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São Mateus (Espírito Santo)
município brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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São Mateus é o oitavo município mais antigo do Brasil, sétimo mais populoso do estado do Espírito Santo. Foi fundado em 21 de setembro de 1544, recebendo autonomia municipal apenas em 1764. Originalmente, chamava-se Povoado do Cricaré, sendo rebatizado no ano de 1566 pelo padre José de Anchieta para o nome de São Mateus. Sua população atual gira em torno dos 130 mil habitantes, segundo estimativas do IBGE para 2019. O município de São Mateus é considerado um marco na colonização do solo do Espírito Santo.[2]
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É considerado o município com a maior população afrodescendente do estado. Tal fato se dá, pois, até a segunda metade do século XIX, o Porto de São Mateus era uma das principais portas de entrada de africanos escravizados no Brasil. Também há a presença de descendentes de imigrantes italianos, que foram responsáveis pela colonização de parte dos sertões mateenses.
Sua economia está baseada na oferta de serviços e na exploração e produção de petróleo. Na década de 1970, foram descobertos vários campos de exploração e na década de 1980, essas descobertas foram ampliadas. Na década de 2000 foi implantado na região de Campo Grande o Terminal Norte Capixaba, responsável pelo escoamento de toda a produção da região.
Localiza-se a uma latitude 18º42'58" sul e a uma longitude 39º51'21" oeste, estando a uma altitude de 36 metros. Sua área total é de 2 338,727 km², equivalente a 5,12% do território capixaba. Limita-se ao norte com os municípios de Boa Esperança, Pinheiros e Conceição da Barra; ao sul com São Gabriel da Palha, Vila Valério, Jaguaré e Linhares; a leste com o oceano Atlântico e a oeste com Nova Venécia. Dista da Capital do Estado, Vitória, 215 km. Também destaca-se pelo forte apelo turístico, tanto histórico quanto de temporada. O carnaval de Guriri, principal balneário do município, é um dos mais animados do estado e chega a ser conhecido nacionalmente, recebendo, principalmente, turistas de Minas Gerais.
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Etimologia
Do início da colonização, em 1544, até meados do século XVI, a pequena povoação que se formou as margens do rio São Mateus era apenas conhecida como Povoação do Cricaré. O nome São Mateus é em homenagem ao evangelista Mateus, pois o padre José de Anchieta, em 1566, ano de uma de suas peregrinações pela então Capitania do Espírito Santo, ao visitar a pequena povoação, celebrou uma missa no dia 21 de setembro, dia de São Mateus. Como era costume na época batizar locais e acidentes geográficos com o nome do santo do dia, Anchieta rebatizou a Povoação do Cricaré para São Mateus.[9][10]
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História
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Perspectiva
Período pré-cabralino

Família de botucudos em marcha, por Jean-Baptiste Debret, 1834
Antes do início da colonização portuguesa a região de São Mateus era habitada por índios aimorés, também conhecidos como Botocudos.[11] Urnas funerárias encontradas na região de Barra Nova, na década de 1960, além de peças de cerâmica encontradas em uma escavação ao lado do Hospital Roberto Silvares, em 1998, são atribuídas à etnia tupi, da qual os aimorés não fazem parte, e são datados como sendo do período que vai do século X até o século XVI.[12]
Há relatos em manuscritos, que datam do início da colonização, que havia nessa região a incidência de índios antropófagos. Estes índios não sabiam nadar, como os demais índios Tupis, mas remavam com habilidade e manuseavam argila com destreza.[12]
As tentativas dos padres jesuítas em tentar catequizar os indígenas foram fracassadas. Afonso Brás, primeiro missionário do Espírito Santo, afirmou, em carta de 1551, que após receberem o batismo os índios fugiam, tornando a cultuar suas crenças e a praticar seus costumes.[12]
Chegada dos primeiros colonizadores

Padre José de Anchieta.
Não há data precisa da chegada dos primeiros colonos, nem a indicação dos seus nomes, mas, pela tradição oral, os primeiros colonizadores portugueses chegaram a São Mateus por volta de 1544. Há notícias de que, sobressaltados com as frequentes investidas dos índios, os colonos de Vasco Fernandes Coutinho dividiram-se em grupos abandonando a capitania, fugindo para as capitanias mais próximas, ou dirigindo-se ao interior. Alguns desses colonos poderiam ter rumado para o norte, em direção ao rio São Mateus.[9]
A falta de informação sobre os primeiros anos da colonização faz com que muitos historiadores levantem hipóteses, nem sempre prováveis. Uma delas é que o povoamento de São Mateus poderia ter se iniciado com a chegada de náufragos. Na história do padre José de Anchieta lê-se que, ao passar pelo rio São Mateus, em 1596, celebrou missa para alguns náufragos. Carece, no entanto, de documentação para tornar-se fato histórico.[9][13]
No entanto, o mais provável é que os primeiros colonos devam ter vindo da vizinha Capitania de Porto Seguro, cujo donatário era Pero do Campo Tourinho. Pode-se afirmar, no entanto, que a documentação histórica que registra a presença mais remota de portugueses na região é a que trata da Batalha do Cricaré, ocorrida em fins de janeiro de 1558. Outra é a narração epistolar de uma viagem e missão jesuítica do padre Fernão Cardin que veio à Vila de Sam Matheus, em setembro de 1583.[13]
Comércio negreiro

Maquete do interior de um navio negreiro
A entrada de africanos escravizados no município se dava através do Porto, tendo início no período colonial e estendendo-se e se intensificando durante o século XIX, principalmente após a proibição do tráfico transatlântico em 1850 até a abolição da escravatura, tendo no auge, 16 empresas situadas no porto, atuando exclusivamente neste ramo.[14]
A chegada de navios negreiros ao Porto era festivamente aguardada pela população, principalmente pelos compradores, na expectativa de escolherem as melhores peças. Ainda a bordo, os africanos escravizados eram preparados, ou seja, homens e mulheres azeitados, os ferimentos e tumores cobertos com ferrugem e pólvora. Em caso de infecção intestinal, o ânus era preenchido com estopa. Devidamente desembarcados, os negros acorrentados em fila indiana eram tangidos até o mercado. Ali eram examinados pela sua compleição física e até origem tribal. Dava-se preferência na compra de negros da canela fina, do calcanhar para trás e da nádega pequena, sendo consideramos os melhores para o serviço na roça.[15]
Outro fato importante relacionado ao comércio escravista é que na região de São Mateus registra-se a apreensão do último navio negreiro clandestino que circulou na costa brasileira, em 1856, após a lei de 1850 proibindo o tráfico de escravos africanos para o Brasil.[14] Algumas dessas embarcações chegavam a amontoar mais de 300 cativos, que vinham nus, mal alimentados e acorrentados uns aos outros, numa viagem que durava mais de 90 dias. Muitos não resistiam aos sofrimentos impostos, morriam e eram jogados no mar.[15]
No período entre 1863 e 1887, foram negociados um total de 606 africanos escravizados na cidade, sendo 326 homens e 269 mulheres. Os preços destes variavam bastante, em função de fatores diversos tais como sexo, idade, ofício, condição física, dentre outros, além de estarem sujeitos incidentes específicos, tal como a proibição do tráfico transatlântico na década de 1850.[16] De acordo com os registros do cartório de primeiro oficio do município, a subida dos preços dos africanos escravizados em São Mateus se deu a partir de 1868, quando alcançou a cifra de 1:028$500 (mil e vinte e oito contos e quinhentos réis) para os homens e de 1:018$750 (mil e dezoito contos e setecentos e cinquenta réis) para as mulheres, um aumento considerável visto que no ano anterior (1867), a média era de 375$000 (trezentos e setenta e cinco conto de réis) para os homens e de 637$916 (seiscentos e trinta e sete contos e novecentos e dezesseis réis) para mulheres.[16]
Imigração italiana
O estado do Espírito Santo foi o primeiro a receber uma grande leva de imigrantes italianos, por volta do ano de 1874. Estes colonos tinham por motivação as grandes mudanças políticas enfrentadas pela Europa no princípio do século XIX.[17] Estas mudanças geraram conflitos internos na Itália, com consequências drásticas para o povo, em especial, os que habitavam as regiões limítrofes do norte deste pais.[18]
Concomitantemente a isto, havia o fato da recente abolição da escravatura no ano de 1888, o que culminou na escassez de mão de obra especializada para o trabalho nas lavouras de café.[19]
Em São Mateus, a primeira leva de italianos desembarcou no Porto no ano de 1887, a pedidos do Barão dos Aymorés que, precavendo-se da eminente abolição da escravatura, solicita então ao consulado do Reino de Itália no Brasil, imigrantes para trabalharem em sua fazenda, às margens da Cachoeira do Cravo, no rio São Mateus.[20]
Sucessivos desembarques trazendo imigrantes italianos ocorreram no antigo porto até o fim do século XIX. Quando aqui chegavam, recebiam tratamento semelhante aos que os negros escravos recebiam. Sendo assim, eram colocados em praça pública a fim de serem escolhidos pelos senhores de terra, sendo obrigados a passar pelo vexame de estenderem as mãos para os fazendeiros analisarem. Os que possuíam mãos grossas e calejadas eram levados para o trabalho nas fazendas, sendo que os que possuíam mãos finas eram taxados de preguiçosos e deixados à própria sorte no porto.[21]
Elevação do povoado a vila
Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, a partir da segunda metade do século XVII, o governo português, percebendo a possível ameaça de perda de controle das mesmas, resolveu tomar providências para evitar a subida de aventureiros em busca de ouro.[22]
Em 1764, o então ouvidor da Capitania de Porto Seguro, Thomé Couceiro de Abreu, seguindo recomendações da Coroa Portuguesa, apos vários levantamentos, ultrapassou os limites territoriais de sua capitania e tomou as medidas necessárias para a elevação da povoação à categoria de vila, entendendo que tal ação seria necessária para que fosse evitada a invasão por intrusos através do rio São Mateus, das minas de ouro recém descobertas.[23] O nome escolhido, Villa Nova do Rio de Sam Matheus, foi o mesmo dado por Anchieta.[24] Esse fato se deu no dia 27 de setembro de 1764.[9][13]
No ano da elevação à categoria de vila, a povoação de São Mateus, que ficava no alto do planalto, já contava com duas ruas ladeando a Igreja Matriz. Delas partiam quatro travessas que iam até o Córrego da Bica, na época chamado de Córrego do Mato. Nessas duas ruas havia poucas casas de alvenaria, onde moravam os mais ricos, geralmente proprietários de terra. Os outros, com menos poder aquisitivo e prestigio político e social, moravam em casas de taipa. Escravos, serviçais e agregados moravam nas travessas.[23]
Por essa época, a Capitania do Espírito Santo estava sendo administrada diretamente pela Coroa Portuguesa As dificuldades eram tantas que os donatários não conseguiram dar conta de tão árdua tarefa. Por esse motivo o povoado foi elevado à categoria de vila, sendo submetido, a partir de então, à Capitania de Porto Seguro, até janeiro de 1823.[23] Dentre as providencias tomadas estavam a medição de ruas, a construção da casa de câmara e cadeia e implantação de um pelourinho.[25]
Criação do município
Em 3 de abril de 1848, através de decreto do presidente da então Província do Espírito Santo, Dr. Luiz Pedreira de Couto Ferraz, a Vila Nova do Rio São Mateus foi elevada a cidade, com o mesmo nome que foi dado pelos primeiros colonizadores: São Mateus.[26]
O povo mateense tomou conhecimento desta notícia depois do dia 13 de abril de 1848, quando foi encaminhada correspondência à câmara municipal comunicando o fato. Para comemorar o importante acontecimento uma grande festa foi realizada nos dias 21, 22 e 23 do mesmo mês e ano. Ao ser elevado à categoria de município, o território de São Mateus totalizava uma área de 13.588 km², o que correspondia a 29,8% do território capixaba. A criação da comarca aconteceu em 23 de março de 1853.[26]
O primeiro distrito a ser criado no município foi Serra dos Aimorés no ano de 1886, posteriormente denominado Nova Venécia.[27] No ano de1891 ocorre o primeiro desmembramento para criação do município de Conceição da Barra.[28] No ano de 1935 é criado o distrito de Barra de São Francisco, sendo que este ganha foros de município através do decreto de lei 15.177 de 31 de dezembro de 1943. Em 1949 são criados os distritos de Barra Nova, Boa Esperança, Nestor Gomes e Nova Verona, sendo que Nova Venécia emancipa-se através da Lei Estadual n°767 de 11 de dezembro de 1953. Boa Esperança, desmembra-se por força da Lei Estadual n° 1912, foi em 28 de dezembro de 1963. Em 1964 são criados os distritos de Barra Seca, Itauninhas e Jaguaré, sendo que o último emancipa-se em 13 de dezembro de 1981, através da lei n° 3445.[26][27]
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Geografia
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Perspectiva
A área do município, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é de 2 338,727 quilômetros quadrados, constituindo-se no segundo maior município (em área) do Espírito Santo. Destes, 2 332,3007 km² constituem a zona rural e os 155,49 quilômetros quadrados restantes constituem a zona urbana.[5] Situa-se no nordeste da região Sudeste do Brasil, na Mesorregião Litoral Norte Espírito-Santense (Microrregião de São Mateus),[3] a 64 km da divisa com o estado da Bahia, estando na latitude de 18º43’15” Sul e longitude de 39°51’46” Oeste[5]. Seus municípios limítrofes são Conceição da Barra ao norte, Pinheiros e Boa Esperança a noroeste, Nova Venécia ao oeste, São Gabriel da Palha e Vila Valério a sudoeste, Jaguaré e Linhares ao sul, estando o oceano Atlântico a leste.[29]
Relevo
O relevo mateense é, predominante, plano, estando a sede do município a 37,7 metros no nível do mar.[30] A parte central do município, é constituída de chapadões terciários com leve declividade para o litoral, possuindo altura entre 30 e 100 metros. Na parte oeste, são encontradas formações graníticas com até 350 metros de altitude e o litoral constitui-se num relevo plano, com regiões alagadiças e dunas, não ultrapassando 4 metros de altitude.[31]
Sendo assim, pode-se encontrar no município três tipos distintos de solos[32], sendo estes:
Vale do rio São Mateus visto da Praça do Mirante.

Cachoeira da Jararaca, no rio São Mateus.
- Faixa Pré-cambriana: De aspecto gnaíssico por quase toda sua totalidade, faz parte do Escudo Cristalino Brasileiro, sendo encontrado desde o distrito de Nestor Gomes até a divisa com Nova Venécia.[33] Este tipo de solo também é encontrado no leito do rio São Mateus.[34]
- Faixa Terciária: Solo predominante no município, caracterizado como sendo latossolo vermelho-amarelo distrófico e podzólico, com fertilidade de média à baixa e com pH em torno de 5,0,[30] sendo formado pelos tabuleiros sedimentares e com argilitos e arenitos. Estes tabuleiros são caracterizados como chapadões que variam entre 30 e 100 metros de altura, iniciando-se na bairro Pedra d'água e estendendo-se até o início da Faixa Pré-cambriana em Nestor Gomes.[33]
- Faixa de Sedimento Quaternário: Encontra-se ao longo dos vale, vias fluviais e nas planícies costeiras. Formam no município toda a faixa arenítica que estende-se desde o bairro Pedra D'Água até o encontro com o oceano Atlântico. Integra toda a região do distrito de Barra Nova, apresentado neste último, formações de recifes de arenito. Nesta faixa encontram-se também os manguezais do Nativo e de Campo Grande e os brejos da Suruaca.[32][33]
Hidrografia
Dentro do município são encontradas três bacias hidrográficas. A bacia do rio Doce abrange uma pequena área do município, podendo ser observada na região do vale da Suruaca. A bacia do rio Itaúnas abrange uma pequena área do distrito de Itauninhas, sendo a bacia do rio São Mateus a mais abrangente entre as três, drenando mais de 90% da área mateense.[32][34][35]
A bacia do rio São Mateus, também conhecido no município por rio Cricaré, possui aproximadamente 103 351 km². Banha dez municípios nos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, desaguando no oceano Atlântico, no município de Conceição da Barra. Tem como principais afluentes os rios Cotaxé, também conhecido como Braço Norte do Rio São Mateus, Preto, Mingal da Vovó, Panela Velha e Pirapococa. Além disso, este rio possui a característica quase única de possuir um defluente: o rio Mariricu.[35][36]
A cidade também possui 43 quilômetros de litoral[36], onde são encontradas as praias do Abricó, Aldeia do Coco, Barra Nova, Bosque, Brejo Velho, Caramujo, Gameleira, Guriri, Campo Grande, Oitizeiro, Ranchinho e Urussuquara, sendo Guriri a mais conhecida destas.[37][38]
Clima
O clima mateense é caracterizado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, como tropical quente superúmido (tipo Aw segundo Köppen),[40] tendo temperatura média compensada anual em torno dos 24 °C, com verões chuvosos com temperaturas elevadas e invernos mais amenos.[41][42] O índice pluviométrico anual é de aproximadamente 1 350 milímetros (mm), sendo novembro e dezembro os meses de maior precipitação. A umidade do ar é relativamente elevada, com tempo de insolação de 2 140 horas/ano.[43]
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1971 a menor temperatura registrada em São Mateus foi de 8 °C em 12 de agosto de 1997,[44] e a maior atingiu 38,7 °C em 25 de fevereiro de 2006.[45] O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 175,3 mm em 22 de novembro de 2008.[39] O mês de maior precipitação foi novembro de 2000, com 573,1 mm, seguido por novembro de 2008 (526,8 mm) e novembro de 2001 (504,8 mm).[46]
Ecologia e meio ambiente
Caranguejo guruçá saindo da toca
Em São Mateus, na região costeira, predominava a restinga.[47] Toda a área de restinga ainda presente no município é considerada Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,[48] além de toda a faixa litorânea mateense ser parte integral da área de amortecimento do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.[49][50]
Nos tabuleiros e vales dos rios, a cobertura era de Mata Atlântica, com abundância de madeiras de lei.[47] Quase toda a área de Mata Atlântica deu lugar a monocultura de reflorestamento (eucalipto), à pecuária e às diversas culturas presentes no município, como o café, o coco e a pimenta-do-reino.[32][51] No entanto ainda são encontradas algumas diversidades em ilhas não devastadas, com algumas espécies de bromélias e orquídeas, além da palmeira-indaiá, ipê-amarelo, embaúbas, quaresmeiras, samambaias, entre outras.[51]

Palmeira Allagoptera arenaria, endêmica da região
No município existe apenas uma estação ecológica que é a de Barra Nova.[32] A criação desta reserva foi um dos condiciamentos ambientais impostos à Petrobrás para a implantação do Terminal Norte Capixaba, no distrito de Barra Nova. O local é considerado de extrema importância para peixes, anfíbios, aves e mamíferos, além de servir como área de desova de quatro das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo.[48][52]
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 2013, apenas 15,425 km² (7%) de toda área do município era coberta por vegetação nativa. Destes, 9,899 km² eram cobertos por Mata Atlântica, 2,066 km² de restinga, 1,452 km² de mangues e 2,008 km² de vegetação de várzeas.[53] Nestas áreas ainda preservadas é possível encontrar animais como aranhas, caranguejos, borboletas e libélulas entre os invertebrados; cobras, jabutis e lagartos entre os répteis; rãs e sapos entre os anfíbios; periquitos, pombos, sabiás, sanhaços e tucanos entre as aves; e ariranhas, capivaras, lontras e saguis entre os mamíferos.[34]
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Demografia
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Perspectiva
Em 2010, a população do município foi contada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 109 028 habitantes.[54] Segundo o censo daquele ano, 53 930 habitantes eram homens e 55 098 habitantes eram mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, 84 541 habitantes viviam na zona urbana e 24 487 na zona rural.[54] Na primeira década do século XXI, o número de habitantes em São Mateus cresceu 20,56%, sendo, nesse período, um dos municípios com maior crescimento populacional do Espírito Santo.[55] Já segundo estatísticas divulgadas em 2014, a população municipal era de 122 668 habitantes, sendo o sétimo mais populoso do estado. Da população total em 2010, 28 124 habitantes (25,80%) tinham menos de 15 anos de idade, 74 752 habitantes (68,56%) tinham de 15 a 64 anos e 6 152 pessoas (5,64%) possuíam mais de 65 anos, sendo que a esperança de vida ao nascer era de 75,6 anos e a taxa de fecundidade total por mulher era de 2,0.[7]
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de São Mateus é considerado alto, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no ano de 2010. Seu valor era de 0,735, sendo então o oitavo maior de todo o estado do Espírito Santo e o 897º maior do Brasil.[7] Considerando apenas a educação, o índice é de 0,655, o índice da longevidade é de 0,843; e o de renda é de 0,719.[7] De 2000 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo reduziu em 49,7% e em 2010, 84,6% da população vivia acima da linha de pobreza, 9,7% encontrava-se na linha da pobreza e 5,7% estava abaixo[56] e o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, era de 0,577, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor.[57] A participação dos 20% da população mais rica da cidade no rendimento total municipal era de 60,9%, ou seja, 19,9 vezes superior à dos 20% mais pobres, que era de 3,1%.[56]
Etnias e emigração
São Mateus é uma cidade multirracial, originalmente povoado por índios, portugueses, africanos e, a partir do fim do século XIX, por italianos.[61] Segundo o censo de 2010 do IBGE, em pesquisa de autodeclaração, a população era composta por 62 464 pardos (57,29%), 30 717 brancos (28,17%), 14 842 pretos (13,61%), 905 amarelos (0,83%) e 101 indígenas (0,09%).[62] No mesmo ano, 108 897 habitantes eram brasileiros (99,88%), sendo 108 835 natos (99,82%) e 62 naturalizados brasileiros (0,06%), e 131 eram estrangeiros (0,12%).[63]
Em relação à região de nascimento, 96 784 eram nascidos no Região Sudeste (88,77%), 10 324 no Nordeste (9,47%), 658 no Norte (0,60%), 378 no Sul (0,35%) e 298 no Centro-Oeste (0,27%). 85 647 habitantes eram naturais do estado do Espírito Santo (78,56%), sendo 59,017 naturais do município (54,13%). Entre os 23 381 naturais de outras unidades da federação (27,30%), Minas Gerais era o estado com maior presença, com 7,784 habitantes residentes (7,14%), seguido por São Paulo com 2 208 habitantes residentes (2,02%), e pelo Rio de Janeiro, com 1 144 habitantes (1,05%).[64][65] Estudos mostram que a desigualdade econômica atinge a população negra e, dentre desse extrato as mulheres, com menores índices de escolaridade e os mais baixos salários. Segundo o IBGE passou-se de 10.680 (Censo IBGE, de 1970) para 77.112 pessoas (76,31% de 101.051) (IBGE para 2006).[66]
Religião
De acordo com dados do censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de São Mateus é composta majoritariamente por 59 867 católicos (57,41%), 36 227 protestantes (33,23%), 9 468 pessoas sem religião (8,68%) e 1 297 testemunhas de Jeová (1,19%). Há também 637 espíritas (0,58%), 51 seguidores de novas religiões orientais (0,05%), 50 candomblecistas (0,05%), 42 umbandistas (0,04%), 20 esotéricos (0,02%) e 12 budistas (0,01%). Além disso, 148 tinham religião não determinada ou com múltiplo pertencimento (0,14%) e 278 não souberam responder.[67] A história do município registra inúmeras outras formas de religiosidade tais como as “Mesas de Santo”, “Cabula” ou “pemba”, regidos por Santa Bárbara, Santa Maria, Cosme e Damião e São Cipriano.[68]
- Igreja Católica Apostólica Romana

Segundo divisão feita pela Igreja Católica, São Mateus está situada na Província Eclesiástica de Vitória do Espírito Santo, com sede em Vitória. A cidade representa a sé episcopal da Diocese de São Mateus, que foi criada pelo Papa Pio XII através da Bula Papal Cum Territorium em 16 de fevereiro de 1958, ao ser desmembrada da então Diocese do Espírito Santo, hoje Arquidiocese de Vitória.[69]
Na cidade as comunidades são regidas por três paróquias, sendo elas: Paróquia São Mateus no Centro, Paróquia São Daniel Comboni em Guriri e Paróquia Santo Antônio no bairro Santo Antônio.[70] Em outubro de 2015, a Diocese de São Mateus possuía Dom Paulo Bosi Dal’Bó como bispo titular[71], além de Dom Aldo Gerna como bispo emérito.[72] Na mesma ocasião, a circunscrição também contava com 30 padres diocesanos,[73] 10 padres combonianos,[74] 2 frades capuchinhos[75], 2 diáconos [73] e 9 monjas beneditinas vivendo em clausura no Mosteiro Beneditino da Virgem de Guadalupe.[76]
- Igrejas Evangélicas
Embora tenha se desenvolvido sobre uma matriz social predominantemente católica, é possível encontrar atualmente na cidade presença de diferentes denominações protestantes. A cidade possui os mais diversos credos protestantes ou reformados, tendo destaque para a Assembleia de Deus com 9 843 membros, a Igreja Batista com 7 908, a Igreja Universal do Reino de Deus com 1 630 membros e a Igreja Cristã Maranata com 1 315 membros.[67]
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Política e administração
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Sede da prefeitura
Segundo a Lei orgânica municipal, aprovada em 5 de abril de 1990, a administração municipal se dá pelos poderes executivo e legislativo.[77] O primeiro representante do poder executivo foi João dos Santos Neves, então Presidente do Governo Municipal, cabendo ressaltar que anteriormente a administração era feita de forma integral pela Câmara de Vereadores.[78] Amadeu Boroto, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), é o prefeito eleito nas eleições municipais em 2012, ao conquistar um total de 38 742 votos (69,27% dos eleitores),[79] tendo Keydson Quaresma Gomes como vice-prefeito.[80]
O poder legislativo, por sua vez, é constituído pela câmara municipal, composta por onze vereadores eleitos para mandatos de quatro anos (em observância ao disposto no artigo 29 da Constituição[81]) e em janeiro de 2015 estava composta por quatro cadeiras do Partido Socialista Brasileiro (PSB); duas cadeiras do Partido da Mobilização Nacional (PMN); uma cadeira do Partido Social Democrático (PSD); uma cadeira do Partido Comunista do Brasil (PC do B); uma cadeira do Partido Humanista da Solidariedade (PHS); uma cadeira do Partido dos Trabalhadores (PT) e uma do Partido Democrático Trabalhista (PDT).[82] Cabe à casa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao executivo, especialmente o orçamento participativo (Lei de Diretrizes Orçamentárias).[77]
A cidade sedia a Comarca de São Mateus, que é classificada como de terceira entrância e cuja área abrange apenas ao próprio município.[83] Havia 77 697 eleitores em dezembro de 2014, o que representava 2,923% do total do estado do Espírito Santo.[84] São Mateus também possui duas cidades-irmãs, sendo estas Sondrio (Itália )[85] e Luoyang (China
).[86] A iniciativa de adotar Sondrio como cidade-irmã é da Diocese de São Mateus, visto que Dom Aldo Gerna, bispo emérito da diocese, é natural dessa cidade. Já a parceria com Luoyang é iniciativa do poder executivo municipal e visa a cooperação comercial entre as duas cidades.[86]
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Subdivisões
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