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Victor Andreevich Kravchenko (em russo: Виктор Андреевич Кравченко; Yekaterinoslav, 11 de outubro de 1905 – Nova Iorque, 25 de fevereiro de 1966) foi um alto funcionário da União Soviética que rompeu com o regime comunista. Ele narrou suas experiências e a vida no país, sob a liderança de Stalin, no livro Eu Escolhi a Liberdade,[1] em 1946.
Victor Andreevich Kravchenko ( Kravtchenko ) | |
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Nascimento: | 1905 Yekaterinoslav, Império Russo |
Falecimento: | 1966 Nova Iorque, Estados Unidos |
Nacionalidade: | Ucraniana |
Alma mater: | Universidade de Kharkov |
Ocupação: | Engenheiro Escritor |
Conhecido por: | Ser o primeiro a denunciar os campos de concentração na União Soviética |
Filho de um velho bolchevique, Kravchenko se formou em engenharia na Universidade de Kharkov, após integrar o Komsomol, organização juvenil do PCU. Em 1929, entrou para o Partido Comunista da União Soviética e, mais tarde, foi designado engenheiro-chefe de um conglomerado de usinas metalúrgicas recém-inauguradas pelo regime stalinista, proposto pelo Plano Quinquenal de Joseph Stalin para modernizar o país através da industrialização. Como membro do Partido, teve a oportunidade de viajar pelo país para implantar outro item do Plano: a coletivização da agricultura. Nessas viagens ele conheceu a miséria generalizada e a violência exercida pela polícia secreta, à época, chamada GPU (Gosudarstvennoye Politicheskoye Upravlenie) que, auxiliava os sovietes na tarefa de estatizar a propriedade privada. Durante a Segunda Guerra Mundial serviu como capitão do Exército Vermelho, sendo depois enviado aos Estados Unidos para trabalhar na Comissão de Compras Soviéticas, com sede em Washington, DC.
Em 1944 ele rompeu com o regime stalinista e solicitou asilo político ao governo dos Estados Unidos. As autoridades soviéticas, primeiro negaram que ele fosse um funcionário do país, mas depois pediu a sua imediata extradição como desertor.[2] Segundo o livro "The Forsaken",[3] do autor Tim Tzouliades (página 275), o embaixador dos Estados Unidos em Moscou, Joseph E. Davies, a pedido de Stalin, solicitou a extradição de Kravchenko diretamente ao presidente Roosevelt. No entanto, o governo dos Estados Unidos já havia garantido o direito de asilo político a Kravchenko, que passou a viver com um nome falso, em função do perigo de ser assassinado por agentes soviéticos.
Kravchenko deixou um filho na URSS, chamado Valentin, nascido em 1935, após se separar da sua primeira mulher, Zinaida Gorlova. O fato de Valentin ser filho de um "inimigo do povo" e "traidor da pátria" fez com que ele fosse enviado para um Gulag na Sibéria (campo de concentração) em 1953. Ficou preso durante cinco anos, onde, devido a torturas, teve sérios danos físicos e mentais. Após ganhar a liberdade, pediu asilo político aos Estados Unidos, depois de descobrir que tinha um meio-irmão vivendo no Arizona, chamado Andrew Kravchenko. Os irmãos se encontraram [4] em 1992 e deram uma coletiva de imprensa bastante emocionante. Valentin morreu em 2001 de ataque cardíaco, no mesmo dia em que recebeu seu Greencard.
Kravchenko ficou conhecido em todo o mundo após a publicação de seu livro, "Eu escolhi a Liberdade", traduzido em mais de 20 línguas. O livro revela detalhes sobre a coletivização agrícola, causadora de miséria e milhares de mortes por inanição, além das prisões de inocentes que eram enviados para campos de trabalhos forçados na Sibéria, conhecidos como Gulag. Além de Eu Escolhi a Liberdade, Kravchenko escreveu Eu Escolhi a Justiça, narrando as audiências no Tribunal de Justiça de Paris do que ficou conhecido como o Julgamento do Século (veja seção posterior).
Também conhecido como o Processo de Kravchenko, foi desenrolado na França, onde, segundo o próprio Kravchenko[5] em "Eu escolhi a Justiça", era onde o Comunismo tinha mais influência entre os intelectuais e a imprensa, que saudavam a ideologia e o regime soviético como o futuro da humanidade. Sobre a história do processo, narra a escritora Nina Berberova, em sua biografia, C'est moi qui souligne:[6]
O processo durou vinte cinco dias e o tribunal francês deu ganho de causa a Kravchenko. Mas embora tenha exigido indenização de três milhões de francos, a sentença lhe garantiu apenas 3 francos simbólicos.
Ainda a escritora Nina Berberova, em sua biografia, C'est moi qui souligne:
Assim, mais de 30 anos antes de Alexander Soljenitsin, em seu Arquipélago Gulag, Kravchenko já denunciava as atrocidades dos campos de concentração na União Soviética.
Sobre o julgamento, além do livro do próprio Kravchenko, Eu escolhi a Justiça, há a cobertura jornalística para o jornal russo-francês, La Pensée Russe, da escritora russa Nina Berberova, Protsess V. A. Kravtchenki, lançado em 1990 pela editora Actes Sud com o título L'Affaire Kravtchenko,[7] que virou documentário dirigido por Bernard George em 2009.[8] No Brasil o livro foi publicado pela Vide Editorial sob o título O processo de Kravchenko: o comunismo no banco dos réus.[9] Outro livro importante que trata do processo é o também L'Affaire Kravchenko de Guillaume Malaurie.[10]
Kravchenko passou a dedicar a sua vida à luta ao Comunismo. Embora tenha ganhado muito dinheiro com o sucesso do seu primeiro livro, gastou cada centavo no processo contra o jornal Les Lettres Françaises.
Atualmente é sabido que os agentes soviéticos monitoravam a vida de Kravchenko[11] nos Estados Unidos. Assim, sua morte em 1966 é envolta em mistérios e duvidas, já que, oficialmente, acredita-se que ele tenha cometido suicídio[12] em seu apartamento em Manhattan, Nova Iorque. Gary Kern, autor do livro The Kravchenko Case,[13] levanta a dúvida se Kravchenko foi ou não morto por agentes soviéticos. Seu filho, Andrew Kravchenko, fruto de seu casamento com a americana Cynthia Kuser, acredita que ele foi morto por agentes da KGB. Andrew, em 2008, produziu um documentário chamado The Defector,[14] que narra a vida de seu pai.
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