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faculdade pública federal em Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Instituto Militar de Engenharia (IME) é uma instituição de ensino superior pública pertencente ao Exército Brasileiro que oferece cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia, sendo considerado um centro de excelência[1][2] e referência nacional e internacional[3] no ensino da Engenharia. Fica localizado na Urca, bairro da Zona Sul carioca, mais precisamente na Praia Vermelha, ao lado da estação do Bondinho do Pão de Açúcar.
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O IME é herdeiro da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada em 1792 e considerada a primeira escola de Engenharia das Américas e a sétima do mundo. Em 2012, o IME completou 220 anos de existência. Durante muitas décadas, o Exército foi a única instituição nacional a formar engenheiros civis. Em 1874, a Escola Central, que funcionava no Largo São Francisco (RJ) e era administrada pelo Exército, passou para o controle da Secretaria do Império, criando-se a atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O vestibular do IME é considerado um dos mais exigentes do país, pelo nível de dificuldade das provas. A seleção dos candidatos é rigorosa, pois os alunos do IME são exigidos ao máximo, tanto no aspecto intelectual, quanto no condicionamento físico.[4] O Instituto Tecnológico de Aeronáutica,[5] que nasceu no IME, é uma instituição com igual nível de exigência em seu processo seletivo e na condução de seus cursos.
O ensino de engenharia militar[6] na colônia brasileira remonta à presença do "engenheiro de fogo" neerlandês Miguel Timmermans, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, entre 1648 e 1650, contratado pela Coroa Portuguesa para a formação de aprendizes para a construção de fortificações.
Ainda no mesmo século, em 1694, chegou ao Rio de Janeiro o Capitão Engenheiro Gregório Gomes Henriques,[7] com a missão de instruir os comandantes de Artilharia naquela praça, que por sua vez deveriam repassar as lições aprendidas aos seus subalternos encarregados das fortificações.
Pela Carta-Régia de 15 de janeiro de 1699, o Rei D. Pedro II de Portugal determinou a criação das chamadas "Aulas Militares"[8] Estas "aulas" já existiam de maneira informal em diversas capitanias, nomeadamente na da Bahia, na do Rio de Janeiro, na de Pernambuco e em Belém do Pará. As novas "aulas" constituíram-se nos primeiros cursos de formação superior na colônia: destinavam-se a formar artilheiros e engenheiros militares, e eram abertos não apenas a militares, mas também a civis que desejassem aprender essas matérias, havendo até alunos dotados com bolsas de estudo. Ainda naquele mesmo ano, no Rio de Janeiro, o capitão Gregório Gomes Henriques, ministrou a aula inaugural sobre fortificações. Esta "aula" no Rio de Janeiro, foi a sétima na área de Engenharia do mundo e a primeira das Américas.
Dentro do mesmo esforço, a partir de 1710 passaram a ser ministradas aulas de Fortificação e Artilharia nas dependências do Forte de São Pedro em Salvador, pelo Sargento-Mor Engenheiro José António Caldas. O curso perdurou até 1829. Na cidade do Recife, por volta de 1718, era ensinada matemática em nível de engenharia.
A Carta Régia de 19 de agosto de 1738 instituiu a Aula do Terço de Artilharia no Rio de Janeiro, que teve por mestre o sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, autor dos projetos do Palácio dos Governadores no Rio de Janeiro, e do Palácio dos Governadores, em Ouro Preto, nas Minas Gerais. O curso tinha então a duração de cinco anos e ampliava o ensino de balística e engenharia de fortificações.[9]
Em 1774, passou ao Brasil o tenente-coronel Antônio Joaquim de Oliveira, como lente da cadeira de arquitetura militar, passando a academia no Rio de Janeiro, cidade entretanto alçada à condição de capital do Estado do Brasil, à denominação de "Aula Militar do Regimento de Artilharia". Os engenheiros aqui formados nas décadas de 1750 e de 1780, em 1795 ministrariam aulas de geometria aos seus discípulos.
No final do século XVIII, a Rainha D. Maria I de Portugal instituiu em Lisboa a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho (1790), autorizando a implantação, na cidade do Rio de Janeiro, de uma instituição nos mesmos moldes, a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho (1792). A escola foi inicialmente instalada na ponta do Calabouço, na Casa do Trem de Artilharia (atual Museu Histórico Nacional).[10] Atualmente é considerada como a origem do curso de Engenharia no Brasil, uma vez que não se constituía apenas em mais uma "aula", com um pequeno número de cadeiras, mas sim em um curso completo, com seis anos de duração.[11]
Diante da transferência da corte portuguesa para o Brasil (1808-1821), a instituição foi sucedida pela Academia Real Militar[12] criada pelo Príncipe-regente em 1810.
Era ministrado um curso de oito anos, dos quais os oficiais de Infantaria e Cavalaria faziam apenas dois e os de Artilharia e de Engenharia os oito. O currículo destes últimos era bastante amplo, formando um oficial apto não apenas para a engenharia militar, mas também para a engenharia civil. Além das disciplinas científicas como Cálculo, Química, Astronomia, Física, Mineralogia e outras, eram lecionadas outras de cunho técnico como Topografia, Pontes, Caminhos e Calçadas (estradas), Hidráulica, Canais e Portos, Diques e Comportas, Arquitetura Civil, Materiais de Construção, e orçamento de obras.
De 1809 a 1812, foi introduzido no Brasil o ensino de cálculo integral, hidrodinâmica e Mecânica. O Mestre que coordenou e ministrou tais conhecimentos aos novos engenheiros foi o Capitão Antônio Francisco Bastos.
Após a proclamação da independência do Brasil (1822), a Academia passou a ser denominada de "Imperial Academia Militar".[13] Durante o Período Regencial, o seu nome mudou uma vez mais, para "Academia Militar da Corte" (1832). Neste período registrou-se uma desestruturação do Exército, que conheceu uma redução dos efetivos na ordem de 75%, e diversas revoltas, por todo o território nacional. O ensino militar, porém, não conheceu alteração sensível, mas tão somente uma racionalização: o curso foi reduzido de oito para sete anos e o aluno que os completava recebia o grau de bacharel em Matemática. Adicionalmente, caso defendesse uma dissertação "sobre qualquer ponto da ciência matemática dos mais profundos", diante de uma banca composta por quatro lentes da Academia, receberia o título de doutor, com "imposição formal da borla e do capelo", além do respectivo anel de grau, um título que, posteriormente, após a Guerra da Tríplice Aliança, geraria uma série de atritos entre a oficialidade do Exército brasileiro, entre os "tarimbeiros" e os "doutores".
Em 1840, passou a denominar-se Escola Militar, e a partir de 1858, "Escola Central", sendo transferida para as dependências do Forte da Praia Vermelha.
Os engenheiros formados na Escola Central eram civis e militares, pelo fato de ser a única escola de Engenharia no país.
Em 1874, a Escola Central transitou para a Secretaria do Império sendo criada a "Escola Politécnica", que formava exclusivamente engenheiros civis, enquanto que a formação dos oficiais de Engenharia e de Artilharia continuou a ser realizada na Escola Militar da Praia Vermelha até 1904, quando foi transferida para o Realengo. Os oficiais de Infantaria e de Cavalaria passaram a partir de então a ser formados em Porto Alegre.
Com a proclamação da República Brasileira (1889), foram criadas a Escola Superior de Guerra e a Escola Astronômica e de Engenharia Geográfica (1890).
Diante dos revezes sofridos pelo Exército na campanha de Canudos, e da disputa entre "tarimbeiros" - oficiais sem os conhecimentos técnico-administrativos necessários à campanha - e "doutores" - oficiais sem vivência dos problemas práticos da mesma -, em 1897 o Congresso autorizou "a reorganização dos estabelecimentos de ensino militar, devendo reduzir os estudos teóricos e ampliar os práticos (...)", ficando o curso da Academia Militar reduzido a apenas dois anos, inclusive para os oficiais técnicos. No caso dos engenheiros militares, estes passaram a ser na prática "engenheiros de combate", isto é, oficiais que dominam apenas o necessário em situações de combate, como a construção de pontes ou estradas de campanha, sem o mesmo tipo de formação de um engenheiro civil.
Posteriormente, em 1898, foi criada a Escola Militar do Brasil, onde foram reunidos os Cursos de Estado-Maior, Engenharia, Artilharia e de Geógrafos.
O Decreto nº 1 348, de 12 de julho de 1905, deu nova organização ao ensino militar, instituindo a Escola de Artilharia e Engenharia, onde eram ministrados os cursos de Engenharia e Armamento, e a Escola de Estado-Maior, onde eram ministrados os cursos de Estado-Maior e de Geógrafos.
Mais tarde, em 1913, visando unificar todas as escolas de Guerra e de Aplicação, foi instituída a Escola Militar do Realengo, que viria a formar os oficiais do Exército Brasileiro por quase quarenta anos.
No ano seguinte, o Decreto nº 10.832, de 28 de março de 1914, promoveu nova reforma no ensino militar, mantendo-se a formação de Engenheiros Geógrafos na Escola de Estado-Maior.
O Decreto-Lei nº 5.632, de 31 de dezembro de 1928, determinou a formação artilheiros, eletrotécnicos, químicos e de engenheiros de fortificação e construção, sendo criada a Escola de Engenharia Militar, cujo início de funcionamento ocorreu três anos mais tarde (1931), em instalações à rua Barão de Mesquita, no quartel posteriormente ocupado pelo Batalhão de Polícia do Exército. Esta veio a transformar-se em Escola Técnica do Exército (1933), vindo a transferir-se para instalações à rua Moncorvo Filho (1934). Este estabelecimento era voltado para uma formação de engenheiros mais completa do que aqueles formados pela antiga Academia Militar.
O nacionalismo que marcará a década de 1930 no país traz a percepção da necessidade de aperfeiçoamento de oficiais e soldados, sendo abertas outras escolas vocacionadas para o ensino técnico-militar, como a Escola de Motomecanização e a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea.
À época da Segunda Guerra Mundial, sob a influência dos Estados Unidos, foi criado o Instituto Militar de Tecnologia (1941), instalado no atual prédio da Praia Vermelha (1942), iniciando-se assim programas de estudo, pesquisa e controle de materiais para a indústria bélica.
Finalmente, em 1959, a Escola Técnica do Exército foi fundida com o Instituto Militar de Tecnologia, passando a designar-se Instituto Militar de Engenharia (IME).
O estudante que concluiu o Ensino Médio ingressa no IME através do Concurso de Admissão ao Curso de Formação e Graduação (CA/CFG), de caráter nacional e que ocorre 1 vez ao ano. No ato da inscrição, o candidato escolhe entre duas opções de carreira: a carreira da ativa e a carreira da reserva. [14] são promovidos a segundo tenente R/2 (reserva não remunerada).
Além de alunos oriundos do meio civil, o IME admite também oficiais formados pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), que prestam o Concurso de Admissão ao Curso de Graduação (CA/CG), e oficiais de nações amigas. Tais oficiais integram o Curso de Graduação - CG, que dura 4 anos, sendo o 1° ano o curso básico, com disciplinas dos 2 primeiros anos do CFG (curso básico do CFG), e os 3 anos seguintes o curso profissional, agora juntos dos alunos do CFG. Também são oferecidos cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado acadêmicos, que em geral são cursados por alunos formados em outras universidades, com ingresso por meio de processo seletivo. Alguns laboratórios do IME se destacam nacional e internacionalmente, além de serem acreditados por órgãos de qualidade do governo brasileiro, dos quais se destacam os laboratórios das seções de Engenharia de Fortificação e Construção (SE/2) e Engenharia Mecânica e de Materiais (SE
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), que substituiu o antigo Provão, premiou em 2005 o IME como a melhor faculdade de engenharia do Brasil, tendo o IME ficado em primeiro lugar em oito dos nove cursos avaliados (e em segundo no curso restante).
Anualmente, a 11 de agosto é celebrado o aniversário da Casa do Engenheiro Militar. O patrono do Quadro de Engenheiros Militares (QEM), composto pelos oficiais que cursaram o IME,[15] é o coronel Ricardo Franco de Almeida Serra (Cel RIFO).
RoboIME é uma equipe de futebol de robôs autônomo do Laboratório de Robótica e Inteligência Computacional formado por integrantes do Instituto Militar de Engenharia, sendo a maior parte alunos de graduação. A RoboIME participa de competições de nível nacional e internacional na categoria Small Size League. A equipe promove a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias na área de Robótica e Inteligência Artificial e ainda contribui para a formação intelectual de alunos de graduação e pós-graduação do Instituto Militar de Engenharia.
Zéfiro é a equipe de aerodesign do Instituto Militar de Engenharia. Participa anualmente da competição SAE AeroDesign Brasil, realizada em São José dos Campos. A competição avalia o projeto e o desempenho em voo de aeromodelos projetados por estudantes de diversas universidades nacionais e internacionais.
A Fundação Ricardo Franco (FRF) é pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por missão apoiar o IME em suas atividades acadêmicas e institucionais. Foi instituída em 4 de dezembro de 1997, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Anualmente, a FRF concede bolsas de iniciação científica aos alunos do IME.
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