Iconha
município do Estado do Espírito Santo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
município do Estado do Espírito Santo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Iconha é um município brasileiro do estado do Espírito Santo.[4] Está localizado na BR-101, região de montanha, onde os imigrantes italianos encontraram terras e clima perfeitos para o plantio do café e da banana.[5] Sua população estimada em 2022 foi de 12 326 habitantes.[1]
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Município do Brasil | |||
Vista da região central da cidade | |||
Símbolos | |||
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Hino | |||
Gentílico | iconhense | ||
Localização | |||
Localização de Iconha no Espírito Santo | |||
Localização de Iconha no Brasil | |||
Mapa de Iconha | |||
Coordenadas | 20° 47′ 34″ S, 40° 48′ 39″ O | ||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | Espírito Santo | ||
Municípios limítrofes | Piúma, Alfredo Chaves, Rio Novo do Sul e Anchieta | ||
Distância até a capital | 88 km | ||
História | |||
Fundação | 3 de julho de 1924 (100 anos) | ||
Administração | |||
Prefeito(a) | Gedson Brandão Paulino (Republicanos, 2021–2024) | ||
Características geográficas | |||
Área total [1] | 203,528 km² | ||
População total (Censo IBGE/2022[1]) | 12 326 hab. | ||
Densidade | 60,6 hab./km² | ||
Clima | tropical (Aw) | ||
Altitude | 15 m | ||
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | ||
CEP | 29280-000 | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2010[2]) | 0,729 — alto | ||
PIB (IBGE/2008[3]) | R$ 152 060,801 mil | ||
PIB per capita (IBGE/2008[3]) | R$ 12 808,36 | ||
Sítio | iconha.es.gov.br (Prefeitura) iconha.es.leg.br (Câmara) |
É o município com maior número de caminhões e carretas por habitantes do Brasil, por isso é conhecida por sua tradicional Festa dos Caminhoneiros. Com as fibras de bananeiras os artesãos produzem vários artefatos que já estão sendo exportados para vários países.[5]
Segundo historiadores, em meados do século um inglês cavaleiro da fortuna, empresário que á atuara em Campos dos Goytacazes, juntamente com o Barão da Lagoa Dourada, Thomaz Dutton Júnior, conseguiu uma sesmaria na região, fez um trapiche em Piúma e ganhou bom dinheiro exportando toras para a Europa. As madeiras desciam em balsas, manejadas por índios puris, mas, no afã de colonizar a área, o inglês trouxe, de sua terra, famílias de colonos.[5]
Em 1886, o bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda, em visita pastoral à então Província, encontrou-se com Dutton, que descreve como “velho inglês, de aspecto sisudo e simpático, muito cortês”. Esclarece, todavia, o prelado que tanto Dutton como seus colonos eram protestantes. O velho Dutton morreu no começo do século passado e há registro de seu óbito no Cartório de Piúma.[5]
Posteriormente, os portugueses José Gonçalves da Costa Beiriz e Antonio José Duarte formaram uma firma que entrou em conflito judicial contra o inglês, tendo os lusitanos vencido a pendência e introduzido famílias italianas na área, que passou a chamar-se Iconha, talvez em virtude das serras gêmeas que contornam o rio e a vila. Vieram também libaneses, como comerciantes, cujo estudo foi feito em belo discurso por Douglas Puppim, quando tomou posse na Academia Espírito-Santense de Letras.[5]
A colonização do atual território de Iconha iniciou-se do litoral para o interior, estabelecendo-se ao longo dos rios e, à proporção que as terras eram cultivadas, a região atingida níveis excelentes de desenvolvimento, beneficiando Piúma, o principal núcleo de todas as áreas existentes.[4]
Nasce o povoado que toma emprestado o nome do rio. Vocábulo atribuído por uns à derivação de inconho, dada a aproximação entre os morros na localidade, enquanto outros atribuem-lhe origem indígena, significando água a arder, pelo fato de haver, na região do Orobó, grande quantidade de turfa.[5]
Foi esta penetração interiorana que deu origem ao povoado de Iconha, provavelmente em meados do século XIX, sendo considerados seus fundadores o coronel Antônio José Duarte e José Gonçalves da Costa Beiriz.[4]
A criação do município, com a denominação de Piúma, data de 2 de janeiro de 1891. A instalação ocorreu a 19 de janeiro de 1891, com território desmembrado do município de Benevente, hoje, Anchieta.[4] Pela Lei estadual nº 81, de 18 de novembro de 1904, Iconha torna-se sede da administração do município de Piúma, que havia sido criado pelo Decreto nº 53, de 11 de novembro de 1890. Em 3 de julho de 1924 passa o município de Piúma a denominar-se Iconha, pela Lei nº 1.428.[5]
O cultivo do café trouxe, indiscutivelmente, novas possibilidades de desenvolvimento para toda a Província do Espírito Santo, passando a ser o principal produto de exportação a partir de 1854, sendo sua produção intensificada na década de 1870. Sem embargo, a expansão cafeeira na província capixaba, implicou na expansão da escravidão e acarretou a formação de poucos, mas autênticos, grupos oligárquicos assentados na grande propriedade rural com base escravista.[6]
No sul da Província do Espírito Santo, encontramos também um núcleo em expansão a partir de 1870, sediado nas vilas de Iconha e Piúma, baseado na cafeicultura e nas ações de dois coronéis-vendeiros, Antonio José Duarte e José Gonçalves da Costa Beiriz, ambos portugueses, sócios e proprietários da Firma Duarte e Beiriz, pilares de um grupo oligárquico com formação efetiva a partir de 1879. A Firma Duarte e Beiriz propulsionou o desenvolvimento da área urbana de Iconha, embora não “se pode afirmar que ela foi a única responsável pelo surgimento da vila, mas a sua contribuição para tanto é inquestionável [...] No entanto não consistiu em uma sociedade premeditada do outro lado do atlântico e executada aqui. Faz-se necessário conhecer a trajetória desses dois imigrantes para compreendermos a formação da sociedade”.[7]
Como tantos portugueses que desembarcaram no Brasil do século XIX, fugindo da penúria e na tentativa de melhorar a vida, Manoel da Costa, viúvo recente, vem para o Brasil, por volta de 1858, com seus 3 filhos solteiros, fixando-se na região de Iconha e Piúma. Dos 3 filhos que vieram para o Brasil, Antonio acaba por retornar à cidade natal, onde falece sem herdeiros em 1915. José e Manoel por aqui se estabeleceram e constituíram família. Enquanto seus irmãos se mantiveram Gonçalves da Costa, José adicionou ao nome o toponímico Beiriz, de sua cidade de origem, ficando assim conhecido, e repassando esse nome aos descendentes. Torna-se fazendeiro e, ao associar-se a Antonio José Duarte, domina grande parte do comércio da região, chegando a ter uma casa bancária em nome da sociedade, que auxiliava o desenvolvimento da região de Piúma e Iconha.[8]
Antonio José Duarte, natural de São Payo de Merlins, foi parceiro e sócio de José Gonçalves da Costa Beiriz, na empreitada de colonizar e dotar a região de Iconha e Piúma de condições para se desenvolver. Em Iconha, em 1884, celebrou seu casamento, com uma filha da terra. Sua filha Argentina contraiu matrimônio com Idylio, filho do sócio e amigo, unindo as famílias definitivamente, além do enlace econômico que já existia.[8]
São diversas as teorias da origem do nome Iconha: Primeiro, devido a turfa existente no vale do Orobó, que se inflama facilmente que em indígena quer dizer "ICOON", que significa "água a arder". O nome também teria sido originada da palavra "INCONHO", ou seja, "morro ligado a outro existente na margem do rio". Ainda há uma teoria de que Padre José de Anchieta ao visitar a pedra do Frade e a Freira, denominou toda a região de "ICONO", que em espanhol significa "montanhas com aspectos humanos". Por fim, a teoria de que "I-CONY`YA" significa "morada entre duas montanhas".[5]
Demografia é a ciência que estuda a dinâmica populacional humana por meio de estatísticas que utilizam como critérios e religião, educação, etnia entre outros.[9]
O Censo 2010 compreendeu um levantamento minucioso de todos os municípios do país, entre eles, claro, Iconha para colher informações sobre quem somos, quanto somos, onde estamos e como vivemos.
Religião | População[14] | Porcentagem |
---|---|---|
Católica | 10.331 | 82,50% |
Evangélica | 1.916 | 15,30% |
Outras cristãs | 8 | 0,06% |
Testemunha de Jeová | 29 | 0,23% |
Espírita | 6 | 0,05% |
Tradições esotéricas | 5 | 0,05% |
Sem religião | 227 | 1,81% |
Ano |
Porcentagem[15] |
---|---|
2000 | 11,7% |
2010 | 8,3% |
Reconhecida pela sua boa qualidade de vida, segundo estudos realizados, esta foi eleita a terceira cidade do Espírito Santo neste requisito. Iconha fica localizada ao sul do Espírito Santo. Sua população é, de maioria, descendente de italianos, sendo que, no interior o sotaque ainda é bem nítido.
Situada na microregião 210, localizada a 90 km de Vitória (capital), a 40 km de Cachoeiro de Itapemirim, polo de desenvolvimento da região sul, e a 10 km das belas praias do sul do Estado, Iconha tem 190 km² (quilômetros quadrados), com topografia acidentada 15% ondulada e apenas 5% plana. Limita-se ao norte com Anchieta, ao sul com Rio Novo do Sul, a leste com Piúma e a oeste com Alfredo Chaves.
A sede municipal está a nove metros de altitude em relação ao nível do mar. O clima tropical com temperatura média anual em torno de 23 graus. A maior ocorrência de chuvas se verifica de outubro a janeiro, com a densidade pluviométrica anual em torno de 1209 mm.
As principais serras são[16]: Serra de Nova Esperança (a mais alta do município), Feia, Venezuela, Tapuio, Tocaia, Crubixá e a Serra Pontuda.
A cidade possui grandes redes de transportadoras de carga rodoviária e casas de autopeça. Com isso, Iconha é considerado o município com maior número de caminhões e carretas por habitantes do Brasil.[17]
A economia da região é baseada na agricultura. É um dos maiores plantadores de banana do estado, produzindo também café, feijão e milho. A fruticultura – principalmente acerola, goiaba, graviola, laranja e limão – também está em expansão no município. Outra fonte de recursos é o artesanato produzido a partir da fibras de bananeiras, e que já tem, inclusive, como destino a exportação.[16][17]
Desde a sua emancipação, passando pelo período da ditadura, da redemocratização até 2005, Iconha foi governado pelo mesmo grupo político. Em 1992, o município de Iconha teve candidato único a prefeito, Darcy Marchiori (PDS), tendo esse curioso caso repercussão nacional. A partir das eleições de 1996, o Partido dos Trabalhadores surgiu como principal partido de oposição do município e disputou sucessivas eleições até chegar ao poder em 2005.
Em 2004, em sua terceira tentativa consecutiva, Edelson Paulino (PT) entrou para a história de Iconha sendo eleito o primeiro prefeito eleito da oposição, superando o candidato José Alberto Valiati (PSDB), candidato apadrinhado pelo então prefeito Dercelino Mongin (PP) que governou Iconha entre 1997 e 2004.[18]
Nas eleições de 2008, o ex-prefeito Dercelino Mongin voltou a se candidatar trazendo como vice de chapa um dos maiores empresários da região, João Paganini, proprietário de duas grandes transportadora de cargas do Espírito Santo, dentre outros grandes empreendimentos. Delso, como é popularmente conhecido, venceu o pleito com 56% dos votos válidos, superando o então prefeito Edelson Paulino.[19] As eleições de Iconha de 2008 foi umas das mais conturbadas da história da cidade, marcada por diversas denúncias de compras de votos, abuso de poder político e econômico. No dia 30 de setembro daquele ano, o gabinete do prefeito foi alvo de tiros. Segundo testemunhas, um homem disparou cerca de dez vezes na direção do gabinete do prefeito.[20]
Em fevereiro de 2009, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou o mandato do prefeito de Iconha, Dercelino Mongin (PP) e de seu vice, João Paganini (PMN). Além de perderem os mandatos, ambos ficariam inelegíveis por um período de três anos. O prefeito e seu vice foram condenados por captação ilícita de votos e de abuso de poder econômico pela Corte Eleitoral. Durante as eleições de 2008, no dia 3 de setembro de 2008, os acusados registraram no Cartório 1º Ofício de Iconha um Termo de Compromisso em que se comprometiam com a comunidade Taquaral que, mesmo que não vencessem as eleições, iriam asfaltar e iluminar o trecho com recursos próprios. A prática, logicamente, se configura como crime eleitoral, expressos na tentativa de compra de votos e abuso de poder econômico. Porém, o ministro Marcelo Ribeiro, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), concedeu liminar pedindo a manutenção do prefeito. Os acusados recorreram à Justiça sem deixar a função. A decisão provisória suspendeu os efeitos do Acórdão 41 do TRE. Delso Mongin e seu vice foram absolvidos no julgamento do Recurso Especial interposto na Corte Superior do TSE.[21]
Em 2012, o vice-prefeito João Paganini foi eleito prefeito da cidade, pelo PSB, com aproximadamente 52% dos votos válidos, superando a primeira candidata mulher da história de Iconha, Santa Donatelli (PMDB) que se lançou candidata com o apoio do PT, obtendo cerca de 48%.[22]
Em 2016, o prefeito João Paganini, então no PDT, foi reeleito com cerca de 49% dos votos válidos. Ele concorreu com o vereador Gedson Paulino (PMDB) e Marcos Soares, o conhecido Marquinhos da Padaria (PSB).[23]
Gedson Paulino, irmão do ex-prefeito Edelson, obteve aproximadamente 39% dos votos válidos e teve como companheira de chapa a Santa Donatelli (PMDB), candidata a prefeita em 2012. Marquinhos, apoiado pelo ex-prefeito Delso Mongin e seu grupo político, obteve apenas cerca de 11% dos votos válidos. [23]
Dois candidatos disputam o comando da prefeitura da cidade: Gedson Paulino, agora no Republicanos, e Valmir Cavalini do PRTB.
Gedson Paulino consolidou uma aliança inédita na cidade na qual aglutinou o seu grupo político com o do ex-prefeito Dercelino Mongin, antigos rivais. Dessa forma, foi indicado para compor à sua chapa como candidato a vice-prefeito o Fernando Volponi (PSB), vereador mais votado nas eleições de 2016.[23]
Valmir Cavalini, ex-secretário da gestão do prefeito João Paganini, compõe chapa com Santa Donatelli, agora no Podemos. Santa rompeu com Gedson Paulino após ser preterida como candidata a vice-prefeita em sua chapa.
Em 15 de novembro de 2020, Gedson Paulino foi eleito com 64,56% dos votos válidos, a maior votação da história do município.[24]
A natureza e área rural propicia belos passeios que circundam o Rio Iconha num percurso com quedas d'água, cachoeiras, mata atlântica e opções de lazer e agroturismo.
Junto aos produtos da agricultura familiar também foram se espalhando as construções típicas, hábitos e tradições dos europeus. Na gastronomia vinhos, polenta, biscoitos e doces da culinária italiana. O artesanato é diversificado e destaca-se a fibra da bananeira, encanta com as peças decorativas e os traçados dos baús, cestas e bolsas.
Uma história cheia de trabalho, fé e a cultura que se mantém até hoje, em vilarejos onde famílias italianas ainda vivem em casas típicas com varandas e jardins floridos, cercados por vales e cachoeiras. Esta história está exposta na Casa da Cultura do município.
Um povo alegre e hospitaleiro, as belezas naturais, a farta culinária, a tranqüilidade do campo e a arquitetura de imigrante, fazem de Iconha um lugar apreciável e não um lugar de passagem, mas um agradável destino, para todos os tipos de público que desejam desfrutar das diversificadas opções do turismo rural do município. Natureza, cultura e vida é o slogan que o município designou para representar o seu turismo rural.
Situada entre montanhas, Iconha tem como um dos principais atrativos turísticos a natureza, por suas cachoeiras, mata atlântica, que propiciam o agroturismo, destacando-se os sítios Tokaia do Vale e Vida e as cachoeiras Salto Grande e do Meio. Outra opção é a visita ao Alambique Cachaça Pedra D'Água e o voo livre na comunidade de Solidão.
Em Iconha está instalado o 'PIT' – Posto de Informação Turística da Rota da Costa e da Imigração.
Festa da Polenta: na comunidade de Solidão, interior do município, no princípio de maio. O destaque é o almoço típico italiano (polenta, macarrão, galinha, queijo, linguiça, vinho).
Festa do Padroeiro Santo Antônio: em junho. A festa começa com a trezena de Santo Antônio nas comunidades. E acontece um almoço comunitário. À noite, procissão, missa, shows e barraca com comidas típicas.
Festa Agropecuária de Iconha: com exposição de gado e cavalos, concurso leiteiro e de marcha, rodeios, shows e barracas de comes e bebes.
Festa dos Caminhoneiros: em julho. Essa festa, que dura cinco dias, só podia acontecer em Iconha, conhecida como a Capital dos Caminhoneiros do Espírito Santo, por ser a sede de grandes empresas de transportes e cargas, algumas delas com centenas de empregados. A festa atrai centenas de caminhoneiros e milhares de visitantes, com intensa programação de shows, torneios esportivos, atividades religiosas e dezenas de estandes com diversas marcas de veículos e peças, onde são vendidos dezenas de caminhões. O ponto alto da festa é a Missa dos Caminhoneiros, no domingo pela manhã, seguida da carreata dos caminhoneiros, mas a maior atração do evento é o bingo de um cavalo mecânico Scania 0 km, no último dia da festa.
Festa da Cultura Italiana: apresentação de corais e danças folclóricas italianas, missa celebrada e cantada em italiano, exposição dos objetos do museu da cultura italiana, desfile e eleição da garota italiana, comidas típicas e shows com cantores e bandas Italianas.
Festa de Emancipação do Município: em 11 de novembro. Shows, baile de gala, palestras relacionadas a história do município e exposição de fotos e outros objetos que fazem parte da história de Iconha.
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