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O centrismo na política, dentro do conceito da existência de uma esquerda e direita, é a posição de quem se encontra no centro do espectro ideológico. Para alguns, há apenas duas posições políticas: a de esquerda e a de direita. Porém, além dessa dicotomia há a visão centrista, que é utilizada pelos moderados. Vertentes do liberalismo se encaixam no centro uma vez que defendem pontos de vista considerados de esquerda por quem é da direita tradicional e por defenderem pontos de vistas considerados de direita pela esquerda tradicional.
Um partido político ou indivíduo ideologicamente centrista não defende nem capitalismo nem socialismo absolutos, mas vê a necessidade de conciliar capitalismo com atenção a carências sociais numa democracia, podendo ser mais culturalmente liberal. Na visão da política de centro, não deve haver extremismos ou intransigências na sociedade. Os seus principais valores são: oposição ao radicalismo sustentado pelo equilíbrio que cria a tolerância que defende a coexistência pacífica.[1] Entretanto, há partidos e políticos que se descrevem ou são descritos como "centristas" por serem sincréticos ou, de fato, fisiologistas.
O eleitorado pode se identificar com centristas por uma série de razões, como por exemplo pragmatismo, chegando a ser sugerido que eleitores votam em partidos centristas por razões puramente estatísticas.[2]
Também existem outras posições derivadas do centro, como a centro-esquerda e a centro-direita, mas, como os seus nomes indicam, a primeira pertence ao espectro da esquerda política e a segunda ao da direita política.
O primeiro partido de centro foi o alemão Partido do Centro Alemão, que começou em 1848 no parlamento de Frankfurt, de inspiração católica. Se manteve e resistiu ao nazismo, estando na base da democracia cristã do pós-guerra. A partir de 1917, o Centro Católico Português adotou uma postura considerada centrista, se afastando quer dos monárquicos, à direita, quer dos republicanos e sugerindo que os católicos acatassem as regras do jogo democrático da Primeira República. Determinados grupos democratas-cristãos franceses retomaram a designação e, por meio de Jean Lecanuet, criaram o Centro dos Democratas Sociais (em francês: Centre des Democrates Sociaux, CDS), o que motivou os portugueses Diogo Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa a fundarem em julho de 1974, o Partido do Centro Democrático e Social. Na Espanha, o líder da transição para a democracia, Adolfo Suárez, liderou nas eleições de 1977 e de 1979 a União de Centro Democrático.[3]
Tradicionalmente, o termo "centrismo" tem uma conotação de ter uma posição vaga e carecer de princípios[4] ou fundamentos filosóficos, além de basear-se, na melhor das hipóteses, na busca por acordos baseados na crença (racional ou não) na "boa-fé" kantiana[5] ou na virtude supostamente inerente ao meio-termo aristotélico.
Por esse ângulo, o centro é comumente visto como uma posição política típica da democracia representativa, que é caracteriza como uma ideologia carente de concepções dogmáticas dos indivíduos,[6][7] da sociedade e de ordem política, e com posições que para alguns podem parecer elitistas.[8]
Essa percepção é questionada por pensadores estadunidenses como Alvin Goldman, Alvin Plantinga, Ernest Sosa e Linda Trinkaus Zagzebski que, baseados na filosofia analítica, buscam resolver o que veem como falsos dilemas por meio do encontro do "terceiro excluído".[9] Daí surgem posições como o "centro radical", concebido considerando que a afirmação simultânea de que os princípios dos extremos políticos não só não é contraditória/utópica, mas é um ato válido para a virtude epistêmica que permite superar aparentes dicotomias como, por exemplo, "ou socialismo ou capitalismo". Assim, por exemplo, um centrista pode alegar que tanto a cooperação do socialismo quanto a competição do capitalismo são necessárias para o desenvolvimento econômico, a fim de produzir uma solução que encoraje o capital e a classe trabalhadora a produzirem em harmonia a riqueza necessária.
Posições favoráveis à conciliação dos princípios da liberdade e da igualdade também podem ser identificadas no "Liberalismo de Centro",[10] por meio de livros como Political Liberalism e A Theory of Justice de John Rawls, tendo o último revigorado o estudo da filosofia política normativa nas universidades anglo-americanas.
Atualmente no Brasil, a maior parte dos partidos se posiciona como centristas por integrarem o Centrão.[11] Porém, há partidos ideologicamente centristas, a exemplo do Cidadania ou do PV.
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