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Toxoplasmose é uma doença parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.[4] As infeções de toxoplasmose geralmente não causam sintomas óbvios em adultos.[2] Em alguns casos pode ocorrer síndrome gripal ligeira durante algumas semanas ou meses, com sintomas como dor muscular e sensibilidade nos gânglios linfáticos.[1] Numa pequena percentagem de pessoas podem-se desenvolver problemas de visão.[1] Em pessoas imunossuprimidas, podem ocorrer sintomas graves, como crise epilépticas ou falta de coordenação motora.[1] Quando a primeira infeção ocorre durante a gravidez, a doença pode ser transmitida de mãe para filho pela placenta, uma condição denominada toxoplasmose congénita.[1] A toxoplasmose congénita está associada a morte fetal e aborto espontâneo e, em crianças, está associada a défices neurológicos, neurocognitivos e corioretinite.[3]
Toxoplasmose | |
---|---|
Tacozoítos de T. gondii | |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Geralmente nenhum[1][2] |
Complicações | Toxoplasmose congénita: morte fetal, aborto espontâneo, défices neurológicos[3] |
Causas | Infeção com Toxoplasma gondii[4] |
Fatores de risco | Alimentos mal cozinhados, exposição a fezes de gato infetadas[4] |
Método de diagnóstico | Análises ao sangue e ao líquido amniótico test[5] |
Tratamento | Durante a gravidez: espiramicina ou pirimetamina/sulfadiazina e ácido folínico[6] |
Frequência | Até 50%; 200 000 casos de toxoplasmose congénita por ano[3][7] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | B58 |
CID-9 | 130 |
CID-11 | 738999268 |
DiseasesDB | 13208 |
MedlinePlus | 000637 |
eMedicine | med/2294 |
MeSH | D014123 |
Leia o aviso médico |
A toxoplasmose é geralmente transmitida por via da ingestão de alimentos mal cozinhados que contenham quistos do parasita, exposição a fezes de gato infetadas ou de mãe para filho durante a gravidez se a mãe contrair a primeira infeção durante a gravidez.[4] São raros os casos em que a doença é transmitida por via de transfusão de sangue.[4] Não existem outras formas de contaminação entre pessoas.[4] O único local conhecido de reprodução do parasita é entre os felinos.[8] No entanto, o parasita pode infetar a maior parte dos animais de sangue quente, incluindo o ser humano.[8] O diagnóstico é geralmente feito com análises ao sangue para detectar a presença de anticorpos ou da análise ao líquido amniótico para detectar o ADN do parasita.[5] Estão disponíveis exames rápidos para determinar se a pessoa já foi exposta anteriormente ao parasita e, consequentemente, se está imune durante a gravidez.[3]
A prevenção consiste em preparar e cozinhar adequadamente os alimentos.[9] As grávidas devem evitar tocar em carne crua, evitar beber leite não pasteurizado e não comer carne mal cozinhada de qualquer tipo.[10] Recomenda-se ainda evitar a exposição a fazes de gato, como acontece ao limpar caixas de areia, e evitar atividades de jardinagem ou, pelo menos, usar luvas.[10][9] Em pessoas de outra forma saudáveis geralmente não é necessário tratamento.[6] Durante a gravidez o tratamento podem consistir em espiramicina ou pirimetamina/sulfadiazina e ácido folínico.[6]
Até 50% da população mundial encontra-se infetada com toxoplasmose latente sem manifestar sintomas.[7][11] Em algumas regiões a percentagem é de até 95%.[4] Em cada ano ocorrem cerca de 200 000 casos de toxoplasmose congénita.[3] Os primeiros a descrever o organismo foram Charles Nicolle e Louis Manceaux em 1908.[12] Em 1941 foi confirmada a transmissão de mãe para filho durante a gravidez.[12]
A toxoplasmose pode ser adquirida pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados com os oocistos esporulados, presentes nas fezes de gatos e outros felídeos, por carnes cruas ou mal passadas, principalmente de porco e de carneiro, que abriguem os cistos do protozoário Toxoplasma gondii. A ingestão de leite cru contendo taquizoítos do parasito, principalmente de cabras, pode ser uma forma de infecção, mas provavelmente rara, pois a cabra tem de se infectar durante a lactação para que exista a possibilidade de passagem de taquizoítos para o leite.
A toxoplasmose pode ser transmitida de mãe para filho, mas não se transmite de uma pessoa para outra apesar de que já foi constatado a transmissão por transfusão sanguínea e transplante de órgãos de pessoas infectadas. Seu diagnóstico é feito levando em conta exames clínicos e exames laboratoriais de sangue, onde serão pesquisadas imunoglobulinas como a IgM e IgG.
O Toxoplasma gondii é um protozoário parasita intracelular obrigatório do grupo dos Apicomplexa, como outros parasitas como o Plasmodium. Há pouca variação entre os toxoplasmas presentes em diferentes partes do globo, podendo-se dizer que há, basicamente, três estirpes. A estirpe 1 é altamente virulenta e responsável pelos casos de encefalite grave em imunodeprimidos e passagem transplacentária. As estirpes 2 e 3 são avirulentas. O ciclo do toxoplasma é bastante flexível, posto que todas as suas formas são infectantes. Assim, ele pode reproduzir-se se as formas excretadas nas fezes dos gatos forem ingeridas por mamíferos ou outros felídeos por contaminação de água e alimentos, por exemplo, e também infectar o homem pelo mesmo modo, que, por sua vez, também pode infectar-se pela ingestão da carne de mamíferos contendo cistos com bradizoítas. Somente os gatos liberam estruturas infectantes nas fezes.
O T.gondii assume diferentes formas em diferentes estágios do seu ciclo.
O ciclo inicia-se pela ingestão de cistos presentes em carne (por exemplo, de porco, rato ou coelho), pelos felídeos. A parede do cisto é dissolvida por enzimas proteolíticas do estômago e intestino delgado, o parasito é liberado do cisto, penetra nos enterócitos (células da mucosa intestinal) do animal e replica-se assexuadamente dando origem a várias gerações de Toxoplasma (taquizoítos) através da reprodução assexuada. Após cinco dias dessa infecção, inicia-se o processo de reprodução sexuada, em que os merozoítos formados na reprodução assexuada dão origem aos gametas. Os gâmetas masculino (microgameta) e feminino (macrogameta), descendentes do mesmo parasita ou de dois diferentes, fundem-se dando origem ao ovo ou zigoto, que após segregar a parede cística dá origem ao oocisto. Este é expulso com as fezes dos animais após nove dias (cada gato expulsa mais de 500 milhões de oocistos em cada defecação).
Já no exterior, sofre divisão meiótica (esporulação) após 1 a 5 dias dependendo da temperatura e disponibilidade de oxigênio, formando-se dois esporocistos cada um com quatro esporozoítos. Uma forma altamente resistente a desinfectante pode durar cinco anos em condições úmidas. Estes são activados em taquizoítos se forem ingeridos por outro animal, chamado hospedeiro intermediário: por exemplo, um rato ou coelho que coma erva em que algum gato ou outro felídeo tenha defecado ou uma criança ou adulto que mexa com os dedos em material contaminado com fezes e depois leve-os à boca. Os taquizoítos podem se infectar e replicar em todas as células dos mamíferos, exceto nas hemácias. Uma vez ligados a uma célula do hospedeiro, o parasito penetra na célula e forma um vacúolo parasitóforo, dentro do qual se divide. A replicação do parasito continua até que seu número no interior da célula atinja uma massa crítica que provoca a ruptura da célula, liberando parasitos que irão infectar outras células adjacentes. A maior parte dos taquizoítos é eliminada pelas respostas imunes humoral e celular do hospedeiro. Algumas dessas formas produzem cistos, contendo muitos bradizoítos, ocorrendo em vários órgãos do hospedeiro, mas persistem no SNC e nos músculos. A formação de cistos é uma forma de evasão ao sistema imunológico do hospedeiro. Se o animal for caçado e devorado por um felídeo, os cistos libertam os parasitas dentro do seu intestino, infectando o novo hóspede definitivo.
Existe em todo o mundo. Mais de metade da população, mesmo em países desenvolvidos, tem anticorpos específicos contra o parasita, o que significa que está ou já esteve infectada (o que não significa que tenha tido a sintomatologia da doença, pode ter tido a infecção assintomática). O ser humano é infectado após ingerir oocistos expelidos com as fezes por gatos infectados, ou ao comer carne mal cozida de um animal que tenha ingerido o parasita de fezes de felídeos (ovelhas, vacas e porcos, tal como os humanos são infectados).
Levando em conta também, que o modo de contaminação mais comum é ingerindo carne mal cozida e contaminada.
É importante que as mulheres grávidas façam o exame que detecta se elas são imunes a toxoplasmose.
Se a infecção se der durante a gravidez (o que ocorre em 0,5% das gestações), os parasitas podem atravessar a placenta e infectar o feto, o que pode levar a abortos e a malformações em um terço dos casos, malformações como hidrocefalia, podendo também ocorrer neuropatias e oftalmopatias na criança como défices neurológicos e cegueira, mas se a infecção tiver sido antes do início da gravidez não há qualquer perigo, mesmo que existam cistos.[13]
Os cistos contêm uma forma infectante do parasito, que é o bradizoíto, e em vez de se reproduzir rapidamente, formaram antes estruturas derivadas da célula que infectou, forte e resistente, cheia de liquido e onde o parasita se reproduz lentamente. Os cistos crescem e podem afetar negativamente as estruturas em que se situam, mais frequentemente músculos, o cérebro, no coração ou na retina, podendo levar a alterações neurológicas, problemas cardíacos ou cegueira, mas geralmente sem efeitos nefastos. Os cistos permanecem viáveis por muitos anos, mas não se disseminam devido à imunidade eficaz ganha pelo portador, inclusive contra mais oocitos que possam ser ingeridos. Se o indivíduo desenvolver ou for medicado para imunodeficiência, como após transplantes de órgãos, doenças auto-imunes ou na SIDA/AIDS, as formas ativas podem ser reativadas a partir dos cistos, dando origem a problemas sérios, com sintomas como exantemas (pele vermelha), pneumonia, meningoencefalite com danos no cérebro e miocardite, com mortalidade alta.
O diagnóstico é pela sorologia, ou seja, detecção dos anticorpos específicos contra o parasita, como as imunoglobulinas IgM, que só existem nas fases agudas, e IgG que está aumentada na fase crônica da doença.
Na maioria dos casos não é necessário tratamento já que o sistema imunitário geralmente resolve o problema. Na gravidez ou em imunodeprimidos usa-se espiramicina, pirimetamina e sulfadiazina, para controlar a multiplicação do Toxoplasma gondii.
Clinicamente é difícil fazer o diagnóstico porque os casos agudos podem levar à morte ou evoluir para a forma crônica. Esta pode assemelhar a outras doenças (mononucleose, por exemplo).
As gestantes devem evitar o contato com fezes de gatos, pois estas podem conter oocistos, não ingerir água de origem desconhecida e sem estar fervida, nem carne crua ou mal cozida durante a gravidez. No caso dos gatos, lavar as caixas com água e sabão, e trocar a areia das caixas com frequência, pois as fezes deixadas muito tempo na caixa tem um poder contaminante maior.
Deve-se sempre usar luvas ou lavar bem as mãos e passar alcool 70% após manipular a areia. Alimentar os gatos com comida enlatada, ração, água fervida ou filtrada, não lhes permitir caçar animais também reduz o risco e nunca alimentá-los com carne crua ou mal passada.
Toxoplasmosis is becoming a global health hazard as it infects 30–50% of the world human population.
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