Estação Ferroviária de Coimbra-B
estação ferroviária em Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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A estação ferroviária de Coimbra–B, originalmente denominada apenas de Coimbra, e popularmente chamada estação velha, é uma gare da Linha do Norte e do Ramal da Lousã, localizada na cidade e no município de Coimbra, em Portugal. A construção de uma gare ferroviária na Linha do Norte que servisse a cidade de Coimbra foi considerada prioritária durante o planeamento da linha,[4] tendo sido inaugurada em 10 de Abril de 1864.[5] É uma das duas estações principais na cidade, sendo a outra a estação de Coimbra ou Coimbra–A, situada no centro urbano.[6] O ramal entre estas duas estações entrou ao serviço em 18 de Outubro de 1885.[7]
Situa-se junto à Rua do Padrão, na freguesia de Eiras, concelho de Coimbra.[8]
A cidade de Coimbra é um dos principais centros urbanos servidos pela Linha do Norte, sendo um dos três pólos de comboios suburbanos naquele eixo.[9]
Esta interface apresenta seis vias de circulação, identificadas como I, II, III, IV, V, VII, e VIII, com comprimentos entre 196 e 374 m de extensão e acessíveis por plataformas com comprimentos entre 145 e 295 m de comprimento e alturas entre 40 e 95 cm; existem ainda quatro vias secundárias, identificadas como VI, G1, G2, e G3, com comprimentos de 130 a 428 m; destas últimas, a G1 e a G3 estão também eletrificadas.[3]
Esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de todas as suas tipologias (suburbano, regional, inter-regional, intercidades, e pendular), sendo ponto de paragem de todas as 342 circulações diárias que a frequentam.[carece de fontes]
Na década de 1840, o governo de Costa Cabral iniciou o primeiro impulso para o desenvolvimento dos transportes em Portugal, tendo uma empresa britânica apresentado, em 1845, várias propostas para linhas férreas em Portugal, incluindo uma de Alhandra ao Porto, passando por Coimbra.[10]
Posteriormente reiniciou-se o planeamento dos caminhos de ferro em território nacional, tendo-se novamente dado primazia às linhas que ligassem a capital ao Porto e à fronteira com Espanha.[11] No caso da Linha do Norte, que deveria ligar as duas principais cidades no país, Coimbra foi considerada como um ponto intermédio essencial, devido à sua importante posição como um centro económico, judiciário e administrativo, tendo o traçado da linha sido alterado de forma a melhor servir a cidade.[11]
Esta interface entrou ao serviço no dia 10 de Abril de 1864, com a denominação de Coimbra, como parte do lanço da Linha do Norte entre Estarreja e Taveiro.[12][5]
Após a inauguração, começaram a ser realizados serviços mistos, ligando Coimbra a Vila Nova de Gaia e Taveiro.[12]
Inicialmente, a Linha da Beira Alta foi planeada de forma a iniciar-se na estação de Coimbra, tendo os primeiros estudos, por Boaventura Vieira, feito a via férrea seguir pelo vale de Coselhas, passar a Portela de Santo António num túnel e depois continuar na direcção de Santa Comba Dão.[11] Posteriormente, o engenheiro Francisco Maria de Sousa Brandão elaborou um novo traçado, que fazia a linha sair em reversão da estação de Coimbra, e seguir depois para Miranda do Corvo.[11] Embora desta forma a construção da linha fosse mais dispendiosa, iria melhorar as ligações entre Coimbra e a Beira Alta, reforçando a sua importância como um centro regional.[11] Assim, uma lei de 26 de Janeiro de 1876 confirmou o início da Linha da Beira Alta na estação de Coimbra, mas devido a vários problemas com este traçado, o ponto de entroncamento com a Linha do Norte foi modificado para a Pampilhosa por uma lei de 23 de Março de 1878.[5] Em compensação, a empresa responsável pela construção daquela via férrea, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta, deveria instalar um ramal desde a Estação Velha até ao centro da cidade.[5]
No entanto, em 1882, esta obra ainda não tinha sido iniciada, devido a conflitos entre a Companhia da Beira Alta e o estado português.[5] Desta forma, os direitos para a construção e gestão do Ramal de Coimbra foram passados para a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1883,[11] que o inaugurou no dia 18 de Outubro de 1885.[5][13]
Durante a preparação do novo plano da rede ferroviária, em 1927, foi proposta a adaptação do Ramal da Lousã para bitola estreita, e a alteração do seu traçado até Coimbra–B, de forma a eliminar a sua passagem pelas ruas da cidade até à estação central.[11] Em Coimbra–B seria construída uma gare de via estreita, que serviria não só os comboios do Ramal da Lousã, mas também para as planeadas linhas de Penacova, até Santa Comba Dão, e de Cantanhede, até Aveiro, aproveitando o Ramal de Aveiro-Mar.[11] No Plano Geral da Rede Ferroviária, introduzido pelo Decreto 18:190, de 28 de Março de 1930, foram classificados os projectos para as duas linhas, mais a futura linha até Arganil pela Lousã.[14][15] No entanto, estes planos foram cancelados devido à crise dos caminhos de ferro em Portugal.[11]
Em 1934, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou obras de ampliação na estação de Coimbra–B.[16]
O troço entre Pombal e Coimbra–B foi adaptado à tracção eléctrica em Outubro de 1963, no âmbito de um programa de electrificação da Linha do Norte.[17] Em 17 de Outubro, o Conselho de Administração da C. P. autorizou que os comboios rebocados por locomotivas a vapor fossem substituídos por automotoras eléctricas, no lanço entre o Entroncamento e Coimbra.[18] O lanço seguinte da Linha do Norte, até à Pampilhosa, foi electrificado em 20 de Março de 1964.[18]
Em 7 de Dezembro de 1967, foram oficialmente terminadas as obras de instalação dos novos equipamentos de sinalização entre Coimbra e Pampilhosa, permitindo desta forma a circulação dos comboios com bloco automático até Aveiro.[18]
Na década de 1980, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses iniciou um programa para a modernização dos sistemas de sinalização e controlo de tráfego na Linha do Norte, tendo em 1989 sido lançado o primeiro concurso para a remodelação do bloco automático entre as estações de Coimbra B e Pampilhosa.[19]
Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a estação de Coimbra B contava com cinco vias de circulação, com comprimentos entre os 400 e 240 m; as plataformas tinham 223 a 297 m de extensão e 45 a 95 cm de altura[20] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[3] Em 2020, previa-se a nova alteração desta configuração.[3]
Em Dezembro de 2011, o Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários criticou as obras que então estavam em curso nesta estação, nomeadamente as alterações na passagem desnivelada na zona Sul.[21]
Em 18 de janeiro de 2023 é apresentado publicamente o Plano de Pormenor da Estação de Coimbra B, que vai ser "objeto de uma intervenção de profunda requalificação, no sentido de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos e de reforçar a sua centralidade" num processo que contará com o envolvimento do arquiteto catalão Joan Busquets i Grau.[22] Coimbra vai passar, então, a dispor dos serviços de alta velocidade diretamente da Estação de Coimbra B, uma decisão tomada no âmbito dos estudos realizados pela I.P. para a construção da nova Linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa.[necessário esclarecer][22]
Ainda havia uma neblina fria e húmida em toda a região, mas logo que abandonámos a terra baixa e penetrámos nos montes e bosques, o sol começou a mostrar-se. Na estação de Coimbra luzia ele com quentes raios meridionais, e que estes também brilhavam no povo era aí bem visível. Tão grande era a agitação, tal o ruído e o comportamento das pessoas tão selvático, que mais parecia o da gente de uma cidade napolitana. Os cocheiros das carruagens caíram virtualmente sobre nós e sobre as nossas coisas. [...] Foi uma verdadeira luta para conseguirmos entrar juntos numa carruagem.— Hans Christian Andersen, Uma Visita a Portugal em 1866, p. 72
"Fomos a até a Estação Velha — o Carlos e eu, e os três que seguiam no Correio para o sul. O comboio vinha atrasado — sinal da guerra, as máquinas movidas a lenha pareciam lesmas em cima de vidro. […] Os corretores dos hotéis anunciavam já Hotel Astória, Coimbra Hotel, Bragança, um mercadorias, quase de surpresa, entrava de Alfarelos, ainda trazia a cauda na ponte. O chefe, de bandeira debaixo do braço, saíra agora mesmo do telégrafo, o Correio já partira de Souzelas, estava a dar entrada. Nós cosidos aos poucos com as linhas de uma operação de grande cirurgia, tremíamos cá por dentro. Um vago soluço que a alma transportava não se sabe para onde, coisas que ficam para sempre a pairar na natureza, e que de vez a vez são trovoada. E tudo aquilo fora uma trovoada. O comboio da Lousã, encostado mesmo ali na plataforma em que iríamos embarcar de novo para a Babaouo, deitava vapor, aos esguichos, buffbuffbuff, de enevoar o pessoal; criava nuvens, que víamos passar longe, no destino dos que vão para a Lousã.
Houve mais conversa. Foram palavras de plataforma, iguais a todas as conversas de boa viagem, de já tens o bilhete, não percas tempo, de chegar atrasado, de escrever logo que a vida esteja arrumada. […]
O comboio com uma luz no focinho entrava na estação. Trazia a puxá-lo, uma máquina 500, com apito bem característico, lenha empilhada, e vendas de cada lado do bojo."— Ruben A., O Mundo à minha Procura (1964)
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(Serviços ferroviários pesados suburbanos e regionais de passageiros, na região de Coimbra) em operação • extinto em 2010
Linhas:
a R. Alfarelos •
f R. Figueira da Foz |
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