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Monte Pinciano ou Píncio (em latim: Mons Pincius; em italiano: Pincio) é uma das colinas de Roma, localizada ao norte do Quirinal e a leste do Campo de Marte. Diversas villas e jardins ocupam ainda hoje o local. Da Piazzale Napoleone I, no alto da colina, é possível obter um amplo panorama da Piazza del Popolo e do rione Prati, uma região que até o final do século XIX era conhecida como Prati di Castello.
A vista também se estende para o norte a partir da Cúpula da Basílica de São Pedro até o Monte Mário, para o noroeste até o Janículo e para o sudoeste, no horizonte, os arranha-céus do Eur, o que torna o Pinciano um dos melhores locais da capital para apreciar belas vistas. Por conta disto, em algumas cidades italianas foram criados parques panorâmicos com o nome de Pincio.
O monte Pinciano ficava fora dos limites originais da cidade e não era uma das sete colinas, mas ainda assim estava no interior da Muralha Aureliana, construída entre 270 e 273, incorporada na Regio VII Via Lata entre as 14 regiões augustanas.
Muitas famílias importantes da Roma Antiga possuíam residências e jardins (horti) no Píncio no final do período republicano: entre os mais notáveis estavam Cipião Emiliano e provavelmente Pompeu. Uma das maiores eram os Jardins de Lúculo, de Lúcio Licínio Lúculo, onde mais tarde foi assassinada Messalina, a esposa do imperador Cláudio,[1] construída com os recursos amealhados depois de sua vitória sobre Mitrídates I do Ponto em 63 a.C.. Ali estavam também os Jardins Salustianos, propriedade originalmente do historiador Salústio e depois fundida aos Jardins de Lúculo em uma única propriedade imperial conhecida como "Jardins no Pincio" (in Pincis), os Jardins Pompeianos e os Jardins Acílios, da gente Acília. Por conta destas propriedades, a colina era conhecida na antiguidade como "Colina dos Jardins" (Collis Hortulorum). O nome moderno é uma referência a uma das famílias que moravam no local no século IV, os Píncios,[2] cuja villa, juntamente com os Jardins Anícios e os Jardins Acílios, ocupavam a parte setentrional da colina; um vestígio dela é o chamado Muro Torto.
Na época de Augusto, a região passou por uma intensa urbanização. Agripa construiu ali o Campo de Agripa, inaugurado em 7 a.C., uma villa e seu túmulo, enquanto sua irmã, Vipsânia Pola, patrocinou a construção do Pórtico de Vipsânia. Nas imediações da Piazza Santi Apostoli ficava a caserna da I coorte dos vigias e, a poucos metros dela, o Fórum Suário, o mercado suíno de Roma.
Na encosta da colina ficava o Túmulo dos Domícios, onde foram depositadas as cinzas de Nero.[3] O território ao longo da Via Lata foi transformado, no século II, numa região densamente habitada. Escavações ocasionais em variados pontos recuperaram os restos de grandes edifícios de tijolos com muitos andares (ínsulas), com pórticos colunados ao longo da via onde ficavam lojas de todos os tipos. Entre estes edifícios estava o "Catabulo" (Catabulum), uma espécie de "sede dos correios", perto da igreja de San Marcello al Corso.
No século seguinte, a atividade continuou intensa. Sob Gordiano III (r. 238-244) foi construído um longo pórtico com 1 000 pés romanos (cerca de três quilômetros) até a encosta do Quirinal, apesar de a completa ausência de vestígios materiais coloquem em dúvida a veracidade deste relato. O imperador Aureliano (r. 270-275) construiu o Templo do Sol em 273, entre a Via del Corso e a Piazza San Silvestro. O templo era circundado por um pórtico onde ocorria a distribuição gratuita de vinho em Roma (vino fiscalia).
Nos Catálogos regionários foi citada também a presença de um "Pórtico de Constantino", que pode ser parte do complexo vizinho das Termas de Constantino ou do pórtico de Aureliano.
Da Antiguidade Tardia até o final do século XVIII, como se comprova na "Nuova Topografia di Roma" de Giovanni Battista Nolli, o monte Pinciano permaneceu praticamente desabitado, ocupado em grande parte por um grande vinhedo e o mosteiro dos agostinianos de Santa Maria del Popolo, pelos jardins e o vinhedo da Villa Medici e pelos jardins do convento dos mínimos — "franceses" (francesi), como Nolli os chamava, ou "paolotti", como o povo os chamava — da igreja de Trinità dei Monti. A Academia Francesa de Roma se mudou para a Villa Medici em 1802.
Os pomares foram atravessados por diversas alamedas (viali) para unir alguns monumentos ou edifícios já existentes: uma delas estendeu o eixo do jardim da Villa Medici até o obelisco que fica no centro de uma praça de onde irradiam outras alamedas. O obelisco em si foi erigido em 1822[4] para ser uma referência visual das vistas; é um obelisco romano da época do imperador Adriano (início do século II), construído para o memorial de seu amado Antínoo do lado de fora da Porta Maggiore.[5]
A Piazza Napoleone — na realidade, o grande exemplo da época de Napoleão foi projetado à distância, pois o imperador jamais esteve em Roma — é um grande espaço aberto com vista para a Piazza del Popolo, que também é obra de Valadier, e tem vistas também para o oeste e para a cidade toda além. Valadier interligou as duas praças com escadarias de amplos descansos.
Se Giuseppe Valadier já havia proposto ao papa Pio VI antes de 1794 um projeto de sistematização da Piazza del Popolo (que previa, entre outras coisas, dois belos estábulos nos dois lados da Porta del Popolo), a ideia de transformar todo o monte Pinciano em um jardim público, destinado a criar um espaço de respiro para o povo romano, que por séculos viveu amontando nas margens do Tibre e a glorificar o imperador Napoleão, foi dos franceses, que ocuparam Roma entre 2 de fevereiro de 1808 e 11 de maio de 1814[lower-alpha 1].
A breve ocupação francesa deixou para trás muitos projetos e apenas algumas atividades completadas, o projeto da Piazza del Popolo- Pinciano entre eles. Os responsáveis pelo desenvolvimento urbanístico e monumental da cidade permaneceram os mesmos, principalmente Canova e Valadier. Assim, em junho de 1816, foi aprovado o projeto da Piazza del Popolo de Valadier (revisto "à moda francesa" por Louis-Martin Berthault[lower-alpha 2]) e, em oito anos, foi construída a moderna Piazza e o vasto jardim do monte Pinciano. Desde então, o Pincio, o primeiro jardim público de Roma e construído por desejo de Napoleão, se tornou o mais querido dos passeios históricos dos romanos.
Valadier uniu a colina mais bela da cidade à Porta Flamínia e à Piazza del Popolo em um único complexo neoclássico vencendo a diferença entre o nível da rua na praça e o cume da colina com um delicado desenho de duas rampas sinuosas que se elevam convergindo no meio da colina do lado oriental da praça na direção do vasto terraço panorâmico dedicado a Napoleão I, com uma viela ascendente, a moderna Viale Gabriele d'Annunzio, passando por baixos-relevos, a fonte e depois os três altos nichos na direção do terraço; ele também idealizou o notável paisagismo do local, formado por palmas e outras árvores sempre verdes dos dois lados do aclive desde a Piazza del Popolo até o terraço. O elemento urbano da praça foi, desta forma, ligado de forma esplêndida pelo arquiteto através de aclives e terraços ao elemento paisagístico dos jardins do Pinciano. Valadier também construiu ali a sua própria residência, a Casina Valadier, no formato do navio comandado pelo almirante Horácio Nelson na Batalha de Trafalgar. Contudo, ele morreu antes de conseguir se mudar para lá e o edifício foi transformado imediatamente depois num café público, um famoso ponto de contemplação da cidade de Roma ainda hoje.
É possível chegar até o Píncio através vias sinuosas que partem da Piazza del Popolo, da Viale di Villa Medici, que o liga com a Scalinata di Spagna e a igreja de Trinità dei Monti, da Vile delle Magnolie e do viaduto no Muro Torto, que o liga desde 1908 à Villa Borghese.
A partir de 1851, por decisão do papa Pio IX e por iniciativa de Giuseppe Mazzini,[6] diversos bustos de italianos famosos foram espalhados por todas as ruas do Parco del Pincio. O número foi aumentando gradativamente ao longo dos anos e, no final da década de 1960, o total era de 228,[7] muitos deles vítima de atos de vandalismo, geralmente no nariz. Dentre todos, há apenas três mulheres: Vittoria Colonna, Santa Catarina de Siena e Grazia Deledda.
Um destes bustos tem uma história interessante: em 1860, foi colocado no Píncio, vizinho à Casina Valadier, a mira do Observatório Astronômico do Collegio Romano para determinação do meridiano de Roma a pedido de seu direto, o astrônomo jesuíta Angelo Secchi. Originalmente, era apenas uma tábua quadriculada de madeira, depois reconstruída em mármore, colocada em uma coluna com um buraco que permitia que ela fosse iluminada à noite. Em 1878, depois da morte de Secchi, seu busto foi posto nesta coluna e circundado de um pequeno jardim.[8] Danificado em 1960, foi reformado em 2001 e ainda serve de mira (que não é mais utilizada).
Além dos monumentos já citados, vale destacar os seguintes:
Outros monumentos menores presentes são:
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