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Rima é uma homofonia externa, em um sentido antigo, na tradição literária de língua portuguesa, constante da repetição da última vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem. No entanto, a rima pode ser classificada segundo sua Posição no Verso, sua Posição na Estrofe, a sua Sonoridade, a Tonicidade e ainda o seu Valor, podendo-se rimar, pouco usualmente, consoantes, e, na tradição de língua inglesa, sílabas átonas. Ou seja, o uso e o conceito usual de rima pode variar de uma língua para outra. Existem ainda outras possibilidades de rima usadas ao longo da história.
As rimas surgiram nos hinos ambrosianos, no Hinário da Igreja Católica. Porém, o recurso só começou a ser estudado a partir do século XX, através dos estudos dos formalistas russos como, por exemplo, Roman Jokobson.
“ |
Lembranças, que lembrais meu bem passado |
” |
“ | Minha desgraça, não, não é ser poeta, Nem na terra de amor não ter um eco, |
” |
“ | Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, |
” |
“ | Aos que me dão lugar no bonde e que conheço não sei de onde, |
” |
“ | Salve Bandeira do Brasil querida Toda tecida de esperança e luz |
” |
“ | A chuva chove mansamente em resende ... como um sono Que tranquilize, pacifique, resserene... |
” |
“ | A rosa com cirrose A anti-rosa atômica |
” |
No século XX, a partir dos estudos dos formalistas russos, principalmente Roman Jakobson entre estes, surgiram novas definições e classificações para a rima na ciência Linguística. Além dos linguistas, muitos poetas como Wladimir Maiakovski perceberam a inadequação de alguns antigos conceitos sobre a rima.
Um exemplo clássico é o poema épico inglês antigo Beowulf, que usa a aliteração como forma principal de coesão dos versos entre si. Neste sentido, a aliteração se transformaria em rima.
Um exemplo de versos aliterativos atuais são os seguintes, do poeta W. H. Auden:
“ | Now the news. Night raids on Five cities. Fires started. |
” |
Observe-se que os versos se dividem por uma pausa, rimando uma consoante ou grupo de consoantes no início (ou próximo dele) de cada uma destas duas divisões. Neste caso vemos uma rima que não é feita por vogais e não está no fim do verso, não é externa.
Também relevante é o exemplo inquestionável de Emily Dickinson, poeta americana considerada de difícil tradução, posto que ela rimava, muitas vezes, somente as consoantes, não as vogais, nos finais dos versos. Não há diferença de função com a rima tradicional.
No livro "Como fazer versos", traduzido por Boris Schnaiderman, Maiakovski escreveu: “Pode-se rimar o início das linhas, pode-se rimar o fim da primeira linha com o princípio da seguinte. Pode-se rimar o fim da primeira linha e o fim da segunda e, ao mesmo tempo, com a última palavra, da terceira e quarta linhas. Etc. etc., indefinidamente.”
Em vista destas discrepâncias entre a rima tal qual ela é utilizada pelos poetas ao redor do mundo ao longo da história e as suas definições tradicionais é que os linguistas e poetas atuais tem proposto novas classificações e definições para a rima, sem chegar a um consenso.
Não há, no entanto, discordância quanto à função da rima. Mais uma vez, o poeta Maiakovski nos explica: “A rima faz voltar à linha precedente, força a pensar nela, obriga as linhas que formulam um pensamento a terem unidade.” Ou seja, é um mecanismo de coesão do texto poético.
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