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Os tuaregues (em árabe: الطوارق) ou imuagues (Imuhagh) são um povo berbere constituído por pastores seminômades, agricultores e comerciantes. No passado, controlavam a rota das caravanas no deserto do Saara. Maioritariamente muçulmanos, são os principais habitantes da região sahariana do norte da África,[9] distribuindo-se pelo sul da Argélia, norte do Mali,[10] Níger, sudoeste da Líbia, Chade e, em menor número, em Burquina Fasso e leste da Nigéria. Podem ser encontrados, todavia, em praticamente todas as partes do deserto. Falam línguas berberes e preservaram uma escrita peculiar, o tifinague.[11] Estima-se que existam entre 1 e 1,5 milhões nos vários países que partilham aquele deserto.[12]
Tuaregue Imuhaɣ - Imušaɣ - Imašeɣăn - Imajeɣăn[1] | ||||||||||||||||||
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Artesão tuaregue de Hogar, na Argélia | ||||||||||||||||||
População total | ||||||||||||||||||
c. 4 milhões | ||||||||||||||||||
Regiões com população significativa | ||||||||||||||||||
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Línguas | ||||||||||||||||||
Tamajeg, tawellemmet e outras línguas tuaregues, além de árabe magrebino, francês e árabe hassani | ||||||||||||||||||
Religiões | ||||||||||||||||||
Islão sunita | ||||||||||||||||||
Etnia | ||||||||||||||||||
Berberes | ||||||||||||||||||
Grupos étnicos relacionados | ||||||||||||||||||
Hauçás |
A palavra árabe "tuaregue" deriva de Targa, que é o nome berbere da província da Fazânia, no sul da Líbia. Originalmente, "tuaregue" designava os habitantes da Fazânia. O termo foi incorporado nas línguas inglesa, francesa e alemã durante o período colonial. Targa significa "canal de drenagem" e, por extensão, "terra arável, jardim". Aplicava-se à área de Uádi Alhaiate, entre Saba e Ubari. Em árabe, transformou-se em Bilad al-Khayr ("boa terra").[13]
Segundo Adalberto Alves, no seu Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, a origem da palavra "tuaregue" é a palavra árabe ṭwâriq, "salteadores". Existe também uma versão folclórica, muito difundida, que liga a palavra "tuaregue" a tawariq ("abandonado por Deus"). Basicamente, essa versão parece refletir a desaprovação dos muçulmanos mais ortodoxos ao animismo praticado pelos tuaregues.[13]
Os tuaregues chamam a si próprios de imuagues (Imuhagh; Imazaghan, Imashaghen ou Imazighan, "os homens livres"). A palavra para "homem" é Amajagh (variações: Amashegh, Amahagh) e, para "mulher", Tamajaq (variações: Tamasheq, Tamahaq, Timajaghen). Todas as variantes têm a mesma raiz linguística, expressando a noção de "homem livre", a qual exclui as castas de artesãos e escravos. Coletivamente, eles se identificam como Tamust - a nação. Outra autodesignação, de origem mais recente, é Kel Tamasheq ou Kel Tamajaq (em tifinague, ⴾⴻⵍ ⵜⴰⵎⴰⵌⴰⵆ), que significa "falantes de tamaxeque".[13] Também se encontram, na literatura etnográfica do início do século XX, as expressões Kel Tagelmust, "povo de véu"[14] e "homens azuis".
A língua tamaxeque - mais do que a linhagem genética - é o principal elo comum entre os vários grupos e o que os caracteriza como povo. Provavelmente têm parentesco com egípcios e marroquinos, com quem compartilham traços culturais e a religião muçulmana. Mas não são árabes - são berberes e usam o alfabeto tifinague. Originalmente, habitavam a costa mediterrânea da África, quando povos asiáticos domesticaram os dromedários, o que possibilitou a travessia do deserto. Assim, começaram a se expandir para o sul, onde formaram vários impérios e civilizações, a ponto de, mesmo no lago Chade, em sua parte sul, no norte dos Camarões e Nigéria, o sangue tipo A, tido como marcador caucasoide, ser bastante comum até os dias atuais.
Sem os véus, diferente de outras mulheres muçulmanas, as jovens desfrutam de liberdade. Apesar do Islã, a monogamia é uma regra absoluta entre os tuaregues. A mulher não pode casar sem o seu consentimento, além disso, o divórcio é uma possibilidade e ele pode partir dela; ela continua sendo dona de suas próprias propriedades (cabras e camelos) e às vezes administra as propriedades da família. [15]
Apesar disso, não existe, de fato, um “Matriarcado”, a verdade é que os tuaregues seguem uma estrutura matrilinear, ou seja, os filhos recebem a posição social da sua mãe (nobre, vassalo, escravo) e pertencem ao respectivo grupo. Da mesma forma, o poder político, que está concentrado nas mãos de famílias antigas é transmitido, apenas, através das mulheres, sendo assim o ancestral comum das famílias no poder das grandes tribos tuaregues é uma mulher, a rainha guerreira Tin Hinan.[15][16]
São os homens que não dispensam um véu azul-índigo característico, o Tagelmust, que usam mesmo entre os familiares. Dizem que os protege dos maus espíritos. Tem a função prática de proteger contra a inclemência do sol do deserto e das rajadas de areia durante suas viagens em caravana. Usam como um turbante que cobre também todo o rosto, exceto os olhos.[15]
Têm uma distinta hierarquização formada por castas que descendem da tradicional rainha guerreira Tin Hinan e seu companheiro Takama.
A casta nobre, Imajeren, são os guerreiros. Portam a tradicional espada Takoba, cujo formato lembra muito as espadas medievais das cruzadas. Há pequenas distinções no formato e detalhes entre as espadas de acordo com a região de origem ou dos artesãos-ferreiros que as fazem. A lâmina larga de dois gumes tem um friso longitudinal e o punho é guarnecido por uma peça retangular que lembra uma cruz.
A religião fica a cargo dos Ineselmen, que significa "os Muçulmanos". Eles cuidam da observação das leis do Corão. Desde o século XVI, os Tuaregues têm sido muçulmanos. Exercem-no, contudo, sem muito rigor, devido principalmente ao nomadismo, que os impossibilita de seguir algumas obrigações, como a do Ramadã. Combinam a tradição Sunita maliquita com algumas crenças pré-islâmicas animísticas, como a presença dos espíritos Kel Asuf e a divinização do Corão.
Os "Homens Livres" (Imrad) são a maioria e se dizem descendentes de Takama. Imrad significa "povo das cabras". Podem ter sido Berberes que viviam nas regiões de Ajjer, Hogar e Adrar dos Ifogas e que foram dominados pelos Imunan quando sua própria nobreza, os Uraren, se rebelou contra os Imunan.
Os escravos, chamados de Iklan, são compostos por descendentes dos antigos cativos. Desde a dominação francesa em finais do século XIX, não é permitida a escravidão. Mesmo assim, eles permanecem em quantidade considerável e têm as suas próprias subcastas.
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