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empresa brasileira de linhas aéreas entre 1933 e 2005 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A VASP (acrônimo de Viação Aérea São Paulo) foi uma companhia aérea comercial brasileira com sede na cidade de São Paulo, onde chegou a ser uma das maiores e mais importantes do país. A companhia deixou de operar em 2005 e teve sua falência decretada pela Justiça de SP em 2008.
Viação Aérea São Paulo (VASP) | |
---|---|
IATA | VP |
ICAO | VSP |
Indicativo de chamada | VASP |
Fundada em | 4 de novembro de 1933 |
Encerrou atividades em | 27 de janeiro de 2005 |
Falência decretada em | 4 de setembro de 2008 |
Principais centros de operações |
Aeroporto de Congonhas Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos Aeroporto Santos Dumont |
Acionistas | Governo de São Paulo |
Slogan | Viaje bem, viaje VASP |
Sede | São Paulo, SP, Brasil |
Pessoas importantes | Wagner Canhedo (CEO) |
Foi fundada em 4 de novembro de 1933, mas só no dia 12 de novembro de 1933, em uma cerimônia no Campo de Marte, foram inauguradas as duas primeiras linhas, com a decolagem dos dois primeiros voos comerciais da empresa, com bimotores Monospar ST-4 ingleses: uma de São Paulo a São José do Rio Preto com escala em São Carlos, e outra de São Paulo a Uberaba com escala em Ribeirão Preto. Tinham capacidade para três passageiros e tiveram como madrinha a Dª Olívia Guedes Penteado, que batizou o VASP-1 (denominado Bartholomeu de Gusmão) e a Dª Antonieta Caio Prado, que batizou o VASP-2 (denominado Edu Chaves). Seu primeiro Presidente e um dos fundadores foi Heribaldo Siciliano.[1]
As condições precárias da infraestrutura aeroportuária dificultavam a operação. Nos primeiros meses de atividades, a VASP teve suas operações suspensas devido a fortes chuvas que inundaram o Campo de Marte, sendo retomadas em 16 de abril de 1934. Tais dificuldades foram decisivas para a empresa participar do desenvolvimento de aeroportos e campos de pouso no interior paulista. A empresa transferiu suas operações para o recém inaugurado Aeroporto de Congonhas, conhecido como "Campo da VASP".[2]
Em janeiro de 1935, a sua frágil saúde financeira fez com que a diretoria pedisse oficialmente ajuda ao Governo do Estado. A VASP foi estatizada e recebeu novo aporte de capital para a compra de dois Junkers Ju-52-3M.
Em 1936 a VASP estabeleceu a primeira linha comercial entre São Paulo e Rio de Janeiro, e em 1937 recebeu seu terceiro Junkers.
Tragicamente, a aeronave de matriculado PP-SPF sofreu o primeiro grande acidente da aviação comercial brasileira: em 8 de novembro de 1939 chocou-se, após a decolagem do aeroporto Santos Dumont, com um Havilland 90 Dragonfly argentino.
Em 1939 a VASP comprou a Aerolloyd Iguassu, pequena empresa de propriedade da Chá Matte Leão, que operava na região sul do país.
Em 1949, um avião da VASP pousou no Aeroporto de Catanduva, inaugurando assim a sua linha de voos diretos para São Paulo, Santos e Rio de Janeiro, feitos no mesmo avião. O possante “Douglas”, em seu voo inaugural, levou àquela cidade para presidir o ato de abertura o governador Adhemar de Barros, vários assessores, imprensa, além de Aderbal Ramos, governador de Santa Catarina, que se encontrava em São Paulo e foi convidado para acompanhar a comitiva. Em aqui chegando todos se dirigiram à Associação Comercial, Industrial e Agrícola, onde foi feita a recepção, tendo feito uso da palavra o Dr. Ítalo Záccaro, que saudou o Governador, focalizando a importância do acontecimento que ele viera presidir. Depois falou o governador de Santa Catarina, que manifestou seu entusiasmo pela capacidade de trabalho do povo paulista, e finalmente o governador Adhemar de Barros falou da importância que tinha essa região no contexto estadual, daí a inauguração da nova linha da VASP, pioneira da aviação comercial no país.
A VASP funcionou na cidade de Catanduva cerca de três anos, seu escritório era na Rua Pernambuco, 153 e seu agente era o Sr. Moacyr Lichti.
Em 1962 foi a vez do Lloyd Aéreo ser comprado, ampliando ainda mais sua participação a nível nacional.
Após a Segunda Guerra, modernizou a frota com a introdução dos Douglas DC-3 e Saab 90 Scandia. Em 1955 encomendou o Viscount 800, primeiro equipamento turboélice no Brasil e depois trouxe os NAMC YS-11 Samurai. Em janeiro de 1968, entrou na era do jato puro com a entrega de dois BAC One Eleven 400. Em 1969, trouxe ao Brasil os primeiros Boeing 737-200, em 1982 chegaram os Airbus A300B2 e em 1986 o primeiro 737-300 de nosso país.
No início da década de 1990, a VASP foi privatizada no governo de Orestes Quércia. Em 4 de setembro de 1990, o empresário Wagner Canhedo adquiriu 60% das ações da Vasp, em leilão no qual pagou o lance mínimo, US$ 43,7 milhões (Cr$ 3,3 bilhões, à época). Posteriormente, foram apontadas irregularidades no processo de privatização que levam à abertura de uma CPI pela Câmara dos Deputados.[3]
Seu novo presidente, Wagner Canhedo, iniciou uma agressiva expansão internacional: Ásia (Osaka no Japão e Seul na Coréia do Sul), Canadá (Toronto), Caribe (Aruba), Estados Unidos (Nova York, Los Angeles, São Francisco, Miami, e Orlando voos charters), Europa (Madri e Barcelona na Espanha, Frankfurt na Alemanha, Zurique na Suíça, Bruxelas na Bélgica, Atenas na Grécia) e até mesmo o Marrocos (Casablanca), entraram no mapa da empresa. Aumentou a frota, trazendo entre outros três DC-10-30 e depois nove MD-11. Criou o VASP Air System, após adquirir o controle acionário do Lloyd Aéreo Boliviano, Ecuatoriana de Aviación e da argentina Transportes Aéreos Neuquén.
A empresa não conseguiu sustentar o crescimento. Deixou de pagar obrigações, salários, leasings e até taxas de navegação. Canibalizou os MD-11 a céu aberto em Guarulhos e foi cancelando as rotas internacionais. A frota foi reduzida, restando os antigos 737-200 e os cansados A300 para servir uma rede doméstica menor do que a empresa operava em 1990. O VASP Air System foi desfeito.
Em setembro de 2004, o Departamento de Aviação Civil (DAC) suspendeu as operações de oito aeronaves da VASP. Por medida de segurança, os aviões 737-200 de prefixos PP-SMA, PP-SMB, PP-SMC, PP-SMP, PP-SMQ, PP-SMR, PP-SMS e PP-SMT foram proibidos de voar até cumprirem as exigências técnicas de revisões e modificações obrigatórias - as ADs (Airworthiness Directives) - estabelecidas pelo fabricante. Sem dinheiro para fazer os trabalhos, a VASP decidiu encostar os jatos que, em seguida, começaram a ser canibalizados para oferecer peças aos outros 737 ainda em operação.
Com uma imagem arranhada e uma frota obsoleta, a empresa foi perdendo terreno, sobretudo após a entrada da Gol no mercado. A VASP operou em novembro de 2004 apenas 18% dos voos programados. Em setembro de 2004, quando enfrentou a primeira paralisação de funcionários e começou a ter problemas para abastecer suas aeronaves, a fatia de mercado da companhia aérea era de apenas 8% e dois meses depois, de 1,39%. A ocupação também estava aquém do desejado: as únicas 3 aeronaves da VASP que voaram no mês saíram com 47% dos assentos vendidos.
A VASP parou de voar no final de janeiro de 2005, quando o DAC cassou sua autorização de operação. Suas aeronaves hoje estão paradas por aeroportos de todo o país, testemunhas de uma triste página da história da aviação comercial brasileira.
A empresa esteve em processo de recuperação judicial entre 1 de julho de 2005 e 4 de setembro de 2008, para que tivesse alguma possibilidade de retornar suas operações.
A VASP realizou em 26 de julho de 2006 uma Assembleia de Credores, quando foi aprovado o plano de recuperação da empresa, com previsão de retomar as atividades com cargas e passageiros dentro de um prazo de 8 a 10 meses, com 12 novas aeronaves, adquiridas por meio de leasing. O juiz homologou no dia 24 de agosto de 2006 o seu plano de recuperação judicial, reafirmando a empresa retomar suas atividades dentro de um período de 8 a 10 meses. Mas isto não aconteceu até hoje.
Uma nova Assembleia de Credores foi realizada em 17 de julho de 2008, para que os credores pudessem opinar pela manutenção ou não da empresa em recuperação judicial. O resultado foi a sugestão pela decretação da falência da companhia.
Em 4 de setembro de 2008, sentença proferida pelo juiz da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, onde tramitava a Recuperação Judicial, decretou a falência da companhia,[4] com dívidas estimadas em 5 bilhões de reais.[5]
Durante o período de recuperação judicial, a VASP sobreviveu fazendo manutenção de aeronaves para outras companhias aéreas, como a VarigLog e a BRA, bem como da locação de alguns imóveis não operacionais espalhados pelo Brasil. No entanto, uma Reintegração de Posse obtida pela INFRAERO, em agosto de 2008, que determinou a devolução de diversas áreas em vários aeroportos brasileiros até então operadas pela VASP, que incluíam as oficinas e hangares, inviabilizou a atividade de manutenção até então efetuada.
Em agosto de 2011, quatro aviões que permaneciam em Congonhas foram desmontados para serem vendidos como sucata.[6]
Em novembro de 2012, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu a decisão da justiça paulista que decretou a falência da empresa em 2008. Segundo o ministro Massami Uyeda, a suspensão se deve ao fato de interesses individuais de alguns credores terem impedido que o plano de recuperação judicial da empresa fosse executado.[7][8] Os ministros da 3ª Turma do STJ concluíram que a recuperação judicial não era mais possível e a empresa novamente foi declarada falida em 6 de junho de 2013.[9]
A VASPEX foi a subsidiária da empresa para serviços de carga aérea, de despacho imediato de correspondências, documentos e objetos. Entrou em recuperação judicial, mas acabou falindo junto à VASP em 4 de setembro de 2008. Operava aviões Boeing 727 e 737-200 para quase todo o Brasil. Foi criada para operar junto com a VASP entregando encomendas do tipo (porta-a-porta).[10][11]
Aeronave | Quantidade | Período de uso |
---|---|---|
Boeing 707-300F | 3 | 1994 - 1995 (alugados temporariamente e operados por curto tempo) |
Boeing 727-200F | 12 | 1996 - 2005 |
Boeing 737-200F | 8 | 1993 - 2005 |
Douglas DC-8-73F | 5 | 1990 - 1993 (alugados) |
McDonnell Douglas DC-10-30F | 4 | 1997 |
Prefixo | Aeronave | Serial | Ano f.f. | Notas |
---|---|---|---|---|
PP-AIW | Boeing 727-2J4 | 22079 | 1980 | |
PP-SFC | Boeing 727-264 | 21071 | 1975 | |
PP-SFG | Boeing 727-2Q4 | 22425 | 1980 | |
PP-SFQ | Boeing 727-2J4 | 22079 | 1980 | |
PP-SMA | Boeing 737-2A1 | 20092 | 1969 | O primeiro Boeing 737 do Brasil |
PP-SMB | Boeing 737-2A1 | 20093 | 1969 | |
PP-SMC | Boeing 737-2A1 | 20094 | 1969 | |
PP-SMF | Boeing 737-2A1 | 20589 | 1972 | |
PP-SMG | Boeing 737-2A1 | 20777 | 1973 | |
PP-SMH | Boeing 737-2A1 | 20778 | 1973 | |
PP-SMP | Boeing 737-2A1 | 20779 | 1973 | |
PP-SMQ | Boeing 737-214 | 20155 | 1969 | |
PP-SMR | Boeing 737-214 | 20157 | 1969 | Abandonado em Viracopos |
PP-SMS | Boeing 737-214 | 20159 | 1969 | |
PP-SMT | Boeing 737-214 | 20160 | 1969 | |
PP-SMU | Boeing 737-2A1 | 20967 | 1974 | |
PP-SMZ | Boeing 737-2A1 | 20971 | 1974 | |
PP-SNA | Boeing 737-2A1 | 21094 | 1975 | |
PP-SNB | Boeing 737-2A1 | 21095 | 1975 | |
PP-SNL | Airbus A300B2-203 | 202 | 1982 | |
PP-SNM | Airbus A300B2-203 | 205 | 1982 | Colocado a leilão, desmanchado por falta de compradores |
PP-SNN | Airbus A300B2-203 | 225 | 1982 | |
PP-SOT | Boeing 737-3L9 | 25150 | 1991 | |
PP-SPF | Boeing 737-2L7C | 21073 | 1975 | |
PP-SPG | Boeing 737-2L7 | 21616 | 1978 | |
PP-SPI | Boeing 737-2Q3 | 21476 | 1978 | |
PP-SRI | Vickers Viscount 701 | 11 | 1953 | |
PP-SRN | Vickers Viscount 701C | 62 | 1954 | |
PP-SRP | Vickers Viscount 701C | 61 | 1954 | |
PP-SRS | Vickers Viscount 701C | 182 | 1956 | |
A VASP se orgulhava de ser dona de sua própria frota e não ter despesas com leasing, mas quando esta frota começou a envelhecer, os problemas começaram a surgir. A frota de jatos que operaram na VASP é composta pelo quadro abaixo, inclusive 2 BAC 1-11:[13]
Aeronave | Total | Passageiros (Primeira Classe/Executiva/Econômica) |
Rotas | Notas |
---|---|---|---|---|
Airbus A300B2-200 | 3 | 240 (26/0/214) | Rotas Médias e Internacionais | 1982-2005 |
Boeing 727-200 | 8 | 152 (0/0/152) | Rotas Médias e Longas | 1986-1987 |
Boeing 737-200 | 40 | 109 (0/0/109) | Rotas curtas, Médias, Internacionais (EZE, AUA) | 1969-2005 |
Boeing 737-300 | 26 | 132 (0/0/132) | Rotas curtas, Médias, Ponte Aérea (Rio de Janeiro-São Paulo) | 1986-2005 |
Boeing 737-400 | 3 | 132 (0/0/132) | Rotas Curtas e Médias | 1991-1992 |
McDonnell Douglas DC-10 | 3 | 242 (0/38/204) | Rotas Internacionais | 1997-1998 |
McDonnell Douglas MD-11 | 9 | 329 (10/24/295)
327 (0/37/290) |
Rotas Internacionais | 1992-2000 |
Total de aeronaves | 92 |
Ao final da operação a frota final de 3 Airbus A300B2, 4 Boeing 737-300 e 21 Boeing 737-200 ficaram abandonadas em diversos aeroportos brasileiros, principalmente Congonhas, Guarulhos, Salvador e Brasília, penhoradas em diversos processos de execuções fiscais, a grande maioria da frota abandonada já foi desmanchada e sucateada. A partir de 2012 alguns aviões foram desmanchados ou leiloados.
A VASP abrangia todas as regiões do país, sendo seus destinos (em ordem alfabética):
Em 1991, com a chegada de seus McDonnell Douglas DC-10 e MD-11, a VASP inaugurou seus voos de longo alcance, que foram Los Angeles e São Francisco, operada pelos DC-10. E logo a empresa aérea expandiu suas operações para outros continentes. Porém em 1999, a crise na VASP estava se agravando e a companhia cancelou todos os seus destinos internacionais, com exceção de Buenos Aires. Abaixo a lista dos destinos internacionais que a VASP chegou a operar (em ordem alfabética):
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