanço dos destacamentos Tiradentes e Caicó do Exército Brasileiro e Polícia Militar de Minas Gerais, a partir de Minas Gerais, ao Rio de Janeiro e Brasília durante o golpe de Estado no Brasil em 1964. Sua retaguarda foi garantida dentro do estado pelas operações Gaiola e Silêncio. Ordenada pelo general Olímpio Mourão Filho, da 4ª Região Militar/Divisão de Infantaria, foi a primeira ofensiva militar do golpe, com o Destacamento Tiradentes, cujo comando foi delegado ao general Antônio Carlos Muricy, defrontando-se com forças legalistas do I Exército, delegadas ao general Luís Tavares da Cunha Melo, a partir de 31 de março em território fluminense. Isso foi um dos fatores da saída do presidente João Goulart do Rio de Janeiro e do colapso da resistência legalista na cidade, e assim os destacamentos adentraram a Guanabara e Brasília em 2 de abril, com o governo federal já derrotado nos seus destinos.
Operação Popeye | |||
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Golpe de Estado no Brasil em 1964 | |||
A coluna mineira em Areal | |||
Data | 31 de março - 2 de abril de 1964 | ||
Local | Região do Rio de Janeiro a Juiz de Fora | ||
Desfecho | Vitória golpista, avanço sem resistência ao Rio de Janeiro | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Unidades | |||
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Forças | |||
Desde 1963, Mourão conspirava em Minas Gerais contra o governo federal, aliado a seu subordinado, o general Carlos Luís Guedes, o governador Magalhães Pinto e a Polícia Militar, que foi preparada para lutar como força convencional. Guedes e Magalhães Pinto tinham um plano mais defensivo, reforçado pela negociação com o Espírito Santo para o acesso ao mar, de onde poderiam receber apoio logístico americano. Mourão julgava isso impraticável, pois a guarnição mineira era muito mais fraca do que a do Rio de Janeiro. Sua solução era um ataque surpresa, reunindo à noite as unidades de Juiz de Fora, entrando na Guanabara ao amanhecer, prendendo o presidente e tomando o Ministério da Guerra. Nisto consistia a Operação, mas este plano original nunca foi usado, pois Mourão deflagrou o golpe na madrugada de 31 de março. O que ocorreu em seguida foi a reunião das forças em rebelião e o encontro com os legalistas no interior fluminense ao longo de dois dias.
A operação transcorreu ao longo da Estrada União e Indústria, com os eventos mais importantes no trecho entre o rio Paraibuna, na fronteira, e a cidade de Areal.[6] As forças do “dispositivo militar” legalista estavam em plena vantagem numérica e de poder de fogo, e, considerando apenas o plano militar, sua vitória era provável. Suas ordens eram defensivas, e Goulart não quis usar a Aeronáutica, que poderia ter sido decisiva. Muricy contava com o plano político, no qual viriam adesões. No dia 31, antes da chegada dos legalistas, os rebeldes já tinham uma cabeça de ponte sobre o Paraibuna, na localidade de Monte Serrat, um local de grande valor tático. À noite foram defrontados por forças do 1º Batalhão de Caçadores (1º BC), vindo de Petrópolis, sob o tenente-coronel Kerensky Túlio Motta. Kerensky viu-se obrigado a recuar após dois de seus pelotões aderirem ao inimigo ao redor da meia-noite. Em seguida, às 05h00 o poderoso 1º Regimento de Infantaria (1º RI, o Regimento Sampaio) que deveria montar uma defesa no rio Paraíba do Sul, em Três Rios, aderiu ao Destacamento Tiradentes. Três Rios, desprotegida, foi tomada às 10h30. Cunha Melo comandou a última linha de defesa, o 2º RI, à frente de Areal. O combate se aproximava na tarde do dia 1, mas a possibilidade foi interrompida pela notícia de que seu superior Armando de Moraes Âncora, comandante do I Exército, ia a Resende negociar. Cunha Melo negociou com Muricy, cessando a resistência e permitindo sua passagem.
A operação ocorreu paralelamente à participação no golpe do II Exército, de São Paulo, que avançou no vale do Paraíba contra o I Exército, e os eventos no Rio de Janeiro, em conjunto levando à saída e perda da autoridade do presidente no Sudeste. Isso ocorreu enquanto o Destacamento Tiradentes ainda estava no interior fluminense, e o Ministério da Guerra foi tomado pelo general Costa e Silva antes da chegada de Mourão ao Rio de Janeiro, frustrando suas ambições. O confronto entre as forças hostis, que estavam no terreno em posições de combate, mas não chegaram a lutar, foi à época receado pelos moradores locais e relatado na imprensa como cenário de uma hipotética guerra civil.