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1.º Conde de Bobadela Da Wikipédia, a enciclopédia livre
António Gomes Freire de Andrade (Juromenha, 1685 — Rio de Janeiro, 1 de janeiro de 1763) foi um nobre, militar e administrador colonial português. Foi feito primeiro conde de Bobadela por carta de 20 de dezembro de 1758.
António Gomes Freire de Andrade 1.º Conde de Bobadela | |
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Governador geral do Rio de Janeiro | |
Período | 26 de junho de 1733 a 27 de junho de 1763 |
Progenitores | Pai: Bernardino Freire de Andrade |
Profissão | Militar e político |
Títulos nobiliárquicos | |
1.º Conde de Bobadela | 20 de dezembro de 1758 |
Serviço militar | |
Serviço/ramo | Exército Português |
Conflitos | Guerra Guaranítica |
Filho de Bernardino Freire de Andrade e de D. Joana Vicência de Meneses, foi moço fidalgo com exercício, acrescentado a fidalgo escudeiro, do Conselho do rei D. João V de Portugal e do rei D. José I de Portugal.
Foi governador e capitão-general do Rio de Janeiro durante trinta anos, entre 1733 e 1763.
Estudou no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, período em que assentou praça, progredindo na carreira militar durante a Guerra de Sucessão da Espanha. Diz "Nobreza de Portugal", tomo II, página 420: "Sendo estudante em Coimbra, assentou praça e de tal forma se houve na Guerra de Sucessão da Espanha que conquistou alto posto." Provido de comando superior, terminada a campanha, teve o encargo de comissões importantes e, em 1733 foi nomeado Capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro, tomando posse do cargo em 26 de julho.
Comissário e primeiro plenipotenciário de Portugal nas conferências sobre os limites da fronteira ou parte meridional do Estado do Brasil com as colônias espanholas da América do Sul, que alcançava desde Castilhos Grandes até a foz do rio Jauru. General da Divisão portuguesa e depois comandante em chefe das tropas auxiliares de Espanha e Portugal que foram ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai, Buenos Aires e Colônia do Sacramento, sujeitar os índios rebeldes instigados contra o domínio português e espanhol, pelo predomínio dos jesuítas, apoiados na influência do governo inglês, que desde 1740 perscrutava a maneira de assentar o domínio da Inglaterra no rio da Prata, dominar toda a América do Sul e acabar para Portugal o domínio do Estado do Brasil.
Em 1735 recebeu o encargo de administrar também as Minas Gerais, e em 1748, havendo aumentado a população de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso, incumbido de administrar as duas novas capitanias que se fundaram. Assim, enviado ao Brasil para ser governador da Capitania do Rio de Janeiro, acumulando sob seu comando os territórios de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e sul do Brasil.
No Rio de Janeiro, junto ao sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, realizou obras como o Aqueduto da Carioca, a Casa dos Governadores terminada em 1743, e o chafariz ou fonte pública da praça do Carmo. Incentivou também a construção de importantes obras religiosas, como o Convento de Santa Teresa e o Convento da Ajuda (demolido). Permitiu a abertura da primeira tipografia da colônia, criada no Rio de Janeiro em 1747 por Antônio Isidoro da Fonseca, mas que teve de ser fechada por ordem do governo português. Incentivou a cultura também pela criação de academias de intelectuais: a Academia dos Felizes (1736) e a Academia dos Seletos (1752), ainda que nenhuma teve vida longa.
Depois da atuação notável como governador, uma vez denunciadas ao governador em 1744 pelo guarda-mor J. R. Froes as riquezas do distrito diamantino de Paracatu, cuidou logo de explorar os terrenos. Agiu para o aproveitamento das minas de Paracatu, recém descobertas, esforçando-se para tentar acabar com a falta de controle da circulação do ouro e a desorganização da coleta dos quintos. Reprimiu o contrabando, articulado a partir do Rio, estabeleceu um sistema de taxas sobre o ouro de Minas, determinou a imposição de um contrato sobre os diamantes do Tijuco, distrito que Portugal mantinha rigorosamente fechado, supervisionou a renovação urbana do Ribeirão do Carmo rebatizada Cidade Mariana em homenagem à Rainha D. Maria Ana de Áustria. Atuou intensamente em favor da cultura e instrução na colônia.
Em decorrência do Tratado de Madrid (1750), o governador deslocou-se em 1752 junto com Fernandes Alpoim à região sul para delimitar as fronteiras com as colônias espanholas. Comandou as tropas luso-espanholas que venceram os índios guaranis durante a Guerra Guaranítica (1754-1756), em que lutou contra o líder guarani Sepé Tiaraju.
Ao mesmo tempo que prestava atenção aos interesses materiais do país sujeito a seu domínio, atendia à instrução e ao amor pela literatura, empregando os meios possíveis para o seu desenvolvimento. A ele se deve o estabelecimento da oficina tipográfica do Rio, de que foi proprietário Antônio Isidoro da Fonseca. A tipografia durou pouco, porque a iniciativa desagradou ao governo da metrópole, temeroso da demasiada ilustração dos colonos, que censurou muito que o capitão general concedesse autorização para que se fundasse e ainda não satisfeito com a censura, ordenou que se fechasse.
Os primeiros escritos impressos foram:
Tais composições não têm grande valor, porém são muito apreciadas no Brasil por serem os primeiros trabalhos tipográficos no Rio de Janeiro.
Foi ainda durante seu governo que se fundaram duas academias, a dos Felizes e a dos Seletos. Auxiliava os que se dedicavam ao estudo e entre os muitos que mandou educar no seminário de São José esteve José Basílio da Gama que, depois de concluir sua educação à Europa, reconhecido à sua memoria, escreveu o poema «Uruguai» ou «O Uraguai», cujo herói é Gomes Freire, publicado em Lisboa em 1769.
Como militar, distinguiu-se na guerra do Rio Grande do Sul contra os índios, de 1750 em diante, derrotando em menos de seis meses os inimigos que os jesuítas dirigiam ocultamente.
Foi responsável por grandes contribuições para a tecnologia militar, destacando a criação, em 1762, da “Casa do Trem da Província do Rio de Janeiro”, local destinado ao abrigo e reparo do equipamento de Artilharia do Exército Colonial. A Casa do Trem é o marco de origem das atividades da indústria bélica no Brasil Colônia, além de ser a precursora dos atuais Arsenais de Guerra do Exército Brasileiro.
Depois do Pacto de Família, Portugal declarou guerra à Espanha, de que resultou D. Pedro de Cevallos tomar a cidade do Sacramento, que arrasou e à qual nunca chegaram socorros do Rio de Janeiro. Diz-se que este fato lhe causou tão poderosa impressão que recebeu a notícia em dezembro de 1762 e adoeceu gravemente, morrendo em 1 de janeiro seguinte.
Está sepultado na capela do Convento de Santa Teresa (Rio de Janeiro)[1]. Deixou em testamento um valiosíssimo morgado em favor do irmão, José António Freire de Andrade, pois não se casou nem teve filhos.
Graças a seus serviços à Coroa, D. José I de Portugal (rei de 1750 a 1777) concedeu-lhe em 1758 o título de conde de Bobadela. O título foi herdado por seu irmão, José António Freire de Andrade, que o transmitiu a seus descendentes. O 3.º conde de Bobadela foi Gomes Freire de Andrade e o 4.º e último titular D. Nuno Manuel (28/9/1828).
No testamento, confirmou a instituição de morgado que por escritura de 13 de março de 1761 fizera nas Notas do Tabelião do Rio, Salvador Antônio Velasco, em favor do irmão José Antônio, em bens no valor d 88:066$400, que deveria ser ainda aumentado por ocasião de seu falecimento, pelo modo que determinara. O espólio foi aprovado e confirmado por provisão do Desembargo do Paço, em 21 de julho de 1778.
Por proposta do Senado da Câmara do Rio, fora ordenado em aviso de 13 de agosto de 1760 que o retrato do conde fosse colocado na sala do referido Senado.
O Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro possui, em sua homenagem, o nome histórico de Departamento General Gomes Freire de Andrade.[2]
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