Golpe de 1964 no Vale do Paraíba
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O Vale do Paraíba foi palco de deslocamentos militares de forças oponentes no golpe de Estado no Brasil em 1964: o II Exército, golpista, vindo de São Paulo na direção do Rio de Janeiro ao longo da via Dutra, e o Grupamento de Unidades-Escola (GUEs), legalista, vindo do Rio de Janeiro na direção contrária. O II Exército era do general Amaury Kruel, em rebelião contra o governo de João Goulart. O GUEs, de Anfrísio da Rocha Lima, subordinado a Armando de Morais Âncora, do I Exército. Tais deslocamentos estavam em curso ou preparação na madrugada do dia 1, embora o general paulista Euryale de Jesus Zerbini, legalista, tenha retardado o movimento do II Exército. A Academia Militar das Agulhas Negras, do general Emílio Garrastazu Médici, e o 1º Batalhão de Infantaria Blindado (1º BIB), estavam no meio do caminho, respectivamente em Resende e Barra Mansa. Médici, vendo-se obrigado a escolher um lado, aderiu ao golpe. O 1º BIB teve a mesma atitude.
Confronto entre o I e II Exércitos | |||
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Golpe de Estado no Brasil em 1964 | |||
Blindados do II Exército movidos por ferrovia | |||
Data | 1 de abril de 1964 | ||
Local | Região de Resende e Barra Mansa, Rio de Janeiro | ||
Desfecho | Vitória golpista, rendição do I Exército | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Unidades | |||
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Forças | |||
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De manhã, antes da chegada do II Exército e do GUEs, Médici ocupou Resende e usou seus cadetes para estabelecer posições defensivas ao longo da via Dutra, na direção de Barra Mansa, de onde poderia resistir aos legalistas. As forças paulistas e cariocas chegaram ao redor do meio do dia, com os primeiros ficando mais atrás, em Resende e Itatiaia, e os segundos ao redor de Barra Mansa, com a força da Academia no meio, virada para os legalistas. O combate, se ocorresse, começaria entre os cadetes e os soldados do GUEs. Os legalistas eram de elite, com números e armamento superiores. O uso de cadetes na linha de frente ainda por cima tinha maus antecedentes nos outros países. O que Médici tinha a seu favor era o efeito de “freio psicológico” sobre os oficiais legalistas, que não tinham disposição de atacar. Das três baterias de artilharia enviadas contra a Academia, duas imediatamente atravessaram as linhas e se uniram aos rebelados.
Não chegou a ocorrer confronto, pois à tarde as operações foram interrompidas pela vinda dos generais Kruel e Âncora para negociar dentro da Academia. A defesa montada por Médici é considerada importante em obrigar Âncora a negociar, mas ela fazia parte de um contexto maior de deterioração da posição do governo. O resultado da reunião “iria marcar de vez a História do Brasil":[1] o fim da resistência do I Exército ao golpe e o retorno das forças aos quartéis. A reputação de Médici entre os militares cresceu, e sua decisão entrou para a memória coletiva.[2]
O 1º BIB não participou do encontro das forças militares, pois foi a Volta Redonda, onde sindicalistas contrários ao golpe tentaram, sem sucesso, paralisar a Companhia Siderúrgica Nacional, revelando-se menos organizados que as lideranças militares e industriais.