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Pandeiro

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Pandeiro
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Pandeiro é um tipo de instrumento musical de percussão que consiste numa pele esticada numa armação (aro) estreita, que não chega a constituir uma caixa de ressonância. Tornou-se tão popular no Brasil que foi descrito como um instrumento não oficial dessa nação, e é mencionado na música "Aquarela do Brasil". O pandeiro é usado em diversas formas de música brasileira, como samba, choro, coco e capoeira. O pandeiro brasileiro deriva da pandeireta ou pandereta da Espanha e Portugal, possuindo dimensões que variam de 8 a 12".

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São geralmente circulares (por exemplo, na pandeireta), mas podem ter outros formatos (por exemplo, quadrangular no adufe). Enfiadas em intervalos ao redor do aro, podem existir platinelas (soalhas) duplas de metal, ou não (por exemplo, no tamborim). Pode ser brandido para produzir som contínuo de entrechoque, ou percutido com a palma da mão e os dedos.

No Brasil, a palavra “pandeiro” veio a designar um pandeiro específico, de dimensões que variam de 8 a 12", muito usado no samba e no pagode, mas não se limitando a esses ritmos, sendo encontrado no baião, coco, maracatu, entre outros, e por isso, considerado por alguns o instrumento nacional[carece de fontes?] do Brasil.

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Partes do pandeiro

  • Fuste ou aro de madeira – Colagem de tiras de madeira (em torno de quatro), com cola de alta resistência e durabilidade. As fresas (aberturas onde ficam as platinelas) são de diversas alturas, conforme o tipo e tamanho das platinelas. É ornamentado com marchetaria, se for um pandeiro tipo "Especial". Se for do modelo "Padrão" recebe um pequeno adorno. O modelo "Pop" é o mais simples e o de menor custo. São utilizadas diversas madeiras no acabamento, principalmente madeiras brasileiras, de grande resistência e leves. O fuste pode medir 8, 10, 10.5, 11 ou 12 polegadas.
  • Aro – Em aço inoxidável escovado.
  • Pele – Convencionalmente em pele selecionada de cabra. Há variações com acrílico e fórmica, sendo transparentes, leitosos ou holográficos.
  • Conjunto do esticador – Peças de aço e de latão, cromadas ou niqueladas: tirante, anel, porca, mesa, parafuso de fixação da mesa e arruela.
  • Platinelas do pandeiro ou Soalhas – Placas abauladas de metal, de diversos diâmetros, prensadas a 15 toneladas, cromadas ou niqueladas, em latão ou bronze fosforoso.
  • Abafador do pandeiro – Chapa plana fina de latão, colocada entre as platinelas.
  • Acessórios do pandeiro – Chave para afinação, espátula de bambu para retirada do excesso de cera e impurezas, pinça para auxiliar na retirada das travas, caixa contendo cera e travas, chave para retirada do pino das platinelas e chaves do estojo.
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História do pandeiro

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Desde o neolítico que o instrumento é bastante conhecido e popular na Ásia, África e Europa, havendo no entanto a possibilidade de já existir no paleolítico. Em todas as grandes civilizações do passado, do Crescente Fértil ao Egito, passando pela Grécia e Roma, o pandeiro aparece representado com vulgaridade especialmente em volta do Mediterrâneo.

O instrumento tem forte ligação com a fertilidade e o corpo feminino, visão que aos poucos foi se perdendo na tradição ocidental.[1] A presenca do povo cigano em países como a Espanha do século XIV foi responsável por difundir seu uso em manifestações culturais que mesclavam música e dança. "No leste da Europa é sabido que o inverno é muito rigoroso, e o que predomina é uma visão desoladora de branco-gelo para todos os lados em que se olhe. Então, foi por esse motivo que ciganas, camponesas, da Hungria e Rússia passaram a receber a chegada da primavera, com saias multicoloridas e dançavam com alegria, ao som do pandeiro (que também era enfeitado com fitas coloridas). Aliás, pandeiro e colher de pau eram os instrumentos predominantes na região campestre."[2]

O seu uso manteve-se até à atualidade na maioria das regiões do mundo chegando a alcançar orquestras, na execução da ópera Preciosa, de Weber. Existe com tamanhos e formas diversificadas como o pandeiro, a pandeireta ou o adufe. Gerou variações como a pandeirola

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pandeiro

No Brasil supostamente chegou através dos jesuítas e é intimamente ligado à cultura afrobrasileira, principalmente através do samba. Apesar de sua forte presença na história da música e em gêneros urbanos clássicos como o choro, foi alvo de repressões entre o fim do século XIX e inicio do século XX por conta da marginalização da população preta pós abolição da escravatura. O samba e os seus tocadores eram vistos como suspeitos e desordeiros.[3]

Do ponto de vista musical, o pandeiro veio dar o toque final ao ritmo marcante e brejeiro das melodias existentes, embebidas pela tradição européia do uso de piano e instrumentos de corda e de sopro.[4]

De início, os pandeiros eram fabricados de forma simples, sem apuro técnico. Hoje, alguns fabricantes se esmeram na sua confecção, utilizando membrana de pele de cabra para se conseguir, no pandeiro, os sons graves do surdo e platinelas de metais nobres para se alcançar um som brilhante e preciso.

Os pandeiros mais utilizados têm diâmetro de 10 polegadas, porém eles existem também com diâmetro de 10.5, 11 e 12 polegadas. Conforme o tamanho do aro, o número de platinelas varia de 5 a 10 pares.

Pandeiristas existem por todos os rincões do Brasil, seja atuando em conjuntos de choro e de samba, em orquestras, e até aqueles que simplesmente carregam seu pandeiro aonde quer que vão, tocando em reuniões musicais e realizando acrobacias giratórias com o pandeiro. Um desses artistas, essencial na difusão do instrumento, foi Jackson do Pandeiro. Mesclando influências nordestinas à novas sonoridades da música popular e preta, e auxiliou na popularização do samba e de ritmos como coco e xaxado.[5]

Após a década de 1930, com a consolidação do Carnaval, o samba e os seus instrumentos passam a ser menos marginalizados - ganhando título de símbolo nacional. O país buscava meios de unificar-se culturalmente através de ideais raciais como a miscigenação e a construção de um passado idílico. "A ideia de que o pandeiro é um dos instrumentos simbólicos da nação parece estabelecida no senso comum do brasileiro desde o Estado Novo, época de grande investimento na definição de critérios constituidores de uma ansiada “identidade nacional”.[6]

Atualmente, é reconhecido junto a outros instrumentos como Manifestação da Cultura Nacional através da LEI Nº 14.991, DE 27 DE SETEMBRO DE 2024.

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Pandeiro e a capoeira

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No Rio de Janeiro tem-se registros de seus usos no século XVI, através dos jesuítas, o que posteriormente se extendeu às Festividades da população preta. [7]O pandeiro era usado para acompanhar as procissões religiosas, assim como ele fez parte da primeira procissão que se realizou no Brasil, em 13 de junho de 1549 na Bahia (Corpus Christi).[8]

"Já no século XVIII, o pandeiro encontra-se associado às Festas de encenação da coroação dos reis e rainhas do Congo, popularmente conhecidas como congadas, manifestações de música e dança de tradições africanas associadas às Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, como um dos instrumentos musicais utilizados nas procissões."[9]

Feito de couro de cabra e madeira, de forma arredondada, é o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do berimbau, dando "molejo" ao som da roda. Ao tocador de pandeiro é permitido executar floreios e viradas para enfeitar a música.

"A musicalidade faz parte da capoeira, sendo uma das funções mais importantes dentro da roda. A capoeira é uma arte de grandes aprendizados e se conecta a vários campos de saberes. [...] E ainda se contextualiza como cultura afro brasileira, dança, musicalidade, teatralidade, artesanato, além de ser um instrumento cultural, sócio-educativo, político, entre outros parâmetros"[10]

Ligações externas e internas

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