Nota: Não confundir com tupi-guarani (família linguística).

A língua tupi, ou tupi antigo, foi a língua falada pelos povos tupis e por grande parte dos colonizadores que povoavam o litoral do Brasil nos séculos XVI e XVII. "É a língua indígena clássica do Brasil e a que teve mais importância na construção espiritual e cultural do país."[3]

Factos rápidos Tupi, Códigos de língua ...
Tupi
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Trecho do Auto de São Lourenço, de autoria do padre José de Anchieta, escrito no século XVI
Outros nomes:Língua brasílica
Tupi antigo
Tupi clássico
Tupinambá
Tupiniquim[carece de fontes?]
Falado(a) em:  Brasil
Região: litoral brasileiro
Extinção: final do século XVII, ao evoluir para as línguas gerais[1]
Família: Tronco tupi
 Ramo ocidental
  Família tupi-guarani
   Subconjunto III[2]
    Tupi
Escrita: Alfabeto latino
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: sai (B)tup (T)
ISO 639-3: vários:
tpk  tupiniquim
tpn  tupinambá
tpw  tupi antigo
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Povos indígenas que habitavam, no século XVI, a costa do Brasil. Em amarelo, os povos tupis
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Hoje uma língua morta, o tupi foi por vezes mais falado que o português, sendo por isso considerada também como "a língua do Brasil dos primeiros séculos". Seu registro foi feito sobretudo por padres jesuítas, como José de Anchieta, mas também por viajantes, como Hans Staden e Jean de Léry. Graças a esse registro, preservou-se o conhecimento da língua. Hoje o tupi antigo é a língua indígena brasileira mais bem conhecida, mesmo levando-se em conta as línguas vivas. Contribui para esse fato a rica literatura tupi, que conta com peças de teatro, poemas, e catecismos.[1]

Entre as línguas indígenas, o tupi foi a que mais legou termos ao português brasileiro.[4] Entre os inúmeros tupinismos do português falado no Brasil, é possível citar: caatinga, caju, mingau, pereba e pipoca. Entre os topônimos, temos Indaiatuba, Itaquaquecetuba, Jacareí, Sergipe, Pindamonhangaba e muitos outros. Os tupinismos são particularmente numerosos em se tratando de animais e plantas, como pindoba, piranha, arara, maracujá, pitanga, jaguatirica, tamanduá.[5] A prevalência do tupi na formação do país levou o tupinólogo e padre Lemos Barbosa (1956) a afirmar que "o seu conhecimento, sequer superficial, faz parte da cultura nacional".[6]

O tupi pertence à família linguística tupi-guarani, que por sua vez pertence ao tronco tupi. A família tupi-guarani é composta por 21 línguas diferentes, entre elas o guarani moderno, que possui grandes semelhanças fonológicas e gramaticais com o tupi. Embora o tupi antigo tenha deixado se ser falado no final do século XVII, ele deu origem ao nheengatu, também chamado de língua geral amazônica, ou ainda tupi moderno.[7] Gramaticalmente, o tupi apresenta propriedades peculiares, como: ausência de flexão de gênero e de número; conjugação verbal no início da palavra, não no final (aker, ereker, oker: durmo, dormes, dorme etc); a existência de um nós exclusivo (oré), que exclui o ouvinte, e outro inclusivo (îandé), que o inclui; numerais que vão apenas de um a quatro; entre outras.

Descrição linguística

Segue-se um breve sumário das principais características do tupi, sua tipologia e outras características.[1] A presente seção visa a fornecer uma visão geral de seu perfil linguístico, com maior aprofundamento nas seções que se seguem.

  • O tupi é uma língua SOV (sujeito-objeto-verbo), mas, por influência do português, foi se tornando SVO (sujeito-verbo-objeto) com o tempo.[1]
  • Apresenta um sistema vocálico simétrico, no qual cada uma das vogais orais possui seu equivalente nasal: /i/, /ĩ/; /ɨ/, /ɨ̃/; /u/, /ũ/; /ɛ/, /ɛ̃/; /ɔ/, /ɔ̃/; /a/, /ã/.
  • Seu inventário consonantal, por outro lado, é considerado "relativamente pequeno".[8]
  • Quanto à sua tipologia, o tupi não é uma língua isolante, fusiva, aglutinante nem polissintética, mas apresenta características de cada tipo, sem que nenhum seja mais prevalente que os demais.[8]
  • Não há distinção de número, caso ou gênero em substantivos.
  • Não há artigos definidos ou indefinidos.
  • Apresenta uma primeira pessoa do plural inclusiva (îandé), que inclui o ouvinte, e outra exclusiva (oré), que o exclui.[1]

História e interesse histórico

Ver artigo principal: História da língua tupi
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Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de José de Anchieta.
Edição da Monumenta Anchietana. São Paulo: Edições Loyola, 1990. Fac-símile

A língua tupi antiga possui vários documentos que descrevem sua estrutura, sendo o padre jesuíta José de Anchieta considerado como seu primeiro gramático (foram os jesuítas que criaram a representação escrita da língua, a qual era, até então, exclusivamente oral).[9] Anchieta não foi, porém, o primeiro jesuíta a aprender a língua nativa: o padre basco João de Azpilcueta Navarro compôs os primeiros hinos religiosos em suas pregações aos indígenas.[10] O objetivo dos padres era catequizar os indígenas.[7]

Nos séculos XVI e XVII, era chamado pelos portugueses de língua brasílica[11] por ser o idioma mais usado no Brasil (a expressão "língua tupi" somente se generalizou a partir do século XIX).[11] Dentre os grupos reconhecidos pelos historiadores, antropólogos e linguistas que tinham o tupi antigo como língua materna estão os tupinambás, tupiniquins, caetés, tamoios, potiguaras, temiminós e tabajaras.[12] Os europeus que iam viver no Brasil, bem como os escravos africanos que eram trazidos para o país, aprendiam a língua e falavam-na no seu dia-a-dia, usando o português apenas nas suas relações com a Coroa Portuguesa. Inicialmente restrita à costa brasileira, o tupi se interiorizou devido à ação dos bandeirantes, que o levaram ao interior, aos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre outros.[1]

Deixou de ser falada no final do século XVII, quando foi suplantada pela língua geral.[1] Esta, por sua vez, foi proibida por Pombal. Com a proibição da língua geral pelo Marquês de Pombal em 1758, ela deixou de ser a língua mais falada no Brasil, sendo substituída pelo português.[13] Sua descendente paulista, a língua geral paulista, continuou, no entanto, a ser falada no interior do atual estado de São Paulo até o início do século XX,[1] e a sua descendente amazônica, o nheengatu, continua a ser falada até hoje no vale do rio Negro, na Amazônia.[14] A língua tupi também continua presente no cotidiano dos brasileiros através de vários nomes tupis que se encontram na geografia brasileira e nas denominações de vários animais e plantas nativos do Brasil.[7] Em suma:

Em poucos países da América uma língua indígena teve a difusão que o tupi antigo conheceu, contribuindo para a unidade política de nosso país. Forneceu milhares de termos para a língua portuguesa do Brasil, milhares de topônimos, esteve presente na literatura colonial, no Romantismo no Modernismo. Da literatura sua influência estendeu-se ainda mais para a onomástica do país: Moema, Iracema, Ubirajara, Peri, Moacir, Marabá, Pindorama, Urupês, todos esses são nomes que primeiro as penas dos escritores sacramentaram antes de passar a nomear pessoas e lugares no Brasil. O tupi foi a referência fundamental de todos os que quiseram afirmar a identidade cultural do nosso país.[...]
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. Introdução.

O tupi era mais falado que o português?

Conforme Aryon Rodrigues, o tupi era mais falado que o português nas regiões onde houve maior miscigenação entre o colonizador europeu e a indígena nativa. Essas são as regiões periféricas da colonização lusitana, a saber: o sudeste do Brasil, mais especficamente São Paulo e São Vicente, e o Norte. Já em Salvador, antiga capital da colônia, sede da administração lusitada implantada no novo mundo, a língua portuguesa dominava, por duas razões:[15]

  1. A grande mortandade de indígenas nessas regiões, devido a pandemias e ao extermínio deliberado;
  2. Justamente por ser um local onde houve menor miscigenação. Muitos casais já formados chegavam da Europa.

Interesse moderno pela língua

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Gonçalves Dias (1823–1864) escreveu o famoso poema romântico brasileiro I-Juca-Pirama, termo tupi que significa "o que será (ou deverá ser) morto"[16]:197

O interesse moderno pela língua tupi teve uma conotação nacionalista brasileira. A língua foi bastante explorada nos movimentos literários do romantismo e do modernismo para a afirmação da identidade cultural do país.[7]

No contexto do nacionalismo da época Vargas, durante as décadas de 1930, 1940, 1950 e 1960, o tupi fez parte do currículo das faculdades de filosofia brasileiras. Em 1954, no governo do presidente brasileiro Café Filho, o tupi foi declarado legalmente matéria obrigatória no currículo das faculdades de letras do país. No entanto, sob a influência do estruturalismo (que, por seu caráter a-histórico, pregava o estudo somente das línguas indígenas contemporâneas), a língua tupi praticamente desapareceu do currículo das faculdades brasileiras, a partir da década de 1970, permanecendo apenas em algumas universidades, como a Universidade de São Paulo.[17]

Atualmente, existem iniciativas isoladas que buscam resgatar o uso da língua tupi antiga por algumas etnias indígenas que usavam essa língua no passado, como os potiguaras da Paraíba[18] e do Rio Grande do Norte[19] e os tupiniquins das aldeias de Caieiras Velhas e Comboios, na cidade de Aracruz, no Espírito Santo.[20]

Fonética, fonologia e ortografia

O tupi identifica um conjunto de 31 fonemas, dos quais doze são vogais, três semivogais e dezesseis consoantes. Característica notória de sua fonologia é, sem dúvida, o seu caráter gutural. Uma outra, os abundantes metaplasmos.

Vogais

As vogais são: a, e, i, o, u, y, ã, ẽ, ĩ, õ, ũ, ỹ (na grafia de Navarro).[21]:14 Como se pode perceber, o tupi antigo possui um sistema vocálico simétrico, com seis pares de vogais orais e nasais. Cada vogal oral tem uma vogal nasal correspondente. Com exceção do y e do , os demais sons vocálicos do tupi antigo ocorrem também no português.[22] De acordo com Cristófaro-Silva, o som da vogal pode ocorrer como pronúncia pós-tônica de /e/ no português brasileiro atual em palavras como "número" [ˈnu.mɨ.ɾʊ].[23]

Mais informação Anterior, Central ...
Vogais orais e nasais e sua pronúncia (IPA)
Anterior Central Posterior
Fechada oral i
i
ɨ
y
u
u
nasal ĩ
ĩ
ɨ̃
ũ
ũ
Semiaberta oral ɛ
e
ɔ
o
nasal ɛ̃
ɔ̃
õ
Aberta oral a
a
nasal ã
ã
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Semivogais e consoantes

São semivogais: î, û, ŷ. São como as palavras "piá" e "mau" no português, respectivamente. A semivogal ŷ não existe em português.[21]

As consoantes são: ' (um fonema que não existe no português e que se caracteriza por uma pequena interrupção no fluxo de ar), b (como na palavra "huevo" do castelhano), nh, k, m, (ou mb), n, (ou nd), ng, p, r (sempre brando, como no português "aranha"), s, t, e x (como no português "chácara").

As consoantes e semivogais (consoantes aproximantes) do tupi antigo estão representadas por símbolos fonéticos na tabela abaixo.

Mais informação Labial, Alveolar ...
Fonemas consonantais (incluindo as semivogais)[21](15–17)[carece de fonte melhor]
Labial Alveolar Pós-
alveolar
Palatal Pós-
palatal
Velar Glotal
Oclusiva p
p
t
t
k
k
ʔ
'
Nasal m~mb
m~mb
n~nd
n~nd
ɲ
nh
ŋ
ng
Vibrante simples ɾ
r
Fricativa β
b
s
s
ʃ
x
ʒ
î
ɣ
g
h[24]:27
h
Aproximante j
î
ɨ̯
ŷ
w~ɡw
û~
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Ortografia

Antes do descobrimento do Brasil, o tupi antigo não tinha escrita. Os europeus o representaram de distintas formas, conforme os alfabetos de seus idiomas nativos.[25] Neste artigo, salvo quando for indicado o contrário, far-se-á uso da ortografia desenvolvida por Lemos Barbosa e aprimorada por Eduardo Navarro.

Substantivos

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Xe pirá, "meu peixe", seria uma frase inconcebível em tupi antigo. Elementos da natureza não podem ser possuíveis, gramaticalmente falando, exceto como objetos culturais.[7]

O substantivo é a classe gramatical mais abrangente em tupi. Todo adjetivo e verbo pode também ser um substantivo (isto é, tem uma forma substantivada), enquanto a recíproca não é verdadeira: nem todo substantivo pode ser transformado em um adjetivo ou verbo. É o caso dos substantivos não possuíveis.[7]

Mais informação Obrigatoriamente possuíveis, Não possuíveis ...
Tipos de substantivo
Obrigatoriamente
possuíveis
Não possuíveis Possuíveis
Partes do corpo Elementos da natureza Objetos culturais
xe pó
xe akanga
xe py
minha mão
minha cabeça
meu pé
ybyrá
itá
pirá
tatu
pindoba
îaguara
so'o
ka'a
árvore
pedra
peixe
tatu
palmeira
onça
animal
mata
kysé
u'uba
îy
faca
flecha
machado
Membros da família Todos os demais
xe sy
xe ruba
xe ra'yra
minha mãe
meu pai
meu filho
poranga
nema
xe rura
beleza
mau odor
minha vinda
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Os substantivos não possuíveis são apenas substantivos, não podendo ser transformados em um adjetivo ou verbo. Os possuíveis podem todos eles ser adjetivos, já que esta classe gramatical é usada para dar a ideia de posse (ver seção #Adjetivos). Alguns possuíveis podem ser verbos também.[7]

O sufixo substantivador

Ver artigo principal: Sufixo substantivador
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O sufixo substantivador está presente em muitos tupinismos do português brasileiro.

Em tupi, todos os substantivos terminam em vogal. O sufixo substantivador -a é usado para transformar um verbo ou adjetivo em um substantivo, caso estes terminem em consoante.[7] O sufixo substantivador será sempre átono (isto é, nunca será a sílaba tônica).[7]

  • Sem: sair. Sema: o sair, a saída
  • Pererek: saltar. Perereka: o salto, o pulo.
  • (verbo): ir. (substantivo): o ir, a ida.
  • Porang: bonito. Poranga: a beleza

O mesmo ocorre quando um substantivo e um adjetivo estão em composição: kunhãporanga: mulher bonita (kunhã, mulher; porang, bonito; a, sufixo)[7]:24

Composições

Em tupi, são comuns as composições, pelas quais termos diferentes formam uma única palavra. Por exemplo, 'ypiranga, que significa "rio vermelho", tem em tupi seus termos justapostos e formam uma unidade conceitual, sendo um substantivo como outro qualquer.[7]

Há dois tipos de composição em tupi:[7]

  1. Composição com relação genitiva (substantivo + substantivo)
  2. Composição atributiva (geralmente substantivo + adjetivo)

A seguir há exemplos de ambos os tipos.

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Composição em tupi com relação genitiva. Neste caso, ocorre a inversão dos termos; isto é, o termo determinado ('y) vem depois do determinante (îakaré)

No exemplo acima, há uma relação genitiva, que dá a ideia de posse, origem, ou pertencimento. Em relações desse tipo, ocorre uma inversão da ordem dos termos, conforme as setas indicam. (O mesmo fenômeno ocorre em outras línguas, como o shopping center – centro de compras – em inglês).[7]

As composições são constituídas por um termo que é o determinante, e o outro que é o determinado. No exemplo, a palavra îakaré é o determinante, pois ela determina, delimita o sentido de 'y, que por sua vez é o determinado.[7]

Outra característica das composições é que elas possuem um sentido genérico, enquanto as mesmas palavras escritas separadamente possuem sentido mais específico. Por exemplo:[7]

  • îakare'y: rio dos jacarés, ou rio de jacaré (sentido genérico)
  • îakaré 'y: o rio dos jacarés (sentido específico: o rio é dos jacarés)
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Composição atributiva em tupi. Neste caso não há a inversão dos termos.

No caso acima, há a união de um substantivo com um adjetivo. No caso, não há inversão, e portanto a palavra 'y (rio) vem antes, como no português.

A mesma ideia de sentido genérico e específico se aplica aqui:[7]

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Ybyraitá: pau-ferro (ybyrá, pau, itá, ferro), espécie de árvore de madeira bastante dura. É um exemplo de composição atributiva com dois substantivos.
  • 'ypiranga: rio vermelho (sentido genérico; o adjetivo aqui é qualificativo: ele qualifica o rio)
  • 'y i pirang: o rio é vermelho (afirmação sobre o rio; o adjetivo aqui é predicativo: diz-se algo sobre o rio; note que, por perder a composição, o sufixo substantivador -a cai)

Nas composições, os adjetivos são sempre qualificativos.[7]

Há casos, mais raros, de uma composição atributiva do tipo substantivo + substantivo. Estes formam o que em português seriam substantivos compostos ligados por hífen, como Deus-pai, fruta-pão, fruta-pote, e assim por diante. Em termos técnicos, o segundo substantivo da composição (em tupi) tem a função de aposto e serve para limitar o substantivo anterior, especificando-lhe um tipo ou atributo. Nesses casos também não ocorre inversão.[7]

Tempo dos substantivos

Diferentemente da língua portuguesa, o tempo de uma ação, no tupi antigo, é expresso pelo substantivo, não pelo verbo. Tais tempos são futuro, passado e um tempo chamado de "irreal", que é semelhante ao futuro do pretérito, do português. Eles são indicados, respectivamente, pelos adjetivos -ram, -pûer e -rambûer. Estes, por estarem em composição com o substantivo, recebem o sufixo -a, conforme explicado acima.[7]:108-9[26]

Mais informação Futuro, Passado ...
Tempo dos substantivos
Futuro Passado Irreal Contexto
-ram(a) -pûer(a) -rambûer(a)
ka'arama

mata que será (que ainda não nasceu; ka'a significa mata)
ka'apûera

mata que foi (lugar onde não há mais mata; daí a palavra capoeira)
ybyrárambûera

árvore que seria (caso não tivesse sido cortada)
Forma básica
nde îukasarama

Teu (futuro) matador, aquele que te matará
omanõba'epûera

O que morreu, aquele que morreu
Nde ogûaba'erambûera îaguara

O que te comeria é a onça (se você não fugisse)
Em deverbais
aîur nde îukarama resé

Vim para te matar (lit: vim para sua futura morte)
Ereîkuab nde rausuguêra

Sabes que eu te amei (lit: sabes do meu antigo amor por ti)
Îaguara nde îukarambûera

A onça te mataria (se a gente não a tivesse matado)
Formas nominais do verbo

(ex: o infinitivo)

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Cabe ressaltar que o futuro significa, mais propriamente, o futuro em relação ao verbo, e não ao tempo presente. No exemplo aîur nde îuka-ram-a resé, a futura morte é futura somenta em relação ao verbo "vir", que está no passado. Isto é, o interlocutor pode já estar morto, mas a frase pode permanecer com o -rama.[27]

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Embora a arte marcial seja de origem africana, a palavra capoeira é de origem tupi, e vem de Ka'a-pûera, que significa "mata que foi", ou "lugar onde havia mata", "clareira".[26] Pintura de Rugendas (1835)

Aumentativo e diminutivo

Os graus do substantivo (aumentativo e diminutivo) se fazem pelos sufixos -'ĩ ou -'i, para o diminutivo, e -gûasu, -ûasu ou -usu para o aumentativo. Eis alguns exemplos com suas explicações:[7]:125-6

Mais informação Diminutivo, Aumentativo ...
Grau dos substantivos
Diminutivo Aumentativo
-'ĩ ou -'i -(g)ûasu ou -usu
Gûyra'ĩ Passarinho 'Ygûasu Rio grande

('Y é rio. O g foi adicionado
depois pelos colonizadores)

Ita'ĩ Pedrinhas

(daí vem Itaim Bibi)

Kunumĩgûasu Menino grande, moço
Pitangĩ Criancinha, bebê

(Criança é pitanga)

Ybytyrusu Montanhão, serra

(de ybytyra, montanha)

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Não se deve confundir o adjetivo mirĩ, que significa pequeno, com os sufixos que formam o diminutivo: itámirim, pedras pequenas; Ita'ĩ, pedrinhas.[7]:126

Adjetivos

Conforme já esboçado na seção #Composições, os adjetivos podem ser de dois tipos: qualificativos e predicativos. Os primeiros vêm sempre em composição, e possuem um sentido genérico, enquanto os adjetivos predicativos são uma afirmação sobre o sujeito:[7]

  • Kunhãporanga: mulher bonita (porang é adjetivo qualificativo, pois está qualificando a mulher)
  • Kunhã i porang: a mulher é bonita (porang aqui é predicativo, pois algo está sendo dito sobre a mulher.)

Morfologicamente, os adjetivos qualificativos e predicativos são idênticos.[7]

Os adjetivos também podem ser usados para dar a ideia de posse. Todos os substantivos possuíveis podem ser usados como adjetivos desse tipo, que se traduzem pelo verbo "ter":[7]

  • xe ruba: meu pai (aqui não há adjetivo, mas um substantivo)
  • xe rub: eu tenho pai (rub é adjetivo aqui; ao pé da letra, a tradução seria: eu sou "paizado")

Pronomes pessoais

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Oré é o "nós" que exclui o ouvinte, îandé o que inclui. (Padre Antônio Vieira pregando aos índios)[7]

Os pronomes pessoas em tupi se destacam por ter duas formas de falar "nós". Oré, é um nós exclusivo, que exclui o(s) ouvinte(s), e îandé, que o(s) inclui. Os pronomes pessoais podem ser de duas séries.

Mais informação 1ª série, 2ª série ...
Pronomes pessoais
1ª série2ª série Tradução
ixéxe eu
endénde tu
a'e*i ele
oré oré nós (exclusivo)
îandé îandé nós (inclusivo)
peẽpe vós
a'e*i eles
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* a'e mais propriamente significa esse(s), aquele(s), mas pode ser usado como pronome pessoal da terceira pessoa, tanto do singular como do plural.[7]

Os pronomes de 1ª série geralmente são usados sozinhos ou com verbos (mais especificamente os da primeira conjugação, ou 1ª série). Exemplo: ixé a-karukatu: eu comi bem. Abápe morubixaba? – Ixé: quem é o cacique? – Eu.[7]

Os pronomes da 2ª série são usados em muitos casos. Alguns deles:[7]

  • com adjetivos: xe porang, eu sou bonito.
  • com verbos da segunda conjugação (vide seção abaixo): nde ma'enduar ixé resé, você se lembra de mim.
  • em relação genitiva: i membyra, o filho dela.

Verbos

Verbos no tupi antigo podem ser divididos em duas classes. Na primeira, ocorre conjugação verbal, sendo esta feita no início da palavra. Além disso, os verbos podem representar uma ação presente, passada ou futura, pois eles, ao contrário do português, não expressam tempo. (O futuro, em especial, é feito com o acréscimo da partícula -ne ao final do período, mas isso não muda o fato de que o verbo, por si só, não expressa tempo.)[7]

Mais informação Pron., karu (comer) ...
Conjugação verbal
Pron. karu (comer) gûatá (andar) ker (dormir) pererek (saltar) nhan (correr) Tradução
Ixé (eu) akaru agûatá aker apererek anhan Eu como/comi, ando/andei...
Endé (tu) erekaru eregûatá ereker erepererek erenhan Tu comes/comeste, andas/andaste...
A'e (ele*) okaru ogûatá oker opererek onhan Ele come/comeu, anda/andou...
Oré (nós) orokaru orogûatá oroker oropererek oronhan Nós (excl.) comemos, andamos...
Îandé (nós) îakaru îagûatá îaker îapererek îanhan Nós (incl.) comemos, andamos...
Peẽ (vós) pekaru pegûatá peker pepererek penhan Vós comeis/comestes, andais/andastes...
A'e (eles*) okaru ogûatá oker opererek onhan Eles comem/comeram, andam/andaram...
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* a'e significa esse(s), aquele(s), mas pode ser usado como pronome pessoal da terceira pessoa, tanto do singular como do plural.[7]

Há também os verbos da segunda conjugação, ou de 2ª classe. Estes são usados com pronomes pessoais de 2ª classe e não variam. Tais verbos são, na verdade, adjetivos, sendo apresentados como verbos para fins didáticos.[7]

  • xe ma'endurar (eu lembro, literalmente "eu sou lembrante")
  • nde u'u (tu tosses)
  • i membyrar (ela dá à luz)
  • oré rambuer (nós falhamos) (exclusivo)
  • îandé nhyrõ (nós perdoamos) (inclusivo)
  • pe poasem (vós gemeis)
  • i pytu (eles respiram)

Verbos transitivos

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Abá îagûara onhybõ. O índio flechou a onça. (lit: o índio flechou-a, a onça.) É um exemplo do objeto -i- se tornando -nh- perto de nasais.

Os verbos transitivos são aqueles que exigem um objeto. No tupi antigo, esse objeto pode ser posposto, anteposto, mas também incorporado no verbo. Neste último caso, o objeto fica entre a desinência verbal dos verbos de 1ª classe (a-, ere-, o-, etc.) e o tema verbal. Exemplo:[7]:60

  • a-pirá-kutuk...
    (Eu cutuco o peixe...)
a- é a desinência que indica a primeira pessoa do singular. Pirá significa peixe; kukut, cutucar.[7]:60

Quando o objeto (no exemplo acima, o peixe) não estiver incorporado, ficará em seu lugar o pronome pessoal de terceira pessoa -i-, mesmo quando o objeto estiver presente na oração. Chama-se a isso de objeto pleonástico. Verbos monossilábicos usam -îo- (ou também -nho- próximo de nasais) ao invés de -i-, e alguns poucos usam -s-. Exemplos:

  • pirá a-î-kutuk...
    (Literalmente: o peixe, eu o cutuco...) ou 'a-î-kutuk pirá...
O pronome -i- é incorporado e sofre ditongação. Por isso ele recebe o acento circunflexo.[7]:60
  • ere-îo-sub oré: tu nos (exclusivo) visita.
Verbo sub (visitar) monossilábico com -îo- incorporado.
  • a-îo-mim (ou a-nho-mim) u'ubá: escondo (ou escondi) a flecha.
Verbo nasal mim (esconder) monossilábico com -îo- ou -nho- incorporado.[7]:61
  • São Pedro itangapema o-s-ekyî: São Pedro a espada (itangapema) puxou.
O verbo ekyî (puxar) exige -s- ao invés de -i-.[7]:62 Citação do Catecismo na Língua Brasílica de Anchieta.
  • pe-îuká îagûareté: vós matastes a onça.
No caso de îuká (matar), o objeto incorporado é absorvido pois o verbo já começa com î.

Futuro

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Aker pytunane: dormirei à noite. Noite é pytuna.

Forma-se com o -ne, sempre no final do período, independentemente da classe gramatical da última palavra. Esse clítico tem também outros significados e nesses casos pode ser usado como uma partícula em outras posições da oração.[7]:138

  • Abá kori ka'ape osóne. O índio irá para a mata hoje
  • Oro'u onhemongyraba'eramane. Comeremos aquele que engordar. (O verbo, no caso, é oro'u, e a ênclise -ne se encontra afastado dele.)
  • Pytuna i ro'yne. A noite será fria (não há o verbo ser em tupi)
  • Kururu opererekypyne. O sapo começará (ypy) a pular (pererek)
  • Pytuna o'aryne. A noite cairá. (O y é inserido para evitar o encontro consonantal, já que estes inexistem no tupi.)

Modos verbais

A principal divisão dos verbos em tupi é entre suas formas nominais e suas formas verbais propriamente ditas. As formas verbais são as que recebem prefixos número-pessoais (a-, ere-, o-, oro-, etc.). As formas nominais não o recebem.[7]

Dentro de cada uma dessas duas grandes formas de classificar os verbos, há os diferentes modos verbais, conforme a classificação de Navarro. Alguns desses modos são semelhantes ao português, como o modo indicativo, permissivo (semelhante ao subjuntivo do português) e o imperativo. Serão comentados a seguir os modos verbais que forem desconhecidos dos falantes do português, ou os que apresentarem particularidades importantes.[7]

O modo indicativo circunstancial é igual ao modo indicativo, mas é usado após uma circunstância (tempo, lugar, modo, etc) vem antes do sujeito da oração: ixé a-gûatá kori, eu caminho hoje (modo indicativo normal; circunstância vem depois); kori xe gûatáû, hoje eu caminho (mesma ideia, mas a circunstância, no caso, de tempo, vem antes, e o verbo vai para o indicativo circunstancial).[28]

O gerúndio, tanto na forma nominal como verbal, tem duas principais funções: dar a ideia de continuidade de uma ação (semelhante ao gerúndio do português) e expressar finalidade. Gûi-gûatábo: correndo (eu) ou para eu correr. O gerúndio pode ser formado com os sufixos -abo (ou -bo) ou -a (no caso de temas verbais terminados em consoante).[28]

As formas nominais com pronomes objetivos tônicos são usadas quando o objeto não for de terceira pessoa. Isto é, quando objeto foi de 1ª (eu, nós) ou 2ª pessoa (tu, vós).[28]

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Modos verbais em tupi antigo e a conjugação verbal em cada um deles.[28]

Numerais

Em tupi antigo, há apenas numerais de um a quatro, tanto cardinais quanto ordinais, pois a utilidade de maior precisão matemática era pouca em uma economia primitiva. Os numerais cardinais podem ser antepostos ou pospostos ao nome ao qual se referem, ao passo que os ordinais são somente pospostos. Por exemplo, em se tratando de cardinais, mokõî pykasu e pykasu mokõî são termos equivalentes, significando "duas pombas". No que se refere a ordinais, ta'yrypy significa "primeiro filho (de homem)", e 'ara mosapyra, "terceiro dia".[21](96–97) [24](99–100)

Mais informação Numerais cardinais, Numerais ordinais ...
Numerais em tupi
Numerais cardinaisNumerais ordinais
1oîepé1.ºypy
2mokõî2.ºmokõîa
3mosapyr3.ºmosapyra
4(oîo)irundyk
(pouco usado)[nota 1]
4.º(oîo)irundyka
(pouco usado)[nota 1]
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Para expressarem-se quantidades maiores, fazia-se uso de circunlóquios, relacionando, sobretudo, a quantidade de dedos nas mãos e nos pés. Em alguns casos, houve também a incorporação de numerais do português ao tupi. Às vezes, ainda, verificavam-se ambas as possibilidades simultaneamente.

Também se podia dizer ("assim", "tantos") e mostrar uma quantidade de dedos ou de outras coisas.[21]:96[24]:99

Exemplos de circunlóquios

  • Mokõî oîoirundyk "oito" 'ara sykeme…
    (Ao chegar o oitavo dia…)
    mokõî oîoirundyk significa literalmente "dois quatro"[29]:5
  • Opá kó mbó îabi'õ, oîepé asé mba'e moîa'oka…
    (De cada dez, repartir uma de nossas coisas…)
    opá kó mbó significa literalmente "todas estas mãos"[29]:5[16]:361
  • Opá kó mbó mosapyr mysã 'ara sykeme…
    (Quando chegou o décimo terceiro dia…)
    opá kó mbó mosapyr mysã significa literalmente "todas estas mãos e três dedos dos pés"[29]:5 [16]:418
  • Xe pó, xe py, abá pó, i py 'ara o membyragûera kûab'iré…
    (Quarenta dias após passar o nascimento de seu filho (de mulher)…)
    xe pó, xe py, abá pó, i py significa literalmente "minhas mãos, meus pés, as mãos de alguém, seus pés"[29]:6
  • Xe pó, xe py, amõ abá pó, i py "quarenta" 'ara…
    (Quarenta dias…)
    xe pó, xe py, amõ abá pó, i py significa literalmente "minhas mãos, meus pés, as mãos de alguém, seus pés"[29]:10 [16]:6

Deverbais

Os deverbais são nomes derivados de verbos. Possuem grande importância em tupi e, apesar de serem substantivo como outros quaisquer, podem ser estudados como uma categoria própria.[7]

Sua importância reside no fato de eles formarem o que em português seriam orações subordinadas, com pronomes como que, o qual, etc. Em rigor, não existem orações subordinadas em tupi. Frases como "o homem que matou a onça" seria traduzida como "o homem matador da onça"; "fiquei feliz quando você veio" seria "fiquei feliz por ocasião da sua vinda". Nas frases em tupi, percebe-se um único verbo (e portanto uma única oração), em vez de dois.[7]

O -a entre parênteses é o sufixo substantivador. Trata-se de um sufixo acrescentado a outro sufixo.[7] Como ambos frequentemente andam juntos, com frequência são vistos como um sufixo só (-sara, -bora, -pyra, etc).

Mais informação Afixo, Significado ...
Afixos nominalizadores em tupi (que formam deverbais)
Afixo Significado Exemplos
-BA'E Indica o agente de terceira pessoa de alguma ação, alguém que faz alguma coisa.
-(S)AR(A) Alguém que faz alguma coisa. É semelhante a -BA'E. É análogo ao sufixo -or do português (comedor, batalhador, editor, etc) îukasara: o matador
-EMI- Deverbal paciente, isto é, que recebe alguma ação (ao contrário dos dois anteriores, que são deverbais agentes). Traduz-se como "o que é ..." ou "aquilo que é ..." remimotara: vontade (lit. o que é querido, desejado)
-PYR(A) Semelhante ao anterior. É responsável, grosso modo, por formar o equivalente da voz passiva em tupi. i îukápyrama: o que será morto
-(S)AB(A) Geralmente se refere ao lugar em que algo é feito. Mas pode significar também o tempo, circunstância, instrumento de uma ação pindá monhangaba: lugar de se fazerem anzóis
-BOR(A) Acrescentado a verbos intransitivos, dá a ideia de um agente habitual. moraûsubora: o amoroso, o que ama habitualmente (Navarro, 2006), de moraûsub, "amar gente"
-SÛER(A) Com verbos intransitivos, dá a ideia de propensão ou inclinação para realizar uma ação. îeruresûera: o que tem inclinação a pedir, o pedinte (Navarro, 2006), de îeruré, pedir.
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Os deverbais, por serem substantivos como quaisquer outros, podem receber sufixos, como é o caso de i îukápyrama, no qual se encontra o sufixo -rama, formando o futuro nominal. (Ver seção #Tempo dos substantivos)

Posposições

São o mesmo que as preposições em português, mas vêm depois do termo regido. Subdividem-se em posposições átonas, que são justapostas à palavra anterior, e tônicas, que são escritas separadamente.[7]

Mais informação Posposição, Significado ...
Posposições tônicas (separadas do nome)
Posposição Significado Exemplo Explicação
supé para, a (pessoa) Abá onhe'eng Maria supé
O índio fala a Maria.
Maria é o termo regido por supé
suí de (procedência) Morubixaba osem taba suí
O cacique saiu da aldeia
taba é aldeia; taba suí é da aldeia
pupé dentro de, com (instrumental) Kunumĩ oîkó ygara pupé
O menino está dentro da canoa
resé para, em favor de Tuba oma'ẽ o a'yra resé
O pai olha para seu filho
Posposição com vários significados

"seu filho", no caso, é o a'yra

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Mais informação Posposição, Significado ...
Posposições átonas (incorporadas ao nome)
Posposição Significado Exemplo Explicação
-pe em, para (lugar) Ixé asó Nhoesembépe
Eu vou para Nhoesembé
Por ser átona, a posposição é incorporada ao substantivo
-(r)eme quando, por ocasião de Xe roryb nde rureme
Fico feliz quando tu vens
-(r)amo como, na condição de Ixé aikó nde paîéramo
Eu estou como teu pajé (i.e sou teu pajé)
Como não há o verbo ser em tupi, este circunlóquio é usado
-bo em (sentido difuso) Kûarasy oberab itá 'arybo
O sol brilha sobre a pedra
Brilho difuso, espalhado
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Assim como em português, as posposições também podem ser exigidas por determinados verbos. Por exemplo:[7]

  • Pedo osykyîé o sy suí (Pedro tem medo de sua mãe; o verbo sykyîé exige a posposição suí)
  • I ruba oma'ẽ o ta'yra resé (O pai olha para seu filho; o verbo ma'ẽ exige resé)

Negação

Há múltiplas formas de fazer uma negação em tupi antigo.

na ... i

Para negar verbos no modo indicativo. Basta colocar na (ou nda) antes do verbo e o sufixo -i ao final. Antes de vogal, o na perde o a.[7] (Comparar lista a seguir com a tabela de conjugação verbal afirmativa na seção "Verbos".)

  • n'a-syk-i: não chego/cheguei
  • n'ere-syk-i: não chegas/chegaste
  • n'o-syk-i: não chega, etc.
  • n'oro-syk-i: não chegamos (excl.)
  • n'îa-syk-i: não chegamos (incl.)
  • na pe-syk-i: não chegais/chegastes
  • n'o-syk-i: não chegam

A mesma regra vale para adjetivos:[7]

  • Xe porang (sou bonito)
  • Na xe porang-i (não sou bonito)
  • I puku (ele é alto)
  • N'i puku-î (ele não é alto)

-e'ym(a)

Com os verbos no infinitivo ou no gerúndio, coloca-se simplesmente um -e'ym(a) justaposto ao final do verbo.[7]

  • Kunhã osepyîak pitanga ker-e'yma
  • A mulher vê que a criança não dorme (literalmente: a mulher vê o não dormir da criança)

na ... ruã

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N'a-s-aûsu benhẽ-î xûé Anhanga-ne: não mais amarei o Diabo, do Catecismo na Língua Brasílica.[7]:138 Note que aûsu (amar) é um verbo transitivo exigindo objeto -s- incorporado. Retrato de Anchieta por Oscar Pereira da Silva.

Usado para negar um substantivo, um pronome ou um advérbio[7]

  • Morubixaba ixé (sou o cacique)
  • Na morubixaba ruã ixé (não sou o cacique)

na ... i xué

Para negar o futuro. O futuro é feito com a partícula "ne" quase sempre ao final do período, mesmo que para isso tenha de ficar logo após o "xué".

  • N'asóî xué nde tápe korine
  • Não vou à tua aldeia hoje
  • Kunimĩ n'okuruki xuéne
  • O menino não vai resmungar

umẽ ou ymẽ

Para negar verbos no modo imperativo ou permissivo.[7]:151

  • Eporapiti umẽ!
  • Não mates gente! (do Catecismo na Língua Brasílica de Anchieta)
  • Tosepîaky bé umẽ kûarasy
  • Que não vejam mais o sol. (do Teatro de Anchieta)

Sintaxe

Usualmente, a oração na língua tupi apresenta a sequência sujeito-objeto-verbo. Nisto, ela se difere da oração na língua portuguesa, que costuma apresentar a sequência "sujeito-verbo-objeto". Um exemplo de oração tupi seria: São Pedro itangapema osekyî ("São Pedro a espada puxou").[30] Todavia, com a colonização, o tupi aportuguesou-se e passou a admitir a estrutura sujeito-verbo-objeto.[7]

No tupi, a relação de posse ou qualidade entre dois termos coloca esses dois termos em uma ordem invertida em relação à ordem usual do português. Chama-se a isso de relação genitiva. Por exemplo: "a casa de Pedro" seria traduzida, em tupi, como Pedro roka. Nesse caso, o tupi se assemelha à língua inglesa, que expressa essa ideia sob a forma também invertida Peter's house.[31] Eis algumas características da sintaxe tupi:[32]

  • Os demonstrativos da forma nova distinguem proximidade com o falante (este, aquele) e a visibilidade do objeto a que se refere. Por exemplo, akûeî significa um "aquele" visível, enquato akûeî é um "aquele" fora da vista.
  • Entre os modos verbais (incluindo as formas nominais dos verbos), há os casos Indicativo, Imperativo, Permissivo, Gerúndio, Circunstancial.
  • Declinações da caso nos substantivos: não há no Tupi atual. No antigo havia 6 formas: Nominativo, Vocativo, Atributivo mais 3 casos Locativos.

A língua tupi é aglutinante, não possui artigos (assim como o latim) e não flexiona nem em gênero nem em número.

A relação genitiva

Ver artigo principal: Relação genitiva
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Exemplo de relação genitiva na toponímia brasileira. (Araraquara, município de São Paulo)[33]

Já abordada brevemente na seção sobre os substantivos compostos (ver seção #Composições), a relação genitiva ocorre quando dois ou mais termos são colocados em sequência de modo a dar a ideia de posse, origem ou pertencimento. Os termos devem vir em ordem invertida em relação ao que seria comum no português.[7] Deste modo

  • Tupã sy = mãe de Deus (mãe é sy, e Deus é Tupã)
  • xe anama = família de mim (isto é, minha família)

O fenômeno não é exclusivo do tupi. Em inglês temos, por exemplo, shopping center (centro de compras).[7]

Amostras de texto

Frases básicas

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Quadro retratando a chegada de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro em 1500. É possível que os portugueses, sem nada compreender da língua dos tupiniquins, tenham ouvido perguntas sobre quem eram e de onde vinham.

Eis algumas frases ou que foram atestadas, durante os séculos XVI e XVII, por indivíduos conhecedores do tupi antigo, como Jean de Léry e Yves d'Évreux, ou cuja existência, dada a simplicidades de suas estruturas, é mais do que provável a partir dos atuais conhecimentos gramaticais da língua.[34][35][36]

  • Abápe endé? (Quem é você?)
  • Mamõ suípe ereîur? (De onde você vem?)
  • Mamõpe ereîkó? (Onde você mora?)
  • Marãpe nde rera? (Qual é seu nome?)
  • Tiá nde karuka! (Boa tarde!)
  • Tiá nde ko'ema! (Bom dia!)
  • Tiá nde pytuna! (Boa noite!)

Pai-nosso

A seguinte versão do pai-nosso, de 1618, é de autoria do jesuíta Antônio de Araújo, tendo sido publicada em seu Catecismo na língua brasílica.[37]

Mais informação Tupi antigo, Tradução literal por Eduardo Navarro:350 ...
Tupi antigo Tradução literal por Eduardo Navarro[7]:350 Português
Oré rub, ybakype tekoar, Nosso pai, o que está no céu, Pai nosso que estás nos céus,
i moetepyramo nde rera t'oîkó. como o que é louvado teu nome esteja. santificado seja o teu nome.
T'our nde "Reino"! Que venha teu Reino! Venha o teu Reino!
T'onhemonhang nde remimotara Que se faça tua vontade Seja feita a tua vontade,
ybype, na terra, assim na terra,
ybakype i nhemonhanga îabé! como o fazer-se dela no céu! como no céu!
Oré remi'u, 'ara îabi'õndûara, Nossa comida, a que é de cada dia, O pão nosso de cada dia
eîme'eng kori orébe. dá hoje para nós. nos dá hoje.
Nde nhyrõ oré angaîpaba resé orébe, Perdoa tu nossos pecados a nós, E perdoa-nos as nossas dívidas,
oré rerekomemûãsara supé como aos que nos tratam mal assim como nós também temos perdoado
oré nhyrõ îabé. nós perdoamos. aos nossos devedores.
Oré mo'arukar umẽ îepé "tentação" pupé, Não nos deixes tu fazer cair em tentação, E não nos deixes cair em tentação,
oré pysyrõte îepé mba'eaíba suí. mas livra-nos tu das coisas más. mas livra-nos do mal.
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Trecho do Auto de São Lourenço

O texto a seguir é a primeira estrofe do segundo ato do Auto de São Lourenço, obra de José de Anchieta. Ambas as versões, em tupi antigo e em português, foram escritas de modo artístico, o que implica o respeito, nas duas línguas, da rima e da métrica, elementos comumente empregados em poemas.[38][39]

Mais informação Tupi antigo, Tradução literal por Eduardo Navarro ...
Tupi antigo Tradução literal por Eduardo Navarro Português
Xe moaîumarangatu, Importuna-me bem, Esta virtude estrangeira
xe moŷrõetekatûabo, irritando-me muitíssimo, me irrita sobremaneira.
aîpó tekopysasu. aquela lei nova. Quem a teria trazido,
Abá serã ogûeru, Quem será que a trouxe, com seus hábitos polidos
xe retama momoxŷabo? estragando minha terra? estragando a terra inteira?
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Exemplos da influência do tupi no português

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O brasão do Tocantins usa um lema tupi: co yby ore retama: esta terra é a nossa pátria. Exemplo da influência do tupi na formação do Brasil

Geralmente, os nomes em português brasileiro que tem origem no tupi são descrições das coisas a que se referem, envolvendo uma explicação inteira. Cada palavra pode ser uma verdadeira frase. Decifrar o significado das palavras requer, muitas vezes, uma visita ao local a que se refere o termo. Um exemplo disso é o topônimo Paranapiacaba = paraná + epiak + -(s)aba, "mar" + "ver" + "lugar" = "lugar de onde se vê o mar", que se refere a um ponto da serra do Mar onde se pode avistar o mar.[40]

Toponímia

O tupi legou ao português brasileiro uma série de topônimos (nomes de cidades, vilas, rios, morros, etc). A seguir estão dos dois principais tipos de topônimos no Brasil. Para uma relação completa, ver o artigo principal: topônimos tupi-guaranis no Brasil.[33]

Topônimos que contém relação genitiva (susbtantivo + substantivo)

Em tupi, a relação genitiva (ver seção "Composições" acima) ocorre quando dois substantivos são colocados em sequência de modo a dar a ideia de posse, origem ou pertencimento. Os termos devem vir em ordem invertida em relação ao que seria comum no português. Além disso, é preciso adicionar a preposição de, (ou suas variantes: de, da, do, das, dos) entre os termos. É importante lembrar que em tupi não há flexão de número. Portanto, arara pode ser traduzido tanto como arara como araras, no plural, .)[33]

Um substantivo encontrado com bastante frequência nesse tipo de composição é tyba, que em português pode realizar-se em TIBA, TUBA, TIBI, DUBA, DUVA, entre outros. Esse substantivo significa "ajuntamento". Portanto, indaiatuba significa "ajuntamento de indaiás, ou ainda "indaiazal", se fosse possível falar assim. (Neste último caso, tyba seria entendido como um sufixo, como o é em guarani.)[33]

Topônimos que são composições atributivas (substantivo + adjetivo)

Quando a composição contém um adjetivo, ela será uma composição atributiva. Nelas, não ocorre a inversão dos termos: eles aparecem na ordem em que apareceriam em português, com a diferença de que em tupi eles vêm justapostos (são escritos juntos) e são considerados uma palavra só; isto é, obedecem às mesmas regras que qualquer substantivo. (Leia mais em: topônimos tupi-guaranis no Brasil)[33]

Literatura tupi

Ver artigo principal: Literatura tupi

Obras antigas em tupi

  • As seis cartas dos índios Camarões, escritas entre agosto e outubro de 1645.
  • "Catecismo da lingoa brasilica, no qual se contem a summa da doctrina christã", do jesuíta Antônio de Araújo, impresso em Lisboa no ano de 1618, considerado o mais longo texto impresso em tupi antigo. Essa obra ganhou uma segunda edição em 1686, revisado pelo jesuíta Bartolomeu de Leão, na nova edição houve a utilização de trema para assinalar tanto a ocorrência da consoante oclusiva glotal quanto de hiatos
  • "Cathecismo da lingua brasilica", do franciscano Francisco do Rosário, que também escreveu: "Tratado dos ritos, costumes e linguas dos brasis".
  • Tradução da Bíblia para o tupi, feita por Johannes Edwards na época das Invasões Holandesas.[46][47]
  • "Doctrina y Confessionario en lengua del Brasil", do jesuíta Leonardo Nunes
  • "Doutrina na Língoa do Brasil", do jesuíta Leonardo do Valle (1574)
  • "Na Aldeia de Guaraparim", peça de teatro escrita por Anchieta, publicada em 1954, juntamente com outros textos de Anchieta em Tupi.
  • "Compêndio da Doutrina Cristã na Língua Portuguesa e Brasílica", do jesuíta João Felipe Bettendorff (1687).[48]

Tupinólogos

Ver artigo principal: Tupinologia
  • o jesuíta José de Anchieta, escreveu "Arte da lingoa mais falada na costa do Brasil", a partir do contato com guaianases, tamoios e tupinambás, cujos registros de circulação da primeira versão manuscrita são de 1556
  • o jesuíta Luís Figueira, escreveu "Arte da lingua brasilica", a partir do contato com potiguares, tupinambás, tabajaras e caetés, que teve sua primeira versão aprovada em 1620
  • o ex-jesuíta Manoel de Moraes, que escreveu um vocabulário da "Brasilianorum lingua", publicado em 1643, para ser utilizado pelos holandeses na época das Invasões Holandesas
  • Johannes de Laet, holandês que, em 1643, publicou um resumo da gramática antes escrita por Anchieta.
  • Johannes Apricius, que, em 1657, apresentou em Amsterdã um "Dicionarium Brasilicum Belgicum"[46]
  • o jesuíta Leonardo do Vale, professor de "Língua Brasílica" no Colégio Jesuíta na Bahia entre 1572 e 1574, que, naquela época, compilou um "Vocabulário na Língoa Brasílica", com cerca de cinco mil verbetes[48]

Ver também

Línguas da família tupi
Tupinólogos
O tupi no cinema

Notas

  1. De acordo com Lemos Barbosa, não existia tradução exata para "quatro", pelo que irundyk e suas variantes eram pouco usados.

    Referências

    1. CRUZ, Aline da (2011). Fonologia e gramática do nheengatu: a língua geral falada pelos povos baré, warekena e baniwa. Amsterdã: Landelijke Onderzoekschool Taalwetenschap. p. 1, 2 e 3. 652 páginas. ISBN 9789460930638. Cópia arquivada em 9 de maio de 2021
    2. «Curitiba, Ubatuba, pipoca, 'chorar as pitangas': o tupi presente no português falado no Brasil». Revista Planeta. 22 de fevereiro de 2022. Consultado em 17 de março de 2023
    3. «Curitiba, Ubatuba, pipoca, 'chorar as pitangas': o tupi presente no português falado no Brasil». Revista Planeta. 22 de fevereiro de 2022. Consultado em 17 de março de 2023
    4. Barbosa, Pe. Lemos (1956). Curso de tupi antigo: gramática, exercícios, textos. [S.l.]: Livraria São José
    5. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005.
    6. Wolf Dietrich; et al. O Português e o Tupi no Brasil. [S.l.]: Contexto
    7. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005. p. 340.
    8. MONTEIRO,Clóvis - Esboços de história literária - Livraria Acadêmica - Rio de Janeiro - 1961 - Pg. 165
    9. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005. p. 11.
    10. A proibição do tupi e o fortalecimento da língua portuguesa. Disponível em http://www.helb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=57:a-proibicao-do-tupi-e-o-fortalecimento-da-lingua-portuguesa&catid=1029:1758&Itemid=2. Acesso em 26 de dezembro de 2012.
    11. NAVARRO, E. A. Método moder|no de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005. p. 13.
    12. Rodrigues, Aryon. Breve História da Língua dos Índios Vistos por Cabral
    13. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil 1.ª ed. São Paulo: Global. 624 páginas. ISBN 9788526019331
    14. 1-Os estudos de tupi antigo e a crítica estruturalista. Disponível em http://tupi.fflch.usp.br/sites/tupi.fflch.usp.br/files/Os%20estudos%20de%20tupi%20antigo%20e%20a%20cr%C3%ADtica%20estruturalista.pdf. Acesso em 15 de março de 2013.
    15. Educação indígena. Disponível em http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/site:abralin2009/simas.pdf. Acesso em 9 de março de 2017.
    16. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2005). Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos 3.ª ed. São Paulo: Global. 464 páginas. ISBN 9788526010581
    17. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005. p. 14.
    18. BARBOSA, Antônio Lemos (1956). Curso de tupi antigo: gramática, exercícios e textos. Rio de Janeiro: Livraria São José. p. 27. 484 páginas. Cópia arquivada em 26 de maio de 2022
    19. P.), A. Lemos Barbosa (Le (1956). Curso de tupi antigo: gramática, exercícios, textos. [S.l.]: Livraria São José
    20. C., Gabriel (8 de março de 2023). «Modos verbais em tupi antigo». Consultado em 20 de novembro de 2024
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    24. C., Gabriel (2 de maio de 2024). «A toponímia indígena no Brasil: padrões morfológicos». tupiantigo.com
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    27. BARBOSA, Antônio Lemos (1956). Curso de tupi antigo: gramática, exercícios e textos. Rio de Janeiro: Livraria São José. p. 115, 262, 263 e 311. 484 páginas. Cópia arquivada em 25 de maio de 2022
    28. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2005). Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos 3ª ed. São Paulo: Global. p. 350 e 351. 464 páginas. ISBN 9788526010581
    29. ANCHIETA, José de (2006). Teatro. Seleção, introdução, notas e tradução do tupi por Eduardo de Almeida Navarro 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. p. 6. 248 páginas. ISBN 9788533621428
    30. BARBOSA, Antônio Lemos (1956). Curso de tupi antigo: gramática, exercícios e textos. Rio de Janeiro: Livraria São José. p. 419. Cópia arquivada em 18 de março de 2022
    31. Plínio Ayrosa (1933). Primeiras noções de Tupi. University of California: Typ. Cupolo. p. 101. Consultado em 17 de julho de 2015
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    33. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo: Global. p. 27, 155, 217, 369, 435 e 467. 680 páginas. ISBN 9788526019331
    34. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo: Global. p. 64, 246, 280, 281, 378, 383, 405, 409 e 480. 680 páginas. ISBN 9788526019331
    35. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2017). «A influência do tupi antigo e das línguas gerais coloniais na formação do português falado no Brasil». Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (101): 53 e 54. Consultado em 27 de março de 2022. Cópia arquivada em 19 de março de 2022
    36. A palavra e o império: A Arte da língua brasílica e a conquista do Maranhão, Pablo Antonio Iglesias Magalhães, disponível na internet, acesso em 04 de novembro de 2016.
    37. «Cartas eram conhecidas, mas tradução é inédita». Tribuna do Norte. 14 de novembro de 2021. Consultado em 23 de maio de 2022. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2021
    38. «Vermelho Brasil no G1». Consultado em 17 de março de 2015

    Bibliografia

    Ligações externas

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