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vírus causador da Zika, trasmitido pelo Aedes aegypti Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O vírus da zica[1][2][3][4][5][6] ou vírus da zika[7][8][9][10] ou, ainda, vírus de Zika[11][12] (em inglês, Zika virus; abreviatura: ZIKV[13]) é um vírus do gênero Flavivirus. Em humanos, transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti, causa a doença também conhecida como zika[1][2][3][4][14][15] — que embora raramente acarrete complicações para seu portador, pode causar microcefalia congênita (quando adquirido por gestante, podendo prejudicar o feto em alguns casos).[9][16][17] O nome Zika tem sua origem na floresta de Zika, perto de Entebbe, capital da República de Uganda, onde o vírus foi isolado pela primeira vez em 1947. É relacionado aos vírus da dengue, da febre amarela e do Nilo Ocidental, os quais igualmente fazem parte da família Flaviviridae.[18]
(em inglês, Zika virus) Vírus da zica | |||||||||
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Classificação científica | |||||||||
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A América Latina enfrentou um surto de vírus da zica em 2015. Suspeita-se que a entrada do vírus no Brasil tenha se dado durante a Copa do Mundo de 2014, quando o país recebeu turistas de várias partes do mundo, inclusive de áreas tropicais atingidas de forma mais intensa pelo vírus, como a África — onde surgiu — e a Polinésia Francesa na Oceania. No primeiro semestre de 2015, já havia casos confirmados em estados de todas as regiões do país. Com sintomas mais brandos que os da dengue e os da febre chikungunya (doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti), a zica chegou a ser inicialmente ignorada pelas autoridades de saúde; porém há evidências de que a infecção pelo vírus da zica está associada a casos mais graves, como microcefalia congênita e síndrome de Guillain-Barré.[9][16][17][19]
Durante os surtos de microcefalia em 2015, pesquisas científicas sobre a relação entre o zika e a microcefalia ainda estavam em andamento, porém, já se sabe que o zika vírus está diretamente relacionado com casos de microcefalia.[20]
Junto com outros vírus da família, o vírus da zica é envelopado e icosaedral com um genoma de RNA não segmentado, de cadeia simples e senso positivo. É mais próximo ao vírus Spondweni e é um dos dois vírus do clado do Spondweni.[21]
O vírus foi isolado pela primeira vez em 1947 de um macaco reso (Macaca mulatta), capturado na floresta de Zika, em Entebbe, Uganda por cientistas do Uganda Virus Research Institute.[22] e foi isolado pela primeira vez em humanos em 1968, na Nigéria. De 1951 a 1981, evidências de infecção humana foram reportadas em outras nações africanas como Uganda, Tanzânia, Egito, República Centro-Africana, Serra Leoa e Gabão, assim como em partes da Ásia incluindo Índia, Paquistão, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia. [23] É transmitida por mosquitos e foi isolado de um número de espécies do gênero Aedes - Aedes aegypti, Aedes africanus, Aedes apicoargenteus, Aedes furcifer, Aedes luteocephalus e Aedes vitattus. Estudos mostram que o período de incubação extrínseca em mosquitos é de cerca de 10 dias.[23] Os hospedeiros vertebrados do vírus incluem macacos e humanos.[carece de fontes]
Acredita-se que patogênese do vírus consista inicialmente em infectar células dendríticas próximas ao lugar de inoculação, e então espalham-se pelos nódulos linfáticos e na corrente sanguínea.[21] Em termos de replicação, os flavivírus tendem geralmente a se replicarem no citoplasma, mas os antígenos do vírus Zika foram encontrados em núcleos de células infectadas.[carece de fontes]
Aproximadamente 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Nos casos em que há manifestação de sintomas, eles costumam incluir dores de cabeça leves, febre baixa, mal estar, dores leves nas articulações, conjuntivite, coceira e exantema maculopapular (erupção cutânea que não se eleva acima da superfície da pele), que, no geral, desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias.[8]
O primeiro caso bem documentado do vírus da zica foi em 1964, começando com uma leve dor de cabeça que progrediu para um exantema maculopapular, febre e dor nas costas. Com dois dias, a erupção começou a desaparecer, e com 3 dias, a febre desapareceu com apenas a erupção permanecendo.[24]
Não existe tratamento específico ou vacina para a infecção pelo vírus da zica. O tratamento recomendado para os casos sintomáticos é baseado no uso de paracetamol ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. Não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e outros anti-inflamatórios, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por outros flavivírus como o vírus da dengue.[8]
Dados recentes sugerem que recém-nascidos de mães que contraíram o vírus da zica durante a gestação estão sob risco de terem microcefalia. Casos da malformação congênita cresceram exponencialmente no Brasil em 2015, ano em que também cresceu o número de infectados pelo vírus da zica.[25][26]
Em Novembro de 2015, o vírus da zica foi isolado em um recém-nascido com microcefalia no estado do Ceará, Brasil. Desde Dezembro de 2015, existia a suspeita (já comprovada) de que a infecção pelo zica ultrapassa a placenta e ocasiona microcefalia e danos cerebrais.[27]
Em Janeiro de 2016, um bebê em Oahu, Estados Unidos nasceu com microcefalia, e foi o primeiro caso de dano cerebral causado pelo vírus da zica nos Estados Unidos. O bebê e a mãe testaram positivo para uma cepa do vírus. A mãe provavelmente adquiriu a doença em uma viagem ao Brasil em Maio de 2015 durante os primeiros estágios da gravidez. Apesar da gravidez ter progredido normalmente, a microcefalia do bebê só foi descoberta no nascimento.[28]
Em 20 de Janeiro de 2016, cientistas do estado do Paraná, Brasil, descobriram que o vírus é capaz de penetrar a placenta durante a gravidez. Restos do material genético do vírus da zica foi encontrado numa amostra de tecido da placenta de uma mulher que abortou devido à microcefalia.[29]
As principais causas da microcefalia são rubéola, toxoplasmose, sífilis e infecções causadas pelo citomegalovírus. Existem ainda poucos casos comprovados cientificamente da relação entre o zika e a microcefalia. Por enquanto, há muitos casos inferidos (sintomas similares aos do zika, mas sem comprovação por teste de material genético - PCR).[30]
Embora a dengue e a chikungunya sejam também febres causadas por um arbovírus, como a zika, nunca se estabeleceu (de acordo com a OMS) nenhuma relação entre a infecção por essas doenças e o nascimento de bebês com microcefalia congênita. O Brasil foi o primeiro país do mundo a registrar crescimento de casos de microcefalia, cerca de 150 casos em 2014 para mais de 3 800 em 2015. Dos 3 800 casos, apenas 134 foram associadas ao vírus zika.[30] A Polinésia Francesa também investigou e notou aumento dos casos de microcefalia após a notificação brasileira.[31]
Pesquisados brasileiros demonstraram que o zika pode infectar células troncos neurais humanas e tem efeitos deletérios em neuroesferas e organóides cerebrais.[32]
Em maio de 2016, utilizando-se modelos experimentais em camundongos, foi provado que o vírus da zika pode causar danos a placenta e ao feto[33]
Em fevereiro de 2018, uma pesquisa realizada com gêmeos demonstrou que há fatores de susceptibilidade genética para ocorrências de microcefalia. A mesma pesquisa demonstrou que caso a mãe seja infectada com o zika vírus, teve como estimativa da chance do bebê nascer com microcefalia sendo de 6 a 12%[34]
O primeiro surto da doença fora da África e Sudeste Asiático foi em abril de 2007, na ilha de Yap nos Estados Federados da Micronésia na Oceania. O vírus se caracterizou pelas erupções cutâneas, conjuntivite, e artralgia, e inicialmente se pensou que era dengue. Os vírus chicungunha e do rio Ross também foram tomados como suspeitos.[35] Porém, amostras de soro dos pacientes na fase aguda da doença continham RNA do vírus Zika. A processo infeccioso da febre Zika foi relativamente leve: houve 49 casos confirmados, 59 não confirmados, nenhuma morte ou microcefalia congênita.[36]
O primeiro surto do vírus Zika nas Américas foi confirmado em abril de 2015, no Brasil. Na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, as autoridades de saúde confirmaram que uma doença até então desconhecida que afeta cerca de 500 pacientes com sintomas semelhantes aos da gripe, seguido de exantema e artralgia é realmente um surto em curso da febre Zika, como provado pela técnica de RT-PCR por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia. As autoridades locais ligaram o surto recente ao aumento do fluxo de visitantes estrangeiros motivados pela Copa do Mundo FIFA de 2014, juntamente com a grande população de insetos vetores Aedes aegypti e Aedes albopictus que habitam a região tropical. O surto segue um padrão semelhante ao também recente surto do vírus chicungunha na mesma região, outra doença até então desconhecida à população local.[37]
O vírus Zika pode ser considerado um patógeno emergente, visto que se espalhou dos Estados Federados da Micronésia pela primeira vez em 2007, para Polinésia Francesa em 2013 e Nova Caledônia em 2014. Até o momento, 1.434 casos de microcefalia em decorrência da doença já confirmados e mais 3.257 em avaliação.
O vírus foi isolado pela primeira vez em 1947 por cientistas que, pesquisando a febre amarela, capturaram um macaco reso na floresta de Zika (zika significando, na língua Luganda, "invadido", no sentido de "vegetação que cresceu demais e tomou conta do lugar"[38]), próximo ao Instituto de Pesquisa Virológica do leste africano, em Entebbe, capital da República de Uganda. A febre se desenvolveu no macaco e os pesquisadores isolaram de seu soro um agente transmissível que foi descrito como Vírus Zika pela primeira vez em 1952. Junto com a descrição do vírus, os cientistas financiados pela Fundação Rockefeller (Dr. Jordi Casals) forneceram o vírus para uma organização que mantém culturas de organismos para laboratórios.[39] O vírus não foi patenteado pela Fundação.[39] Foi subsequentemente isolado num humano na Nigéria em 1954. Da sua descoberta até 2007, casos confirmados de infecção com o vírus Zika na África e Sudeste da Ásia eram raros. Em 2007 porém, uma forte epidemia ocorreu na ilha Yap, Micronésia. Mais recentemente, epidemias ocorreram na Polinésia, ilha da Páscoa, Ilhas Cook e Nova Caledônia.[40]
Em 2009, se verificou que o vírus Zika pode ser sexualmente transmitido entre humanos. Professor Brian Foy, biólogo universitário da Colorado State University no Laboratório de Doenças Infecciosas e Transmitidas por Artropódes, visitou o Senegal para estudar mosquitos e foi picado em algumas ocasiões na sua pequisa. Alguns dias depois de voltar aos EUA ele ficou doente com febre Zika, mas não sem antes ter relações sexuais com sua esposa. Sua esposa subsequentemente mostrou sinais de infecção com febre Zika,além de extrema sensibilidade à luz. Foy é a primeira pessoa conhecida a ter passado um vírus vindo de insetos a outro ser humano via contato sexual.[41]
As formas conhecidas atualmente para a prevenção contra a Zika são as mesmas da Dengue, a principal delas é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando potenciais criadouros com água parada. Além disso, é recomendado o uso de inseticidas e repelentes de mosquitos.[42]
A Organização Mundial da Saúde sugeriu em 2016 que deveria ser priorizado o desenvolvimento de vacinas inativadas, que são seguras para mulheres grávidas.[43]
Em março de 2016, 18 empresas e instituições estavam desenvolvendo vacinas contra o Zika, mas afirmam que o desenvolvimento é demorado, e a vacina pode levar cerca de 10 anos até se tornar amplamente disponível.[43][44]
Em junho de 2016, o primeiro teste clínico em humanos para uma vacina para o Zika foi aprovado pelo FDA.[45] E em 2017, foram iniciados testes clínicos com vacinas de DNA,[46] como vacinas inativadas e de subunidade.[47]
Um mecanismo proposto para combate à proliferação de vetores de doenças como a Dengue e a Zica consiste no desenvolvimento e liberação de mosquitos geneticamente modificados. Em uma das modificações propostas e em fase de testes, os mosquitos, ao se reproduzirem, produzem apenas larvas inviáveis. Outro mecanismo sendo desenvolvido envolve o método chamado de genética dirigida, e envolve criar uma variante genética dos mosquitos nos quais os vírus ou parasitas são incapazes de sobreviver.[48]
Após ter sido confirmada a relação entre o vírus e os casos de microcefalia, foram desenvolvidas pesquisas na Universidade Estadual de Campinas que mostraram que esse vírus pode combater o glioblastoma e que pode inibir o crescimento de tumores associados ao câncer de próstata.[49]
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