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Os Vales Pasiegos (em castelhano: Valles Pasiegos) são uma comarca do norte de Espanha, na província e comunidade autónoma da Cantábria. É constituída por treze municípios, cuja área conjunta é 599 km² e em 2021 tinham um total de 26 077 habitantes.[1] Apesar de já existir uma lei para a divisão em comarcas da Cantábria desde 1999, esta ainda não foi regulamentada, pelo que a comarca, como as restantes da comunidade autónoma, não tem carácter administrativo oficial.[2] No entanto, a denominação Valles Pasiegos e o respetivo logotipo são marcas registadas desde 2007, registadas pela mancomunidade de Valles Pasiegos (Associação para a Promoção e Desenvolvimento dos Vales Pasiegos),[3] a qual tem a sua sede em Villacarriedo.[4]
Vales Pasiegos
Pas-Miera • Pas-Pisueña-Miera | |
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Comarca | |
Vista desde Castro Valnera [es], junto à nascente do rio Pas [es] | |
Gentílico | pasiego, -ga |
Localização | |
Localização dos Vales Pasiegos na Cantábria | |
Localização de Vales Pasiegos na Espanha | |
Coordenadas | 43° 13′ N, 3° 53′ O |
País | Espanha |
Comunidade autónoma | Cantábria |
Província | Cantábria |
Características geográficas | |
Área total | 599 km² |
População total (2021) [1] | 26 077 hab. |
Densidade | 43,5 hab./km² |
Outras informações | |
Nº de municípios | 13 |
Website | vallespasiegos |
A comarca situa-se nos vales do Pas [es] e seus afluentes, do Pisueña [es], Magdalena [es], além de toda a cabeceira do rio Miera. Devido a isso, a comarca é também conhecida como Pas-Miera e Pas-Pisueña-Miera.
A Pasieguería é um topónimo histórico, situado na extremidade meridional da comarca, que compreende as cabeceiras dos rios Pas, Pisueña e Miera além do território de Las Machorras, a norte de Espinosa de los Monteros, na província de Burgos. Esta região, tradicionalmente habitado por uma etnia de criadores de gado que praticam um tipo de transumância de percursos relativamente curtos, conhecida como trasterminancia [es] e que são conhecidos como pasiegos, nome tomado pela comarca.[5]
Comarcas limítrofes dos Vales Pasiegos | ||
Besaya • Santander | Santander | Trasmiera |
Besaya | Asón-Agüera | |
Campoo-Los Valles | Las Merindades [es] | Las Merindades |
Todas as comarcas são da Cantábria, exceto Las Merindades, a qual é da província de Burgos, comunidade autónoma de Castela e Leão. |
A partir do século IX teve grande importância na região o repovoamento, impulsionado pela criação de mosteiros, nomeadamente o de San Vicente de Fístoles (no município de Santa María de Cayón) e o de Santa Cruz [es] de Castañeda. O historiador Lasaga Larreta (1839–1902) apontava os Vales Pasiegos como a possível localização de Primorias, um território mandado repovoar por Afonso III das Astúrias (r. 866–910).[6]
Além dos mosteiros foram construídos outros edifícios religiosos românicos ao longo dos séculos XI, XII e XIII, algumas das quais ainda existentes, como a já mencionada Santa Cruz de Castañeda, a de Santa María de Cayón ou de São Miguel de Carceña [es] (do mesmo município), entre outros. Esses edifícios demonstram a importância da comarca durantes esses séculos.
A partir do século XI foi-se formando na parte altas destes vales um habitat humano especial e único, cuja economia se baseava na pastorícia transumante. Essas gentes depois conhecidos (e ainda hoje) como pasiegos instalaram-se principalmente nas encostas dos montes dos vales do Miera, do Pas e outros vales contíguos. O povoamento era disperso, e os locais habitavam cabanas feitas inicialmente de tabla (tábuas) e posteriormente de pedra — as chamadas casas vividoras — que ocupavam nos meses de primavera e verão, quando os pastos eram bons. Durante esses meses recolhiam suficiente feno para alimentar as vacas e desciam para as aldeias. Estes núcleos de povoação estáveis foram formando as vilas pasiegas: Vega de Pas, San Pedro del Romeral e San Roque de Riomiera.
Os documentos mais antigos revelam que os locais se moviam sob o patrocínio real ou de mosteiros num extenso território na região transalpina montanhesa, gozando do privilégio real de estarem isentos de pagar portagens de passagem ou de pastos locais ou feudais. Esse território estendia-se por várias comarcas da Cantábria oriental e do norte de Burgos. As comarcas e vilas ou municípios da área de atuação dos pastores pasiegos não objetavam que eles usassem territórios selvagem, por serem áreas previamente preservadas como caazaderos reales (coutadas reais), conforme demonstram documentos do século XII. Esses territórios tinham sido classificados como montes "bravios e agrestes", ricos em ursos e outra fauna selvagem. Documentos dessa altura, em particular as Cartas de Doação Real de 1206, determinaram a jurisdição precisa desses vales à vila de Espinosa de los Monteros e aos membros da sua guarda lá residentes.
Além dos mosteiros mais antigos já referidos, dos séculos IX a XIII, nos séculos XVI e XVII foram fundados outros grandes conventos, como o de São Francisco em El Soto e o convento franciscano de La Canal (no município de Villafufre), além de igrejas barrocas, construídas por artesãos e artistas locais.
Nessa época também houve muita emigração para "as Índias"; os emigrantes que regressavam ricos ficaram conhecidos como indianos [es] e alguns patrocinaram a construção de igrejas, capelas, torres e a aquisição de obras de arte. Os melhores exemplos disso encontram-se na Obra Pia de Bárcena de Carriedo (no município de Villacarriedo), fundada pelo indiano Manuel Rodríguez, a reconstrução da igreja de São Miguel em Llerana (no município de Saro), à qual foram adicionados dois retábulos, um na sacristia e outro no altar-mor. Na torre desta igreja foi criado um museu sobre os indianos do vale de Carriedo.
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Além destes municípios, também fazem parte da mancomunidade dos Vales Pasiegos os de Miera e Liérganes,[4] que tradicionalmente são considerados da comarca de Trasmiera,[carece de fontes] e o de Penagos,[4] da comarca de Santander.
A orografia da comarca, a erosão causada pelos rios e a ação do homem nos espaços habitados fizeram dos Vales Pasiegos uma região que se destaca pelos seus valores naturais e culturais, o que está na origem da classificação de vários locais como "sítios de importância comunitária":
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