Olissipo
cidade romana situada na província da Lusitânia, na Hispânia, na atual Lisboa Da Wikipédia, a enciclopédia livre
cidade romana situada na província da Lusitânia, na Hispânia, na atual Lisboa Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Olissipo[1] (em latim: Olisippo; em grego: Ολισσιπο; romaniz.: Olissipo; ou Ολισσιπόνα, Olissipóna) foi o nome romano da capital portuguesa, Lisboa. A cidade era uma das mais importantes da Lusitânia romana, contudo não era a sua capital, que ficava em Emerita Augusta a actual Mérida (na Estremadura Espanhola). Foi município romano, sendo os seus cidadãos romanos apesar de não serem de ascendência romana, devido à aliança que o governo da cidade empreendeu com Roma. O sufixo "ippo" (ipo) é encontrado em diversos locais da península Ibérica e é característico das áreas de influência Tartessa ou de áreas com uma posterior influência Turdetana.[2]
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Olissipo Felicitas Iulia Olissipo | |
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Vista do teatro romano. | |
Localização atual | |
Localização de Olissipo no que é hoje Portugal | |
Coordenadas | 38° 43′ 44″ N, 9° 08′ 02″ O |
País | Portugal |
Cidade atual | Grande Lisboa |
Dados históricos | |
Fundação | César Augusto - C. ??? |
Início da ocupação | Antiguidade Clássica |
Civilizações | Império Romano ???-(410) Alanos (410)-(469) Reino Suevo (469)-(???) Reino Visigodo |
Notas | |
Acesso público |
Quando se iniciaram as Guerras Púnicas entre Cartago e Roma, vários dos conflitos envolveram a Hispânia, então a mais notável possessão do Império de Cartago. Aníbal invadiu a Itália atravessando os Pireneus e os Alpes a partir de um desembarque com elefantes na península e a ele se juntaram forças das tribos celtibéricas, incluindo dos lusitanos. A resposta de Roma a esse perigoso ataque foi a invasão e conquista da Hispânia aos cartagineses pelas forças de Cipião o Africano. Após as batalhas travadas no oriente peninsular, Décimo Júnio Bruto Galaico é encarregado, como cônsul e representante do Senado, de pacificar a região ocidental que se tinha mantido uma região autónoma. Cerca 205 a.C. Olissipo, como era conhecida pelas tribos celtibéricas[carece de fontes], alia-se aos romanos, lutando os seus habitantes ao lado das legiões. Os ataques dos povos lusitanos à cidade e aos romanos levaram à construção de uma muralha em volta do núcleo urbano. Com a Pax Romana, a cidade é absorvida no Império e recompensada pela atribuição da cidadania romana aos seus habitantes, um privilégio raríssimo na altura para os povos não italianos. Felicidade Júlia (em latim: Felicitas Julia), como a cidade viria a ser reconhecida, beneficia do estatuto de município atribuído por Júlio César, juntamente com os territórios em redor, até uma distância de 50 quilómetros, e não paga impostos a Roma, ao contrário de quase todos os outros castros e povoados autóctones, conquistados. É incluída com larga autonomia na província da Lusitânia, cuja capital é Emerita Augusta. O ouro e outros metais preciosos além dos tesouros das tribos nativas da Ibéria, são pilhados e levados para Roma. As minas de ouro e prata, como Três-Minas ou a Mina de Jales, em que várias já eram conhecidas e exploradas pelos cartagineses, passam a ser exploradas pelos romanos e toneladas do precioso metal são levadas para Roma.[3]
A cidade prospera com o comércio mais intenso com as províncias romanas do Reno e Britânia e a civilização das margens do Tejo até ao coração da meseta ibérica. Os notáveis da cidade, os Julius e Cassius, governam-na com um regime republicano e oligárquico, enviando disputas e pedidos ao Governador em Emerita ou a Roma, como uma delegação em que se queixam ao imperador Tibério dos monstros marinhos que destroem os barcos no Oceano. O mais famoso lisboeta romano seria Quinto Sertório que se revoltou contra Roma com o apoio das tribos lusitanas. A cidade já era então das maiores e mais importantes da Península Ibérica, possuindo inclusivamente insulas ou prédios de vários andares e certamente um grande fórum. Uma grande minoria grega, incluindo escravos e mercadores, coexistia com a maioria de língua latina. Olissipo estava ligada por estradas às outras duas grandes cidades do Ocidente da Hispânia, Bracara Augusta (Braga) e Emerita Augusta.
As declinações difíceis do latim levavam a que em latim vulgar fosse comummente chamada Olissipona, que se viria a tornar o nome oficial com o declínio das letras e artes após o século II.
As escavações arqueológicas permitiram localizar na cidade:
Muitas dessas ruínas foram descobertas no século XVIII, quando as escavações de Pompeia geraram uma moda entre as aristocracias europeias pela arqueologia do período romano.
No tempo dos Romanos, a cidade era famosa pelo garo (condimento), um molho de luxo feito à base de peixe, exportado em ânforas para Roma e para todo o Império, assim como algum vinho, sal e cavalos da região. Alguns dos deuses nativos venerados em Olissipo eram Aracus, Carneus, Bandiarbariaicus e Coniumbricenses.
Entre os deuses introduzidos pelos romanos, destaca-se o culto ao deus da Medicina, Esculápio e ainda ao deus lagarto e o das cobras.[carece de fontes]
No fim do domínio Romano, Olissipo seria um dos primeiros núcleos a acolher o cristianismo. Um dos primeiros bispos da cidade terá sido o mártir São Gens de Lisboa.
Durante os últimos anos do Império Romano convertido ao cristianismo, cuja capital já era a distante Constantinopla, vários bispos de Lisboa participaram do movimento original que criou a teologia cristã actual. Em 325, o bispo Potâmio de Olissipo foi convidado para o Concílio de Niceia, um dos mais importantes da história da religião, em que a seita do Arianismo foi condenada e Jesus aceite como encarnação directa de Deus. Outros bispos escreveram tratados e corresponderam-se com os Pais da Igreja, como Santo Agostinho.
Olissipo foi saqueada várias vezes durante e após a queda do Império Romano, pelos godos, vândalos e alanos (410), sendo finalmente conquistada pelos suevos e depois pelos visigodos (419, definitiva após 585). Na alta Idade Média não passava de uma pequena vila.
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