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composto químico Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Etilenoglicol[1][2][3][4][5] ou monoetilenoglicol (MEG) (nome IUPAC: etano-1,2-diol) é um álcool com dois grupos hidroxila, –OH (é um diol). É um composto químico amplamente utilizado na composição de anticongelantes, usados em localidades que atingem temperaturas abaixo de 0 °C, pois diminui o ponto de congelamento da água. Na forma pura, é um líquido viscoso, incolor, inodoro, com sabor adocicado, porém é tóxico e sua ingestão é considerada uma emergência médica.
O etilenoglicol é produzido a partir do etileno, através do intermediário de etanal — o óxido de etileno reage com a água para produzir etilenoglicol, de acordo com a equação química:
Esta reação pode ser catalisada por meio de ácidos ou bases, ou pode ocorrer em pH neutro sob temperaturas elevadas. As maiores produções de etilenoglicol ocorrem em soluções ácidas ou de pH neutro com um grande excesso de água. Sob essas condições, a produção de etilenoglicol pode chegar ao rendimento de 90%. Os principais subprodutos do etilenoglicol são os oligômeros de dietileno glicol, trietileno glicol, e tetraetileno glicol.
Os sintomas incluem:
O etilenoglicol é rapidamente e extensivamente absorvido através do trato gastrointestinal e menos absorvido a nível respiratório e dérmico. No entanto após a absorção, é distribuído no organismo de acordo com volume de água total do mesmo.
Na maioria dos mamíferos, incluindo os seres humanos, é inicialmente metabolizado no fígado pela álcool desidrogenase a glicolaldeído (com a possível contribuição do citocromo P450). O glicolaldeído é rapidamente convertido em ácido glicólico e glioxal pelo aldeído oxidase e aldeído desidrogenase. Estes são oxidados a glioxilato pela glicolato oxidase ou lactato desidrogenase, que pode metabolizar em ácido fórmico, ácido oxálico e glicina. Forma-se dióxido de carbono (gás carbônico) a partir da glicina e ácido fórmico, que é um dos maiores produtos de eliminação de EG pela via respiratória. A eliminação também ocorre pela via urinária (etilenoglicol, glicoaldeído ou ácido glicólico) com um tempo de meia-vida média de 1 a 4 horas na maioria das espécies, incluindo os mamíferos.[6][7]
, K+
, Cl–
, bicarbonato/CO
2
, ureia, creatinina, glicose, Ca2+
);
Estes testes mostram o aumento de nível de etilenoglicol, distúrbios químicos do sangue e os possíveis sinais de insuficiência renal e lesões do músculo / fígado.[14]
O objetivo do tratamento é manter as funções vitais do organismo e a remoção do agente tóxico, sendo que a maioria dos indivíduos intoxicados com EG precisam de ser admitidos em unidades de cuidados intensivos (UTI/CTI) para monitorização rigorosa, podendo precisar da ventilação mecânica.
Se a intoxicação for recente, é necessário, lavagem gástrica para remoção do etilenoglicol, processo que é efetivo apenas até duas horas após a intoxicação, pois o etilenoglicol tem absorção rápida.
Outros tratamentos incluem: carvão ativado, solução de bicarbonato de sódio IV ou citrato alcalino oral ao fim de reversão da acidose metabólica severa ou para prevenção de lesões renais adicionais pela deposição de cristais de oxalato de cálcio e antídotos que reduzem a velocidade de formação dos metabólicos tóxicos no organismo (inibidores específicos de álcool desidrogenase nomeadamente etanol e fomepizol / 4-metilpirazol).
Nos casos graves pode ser necessária hemodiálise para remoção direta do etilenoglicol e seus metabólicos tóxicos do organismo. A diálise reduz a necessidade do organismo de eliminar as substâncias tóxicas e pode ser necessária nos indivíduos que desenvolveram insuficiência renal severa como resultado de intoxicação. A hemodiálise é muito efetiva na remoção do etilenoglicol e do ácido glicólico e está indicada quando a concentração plasmática de etilenoglicol excede a 50 mg/dl ou quando há acidose metabólica severa, insuficiência renal ou distúrbios dos electrólitos. É preciso ter em consideração que o etanol e fomepizol apenas previnem a primeira etapa de metabolização de etilenoglicol e, passado muito tempo da ingestão até o início do tratamento, a hemodiálise é necessária. Por isso, a determinação de metabólitos na fase do diagnóstico é muito importante na decisão sobre o tratamento.
A infusão de etanol é iniciada com 0,6 a 1,2 g/kg de peso e continua-se com 0,10 a 0,12g/kg/h até atingir nível plasmático de 100 a 200 mg/dl. Como alternativa poderá ser administrado fomepizol com concentração inicial de 15 mg/kg, continuando com 10 mg/kg de 12 em 12 horas até que o nível plasmático de EG baixe até 20 mg/dl.
O fomepizol pode ser considerado o tratamento de primeira linha antes da ocorrência de acidose metabólica severa ou insuficiência renal, tendo a vantagem de não haver depressão de SNC e a manutenção do nível plasmático ser mais fácil comparado ao etanol, mas é muito caro. O etanol é mais acessível e mais econômico, mas tem a desvantagem de neurotoxicidade e risco de ocorrência de hipoglicemia e problemas de ajuste de dose.
Pode ser administrado citrato alcalino oral ou bicarbonato de sódio IV até a normalização completa de todos os parâmetros urinários. O citrato alcalino tem a vantagem de aumentar o citrato urinário e o pH, melhorando assim o índice de solubilidade urinária do oxalato de cálcio e pode prevenir nefrocalcinoses adicionais e acidose metabólica severa.
Com um diagnóstico precoce e um tratamento imediato e adequado, o individuo intoxicado pode sobreviver e até mesmo recuperar-se da insuficiência renal ou do coma. No entanto, com o atraso no tratamento, a intoxicação pode ser mortal. A ingestão de etilenoglicol é uma emergência médica e no caso de suspeita de uma possível intoxicação, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, sem esperar pelo desenvolvimento dos sintomas.
Em janeiro de 2020, a Polícia Civil de Minas Gerais identificou contaminação de cervejas da Cervejaria Backer por monoetilenoglicol e dietilenoglicol. Em 16 de janeiro de 2020, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou quatro mortes por suspeita de síndrome nefroneural, que poderia estar relacionada à contaminação, e causa náusea, vômito e dores abdominais, podendo evoluir para insuficiência renal e alterações neurológicas.[15]
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