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Francisco Rei é um personagem lendário[1] da tradição oral de Minas Gerais, Brasil. Segundo esta tradição, Chico era o rei de uma tribo no reino do Congo, trazido como escravo para o Brasil. Conseguiu comprar sua alforria e de outros conterrâneos com seu trabalho e tornou-se "rei" em Ouro Preto.
Chico Rei, teria sido um monarca africano, nascido no Reino do Congo e chamava-se originalmente Galanga.[2] Comerciantes portugueses traficantes de escravos o apresaram. Chegou ao Brasil em 1740,[2] no navio negreiro "Madalena", mas, entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à viagem. A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas no Oceano pelos marujos do navio para aplacar a ira dos deuses da tempestade, que quase o afundou[1].
Todo o lote de escravos foi comprado pelo major Augusto, proprietário da mina da Encardideira,[2] e foi levado para Vila Rica como escravo, juntamente com seu filho. Trabalhando como escravo, conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Adquiriu a mina da Encardideira.[2] Aos poucos, foi comprando a alforria de seus compatriotas. Os escravos libertos consideravam-no "rei".[2]
Este grupo associou-se em uma irmandade em honra de Santa Ifigênia, que teria sido a primeira irmandade de negros livres de Vila Rica. Ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário[1].
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto, antiga Vila Rica, em Minas Gerais, no século XVIII, com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.[1]
No dia de Nossa Senhora do Rosário, ocorriam as solenidades da irmandade, denominadas Reinado de Nossa Senhora do Rosário.[3] Durante estas solenidades, Chico, coroado como rei, aparece com a rainha e a corte, em ricas indumentárias, seguido por músicos e dançarinos, ao som de caxambus, pandeiros, marimbas e ganzás. Este cortejo antecedia a missa[4]. Diversos grupos de congado evocam Chico Rei como origem do congado, embora estudiosos contestem esta visão[5].
Estão misturadados, nesta epígrafe, a fictícia nota de rodapé de Diogo de Vasconcelos, o romance de Agripa de Vasconcelos e outras mistificações inventadas por outros autores, algumas absurdas, como é o caso da "anuência" do governador Gomes Freire de Andrade. Várias vezes em Ouro Preto (década de 1990) e entrevistando pessoas maiores de 50 anos, o Historidor Tarcísio José Martins constatou que nunca existiu nem Chico Rei e nem essa apregoada e falsa "tradição oral".[6]
A história de Chico Rei não possui registros fidedignos[1]. Ela aparece, sem qualquer comprovação documental, em uma nota de rodapé escrita por Diogo de Vasconcelos, em seu livro "História Antiga de Minas", de 1904. Em 1966, o romancista Agripa de Vasconcelos, tendo como fonte a nota de Diogo de Vasconcelos, escreveu o romance "Chico Rei". Dois anos antes, em 1964, o GRES Acadêmicos do Salgueiro disputou o Carnaval carioca com enredo sobre a lenda de Chico Rei, dos carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona. O samba-enredo, de autoria de Djalma Sabiá, Geraldo Babão e Binha, é até hoje considerado um dos mais belos já feitos. No desfile, porém, o Salgueiro foi apenas o 2º colocado.
Todas as demais matérias sobre Chico Rei são posteriores a 1904. Não existe qualquer outra fonte sobre o tema. Em 2008, Stefano Gatto publicou uma coleção de histórias curtas em espanhol sobre o Brasil, cujo primeiro conto, que dá o título ao trabalho ("Chico Rey y otras historias brasileñas" ver ligações externas), dedica-se ao Chico Rei. Esta obra é de ficção e não tem nenhuma finalidade histórica.
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