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Dados sobre etnia em Espírito Santo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O censo do IBGE de 2010 revelou que a composição étnica do Espírito Santo é bastante diversificada. Cerca de 1,7 milhão Brancos (48,6%), 1,5 milhão Pardos (42,2%), 293 mil Negros (8,4%) e 0,8% amarelos (21,9 mil) ou Indígenas (9 mil).[1]
A população do estado, assim como no resto do Brasil, foi formada por elementos indígenas, africanos e europeus. O Espírito Santo, no século XIX, contava com uma grande população de origem indígena e africana. Depois da colonização portuguesa, a partir do século XIX o estado recebeu levas consideráveis de imigrantes, na maioria italianos, mas também alemães, portugueses e espanhóis.[2][3]
Os índios formaram a maioria da população do Espírito Santo nos primeiros dois séculos de colonização. Havia grande número de índios submetidos à escravidão nessa capitania. Além dos escravos, também havia indígenas nas aldeias dirigidas pelos jesuítas e índios aliados e submetidos aos portugueses. No século XIX, ainda havia uma grande população ameríndia na região. Segundo o censo provincial de 1824, os índios constituíam 16% da população total e 26% da população livre do Espírito Santo. Em 1856, essa proporção havia caído para 12% e 24%, respectivamente. A proporção dos índios na população foi caindo ao longo do século, uma vez que a expansão do café já atraía grande número de pessoas das províncias vizinhas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, de escravos africanos e de imigrantes europeus. Assim, em 1872, os índios eram 9,3% da população livre e 6,7% da população total.[2]
Todavia, não se pode apenas levar em conta o número da população indígena, uma vez que a miscigenação entre homens portugueses e mulheres indígenas foi muito grande no início da colonização e, quando esses filhos mestiços eram integrados às famílias de seus pais, não mais eram contados como indígenas.[2]
A presença de negros deve-se, como em todo resto da federação, ao passado escravocrata. Nota-se a forte presença do negro no estado, desde o século XVI, com as principais concentrações em São Mateus (o maior centro de escravos da capitania), Vitória, Cachoeiro do Itapemirim. Essa concentração predominantemente no litoral onde localizavam-se os latifúndios escravistas, pois no interior, as plantações eram na forma de pequenas propriedades, cultivadas por imigrantes europeus. Segundo alguns historiadores, mesmo após 1850, com a proibição do tráfico, essa região ainda recebeu escravos provenientes do contrabando.[2]
O recenseamento de 1789 mostrou que os escravos africanos compunham 40% da população do Espírito Santo. Em 1824, em uma população de 35 mil habitantes na província, 13 mil (37%) eram escravos. Entre 1830 e 1850, com a expansão da cultura do café, os portos do Espírito Santo eram locais de contrabando de escravos, que iam principalmente para o sul, onde se expandiam as plantações de café, região que também atraía grande número de mineiros e fluminenses com seus escravos, de modo que o número de pessoas escravizadas quase dobrou até 1856 e quase dobrou novamente até 1872. O Espírito Santo era a segunda província com maior proporção de escravos do Brasil, atrás somente do Rio de Janeiro. Com o tempo, a miscigenação e as alforrias fizeram crescer o número de pretos e pardos entre a população livre, ao ponto de, em 1872, 46% dos livres na província serem pretos ou pardos e 45% brancos.[2]
Segundo o censo do IBGE de 2010, 48,6% da população capixaba se declarou de cor parda e 8,4% de cor preta.[4]
A presença portuguesa no estado remonta ao período da colonização. Como a maioria dos colonos eram homens, se miscigenaram em larga escala com as mulheres indígenas e africanas.[2] Após a independência, o Espírito Santo ainda recebeu um considerável número de imigrantes portugueses. Entre 1812 e 1900, foi computada a entrada de 1.748 portugueses. O primeiro empreendimento de colonização oficial no Brasil se deu em 1812, na capitania, com a vinda de 250 indivíduos dos Açores, que ocuparam a Colônia Agrícola de Santo Agostinho, onde atualmente se localiza o município de Viana. Posteriormente, chegaram imigrantes das regiões de Beira Litoral, Douro Litoral, Beira Alta, Alto Douro e Trás os Montes.[3]
Regiões de origem dos italianos entrados no Espírito Santo (1812-1900)[3] | |
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Região | Número de imigrantes |
Vêneto | 8.671 |
Lombardia | 4.392 |
Trentino-Alto Adige | 3.043 |
Emilia-Romanha | 2.282 |
Piemonte | 1.195 |
Friuli-Venezia Giulia | 854 |
De outras regiões | 1.686 |
Não consta | 10.777 |
Total | 32.900 |
O Espírito Santo abriga uma das maiores colônias italianas do Brasil.[5] Os imigrantes foram atraídos para o estado a fim de ocupar inicialmente a região das serras.[6][7] Os imigrantes foram obrigados a enfrentar a mata virgem e foram abandonados pelo governo à própria sorte. A situação de miséria vivida por muitos colonos fez com que, em 1895, o governo italiano proibisse a emigração de seus cidadãos para o Espírito Santo.[8] Devido ao isolamento de mais de um século, as colônias italianas do interior do Espírito Santo ainda mantêm costumes dos imigrantes e muitos dos descendentes ainda falam dialetos italianos.[9][10][11]
No século XIX, entraram no estado 43.929 imigrantes, dos quais 32.900 eram italianos, ou seja, 75% do total. Cerca de 40% eram provenientes da região do Vêneto, 20% da Lombardia, 14% do Trentino-Alto Adige, 10% da Emília-Romanha, 5% do Piemonte, 4% do Friuli-Venezia Giulia, 2% das Marcas e 2% de Abruzzo, 1% da Toscana e 1% de Campânia e outro porcento de outras regiões.[3]
Os italianos vêem-se muito presentes na vida da sociedade capixaba. Foram eles quem fundaram muitas das cidades, e há ainda vários grupos de dança típica italiana e festas de inspiração italiana, assim como muita influência culinária. Municípios como Alfredo Chaves,[12] Venda Nova do Imigrante,[13] Afonso Cláudio,[14] Santa Teresa,[15] Mimoso do Sul,[16] Castelo,[17] Alegre, Pancas, Muniz Freire,[18] Marechal Floriano,[19] Vargem Alta e Muqui são exemplos típicos. A parte da presença massiva de pratos de origem italiana na mesa capixaba, outros aspectos, como os sobrenomes, atividades como a fabricação de queijo, macarrão, vinho e as plantações de uva, nos lembram essa forte influência. Outro exemplo são pequenas propriedades agrícolas que hoje retornam às raízes italianas para promover o agroturismo, um mercado potencialmente lucrativo. A primeira colônia de imigrantes italianos do Brasil foi construída no Espírito Santo, no município de Santa Teresa, em 1875. Os italianos começaram a chegar em peso a partir de 1879, 50 anos após os alemães.[15]
Segundo uma estimativa repetida em algumas fontes, entre 60 e 70% da população do Espírito Santo seria descendente de italianos. A historiadora Nara Saletto, todavia, faz uma crítica a esse dado. Segundo ela, não existe "qualquer informação sobre sua origem, as fontes em que se baseia, ou a metodologia utilizada".[2] Outra historiadora, Maria Cristina Dadalto, vai mais longe e afirma que esse dado não passa de um "mito", pois não existe nenhuma pesquisa que comprove essa estimativa.[20]
Outra notável presença no estado é a dos alemães, que foram dos primeiros a cultivar o solo mais distante da costa, começaram a chegar em 1847, fundando a vila de Santa Isabel, em Domingos Martins,[21] onde foi construída a primeira Igreja Luterana com Torre da América Latina,[21] a vila de Santa Isabel foi uma das primeiras colônias de imigrantes do Brasil.[21] Assim como a comunidade italiana, ainda retém muitos aspectos da vida de antanho, como grupos de dança típicos e festas como a Sommerfest, em Domingos Martins, que também é de inspiração alemã.[22][23]
Regiões de origem dos alemães entrados no Espírito Santo (1812-1900)[3] | |
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Região | Número de imigrantes |
Pomerânia | 2.224 |
Renânia | 247 |
Hesse | 240 |
Prússia | 226 |
Saxônia | 194 |
Outras regiões | 351 |
Total | 3.933 |
Não consta | 451 |
Outro grupo próximo ao alemão é o pomerano, que originalmente veio de uma região entre a Alemanha e Polônia,[24] que sofria com a pobreza e com as invasões polonesas e prussianas.[24] A principal atividade dos pomeranos é a agricultura, eles se concentram em Santa Maria de Jetibá,[25] e mantém muito de sua cultura e idioma preservados, seu idioma, o pomerano,[26] tem como um dos últimos refúgios o estado, onde em cidades bilíngües é usado como língua mais falada pelos habitantes, sendo até ensinado nas escolas, juntamente com o português.[27]
No século XIX, entraram no Espírito Santo 3.933 alemães e foi computada a entrada de 79 alemães a partir do ano de 1900, totalizando a entrada de 4.012 indivíduos. Embora contados como "alemães", a maioria desses indivíduos eram provenientes da então província da Pomerânia, principalmente da parte oriental daquela província, das cidades de Belgard, Greifenberg, Kolberg (Kołobrzeg), Kowak, Labes (Łobez), Regenwald e arredores. Essa região, desde a Segunda Guerra Mundial, passou a fazer parte da Polônia.[3]
Um número considerável de imigrantes também era originário da região da Renânia, sobretudo das montanhas do Hunsrück, no vale do rio Reno. Dos alemães que foram para o Espírito Santo, 63% eram oriundos da Pomerânia, 7% da Renânia e 7% de Hesse, 6% da Prússia e 6% da Saxônia, 3% da Vestfália, 2% de Baden e 2% de Brandemburgo, 1% da Baviera e outro porcento de outras regiões.[3]
Esse número reduzido de alemães que imigrou para o Espírito Santo a partir do ano de 1847 se multiplicou e deu origem a uma quantidade considerável de descendentes. Segundo estimativas do historiador Jean Roche, no ano de 1930, havia 30 mil descendentes de alemães no estado (cerca de 4% da população total), número que saltou para 70 mil indivíduos em 1961 (aproximadamente 5% da população capixaba).[2]
Também é notável a presença no Espírito Santo de outras etnias, como a dos poloneses,[28] no município de Águia Branca, dos suíços, espalhados pelo estado, sobretudo na região serrana, entre Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá,[29] dos austríacos,[30] vindos da região do Tirol, conhecidos também como tiroleses, vivendo em Santa Leopoldina, e de um pequeno grupo de belgas, neerlandeses, luxemburgueses e libaneses, que habitam principalmente o município de Guarapari.[30][31]
Os espanhóis também imigraram em quantidade considerável para o estado no século XIX. Entre 1812 e 1900, foi computada a entrada de 2.620 indivíduos espanhóis no Espírito Santo, colocando-os em terceiro lugar em entradas no estado, perdendo somente para os italianos e alemães. Em relação à região de origem, eram sobretudo da Andaluzia, embora houvesse também indivíduos de Valência, Múrcia e Estremadura.[3]
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