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O vale de Caxemira (em inglês: Kashmir Valley ou Vale of Kashmir) é um vale na parte da região histórica de Caxemira administrada pela Índia. É uma das divisões administrativas do território da União de Jamu e Caxemira. Faz parte da bacia hidrográfica do rio Jhelum (um afluente do Chenab) e é limitado a sudoeste pela cordilheira do Pir Panjal e a nordeste pelos Himalaias Ocidentais. Tem 15 948 km² de área, aproximadamente 135 km de comprimento e 32 km de largura. Com uma altitude média de 1 620 m, a generalidade das montanhas que rodeiam o vale têm altitudes entre os 3 600 e os 4 800 m,[4] culminando no Machoi a 5 458 m. A capital e cidade mais importante é Srinagar.
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região geográfica • divisão administrativa | ||||
Vista panorâmica de Srinagar | ||||
Apelido(s) | `Peer Waer´ (Terra de Sufis Santos)[1] | |||
Gentílico | caxemire (kashmiri; کوٗشُر) | |||
Localização | ||||
Mapa de Caxemira com o vale de Caxemira assinalado a laranja | ||||
Localização do vale de Caxemira na Índia | ||||
Coordenadas | 34° 02′ N, 74° 40′ L | |||
País | Índia | |||
Território | Jamu e Caxemira | |||
Administração | ||||
Capital | Srinagar | |||
Características geográficas | ||||
Área total [2] | 15 948 km² | |||
População total (2011) [3] | 6 907 622 hab. | |||
Densidade | 433,1 hab./km² | |||
Altitude [4] | 1 620 m | |||
Altitude máxima | 5 458 m |
A Divisão de Caxemira é confrontada a sul com a Divisão de Jamu, com o Ladaque a leste e com as regiões de Caxemira administradas pelo Paquistão e reclamadas pela Índia a oeste e a norte. A fronteira de facto entre os dois países em Caxemira é chamada Linha de Controlo (LoC).[5] A divisão é composta pelos distritos de Anantnag, Badgam, Baramulla, Bandipore, Ganderbal, Kulgam, Kupwara, Pulwama, Shupiyan e Srinagar.
Na primeira metade do 1.º milénio a.C., a região de Caxemira tornou-se um centro importante do hinduísmo e, mais tarde, do budismo. Ainda mais tarde, no século IX d.C., surgiu o xivaísmo caxemire.[6] Em 1339, Xá Mir tornou-se o primeiro governante muçulmano de Caxemira, fundando a dinastia homónima (também chamada Salatin-i-Kashmir ou Dinastia Swati, uma designação também aplicada à dinastia que reinou em Deli). Nos cinco séculos seguintes, Caxemira foi governada por monarcas muçulmanos.[7]
Entre 1526 e 1747, fez parte do Império Mogol, que só perdeu o controlo da totalidade da região em 1751. Entre 1747 e 1820 fez parte do Império Durrani do Afeganistão, que perderam o território para Ranjit Singh, o fundador do Império Sique.[7] Em 1846, na seuquência da derrota dos siques na Primeira Guerra Anglo-Sique e da compra da região pelos britânicos formalizada no Tratado de Amritsar, o rajá dogra de Jamu, Gulab Singh, tornou-se o governante do então criado estado principesco de Jamu e Caxemira, o qual foi governado pelos seus descendentes, sob a suserania britânica, até 1947. Nesse ano, o marajá de Jamu e Caxemira, Hari Singh, incapaz de lidar com uma rebelião nos seus distritos ocidentais e a uma invasão pelas tribos pachtuns instigadas pelo Domínio do Paquistão,[8] juntou-se ao Domínio da Índia assinando o Instrumento de Acessão. Subsequentemente, o marajá transferiu o poder para um governo popular encabeçado por Sheikh Abdullah.[8]
A integração do estado principesco de Caxemira na Índia é o fulcro do conflito que perdura até à atualidade entre a Índia e o Paquistão, que já originou quatro guerras declaradas, a primeira delas em 1947 e inúmeros confrontos militares ocasionais. Os territórios da Caxemira histórica estão atualmente divididos entre a Índia, Paquistão e China (que tomou o controlo do Aksai Chin em 1962 e recebeu do Paquistão o vale de Shaksgam). Contudo, todo o vale de Caxemira é exclusivamente controlado pela Índia, constituindo cerca de 16% da área do antigo estado de Jamu e Caxemira, ou seja, da área sob controlo indiano.
O grupo étnico maioritário no vale de Caxemira é o dos caxemires, cuja língua materna é o caxemira (ou caxemíri). Entre os grupos etno-linguísticos destacam-se os gurjares e os bakarwales, que vivem sobretudo nas montanhas. A esmagadora maioria da população (97,16% em 2011) é muçulmana. Em 2011, os hindus constituíam 1,84% da população, os siques 0,88% e os budistas 0,11%.[9]
As principais línguas no vale são o caxemira e o urdu, sendo esta última a língua oficial. Muitos dos falantes destas línguas também sabem e usam o inglês como segunda língua.[10]
Número de habitantes e áreas dos distritos do vale de Caxemira [2][3] | ||||||
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Distrito | Capital | Área (km²) | N.º habitantes (2001) | N.º habitantes (2011) | Var.º população | Densidade em 2011 (hab./km²) |
Anantnag | Anantnag | 3 984 | 734 549 | 1 069 749 | 45.63% | 268,5 |
Badgam | Badgam | 1 371 | 629 309 | 755 331 | 20.03% | 550,9 |
Bandipore | Bandipore | 345 | 316 436 | 385 099 | 21.7% | 1 116,2 |
Baramulla | Baramulla | 4 588 | 853 344 | 1 015 503 | 19% | 221,3 |
Ganderbal | Ganderbal | 1 045 | 211 899 | 297 003 | 40.16% | 284,2 |
Kulgam | Kulgam | 410 | 437 885 | 423 181 | -3.36% | 1 032,1 |
Kupwara | Kupwara | 2 379 | 650 393 | 875 564 | 34.62% | 368 |
Pulwama | Pulwama | 1 398 | 441 275 | 570 060 | 29.18% | 407,8 |
Shupiyan | Shupiyan | 312 | 211 332 | 265 960 | 25.85% | 852,4 |
Srinagar | Srinagar | 2 228 | 990 548 | 1 250 173 | 26.21% | 561,1 |
Srinagar é a maior cidade e a capital da região. Outras cidades importantes são Handwara (no distrito de Kupwara; 269 311 habitantes em 2011), Baramulla (167 986 hab.), Sopore (no distrito de Baramulla; 118 608 hab.), Anantnag (108 505 hab.), Kupwara (21 711 hab.) e Shupiyan (ou Shopian; 16 360 hab.).
Os principais partidos da região são o Jammu & Kashmir National Conference (JKNC), o Jammu and Kashmir Peoples Democratic Party (JKPDP ou PDP) e o Partido do Congresso Nacional (INC ou Congresso).[carece de fontes] Srinagar é a capital do território da União de Jamu e Caxemira. A mudança anual do vale para Jamu no inverno é marcada por uma grande cerimónia chamada Darbar Move.[11]
Gráfico climático para Srinagar | |||||||||||
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J | F | M | A | M | J | J | A | S | O | N | D |
48
7
-2
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68
8
-1
|
121
14
3
|
85
21
8
|
68
25
11
|
39
30
15
|
62
30
18
|
76
30
18
|
28
27
12
|
33
22
6
|
28
15
1
|
54
8
-2
|
Temperaturas em °C • Precipitações em mm Fonte: Observatório de Hong Kong [12] |
O vale tem um clima relativamente ameno, em grande parte devido à sua localização geográfica, com a imponente cordilheira do Caracórum a norte, o Pir Panjal a sul e oeste e a cordilheira do Zanskar a leste.[13] Em geralmente é fresco na primavera e outono, ameno no verão e frio no inverno. Devido à sua extensão e diferenças geográficas entre os vários distritos, as áreas montanhosas tendem a ser mais frias do que as áreas mais baixas e planas.
O verão é usualmente ameno e relativamente seco, mas a humidade relativa é geralmente alta e as noites são frescas. Todos os meses ocorre precipitação e não nenhum mês especialmente seco. O mês mais quente é julho, quando as temperaturas médias mínimas e máxiams são, respetivamente, 16 °C e 32 °C. Os meses mais frios são dezembro e janeiro, quando as temperaturas médias variam entre -15 °C e 0 °C. Os recordes de temperatura registados são 33 °C e −18 °C.[carece de fontes]
Embora comparativamente com outras regiões de planície da Índia o vale de Caxemira tenha um clima mais moderado, as condições meteorológicas são muito inconstantes. Por exemplo, nos dias 5 e 6 de janeiro de 2012, depois de vários anos com relativamente pouca neve, uma tempestade de inverno, com neve intensa e baixas temperaturas, atingiu o vale, que ficou coberto por um espesso manto de neve e gelo. Nos últimos anos tem havido um aumento da humidade relativa e precipitação anual, um fenómeno que provavelmente se deve aos projetos de florestação e de expansão de áreas verdes.[carece de fontes]
O vale de Caxemira é um destino popular para turistas indianos e estrangeiros. Entre os locais que atraem mais turistas estão Gulmarg, o lago Dal e os seus barcos-hotel e a estância de montanha de Pahalgam, onde se situa a caverna de Amarnath, um dos mais sagrados santuários hindus do mundo, onde uma estalagmite de gelo é venerada como o linga do deus Xiva. Gulmarg, uma das estâncias de esqui mais populares da Índia, dispõe do campo de golfe mais alto do mundo.[14] Outros destinos populares são, entre outros, Sonamarg, Kokernag, Verinag e Aharbal.
Antes da insurreição se ter intensificado em 1989, o turismo era uma parte importante da economia de Caxemira, que sofreu um rude golpe com o grande decrescimento de visitantes. Não obstante, milhares de peregrinos hindus continuam a visitar o santuário de Amarnath todos os anos,[15] o que tem causado problemas ambientais graves e chega a provocar a fusão do linga do santuário.[16]
A partir do final da década de 2000, assistiu-se a uma recuperação da atividade turística e em 2009 o estado de Jamu e Caxemira foi um dos destinos turísticos mais concurridos da Índia.[17] Em 2008, o vale foi visitado por mais de meio milhão de turistas.[18]
Alguns dos lagos mais importantes do vale de Caxemira são:
Algumas das montanhas mais altas nas imediações do vale são:
Os transportes no vale de Caxemira são feitos sobretudo por estrada. A região tem ligações rodoviárias com a região de Jamu pelas estrada nacionais 44 e 244. A primeira passa por Qazigund e por baixo do passo de Banihal (2 832 m de altitude) através do túnel Jawahar, aberto em 1956. A estrada n.º 244 passa pelo passo de Sinthan (3 784 m) e Kishtwar. A estrada Srinagar–Leh liga o vale ao Ladaque, através de Sonamarg e do passo Zoji La (3 528 m).
O vale é servido por uma linha férrea com 119 km, inaugurada em outubro de 2009, que liga Baramulla, na parte ocidental do vale, a Srinagar e Qazigund. Esta linha está ligada a outra que no futuro ligará Caxemira por comboio com o resto da Índia. Esta linha, ainda em construção a sul de Banihal, está em funcionamento até esta cidade desde junho de 2013, quando foi inaugurado o túnel ferroviário de Pir Panjal, que passa 440 metros abaixo do túnel rodoviário Jawahar.
O Aeroporto de Srinagar é o principal aeroporto na região e tem ligações aéreas regulares com Jamu, Leh, Deli, Bombaim e Chandigarh.
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