Loading AI tools
romancista, dramaturgo e historiador russo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Alexander Issaiévich Soljenítsin (em russo: Александр Исаевич Солженицын; Kislovodsk, 11 de dezembro de 1918 – Moscovo, 3 de agosto de 2008) foi um escritor, dramaturgo e historiador russo. Preso político do regime comunista soviético, suas obras revelaram ao mundo as atrocidades cometidas nos gulags, campos de concentração com trabalhos forçados existente na antiga União Soviética. Pela sua obra "Arquipélago Gulag" Soljenítsin recebeu o prêmio Nobel de Literatura de 1970.[1] E devido à censura e perseguição política sofrida na União Soviética pelo seu trabalho a respeito do esmagamento da liberdade individual pelo Estado omnipresente e totalitário, Soljenítsin foi expulso da União Soviética e teve sua nacionalidade cassada em 1974.[2]
Alexander Soljenítsin | |
---|---|
Nascimento | 11 de dezembro de 1918 Kislovodsk |
Morte | 3 de agosto de 2008 (89 anos) Moscovo |
Sepultamento | Cemitério Donskoe |
Nacionalidade | russo |
Cidadania | Rússia bolchevique, União Soviética, Rússia, apátrida |
Progenitores |
|
Cônjuge | Natalia Alekseevna Reshetovskaya (1940-1972) Natalia Soljenitsyna (1973-2008) |
Filho(a)(s) | Ignat Solzhenitsyn |
Alma mater |
|
Ocupação | romancista, dramaturgo, historiador |
Distinções | Nobel de Literatura (1970), Prêmio Templeton (1983), Medalha de Ouro Lomonossov (1998) |
Obras destacadas | Um Dia na vida de Ivan Denisovich |
Lealdade | União Soviética |
Religião | Igreja Ortodoxa Russa |
Ideologia política | leninismo |
Causa da morte | insuficiência cardíaca |
Página oficial | |
http://www.solzhenitsyn.ru, https://www.solzhenitsyncenter.org/ | |
Assinatura | |
Alexander Soljenítsin nasceu em Kislovodsk, pequena cidade do sul da Rússia, na região localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, filho póstumo de Isaac Soljenítsin, um oficial do exército czarista, e da sua jovem viúva, Taisia Soljenítsina. O seu avô materno havia superado as suas origens humildes e adquirido uma grande propriedade na região de Kuban, no sopé da grande cadeia de montanhas do Cáucaso. Durante a Primeira Guerra Mundial, Taisia fora estudar em Moscovo, onde conhecera o seu futuro marido. (Soljenítsin relataria vividamente a história de sua família em suas obras "Agosto de 1914" e "A Roda Vermelha".)
Em 1918 Taisia encontrou-se grávida, mas pouco depois receberia notícia da morte do seu marido num acidente de caça. Esse fato, o confisco da propriedade de seu avô pelas novas autoridades comunistas, e a Guerra Civil Russa disputada ao redor, levaram às circunstâncias bastante modestas da infância de Aleksander. Mais tarde ele diria que sua mãe lutava pela mera sobrevivência, e que os elos de seu pai com o antigo regime tinham que ser mantidos em segredo. O menino exibia conspícuas tendências literárias e científicas, que sua mãe incentivava como bem podia. Esta viria a falecer aos fins de 1939.
Soljenítsin estudou matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo cursando por correspondência o Instituto de Filosofia, Literatura e História de Moscovo. Durante a Segunda Guerra Mundial participou de acções importantes como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado em duas ocasiões.
Durante a Segunda Guerra Mundial Soljenítsin serviu como comandante no Exército Vermelho,[3] estando envolvido em ação na Frente de batalha, e duas vezes condecorado. Uma série de textos publicados no final de sua vida, incluindo o inacabado romance Ama a Revolução! narra sua experiência de guerra e suas dúvidas crescentes sobre os fundamentos morais do regime soviético.[4]
Algumas semanas antes do fim do conflito, já havendo alcançado território alemão na Prússia Oriental, foi preso por agentes da NKVD[5] por fazer alusões críticas a Stalin em correspondência a um amigo.[6] Ele foi acusado de propaganda anti-soviética sob o artigo 58 parágrafo 10 do Código Penal soviético, e de fundar uma organização hostil sob o parágrafo 11.[7][8]
Foi condenado a oito anos num campo de trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno em perpetuidade. Esta era a pena normal para a maioria dos crimes previstos no artigo 58 na época.[9]
A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos de trabalhos forçados; a "fase intermediária", como ele viria a referir-se a esta época, passou-a em uma sharashka, um instituto de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo", publicado no exterior em 1968.[10] Em 1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em Ekibastuz, Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro Um Dia na Vida de Ivan Denisovich.[11] Neste campo retiraram-lhe um tumor, mas seu cancro não chegou a ser diagnosticado.
A partir de março de 1953 iniciou a pena de exílio perpétuo em Kol-Terek no sul do Cazaquistão. O seu cancro, ainda não detectado, continuou a espalhar-se, e no fim do ano Soljenítsin encontrava-se próximo à morte. Porém, em 1954 finalmente recebeu tratamento adequado em Tashkent, Uzbequistão, e curou-se. Estes eventos formaram a base de Pavilhão de Cancerosos. Foi durante esta década de prisão e exílio que Soljenítsin abandonou o marxismo e desenvolveu as posições filosóficas e religiosas de sua vida posterior, gradualmente se tornando um cristão, como resultado de sua experiência na prisão e nos campos. Este por sua vez é semelhante ao que aconteceu a Fyodor Dostoyevsky durante seus anos na Sibéria e sua busca por fé.[12][13][14]
Durante os seus anos de exílio, e após sua libertação e retorno à Rússia Europeia, Soljenítsin, enquanto leccionava em escolas secundárias durante o dia, passava as noites escrevendo em segredo. Mais tarde, na breve autobiografia que escreveria ao receber o Nobel de Literatura, relataria que "durante todos os anos até 1961, eu não estava apenas convencido que sequer uma linha por mim escrita jamais seria publicada durante a minha vida, mas também raramente ousava permitir que os meus íntimos lessem o que eu havia escrito por medo de que o facto se tornasse conhecido".
Publicou ainda nos EUA uma obra sobre um gigantesco tabu que é a proeminência dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética, sendo tachado como antissemita e desmoralizado no seu exílio.[15]
Soljenítsin retornou à Rússia em 27 de maio de 1994, depois de vinte anos de exílio[16] e morreu em Moscovo em 3 de agosto de 2008, segundo o seu filho, em consequência de uma insuficiência cardíaca aguda.[17][18]
Está sepultado no Donskoi Monastery Cemetery, Moscou, na Rússia.[19]
O jornal Expresso publicou um artigo de opinião de José Cutileiro, onde este explica a sua visão sobre Soljenítsin. José Cutileiro defendeu que, Soljenítsin era na juventude um marxista-leninista convicto. Mas se mostrou nacionalista e monarquista, queria restaurar a Mãe Rússia em todo o seu esplendor mítico, considerava a democracia uma péssima forma de governo; admirava Franco e Pinochet e só em Putin julgou ter encontrado um chefe à altura para governar a Rússia.[20]
Sobre o ateísmo, durante seu discurso de recepção do Prêmio Templeton para o Progresso da Religião,[21] em maio de 1983, Soljenítsin declarou: "Mais de meio século atrás, quando eu ainda era uma criança, lembro-me de ouvir um número de pessoas mais velhas oferecerem a seguinte explicação para os grandes desastres que se abateram sobre a Rússia: 'Os homens se esqueceram de Deus; é por isso que tudo isso aconteceu'. Desde então, tenho passado quase 50 anos estudando a história de nossa revolução. Durante esse processo, li centenas de livros, colecionei centenas de testemunhos pessoais e contribuí com oito volumes de minha própria lavra no esforço de transpor o entulho deixado por aquele levante. Mas se hoje me pedissem para formular da maneira mais concisa possível a causa principal da perniciosa revolução que deu cabo de mais de 60 milhões de compatriotas, não poderia fazê-lo de modo mais preciso do que repetir: 'Os homens se esqueceram de Deus; é por isso que tudo isso aconteceu'".
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.