classe gramatical das palavras com que se designam os seres (pessoas, animais e coisas) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O substantivo ou nome é uma classe de palavras variáveis com que se designam ou se nomeiam os seres (pessoas, animais e coisas). O substantivo é a palavra que serve, de modo primário, de núcleo de sujeito, de objeto direto, de objeto indireto e do agente da passiva. Qualquer palavra de outra classe que desempenhe uma dessas funções equivalerá, forçosamente, a um substantivo.[1] Em português, o substantivo pode ser flexionado em gênero, número e grau.[2][3] Em outros idiomas pode haver outras flexões, como a de caso gramatical. Há também palavras invariáveis, que não fazem flexão gramatical.
Substantivação é a atribuição de funções de substantivo a alguma outra palavra, que pode ser um verbo, um adjetivo, um numeral, ou até mesmo um advérbio.
Exemplo:
"O olhar dela me fascina inteiramente." (verbo substantivado)
"Era um azul maravilhoso." (adjetivo substantivado)
"Os milhões foram roubados do banco." (numeral substantivado)
"Ele disse um não bem grosseiro." (advérbio substantivado)
Uma palavra se torna substantivo quando toma o lugar de um e é precedida por um artigo.
Podemos substituir a palavra jantar por comida, que é um substantivo. Ficaria: "A comida estava ótima". Se trocarmos azul por cor, seria: "Era uma cor maravilhosa". Assim como, se mudássemos a estrutura da frase Ele disse um não bem grosseiro, ficaria assim: " - Não, disse ele, de forma grosseira". O não, neste segundo caso, é um advérbio de negação.
Na primeira oração do exemplo acima, a palavra olhar, que normalmente é um verbo, foi substantivada, ao ser precedida do artigo definido O. Assim acontece com as demais, só que precedidas de artigo indefinido.
Obs.: Vale lembrar que beleza, pureza, habilidade, honestidade, etc., não são palavras substantivadas, pois já são substantivos por si sós.
Os substantivos podem ser classificados em:
Comuns e próprios
Comuns são aqueles que dão nome a espécie: pessoa, rio, planeta, cidade; próprios são aqueles que designam um indivíduo da espécie: João, Amazonas, Marte.[2]
Concretos e abstratos
Concretos são aqueles que designam seres reais ou imaginários, de existência independente de outros seres: Deus, homem, cão, árvore, Brasil, caneta; abstratos são aqueles cuja existência depende de outros seres. Designam ações, estados e qualidades: divindade, beleza, colheita, doença, bondade, juventude.[3]
São substantivos comuns que, no singular, designam um conjunto de seres ou coisas da mesma espécie. No substantivo coletivo, trata-se de um único ser uma pluralidade de indivíduos: elenco (conjunto de atores); matilha (conjunto de cães de caça); cardume (conjunto de peixes) etc.[2]
Primitivos e derivados
Primitivos são aqueles de que não derivam de outros vocábulos: ex: casa, folha, árvore.
Os derivados são aqueles que procedem de outras palavras (guerreiro é derivado por vir de guerra, guerra + eiro, ferreiro é derivado por vir de ferro, ferro + 'eiro').[4]
Simples e composto
Simples são aqueles substantivos constituídos de um só radical: casa, casarão; compostos são aqueles formados na união de dois ou mais radicais: boca-de-leão, couve-flor, passatempo.[4]
Substantivos epicenos: denominam-se epicenos os nomes de animais que possuem um só gênero gramatical para designar um e outro sexo: a águia, a baleia, a mosca, a pulga, o besouro, o polvo, o tatu, etc.
Substantivos sobrecomuns: denominam-se sobrecomuns os substantivos que têm um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos: o apóstolo, o cônjuge, a criança, a testemunha, etc.
Substantivos comuns de dois gêneros: alguns substantivos possuem uma só forma para os dois gêneros, mas distinguem-se o masculino do feminino pelo gênero do artigo ou outro determinante: o agente, a agente; dois colegas, duas colegas; meu gerente, minha gerente; esse mártir, essa mártir; aquele lojista, aquela lojista etc.
Substantivos de gênero vacilante: em alguns substantivos notam-se vacilação de gênero: diabete, suéter, omoplata, etc.[3]
Os substantivos podem ser flexionados de três maneiras distintas: quanto ao gênero, quanto ao número e quanto ao grau.
Gênero gramatical é a indicação do sexo real ou suposto dos seres.
”
O gênero gramatical é um critério puramente linguístico, convencional, que divide os substantivos em duas classes: masculino e feminino.[2] Trata-se, na verdade, mais de uma classificação do que uma flexão propriamente dita para a maioria dos substantivos; entretanto, os substantivos designando pessoas e animais podem assumir formas diferentes de acordo com o sexo do ser que designa, em geral com o mesmo radical; por isso diz-se tratar de uma flexão.
Masculino: em português, são do gênero masculino todos os substantivos a que se pode antepor o artigoo: o aluno, o amor, o galho, o poema. Geralmente são masculinos os nomes de homens ou funções exercidas por eles; os nomes de animais do sexo masculino; os nomes de lagos, montes, rios e ventos; os nomes de meses e pontos cardeais;
Feminino: em português, são do gênero feminino todos os substantivos a que se pode antepor o artigo a: a casa, a vida, a árvore, a canção. Geralmente são femininos os nomes de mulheres ou de funções exercidas por elas; os nomes de animais do sexo feminino; os nomes de cidades e ilhas; as partes do mundo; as ciências e as artes liberais.[3][4]
Outros gêneros: em português só existem os gêneros masculino e feminino, mas em vários idiomas existe o gênero neutro, geralmente reservado a substantivos abstratos e os que designam objetos e animais, e o comum, como no sueco e inglês, para palavras que não são limitadas ao sexo ou gênero, no latim palavras de gênero comum são aquelas que não são masculinas nem femininas mas não neutras.[5] Alguns idiomas da família linguística nígero-congolesa chegam a ter dezenas de gêneros, muitas vezes atribuídos às palavras de forma arbitrária.
Flexão numérica
Quanto à flexão de número, os substantivos podem estar no singular ou plural:
Singular: é a forma não flexionada do substantivo, que indica apenas um ser: casa, homem, doce;
Plural: é a forma flexionada, que indica mais de um ser: casas, homens, doces.[4]
Dual: indica dois seres. Esta flexão não existe em português; aparece em idiomas como o grego antigo, o árabe e o checo. Só é encontrado na língua portuguesa na palavra 'ambos' e sua variação 'ambas'.
Flexão gradual
“
O que substancialmente existe pode ter tamanhos diversos; pode ter tamanho normal, comum, como pode ser grande ou pequeno.
Normal: designa o ser no seu tamanho natural: casa, livro;
Aumentativo: designa o ser aumentado do seu tamanho normal: casarão, livrão;
Diminutivo: designa o ser diminuído do seu tamanho normal: casebre, livrinho.[4]
Flexão de caso
Em muitos idiomas existe a flexão de caso, em que o substantivo tem desinências diferentes dependendo da função sintática que exercem na oração. Essa flexão existia no latim, porém desapareceu em português e em todas as outras línguas românicas com exceção do romeno, sendo substituídas por preposições. Os casos mais comuns nos idiomas que apresentam esse tipo de flexão são:
Um exemplo de frase em latim usando casos: mater amici mei unam rosam filio meo dedit (a mãe do meu amigo deu uma rosa ao meu filho). "Mater" está no nominativo; "amici mei" está no genitivo; "unam rosam" está no acusativo, e "filio meo" está no dativo.
Cunha, Celso; Cintra, Lindley (2008). Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)