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A Revolta judaica contra Heráclio foi uma insurreição judaica contra o Império Bizantino por toda a região do Levante em apoio ao Império Sassânida durante a Guerra bizantino-sassânida de 602-628. A revolta começou com a Batalha de Antioquia (613), culminando com a conquista de Jerusalém em 614 pelas forças persas e judaicas e o estabelecimento da autonomia judaica. A revolta terminou com a retirada das tropas persas e a posterior rendição dos rebeldes judeus aos bizantinos em 625 (ou 628).
Revolta judaica contra Heráclio | |||
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Guerra bizantino-sassânida de 602-628, Guerras Romano-Sassânidas | |||
Mapa da região em 626 | |||
Data | 614 – 629 | ||
Local | Palestina Prima | ||
Desfecho |
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Mudanças territoriais | Palestina Prima temporariamente anexada ao Império Sassânida como parte da Comunidade Judaico-Sassânida, ma abandonada pelos persas em menos de cinco anos e revertida aos bizantinos em 625. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Durante os primeiros estágios da guerra bizantino-sassânida de 602-628, o imperador Cosroes II decidiu realizar um movimento tático estabelecendo uma aliança com a população judaica do Império Sassânida, com a promessa de restabelecer um governo judaico na Terra de Israel (província bizantina da Palestina Prima na época).[1] Em função deste pacto com Cosroes, Neemias, filho de um exilarca judeu, conseguiu recrutar um exército com 20 000 soldados na Pérsia e marchou para o Levante com as tropas persas[carece de fontes].
Após a vitória em Antioquia, o exército judaico-sassânida, comandado por Sarbaro, chegou à Palestina Prima e conquistou Cesareia Marítima. Ao exército então se juntaram as forças comandadas por Benjamim de Tiberias (de acordo com fontes judaicas, um homem riquíssimo), que alistou e armou soldados vindos de Tiberias, Nazaré e das cidades nas montanhas da Galileia. Reforçado, o exército marchou então para Jerusalém. Posteriormente, se juntaram ainda ao exército os judeus dos territórios ao sul do país, assim como um contingente de árabes. O exército combinado então conquistou Jerusalém em julho de 614, após um cerco de vinte dias.[1] De acordo com Antíoco Estratego, dezenas de milhares de cristãos foram massacrados durante a conquista.[2]
Apesar de existirem poucas fontes sobre o que teria acontecido nos anos seguintes,[3] parece que os judeus receberam permissão para governar a cidade e o fizeram de fato pelos cinco anos seguintes. Os judeus de Jerusalém conquistaram o controle da cidade e grande parte da Judeia e da Galileia se tornaram províncias judaicas autônomas dentro do Império Sassânida. Na época, aproximadamente 150 000 judeus viviam nos 43 assentamentos por todo o território [carece de fontes].
De acordo com as fontes judaicas, após a conquista de Jerusalém, Neemias ben Hushiel foi designado como governante de Jerusalém. Ele começou o trabalho de reconstrução do templo e também uma análise das genealogias para fundar um novo conjunto de sumo-sacerdotes. Aproximadamente cinco anos depois, os persas deram o controle da província para os cristãos[4] conforme retiravam suas tropas, um ato considerado como traição pelos judeus[carece de fontes].
As fontes divergem enormemente sobre o que teria acontecido depois da revolta. De acordo com algumas, em 625, o exército bizantino reconquistou o território e uma anistia foi concedida a Benjamin de Tiberias e aos judeus que se juntaram aos persas. Em 628, após a derrota e morte de Cosroes II, Heráclio entrou vitorioso em Jerusalém. Os judeus de Tiberias e de Nazaré, sob a liderança de Benjamin, trocaram de lado e se juntaram a ele. Alega-se inclusive que Benjamin teria acompanhado o imperador em sua entrada em Jerusalém.
De acordo com outras fontes, o retorno bizantino não foi tão pacífico no início, resultando diretamente na execução de Benjamin e de outros revolucionários pelas mãos de um Teodósio em 625.[5]
Em 629, a situação piorou, resultando num massacre de grandes proporções da população judaica por toda a região de Jerusalém e da Galileia e provocando uma fuga em massa de dezenas de milhares de refugiados da Palestina para o Egito. De acordo com Eutíquio (887-940), o imperador teria feito a paz com os judeus se não tivesse sido instigado por monges fanáticos a iniciar o massacre.[6] Alega-se que, como contrição pela violação de um juramento feito aos judeus, os monges se propuseram a jejuar - um costume ainda mantido pelos coptas.[7] Porém, estas alegações são disputadas pela Igreja Copta.[8]
Acredita-se que Heráclio tenha sonhado que uma grande destruição ameaçava o Império Bizantino pelas mãos de um povo circuncidado (o que de fato aconteceu com a conquista de vastas extensões de território nos séculos seguintes pelos muçulmanos). Por isso, ele se propôs a destruir todos os judeus que não se convertessem; há relatos de que ele teria aconselhado Dagoberto, rei dos francos, a fazer o mesmo.[9] Por volta desta época, a situação dos judeus era tão desesperada que a Sibila Tiburtina afirmou que a comunidade judaica inteira do império estaria convertida em 120 anos.[10]
Após a derrota do Império Persa, uma nova ameaça, o Califado Ortodoxo, emergiu na região. Heráclio buscou consolidar e assegurar os seus ganhos. Em 638, o Império Bizantino perdeu completamente o controle da Judeia para os árabes. O Império Árabe Islâmico, sob o califa Omar, conquistou Jerusalém, a Mesopotâmia, o Levante e o Egito.
Os eventos ocorridos nas batalhas entre persas e bizantinas no Levante e a posterior conquista árabe inspiraram diversos escritos apocalípticos judaicos no início da Idade Média.[10] Entre eles, o Apocalipse de Zerubabel, que se refere em partes aos eventos da conquista judaica da Palestina Prima em 614.
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