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Senhora de Sousa Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Teresa Soares de Ribadouro (antes de 1189 - depois de 1243[1]), foi uma rica-dona portuguesa, e senhora de várias honras.[2].
Teresa Soares de Ribadouro | |
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Rica-dona/Senhora | |
Senhora de Sousa | |
Reinado | c.1210? - 1243 |
Predecessor(a) | Maria Rodrigues Veloso |
Sucessor(a) | Teresa Anes de Lima |
Nascimento | Antes de 1189 |
Morte | Depois de 1243 |
Cônjuge | Gonçalo Mendes II de Sousa |
Descendência | Mendo Gonçalves II Mor Gonçalves Maria Gonçalves Sancha Gonçalves |
Dinastia | Ribadouro |
Pai | Soeiro Viegas de Ribadouro |
Mãe | Sancha Bermudes de Trava |
Religião | Catolicismo romano |
Teresa era filha do magnate Soeiro Viegas de Ribadouro, filho mais novo de Egas Moniz, o Aio, e da sua sua esposa Sancha Bermudes de Trava, sobrinha do primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques. Estava, portanto, estreitamente aparentada à família real portuguesa[3]. Herdou do pai, enquanto tenente de Lamego, muitas honras nesta região[4].
Teresa Soares terá desposado, em data incerta, o poderoso magnate Gonçalo Mendes II de Sousa. É provável que tenham casado em data anterior a 1211.
Companheiro de armas e mordomo de Sancho I, o marido de Teresa fora, juntamente com o irmão dela. Lourenço Soares de Ribadouro, e ainda Gonçalo Soares, Pedro Afonso de Ribadouro, e Martim Fernandes de Riba de Vizela, executor testamentário daquele rei. Teria de fazer valer os direitos do rei no caso de o seu testamento não se cumprisse como o mesmo havia estipulado. O infante não concordou com o testamento deixado pelo pai, no qual teria de ceder terras às suas irmãs, equiparadas a ele em título, e recusou cumpri-lo.
Desta forma, os primeiros anos do reinado do sucessor, Afonso II de Portugal, foram marcados por violentos conflitos internos entre o rei e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Santa Sancha de Portugal, a quem Sancho legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse dos castelos de Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos. Ora, Afonso, tentando evitar a supremacia da influência dos nobres no seu governo, pretendia centralizar o seu poder, mas para isso incorria contra as irmãs e em último caso contra o testamento paterno, do qual Gonçalo ficara encarregue de defender. Este, como executor testamentário, e talvez por ter sido um grande companheiro do rei, foi o que mais agiu em defesa das últimas vontades de Sancho, empenhando-se em fazê-las cumprir e jurá-las solenemente[5]. Assim é perfeitamente compreensível que Gonçalo tivesse defendido intensamente a posição das infantas, sobretudo nas terras onde dominava como tenente: Montemor-o-Novo, Sesimbra, Lisboa, Sintra, Torres Vedras, Abrantes e Óbidos, além das já referidas, inaugurando um período no qual os Sousas, firmes apoiantes da realeza portuguesa, se lhe opunham pela primeira vez.
Alguns dos cinco grandes nobres citados juntaram-se a ele na defesa da posição das três rainhas de Portugal. Contudo, alguns permaneceram do lado do rei: sabe-se que Lourenço Soares, irmão de Teresa, se terá mantido do lado do novo rei, sendo esta posição também compreensível dado o estreito vínculo que unia a Casa de Ribadouro à Casa Real: Afonso I de Portugal fora pupilo de Egas Moniz, o Aio; e mais tarde várias damas daquela família haviam educado infantes (como o caso de Urraca Viegas de Ribadouro, tia de Lourenço, que educara a Rainha Mafalda).
A posição de Gonçalo teve consequências imediatasː foi retirado do cargo de mordomo, e a sua hegemonia na corte viu também um fim, sendo afastado. Na mordomia é substituído por Martim Fernandes, um dos executores testamenteiros que, como se pode depreender, terá ficado do lado do rei, como Lourenço Soares. Despeitado, e talvez até então receoso de se opor ao rei, Gonçalo encontrou neste ato a justificação para se assumir abertamente como dedicado defensor dos direitos das infantas irmãs do rei, e como acérrimo inimigo da política centralizadora de Afonso II[6].
No ano seguinte, em 1212, Afonso II intimou as irmãs para que que lhe fizessem restituição das terras herdadas. Em respostas, as três infantas-rainhas, Teresa, Sancha e Mafalda, recolheram-se ao fortíssimo e quase inexpugnável castelo de Montemor-o-Velho, que era da primeira e estava guardado por Gonçalo. As tropas reais, sob comando de Martim Anes de Riba de Vizela, combateram as hostes das infantas, junto aos pântanos próximos do castelo[7].
Este conflito seria resolvido somente com intervenção do Papa Inocêncio III; o rei indemnizaria as infantas com uma soma considerável de dinheiro, e a guarnição dos castelos foi confiada a cavaleiros templários, mas era o rei que exercia as funções soberanas sobre as terras e não as infantas. Porém os Sousas (e com eles Teresa) seriam renegados durante todo o reinado, e assim sendo saíram de Portugal, refugiando-se em outras cortes peninsulares.[8] Gonçalo nunca chegaria a gozar de influência na corte de Afonso II.
Desconhecendo-se as causas, mas havendo uma probabilidade de se dever às posições opostas do irmão e do marido, Teresa começou a enfrentar problemas no seu matrimónio, a tal ponto que, ainda durante o reinado de Afonso II, Gonçalo terá duvidado da sua fidelidade: magoada pela desconfiança do marido, Teresa sujeitou-se voluntariamente a uma prova caldária, na presença da pessoa do rei, da qual felizmente saiu ilesa. Porém tal prova não a perdoou ao marido: apesar de este desejar a reconciliação, esta virou-lhe as costas, e nunca mais lhe quis falar e muito menos ver. Permaneceram separados durante o resto da sua vida, tendo Teresa entrado no Mosteiro de Arouca[4].
A morte prematura de Afonso II em 1223 permitiu o regresso da família de Gonçalo, aproveitando a menoridade de Sancho II de Portugal para readquirirem influência. De facto, no assento da demanda entre as infantas e a coroa, estabelecida em 1223, reinando já Sancho II, e com a qual afirmava a infanta-rainha Mafalda que o castelo de Montemor poderia ser entregue a oito fidalgos, entre eles Gonçalo Mendes. Este no entretanto herdara várias tenências do cunhado, Lourenço Soares de Ribadouro[6][7], sobretudo na região da Beira.
A família de Sousa seria a maior patrocinadora da trovadorismo, e o próprio Gonçalo estava ligado a variados trovadoresː o seu irmão, Garcia Mendes II, os sobrinhos Gonçalo Garcia e Fernão Garcia, e um seu genro, Afonso Lopes de Baião. O trovador D. Abril confirma uma doação de Gonçalo Mendes II, que ainda arma cavaleiro Gonçalo Gomes de Briteiros, irmão do trovador Rui Gomes de Briteiros[9].
O ambiente geralmente régio em que se centrava esta atividade deparava-se em Portugal com um ambiente mais senhorial, que era o que de facto recebia e fazia florescer o trovadorismo, na língua vernácula (galego-português), em oposição à preferência da cúria régia pelo latim tradicional que continuava a manifestar-se em documentos desta proveniência[9].
O seu marido, de quem se separara havia vários anos, acabou por falecer, a 25 de abril de 1243[1]. Sabe-se que Teresa sobreviveu ao marido pois conhecem-se vários atos enquanto senhora e herdeira do seu esposoː revelou-se, como viria a ser também a sua filha Maria Gonçalves de Sousa, uma grande usurpadora de bens fundiários[10] atuando sobretudo perto de Travassos, a sua zona de herança[10]. Um caso de destaque é o de Lavandeira, perto da honra que Teresa herdara, mas também existiam relatos de outros casos semelhantes em povoações vizinhasː esta pedira um empréstimo de um casal pertencente à igreja de Santa Tecla, pagando 26 maravedis por ele, mas não o voltou a devolver quando assim fora instada pelo pároco[10]. Desta forma Teresa usurpou também o tributo da vila destinado ao rei de Portugal[10].
Terá falecido em data incerta, posterior de 1243, deixando os seus bens às filhas[10].
Teresa Soares desposou Gonçalo Mendes II de Sousa (c.1170 - 25 de abril de 1243), de quem se separou entre 1211 e 1223. O casal teve a seguinte descendênciaː
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