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Cisto radicular

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O cisto radicular (ou cisto periapical) é o cisto mais comum dos ossos gnáticos, representando cerca de 60% de todos os cistos odontogênicos.[1] Eles são considerados cistos inflamatórios.[1]

Sinais e sintomas

O cisto periapial pode ser assintomático e descoberto através de radiografias incidentais.[2] Pode estar associado a uma história recente de dor de dente, e apresentar dor ou secreção purulenta se for infectado secundariamente.[2] Em alguns casos, há a formação de uma fístula (parúlide) associada.[2]

Cistos maiores podem apresentar dor, tumefação, linfadenopatia, ou crepitação do palato duro.[3] Por serem associados a um dente não vital, que sofreu necrose pulpar, o teste de vitalidade pulpar do dente é negativo.[4]

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Aspectos radiográficos e histológicos

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Cisto radicular. A) Fragmentos da parede cística mostrando metaplasia em células mucinosas; B) Magnificação das células mucinosas; C) Células ciliadas, e abaixo uma cápsula fibrosa contendo cristais de colesterol e células inflamatórias. Coloração HE, aumento de 100x.

Radiograficamente, o cisto radicular se apresenta como uma lesão radiolúcida unilocular bem delimitada associada ao periápice de um dente.[1][5] Pode reabsorver a raiz do dente associado.[2] Quando ele se apresenta sem um dente associado (que foi previamente extraído), é chamado de cisto residual.[1][5] As bordas podem se apresentar bem delimitadas por um halo radiopaco, e o cisto radicular pode adquirir um tamanho exuberante, maior que 1,6 cm.[5] Radiograficamente, distinguir o cisto radicular do granuloma periapical é virtualmente impossível.[5]

Histologicamente, o cisto radicular é uma cavidade revestida por epitélio escamoso estratificado.[5][2] Em alguns casos, pode haver presença de epitélio pseudoestratificado ciliado quando há origem no seio maxilar.[2] Ao redor do cisto, há a presença de uma cápsula fibrosa com presença de células inflamatórias.[2]

Pode apresentar também:[2]

  • Corpos hialinos de Rushton: são corpúsculos lineares ou em formato de lua crescente, amórficos e eosinofílicos presentes em ~10% dos cistos periapicais no epitélio;
  • Células ciliadas metaplásicas;
  • Cristais de colesterol.
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Causas

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O cisto radicular surge de uma inflamação no periápice secundária a uma infecção odontogênica que levou à necrose pulpar.[1] Após uma infecção odontogênica, como uma lesão de cárie que atinge a polpa, ocorre a necrose pulpar e a infecção se espalha através do sistema de canais radiculares até o periápice: ali, a infecção pode permanecer restrita ao ligamento periodontal (periodontite apical), ou evoluir para um granuloma periapical, invadindo o tecido ósseo e causando uma rarefação visível na radiografia.[3][5] O cisto periapical é uma sequência direta do granuloma periapical: através do estímulo inflamatório das toxinas bacterianas e inflamação, os restos epiteliais de Malassez se proliferam e formam um cisto.[3][5]

Há algumas teorias sobre o mecanismo de crescimento dos cistos:[3][5]

  • Teoria biomecânica: a diferença de pressão e de concentração proteica entre o lúmen cístico e a periferia puxam por osmose líquido para dentro do cisto, aumentando seu tamanho;
  • Teoria bioquímica: a resposta imune gera degradação do tecido através de citocinas e fatores de crescimento, causando reabsorção óssea e dando espaço para o cisto crescer, além de o próprio cisto produzir substâncias como prostaglandina-2 (PG2) e interleucina-1 (IL-1) que estimulam a manutenção de um estado pró-inflamatório que favorece seu crescimento;
  • Teoria nutricional: as células mais internas do epitélio morrem por estarem distantes dos capilares para receberem nutrição, formando um agregado necrótico que favorece a pressão osmótica;
  • Teoria do abscesso: a formação de um abscesso favorece o surgimento de um cisto, já que a tendência das células epiteliais é de se proliferarem para cobrir qualquer tecido conjuntivo que já não seja recoberto de epitélio, dando origem ao epitélio cístico.

Epidemiologia

É o cisto odontogênico mais comum, afetando mais homens do que mulheres, e principalmente pessoas na quarta e quinta década de vida.[1] Afeta principalmente a maxila anterior.[1]

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, radiológico e histológico.[3] Radiograficamente, pode se assemelhar a outros cistos odontogênicos, mas está necessariamente relacionado a um dente não vital.[2] Pode se assemelhar a um granuloma periapical na radiografia e clinicamente, mas histologicamente pode-se diferenciá-los com facilidade, sem necessidade de colorações especiais.[2][5]

Diagnóstico diferencial:[2][5]

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Prognóstico e tratamento

O prognóstico é excelente, com baixa recidiva após tratamento.[2] O tratamento para cistos menores pode ser conservador, ao realizar o tratamento endodôntico para promover a involução do cisto, mas em casos maiores, pode ser necessário remover o cisto cirurgicamente, com ou sem marsupialização.[2][6] A apicectomia do dente pode ser necessária em alguns casos.[6]

Referências

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