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espectro político Da Wikipédia, a enciclopédia livre
No espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica que normalmente aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou desejável.[1][2][3][4] Esta postura política geralmente justifica esta posição com base no direito natural e na tradição.[4][5][6][7][8]
O termo "direita" tem sido usado para se referir a diferentes posições políticas ao longo da história. Os termos "política de direita" e "política de esquerda" foram cunhados durante a Revolução Francesa (1789–1799), e referiam-se ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês; os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar foram amplamente favoráveis ao antigo regime, o Ancien Régime.[9][10][11][12]
A original Direita na França foi formada como uma reação contra a Esquerda e era composta por políticos que defendiam a hierarquia, a tradição e o clericalismo.[13] A utilização da expressão la droite (a direita) tornou-se proeminente na França após a restauração da monarquia, em 1815, quando la droite foi aplicada para descrever a ultramonarquia.[14] Em países de língua inglesa, o termo não foi utilizado até ao século XX, quando passou a descrever discretamente a posição que políticos e ideólogos defendiam no plano de governo que apresentavam[15].
Os termos "esquerda" e "direita" apareceram durante a Revolução Francesa de 1789, quando os membros da Assembleia Nacional dividiam-se em partidários do rei à direita do presidente e simpatizantes da revolução à sua esquerda. Um deputado, o Barão de Gauville explicou:
No entanto, a direita se pôs contra a disposição dos assentos, porque acreditavam que os deputados devessem apoiar interesses particulares ou gerais, mas não formar facções ou partidos políticos. A imprensa contemporânea, ocasionalmente, usa os termos "esquerda" e "direita" para se referir a lados opostos ou que se opõem.[16] Ao longo do século XIX na França, a principal linha divisória de Esquerda e Direita foi entre partidários da República e partidários da Monarquia.[12]
O conceito de direita "varia entre sociedades, épocas históricas, sistemas políticos e ideologias".[17] De acordo com o The Concise Oxford Dictionary of Politics, nas democracias liberais, a direita política se opõe ao socialismo e à social-democracia. Os partidos de direita incluem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas,[18] e os da extrema-direita incluem nacional-socialistas e fascistas.[18]
Houve críticas consideráveis sobre a redução da política num simples eixo esquerda-direita. Friedrich Hayek sugere que é errado ver o espectro político como uma linha, com os socialistas à esquerda, os conservadores à direita e os liberais no meio. Ele posiciona cada grupo, no canto de um triângulo.[19]
Eatwell e O'Sullivan dividem a Direita em cinco tipos: 'reacionária', 'moderada', 'radical', 'extrema', e 'nova'.[20] Cada um destes "estilos de pensamento" são vistos como "respostas para a esquerda", incluindo tanto o liberalismo e o socialismo, que surgiram desde a Revolução Francesa de 1789.[21]
O cientista político francês René Rémond propôs (em Les Droites en France),[27] sobretudo a pensar no seu país, uma classificação tripartida:
Jaime Nogueira Pinto sugere uma divisão entre "direita conservadora" e "direita revolucionária": a primeira (exemplos: o conservadorismo anglo-saxônico, a democracia-cristã europeia, grande parte das antigas ditaduras militares sul-americanas) defende a preservação de valores intemporais (fruto da revelação religiosa ou da consagração pela história) e equilíbrios sociais contra a ideia de ser possível criar uma sociedade melhor a partir de projetos teóricos e racionalistas; já a segunda (exemplos: bonapartismo, boulangismo, fascismo, peronismo, nasserismo) orienta-se por projetos de transformação social (ainda que distinto dos da esquerda), frequentemente de conteúdo nacionalista, interclassista e caudilhista.[28]
Outros autores fazem uma distinção entre a centro-direita e a extrema-direita.[29] Partidos da centro-direita em geral apoiam a democracia liberal, o capitalismo, a economia de mercado (embora possam aceitar a regulamentação do governo para controlar monopólios), os direitos a propriedade privada e um estado de bem-estar público limitado (p. ex., o fornecimento pelo governo de educação e assistência médica). Eles apoiam o conservadorismo, e o liberalismo econômico, e opõem-se ao socialismo, e ao comunismo. O termo extrema-direita, pelo contrário, é usado para descrever aqueles que são a favor de um governo absolutista, que usa o poder do Estado para apoiar um grupo étnico ou religião dominante e assim criminalizar outras etnias ou religiões.[30][31][32][33][34] Exemplos típicos de líderes a quem o rótulo extrema-direita é freqüentemente aplicado são Francisco Franco, na Espanha, e Augusto Pinochet, no Chile.[35][36][37][38][39]
A respeito da diversidade de posições consideradas de direita, o conservador norte-americano Thomas Sowell considera que:
Na França, após a Revolução Francesa, a Direita lutou contra o crescente poder dos que enriqueceram através do comércio e procurou preservar os direitos da nobreza hereditária. Eles estavam desconfortáveis com o capitalismo, com o Iluminismo, com o individualismo, e com o industrialismo, e lutaram para manter as hierarquias sociais e instituições tradicionais.[9][41]
No século XIX, a Direita mudou e passou a apoiar o novo-rico em alguns países europeus, especialmente na Inglaterra, em vez de favorecer a nobreza em detrimento dos industriais, e favorecer os capitalistas sobre a classe operária (ver: Modernização conservadora). Outras correntes de direita no continente, como Carlismo, na Espanha, e movimentos nacionalistas, na França, Alemanha, e Rússia, mantiveram-se hostis ao capitalismo e ao industrialismo. Há ainda alguns movimentos de direita hoje, nomeadamente o francês Nouvelle Droite (nova direita), CasaPound, e americanos paleoconservadores, que muitas vezes se opõem à ética capitalista, e aos efeitos que têm na sociedade como um todo, o que eles veem como infringidor ou causador da decadência das tradições sociais ou hierarquias que veem como essencial para a ordem social (ver: Anticapitalismo).[42]
"Nova Direita" é um termo criado pela esquerda francesa[43] e usado em vários países para descrever políticas ou grupos de direita. Também tem sido usado para classificar partidos políticos surgidos na Europa Oriental após o colapso da União Soviética e dos regimes comunistas de inspiração soviética.[44]
Alt-right (direita alternativa) é uma linha de pensamento que surge como uma alternativa ao atual modelo conservador estadunidense.[45] Milo Yiannopoulos, apontado como um dos representantes desta corrente[46], afirma que alguns "jovens rebeldes" são atraídos para a direita, não por razões profundamente políticas, mas "porque isto promete diversão, transgressão e desafio às normas sociais".[47]
Nos tempos modernos, o termo "direita" é, por vezes, utilizado para descrever capitalismo laissez-faire, embora isso não seja uma definição precisa. Na Europa, os burgueses formaram alianças com a direita durante seus conflitos com os trabalhadores após 1848. Na França, o apoio da direita ao capitalismo pode ser rastreado ao final do século XIX.[12] A chamada direita neoliberal, popularizada por Ronald Reagan e Margaret Thatcher, combina o suporte ao mercado livre, a privatização, e a desregulamentação, com apoio da direita tradicional para a conformidade social.[7] Liberalistas de direita suportam uma economia descentralizada baseada em liberdade econômica, e afirmam que os direitos à propriedade, ao mercado livre, e ao livre comércio, como as formas mais importantes de liberdade. Russell Kirk acreditava que a liberdade e o direito a propriedade eram interligados.[48] Anthony Gregory escreveu que o liberalismo de direita, "pode se referir a qualquer número de variáveis e, por vezes, as orientações políticas que se excluem mutuamente". Ele sustenta que a questão não é ser de direita ou de esquerda, mas "se uma pessoa vê o Estado como um grande perigo ou apenas outra instituição a ser reformada e dirigida para um objetivo político".[49]
Os conservadores autoritários e os de extrema-direita têm apoiado fascismo e corporativismo.[42]
Na França, o nacionalismo foi originalmente uma ideologia republicana e de esquerda.[50] Depois do período de boulangismo, e do Caso Dreyfus, o nacionalismo tornou-se uma característica da ala-direita.[51] Nacionalistas de direita procuraram definir e defender a "verdadeira" identidade nacional a partir de elementos que consideraram ter corrompido essa identidade.[12] Alguns eram nacionalistas étnicos, o que, de acordo com o darwinismo social, aplicavam o conceito de "sobrevivência do mais apto" para nações e raças.[52] O nacionalismo de direita foi influenciado pelo nacionalismo romântico, em que o Estado deriva sua legitimidade política da unidade orgânica daqueles que governa. Isto inclui, geralmente, a língua, a raça, a cultura, a religião e os costumes da "nação", as quais "nasceram" dentro de sua cultura. Articulado com o nacionalismo de direita, está o conservadorismo cultural, que apoia a preservação do patrimônio de uma nação ou cultura e, muitas vezes, vê desvios de normas culturais como uma ameaça existencial.[53]
Política de direita, geralmente, justifica uma sociedade hierárquica, com base na lei da natureza ou tradições.[4][5][6][7][8]
O tradicionalismo foi defendido por um grupo de professores universitários dos EUA (chamados de "neoconservadores", pela imprensa popular) que rejeitaram os conceitos de individualismo, liberalismo, modernidade, progresso social, e procuravam, ao invés disso, promover o que eles identificavam como renovação cultural e educacional[54], além de um interesse reavivado ao que T. S. Eliot referia-se como "coisas permanentes" (conceitos percebidos pelos tradicionalistas como verdades que perduram de geração em geração ao lado de instituições básicas da sociedade ocidental, como a igreja, a família, o Estado e a vida da comunidade).
O termo "valores familiares" tem sido usado como um chavão por partidos de direita, como o Partido Republicano, nos Estados Unidos, o Family First Party, na Austrália, o Partido Conservador no Reino Unido, e o Bharatiya Janata Party, na Índia, para descrever o apoio a famílias tradicionais e oposição a mudanças do mundo moderno na forma como as famílias vivem. Partidários de direita de "valores da família" podem opor-se a aborto, eutanásia, homossexualidade, e adultério.[55]
O populismo de direita é uma combinação de etnonacionalismo com o antielitismo, usando uma retórica populista para fornecer uma crítica radical das instituições políticas existentes. De acordo com Margaret Canovan, um populista de direita é:
Na Europa, o populismo de direita muitas vezes toma a forma de desconfiança em relação à União Europeia, e dos políticos em geral, combinado a uma retórica anti-imigração, e uma chamada para um retorno aos valores tradicionais e nacionais.[57]
O apoio de um governo para uma religião estabelecida era associado ao original conceito francês de "direita".[58] Joseph de Maistre argumentou a autoridade indireta dos Papas sobre questões temporais. De acordo com Maistre, apenas os governos fundados sobre a constituição cristã, implícita nos costumes, e instituições de todas as sociedades europeias, mas sobretudo em monarquias católicas europeias, poderiam evitar a desordem e o derramamento de sangue que se seguiu da implementação de programas políticos racionalistas, como na Revolução Francesa. A Igreja da Inglaterra foi criada por Henrique VIII. Alguns clérigos têm cadeiras na Câmara dos Lordes, mas são considerados politicamente neutros, em vez de definidos de direita ou esquerda.
A política de direita envolve, em graus variados, a rejeição de objetivos igualitários da política de esquerda, alegando que a desigualdade econômica é natural e inevitável, ou que é até mesmo benéfica para a sociedade.[59] As ideologias de direita, e seus movimentos, apoiam a ordem social. A original francês direita foi chamada de "o partido da ordem", e considerava que a França precisasse de um forte líder político para manter a ordem.[12]
O conservador estudioso britânico R. J. White, que rejeita o igualitarismo, escreveu:
O conservador norte-americano Russell Kirk também rejeita o igualitarismo como imposição de mesmice, afirmando:
Ele tomou como um dos "cânones" do conservadorismo o princípio de que a "sociedade civilizada exige ordens e classes".[48] Os liberalistas de direita rejeitam a igualdade coletiva ou imposta pelo Estado por prejudicialmente recompensar o mérito pessoal, a iniciativa, e o espírito empreendedor[60] (ver: Meritocracia). Na sua opinião, é injusto, limita a liberdade pessoal, e leva a uniformidade social e mediocridade.[60]
Alguns autores, como Erik von Kuehnelt-Leddihn ("Liberty or Equality"[61] e "Leftism, From de Sade and Marx to Hitler and Marcuse"[62]), e Anthony James Gregor, argumentam que o nacional-socialismo, e o fascismo, são de esquerda[63] (ver: Comparação entre nazismo e stalinismo), baseando-se na política econômica centralmente planejada, característica de tais regimes. No entanto, diversos regimes tradicionalmente situados na direita política apresentaram economias planejadas ou fortemente estatizadas, como a atual economia da Arábia Saudita, e algumas ditaduras latino-americanas.[64][65][66] Os integralistas brasileiros (grupo que esposa valores evidentemente "direitistas") defendiam a economia planificada.[67]
A partir do século XX, o termo extrema-direita passou também a ser utilizado por alguns para o fascismo, bem como para grupos ultranacionalistas. Há um considerável consenso a respeito do caráter de extrema-direita dos fascismos ocidentais.[68][69] Benito Mussolini, líder do fascismo italiano, declarava-se de direita.[70] Alguns autores argumentam que os regimes totalitaristas do século XX, eram de esquerda, devido à economia planejada[62], característica, segundo os autores, de tais regimes. Essa tese tem pouco crédito perante o consenso acadêmico[71][72][73][74], embora os especialistas concordem que a definição do fascismo no espectro político é complexa.[75][76][77][78][79] Estudiosos, como Emilio Gentile[80], classificam o fascismo como um sincretismo ideológico.[81][82]
Pesquisa Datafolha divulgada em 04 de junho de 2022 revela que 34% do eleitorado brasileiro se define como sendo de direita, 17% de centro e 49% de esquerda.[83]
No país há políticos que se identificam pertencentes à direita, como Jair Bolsonaro e seus filhos, Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, do PL e Republicanos respectivamente, Onyx Lorenzoni Também do PL, Denise Abreu do Patriota, e Demóstenes Torres (sem partido).[84][85][86][87] Em 2016, os dois únicos partidos que se declararam abertamente de direita no Brasil foram o PRTB[88] e o PSC.[89] O Partido Novo.[90][91] homologado em 2015, também é frequentemente identificado com a direita, dada a ideologia economicamente liberal, e sua defesa da intervenção mínima do Estado na sociedade,[92] apesar de não se declarar como direitista.[93] Também há a volta de movimentos conservadores, como a Frente Integralista Brasileira (FIB), que reivindica a herança da extinta Ação Integralista Brasileira,[94] dentre alguns outros, além daqueles que podem ser classificados como centro-direita.
Segundo uma pesquisa nacional da UDP , em 2007, 17% dos chilenos se identificaram com a direita, 15% com a esquerda, 28% com o centro e 40% dos entrevistas não se identificaram com nenhuma orientação política específica.[95]
Segundo o instituto de pesquisa Gallup, 41% dos americanos se identificam como conservadores (Direita), 36% como moderados, e 21% como liberais.[96]
Segundo pesquisa da fundação Friedrich Ebert 62% dos jovens israelenses (de 15 a 24 anos) se consideram de direita, contra 25% de indecisos e 12% de esquerdistas.[97]
O Partido Conservador e Unionista (em inglês: Conservative and Unionist Party), comumente conhecido como Partido Conservador (Conservative Party), é um partido político conservador do Reino Unido associado à direita política. Os primeiros ministros do partido conservador britânico estiveram à frente do governo durante 57 anos do século XX. [98][99]
O Partido Liberal, era visto como um partido mais ao centro, o seu sucessor o Partido Liberal Democrata é um partido de centro-esquerda e o quarto maior partido do Reino Unido (terceiro de Inglaterra, e quarto da Escócia, quinto do País de Gales e não existindo na Irlanda do Norte), e manteve uma coligação política de centro-direita com o partido Conservador, entre 2011 e 2015.[100]
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