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gênero de mídia da ficcção que representa relações homoeróticas entre personagens masculinos Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Yaoi (em japonês: やおい, [ja.o.i]), também conhecido pela denominação wasei-eigo; boys' love (ボーイズ ラブ bōizu rabu?) e sua abreviação BL (ビーエル bīeru?); é um gênero de mídia fictícia com origem no Japão que tem como foco relações homoeróticas e/ou homoafetivas entre dois homens. É, geralmente, criado por mulheres e destinado a mulheres e se diferencia das publicações feitas para homens gays, embora também possa ser feito por homens e atrair um público masculino. O termo pode se referir a tipos variados de mídia asiáticas, tais como mangás, animes, filmes, séries de televisão, vídeo games e romances.
O gênero tem suas origens nos anos 1970, como um sub-gênero dos mangás shōjo, ou seja, feitos para garotas. Vários termos foram aplicados a esse gênero emergente, tais como shōnen-ai (少年愛), tanbi (耽美) e june (ジュネ, [d͡ʑu͍ ne]). O termo yaoi surgiu no começo dos anos 1980 no contexto da cultura dos mangás dōjinshi (同人誌, auto-publicados) como uma aglutinação dos termos yama nashi, ochi nashi, imi nashi ("sem clímax, sem razão, sem sentido"), um termo auto-derrogatório para se referir às obras que focavam tanto no sexo que não possuíam enredo ou desenvolvimento dos personagens e que, na maioria das vezes, parodiavam os mangás e animes mais conhecidos ao trazer os personagens masculinos em situações sexuais. Mais tarde, nos anos 1990, o termo "boys' love" começou a ser utilizado para se referir aos romances entre homens feitos para o público feminino.
Conceitos e temas associados com o yaoi incluem personagens andróginos, conhecidos como bishōnen, inexistência ou a falta de personagens femininas, narrativas que enfatizam a homossocialidade e desenfatizam a homofobia; e representações de estupro. Uma característica definitiva do yaoi é a prática de dispor casais de acordo com seus papéis de seme, ou ativo, e uke, ou passivo. O yaoi tem uma presença global robusta, tendo se popularizado desde os anos 1990 através da distribuição oficial da cultura popular japonesa, assim como pela circulação de obras não-oficiais feitas pelos fãs. As obras, a cultura e o fandom do yaoi têm sido estudados e debatidos por acadêmicos e jornalistas em todo o mundo.
Na pronúncia japonesa fiel, todas as três vogais são pronunciadas separadamente (apesar disso, é frequentemente escutado mundo afora com apenas duas sílabas, IPA: [jaˈoi̯]). A pronúncia mais correta em português seria pois [ja.oˈi], ou "iaoí" (a sílaba tônica é a última vogal), com a versão aberta ou fechada da letra "o" mas jamais a reduzida [u]. Entretanto, nenhuma dessas regras é estrita, com muitas pessoas não dando devida atenção a detalhes muito mais importantes da pronúncia da língua japonesa na hora de usar empréstimos dela oriundos.
As letras em japonês formam o acrônimo da frase 「ヤマなし、オチなし、意味なし」 (yama nashi, ochi nashi, imi nashi), que é traduzido para o português como "Sem clímax, sem resolução, sem significado", ou como a frase de efeito "Sem pico, sem ponto, sem problema.", apesar do termo não ser usado dessa maneira.
O termo parece ter sido originalmente usado no Japão por acaso por volta dos anos 80 para descrever dōjinshis amadoras.[1]
No final da década de 1980, houve um aumento significativo de trabalhos envolvendo paródias de mangás publicados em formato de dōjinshis, que são conhecidas por serem revistas amadoras de publicação independente.[2] A “explosão” desses mangás amadores ocorreu principalmente pela alta popularidade do anime Shōnen com temática esportiva Capitão Tsubasa no ano de 1985. Logo em seguida, animes e mangás de renome como Saint Seiya, Tenkuu Senki Shurato, Yoroiden Samurai Trooper e Ginga Eiyuu Densetsu também se tornaram objeto de intensa “yaoi-ização”, ou seja, aumentou ainda mais a produção e venda de dōjinshis no Japão.[3]
Acredita-se que o termo foi criado por Yasuko Sakata e Akiko Hatsu ainda nos anos 80,[4][5] ambas artistas que participaram do Year 24 Group, movimento responsável por revolucionar a demografia Shōjo. Inicialmente o termo era usado de maneira depreciativa e irônica, já que na época as histórias deste novo gênero eram inicialmente escritas por autoras amadoras e aspirantes à mangakás.[3]
Com o passar dos anos, o Yaoi ganhou características próprias e histórias mais complexas. Além disso, no começo dos anos 2000 surgiram diversas revistas especializadas em publicar tais mangás, fazendo com que a palavra Yaoi se tornasse inadequada como um termo comercial. Como substituição, a demografia passou a ser nomeada como "Boys Love", se tornando a nomenclatura mais utilizada no Japão e no mundo. Ademais, era desconfortável utilizar Yaoi para se referir histórias com origem sul-coreana ou tailandesa, por exemplo, já que Yaoi é uma palavra com característica japonesa muito forte.[6]
“Seme” (“semeru” 攻め) é escrito com o kanji que significa “ataque” (攻める), ou seja, o personagem “Ativo” e “Uke” (“ukeru”, 受け) é escrito com o kanji que significa “receba” (受ける), ou seja, o personagem “Passivo” de uma relação. Inicialmente, esses termos eram usados em artes marciais e que foram apropriados por artistas de dōjinshis para descrever os papéis sexuais dos personagens. Já o “Riba” (“Ribā”, リバ) é escrito em katakana, pois é a abreviação de “reversível”, usado para indicar casais com papéis sexuais que não são estritamente definidos, "Riba" é amplamente usado na indústria de dōjinshis.[7]
Atualmente, embora os termos “Seme” e “Uke” sejam usados com muita frequência na indústria de BL e doujinshi no Japão, muitos fãs também utilizam outros termos para descrever os papéis dos personagens em um relacionamento. Alguns usam as palavras “tachi” (タチ) e “neko” (ネコ), ativo e passivo respectivamente, e nos últimos anos também pode-se encontrar os termos “hidari” (左) e “migi” (右) para se referir aos papéis não-sexuais entre os personagens em um relacionamento.[7]
O termo Shōnen-ai foi exportado para ocidente com um erro de tradução, o que originou o senso comum de que “Shounen-ai é um gênero que refere-se aos mangás sem cenas sexuais” e “Yaoi é um gênero que refere-se aos mangás com cenas sexuais”. Na realidade, o Shōnen-ai é um termo utilizado para se referir aos primeiros mangás Shōjo com temática homoafetiva nos anos 70. As pioneiras do Shōnen-ai foram Moto Hagio (também conhecida como a pioneira do “Shōjo moderno”) e Keiko Takemiya.[8]
O Shōnen-ai geralmente tinha como características a presença de jovens garotos bishounen, ou seja, adolescentes de boa aparência, e a descoberta do amor romântico. Nunca foi especificado que tipo de amor era, mas certamente não se limitou ao relacionamento heteronormativo dominante na época.[9] O termo chegou ao ocidente com a tradução literal “Amor entre garotos”, mas na verdade, no Japão Shōnen-ai tem um significado próximo à palavra Pederastia, por conta do significado inapropriado para se referir às histórias com relacionamento entre homens e da bagagem íntima com o Shōjo, a palavra foi substituída algumas vezes, até que o termo “Boys Love” foi o mais adequado.
Não se sabe ao certo como a nomenclatura Boys Love surgiu, mas acredita-se que o slogan “BOYS LOVE COMIC” da revista “IMAGE” em 1991 deu origem à expressão Boys Love (ou apenas “BL”). Os responsáveis pela revista também pensaram que outras palavras como "JUNE", "tanbi" e "yaoi" não eram suficientes para descrever o conteúdo da revista, que enfatizava o enredo ao invés dos elementos sexuais, porém, eles não imaginavam a proporção que chegaria o BL, que passou a ser usado como termo oficial. Apesar de “Boys Love” não ter sido a primeira nomenclatura para descrever o conteúdo homoafetivo em mangás, foi ela que ganhou espaço em revistas comerciais no Japão, sendo um termo para se referir aos trabalhos profissionais de mangakás. Além disso, o “Boys Love” tornou-se popular em países como Coreia do Sul, Tailândia, Estados Unidos e entre outros.[6]
Apesar da popularidade da palavra, na China houve resistência e utiliza-se a palavra Danmei em alternância com Boys Love.[6]
A maior parte dos mangakás de Boys Love começaram sua carreira produzindo dōjinshis com o gênero romance que envolvem casais não-oficiais. Algumas artistas famosas são:
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