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região histórica e geográfica localizada na Bahia, Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Alto Sertão Baiano ou Alto Sertão da Bahia é uma região histórica e geográfica localizada no interior do estado brasileiro da Bahia, no sudoeste dessa unidade federativa.
Durante o Período Colonial, a região do Alto Sertão Baiano era conhecida como "Sertão de Cima".[1][2]
A nomenclatura Alto Sertão Baiano não é adotada por órgãos de estatística e planejamento estaduais e federais, mas é bastante utilizada.[2]
Com base nos aspectos geográficos e a definição de documentos acadêmicos, o Alto Sertão Baiano engloba os seguintes municípios pertencentes aos seguintes territórios de identidade (TI) baianos:[1][2][3][4][5]
A região do Alto Sertão Baiano teve como habitantes originários os indígenas jês, genericamente apelidados pelos colonizadores de tapuias, como os cariris e maracás.[6]
Os primeiros não-indígenas a explorarem a região foram provavelmente Gabriel Soares de Sousa e Belchior Dias Moreia, na última década do século XVI e primeira década do século XVII.[7][8]
A região começou a ser colonizada, de modo disperso, por vaqueiros rendeiros da Casa da Ponte, latifúndio de Antônio Guedes de Brito, na segunda metade do século XVII.[3][4]
O povoamento do Alto Sertão em maior escala ocorreu no século XVIII, com a chegada de muitos colonos, entre portugueses (maiormente oriundos do Norte de Portugal e incluindo também cristãos-novos), paulistas, mineiros, baianos e pernambucanos, o que se deve à descoberta de ouro nas serras e adjacências dos atuais municípios de Rio de Contas, Livramento de Nossa Senhora, Paramirim e Érico Cardoso no início daquela centúria e de salitre na região de Palmas de Monte Alto em meados dos setecentos e atividades relacionadas, como a agricultura e a pecuária para abastecer as jazidas citadas e também as de Minas Gerais. Os colonizadores que se fixaram em fazendas arrendaram ou adquiriram-nas da Casa da Ponte. Para trabalhar nessas minas e fazendas citadas, foram trazidos muitos africanos escravizados.[3][4][9][10][11][12]
Graças à mineração de ouro e atividades relacionadas, surgiram os núcleos alto-sertanejos mais antigos, como Minas do Rio de Contas (atual Rio de Contas), Vila Velha (atual Livramento de Nossa Senhora), Mato Grosso, Morro do Fogo e Caetité. Rio de Contas, junto com Jacobina, era o centro da mineração de ouro na Bahia no século XVIII.[2][12][13]
Grande parte dos atuais municípios alto-sertanejos já pertenceram, em algum momento, à vila de Minas do Rio de Contas, criada em 1723.[14]
Com a decadência da mineração de ouro, no final do século XVIII e início do XIX, muitos do que residiam nas vilas e povoados mineradores do Alto Sertão Baiano se dispersaram por essa parte do Sertão, não apenas pelas proximidades dos locais onde residiam. Esses antigos moradores de localidades mineradoras passaram a se dedicar à agricultura policultora e à pecuária.[2][3][15]
O Alto Sertão Baiano participou indiretamente da Guerra de Independência da Bahia (1822-3), com o fornecimento de homens para lutar, material bélico e alimentos para as tropas baianas que lutavam contra as tropas portuguesas no Recôncavo pelas vilas de Minas do Rio de Contas e Caetité. Além disso, nessa época e nessa parte do interior da Bahia, muitos portugueses que ali viviam foram perseguidos por nascidos na terra.[16]
No final do século XIX e início do século XX, Caetité era uma das vilas mais desenvolvidas do interior da Bahia, sendo conhecida como “Corte no Sertão”.
Durante a República Velha (1889-1930), o poder regional nos municípios do Alto Sertão era exercido por oligarquias agrárias (os coronéis), herdeiras das elites regionais desde o período da colonização.[17]
Após a Revolução Sertaneja (1919-20), na qual coronéis e jagunços do interior da Bahia tentaram impedir a posse do governador J. J. Seabra, o Sertão baiano, incluindo o Alto Sertão, começou a receber mais atenção por parte das autoridades.[18]
Até a década de 1920, as estradas dentro do Alto Sertão Baiano e as que ligavam essa região ao restante da Bahia e do Brasil eram herdadas da Era Colonial. Nesse decênio, começaram as construções de estradas “carroçáveis” ligando essa parte do sertão baiano ao restante do estado. Décadas mais tarde, começou a construção de rodovias asfaltadas.[19]
Os melhoramentos nessa parte do Sertão Baiano pelas autoridades públicas não se manifestaram apenas em obras de infraestrutura, mas também na construção de barragens e represas, amenizando as secas.
Na década de 1930, com a mineração, Brumado se tornou uma das principais cidades do Alto Sertão.[20] Mais tarde, na década de 1970, Guanambi também se tornou uma cidade importante na região, graças ao cultivo de algodão nos seus arredores.[21]
Geograficamente falando, o Alto Sertão Baiano, com uma área de 53 mil km², está encaixado entre o Médio São Francisco, o Planalto de Conquista, a Chapada Diamantina e o Norte de Minas e é considerado uma extensão da Serra do Espinhaço na Bahia, localizada ao sul da Chapada Diamantina.
O relevo do Alto Sertão Baiano é alto e acidentado, se comparado com outras partes da Bahia, exceto a Chapada Diamantina. As altitudes excedem os 400 m em quase todo o Alto Sertão, com exceção de algumas porções dos municípios de Ituaçu e Tanhaçu localizados no vale do Rio de Contas, e o relevo é irregular, sendo possível encontrar regiões relativamente planas e áreas de serras, a grande maioria das quais excedem os 800 m de altitude, com as mais altas – acima dos 1.500 m acima do nível do mar – sendo encontradas em municípios que fazem divisa com a Chapada Diamantina, como Érico Cardoso, Livramento de Nossa Senhora e Rio do Pires.[2][22]
O clima da região varia desde o tropical semiúmido ao tropical semiárido, sendo, que, nessa área sertaneja, as temperaturas médias anuais variam entre 22 e 25°C e as pluviosidades médias anuais, entre os 400 e 800 mm. Essa região do Sertão da Bahia está totalmente inclusa no chamado Polígono das secas.[2]
A vegetação típica dessa parte da Bahia é a Caatinga e, em muitas partes dessa região, essa vegetação também possui traços de Cerrado.
Os principais rios do Alto Sertão são o de Contas, Brumado, Paramirim e o Gavião.
Segundo o censo demográfico realizado em 2022, a população do Alto Sertão Baiano, considerando os municípios citados na parte da Definição, é de 828.519 habitantes.
No censo de 2022, os municípios alto-sertanejos mais populosos eram Guanambi (87.817), Brumado (70.512) e Caetité (52.012).[23]
Etnicamente, a maioria da população do Alto Sertão Baiano é fruto da miscigenação entre portugueses, indígenas e africanos.[4][7]
As principais atividades econômicas da região do Alto Sertão Baiano são a agricultura, a pecuária e a mineração.[24][25]
A construção da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol), com uma extensão de 1,5 mil quilômetros conectando Figueirópolis (TO) ao porto de Ilhéus (BA), por meio da qual serão transportados grãos e minérios, traz perspectivas econômicas para o Alto Sertão Baiano, já que essa estrada de ferro cruzará municípios da região. No entanto, dentre os problemas ocasionados pelas obras, estão danos às casas e lavouras de moradores da zona rural, incluindo de comunidades tradicionais, e os impactos ao meio ambiente.[24][26][27]
O município de Livramento de Nossa Senhora se destaca pelo cultivo de manga, sendo um dos maiores produtores da fruta no Brasil.[28]
No Alto Sertão Baiano está um dos maiores complexos eólicos da América do Sul - o do Alto Sertão -, localizado entre os municípios de Guanambi, Caetité, Igaporã e Pindaí.[29][30]
As principais manifestações culturais dessa parte da Bahia são a Festa Junina e o Reisado.
Rio de Contas é o principal polo turístico alto-sertanejo, destacando-se pelo seu casario histórico e ecoturismo. Há outras áreas com potencial turístico, ainda pouco explorado, como Caetité, que conta com patrimônio histórico, e o Parque Estadual da Serra dos Montes Altos, com seu ecoturismo.
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