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Senhor de Eixo, trovador Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Garcia Mendes II de Sousa, O de Eixo (1175 – 27 de fevereiro de 1239) foi um rico-homem do Reino de Portugal tendo apanhado no seu período de vida de 60 anos os reinados de D. Sancho I de Portugal, D. Afonso II de Portugal e de D. Sancho II de Portugal. Foi senhor de Vilar de Maçada, e ainda um trovador português da fase inicial da poesia medieval ibérica. A sua tumba encontra-se no Mosteiro de Alcobaça.
Garcia Mendes II de Sousa | |
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Rico-Homem | |
Túmulo inscrito de Garcia Mendes no Mosteiro de Alcobaça. | |
Senhor de Eixo | |
Reinado | 1192-1239 |
Predecessor(a) | Mendo Gonçalves I de Sousa |
Sucessor(a) | Mendo Garcia |
Tenente régio | |
Reinado |
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Nascimento | 1175 |
Morte | 27 de fevereiro de 1239 |
Sepultado em | Mosteiro de Alcobaça, Alcobaça, Leiria, Portugal |
Cônjuge | Elvira Gonçalves de Toronho |
Descendência | Mem Garcia, Senhor de Sousa João Garcia, Senhor de Alegrete Gonçalo Garcia, Senhor de Sousa Fernão Garcia, tenens Pedro Garcia de Sousa Maria Garcia de Sousa Sancho Garcia de Sousa |
Dinastia | Sousa |
Pai | Mendo Gonçalves de Sousa |
Mãe | Maria Rodrigues Veloso |
Religião | Catolicismo romano |
Brasão |
Garcia era filho secundogénito de Mendo de Sousa, “o Sousão” e de D. Maria Rodrigues Veloso, da linhagem galega dos Trava, nasceu por volta de 1175. Aparece pela primeira vez documentado na corte de D. Sancho I, assinando documentos até 1211[1]. Por esta altura, estaria já casado com D. Elvira Gonçalves de Toronho, de uma linhagem do sul da Galiza. Manteve desta forma laços trovadorescos, já que o sogro, Gonçalo Pais de Toronho, era provavelmente primo segundo do trovador Fernão Pais de Tamalhancos; e, segundo os Nobiliários, a tia de Elvira, Maria Pais, foi a dama por quem terá morrido de amores o trovador Pero Rodrigues da Palmeira.
Sousa por nascimento, Garcia herdou dos seus pais uma porção de terra na região do rio Vouga, onde se incluía a localidade de Eixo, onde o seu paço estaria situado e do qual teria herdado o seu cognome, e também outros bens no Entre-Douro-e-Minho e na Beira[1].
Companheiro de armas e mordomo de Sancho I de Portugal, o irmão de Garcia e então chefe da Casa de Sousa, Gonçalo Mendes II de Sousa, foi, juntamente com Lourenço Soares de Ribadouro, Gonçalo Soares, Pedro Afonso de Ribadouro, e Martim Fernandes de Riba de Vizela, executor testamentário daquele rei. Teria de fazer valer os direitos do rei no caso de o seu testamento não se cumprisse como o mesmo havia estipulado. O infante não concordou com o testamento deixado pelo pai, no qual teria de ceder terras às suas irmãs, equiparadas a ele em título, e recusou cumpri-lo.
Desta forma, os primeiros anos do reinado do sucessor, Afonso II de Portugal, foram marcados por violentos conflitos internos entre o rei e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Santa Sancha de Portugal, a quem Sancho legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse dos castelos de Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos. Ora, Afonso, tentando evitar a supremacia da influência dos nobres no seu governo, pretendia centralizar o seu poder, mas para isso incorria contra as irmãs e em último caso contra o testamento paterno, do qual Gonçalo ficara encarregue de defender. Este, como executor testamentário, e talvez por ter sido um grande companheiro do rei, foi o que mais agiu em defesa das últimas vontades de Sancho, empenhando-se em fazê-las cumprir e jurá-las solenemente[2]. Assim é perfeitamente compreensível que Gonçalo tivesse defendido intensamente a posição das infantas, sobretudo nas terras onde dominava como tenente: Montemor-o-Novo, Sesimbra, Lisboa, Sintra, Torres Vedras, Abrantes e Óbidos, além das já referidas, inaugurando um período no qual os Sousas, firmes apoiantes da realeza portuguesa, se lhe opunham pela primeira vez.
Alguns dos cinco grandes nobres citados juntaram-se a ele na defesa da posição das três rainhas de Portugal: Teresa, Sancha e Mafalda. Mas alguns permaneceram do lado do rei: sabe-se que Lourenço Soares de Ribadouro se terá mantido do lado do novo rei, sendo esta posição também compreensível dado o estreito vínculo que unia a Casa de Ribadouro à Casa Real: Afonso I de Portugal fora pupilo de Egas Moniz, o Aio; e mais tarde várias damas daquela família haviam educado infantes (como o caso de Urraca Viegas de Ribadouro, tia de Lourenço, que educara a Rainha Mafalda).
A posição de Gonçalo e dos Sousas teve consequências imediatasː aquele foi retirado do cargo de mordomo, e a sua hegemonia na corte viu também um fim, sendo afastado. Na mordomia é substituído por Martim Fernandes, um dos executores testamenteiros que, como se pode depreender, terá ficado do lado do rei, como Lourenço Soares. Despeitado, e talvez até então receoso de se opor ao rei, Gonçalo encontrou neste ato a justificação para se assumir abertamente como dedicado defensor dos direitos das infantas irmãs do rei, e como acérrimo inimigo da política centralizadora de Afonso II[3].
No ano seguinte, em 1212, Afonso II intimou as irmãs para que que lhe fizessem restituição das terras herdadas. Em respostas, as três infantas-rainhas, Teresa, Sancha e Mafalda, recolheram-se ao fortíssimo e quase inexpugnável castelo de Montemor-o-Velho, que era da primeira e estava guardado por Gonçalo. As tropas reais, sob comando de Martim Anes de Riba de Vizela, foram obrigadas a atravessar terrenos pantanosos no caminho de Coimbra sobre Montemor, sendo pressionadas a tal por Gonçalo e as hostes das infantas. Foi uma batalha travada junto a esses pântanos, uma vez que durante a batalha, Gonçalo constrangia Martim Anes a manter-se no pântano enquanto lutava, tendo Martim provavelmente falecido exangue devido às sanguessugas que o atacaram[4].
Este conflito seria resolvido com intervenção do Papa Inocêncio III; o rei indemnizaria as infantas com uma soma considerável de dinheiro, e a guarnição dos castelos foi confiada a cavaleiros templários, mas era o rei que exercia as funções soberanas sobre as terras e não as infantas. Porém os Sousas seriam renegados durante todo o reinado, e assim sendo saíram de Portugal, refugiando-se em outras cortes peninsulares.[5] Gonçalo nunca chegaria a gozar de influência na corte de Afonso II.
É possível que Garcia se tenha reunido com o irmão em Leão ou tenha mesmo seguido para Aragão, acompanhando o infante Pedro Sanches, irmão do rei. Uma outra possibilidade é que tenha permanecido nos domínios da esposa, Elvira[6], com quem estaria casado pelo menos desde 1211[7].
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A morte prematura de Afonso II em 1223 permitiu o regresso dos Sousas, aproveitando a menoridade de Sancho II de Portugal para readquirirem influência. De facto, no assento da demanda entre as infantas e a coroa, estabelecida em 1223, reinando já Sancho II, e com a qual afirmava a infanta-rainha Mafalda que o castelo de Montemor poderia ser entregue a oito fidalgos, entre eles Gonçalo Mendes. Este no entretanto herdara várias tenências do cunhado[4].
Garcia, no entanto, regressara mais cedo, pois entre 1217 e 1224 figura já na documentação curial, testemunhando, naquele ano de 1217, o acordo entre Afonso e as irmãs[1][6]. Há, por volta de 1230[7], notícias de uma doação, em conjunto com a sua esposa, ao Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Com a morte de Afonso II, volta a afastar-se da corte, evitando os conflitos nobiliárquicos que marcaram o período de menoridade de Sancho II. Morre a 27 de fevereiro de 1239, sendo sepultado no panteão dos Sousa, no Mosteiro de Alcobaça, onde se juntaria a sua viúva, alguns anos depois.
A família de Sousa seria a maior patrocinadora da trovadorismo, e o próprio Garcia estava ligado a variados trovadoresː ele próprio, os seus filhos Gonçalo Garcia e Fernão Garcia, e um genro de Gonçalo Mendes, Afonso Lopes de Baião. O trovador D. Abril confirma uma doação do chefe da família, que ainda arma cavaleiro Gonçalo Gomes de Briteiros, irmão do trovador Rui Gomes de Briteiros[8].
O ambiente geralmente régio em que se centrava esta atividade deparava-se em Portugal com um ambiente mais senhorial, que era o que de facto recebia e fazia florescer o trovadorismo, na língua vernácula (galego-português), em oposição à preferência da cúria régia pelo latim tradicional que continuava a manifestar-se em documentos desta proveniência[8].
A sua única cantiga, Alá u nazq la Torona, conhecida foi provavelmente composta durante o período em que esteve exilado em Toronho. A composição está redigida em occitano, afastando-se da lírica galego-portuguesa, e parece ser de difícil leitura, uma vez que a cópia que sobreviveu até aos dias de hoje (no Cancioneiro Colocci-Brancuti) encontra-se bastante desfigurada. Para além disso o género (amor, amigo ou escárnio) a que pertence também não é claro; com efeito, assemelha-se a uma cantiga de saudade, em que Garcia lembra com este sentimento as suas terras de origem (Sousa), à qual se prepararia para regressar[7].
Garcia faleceu a 27 de fevereiro de 1239, tendo sido sepultado na abadia de Alcobaça.[3]. O seu sobrinho, Mem Gonçalves, filho de Gonçalo Mendes, falecera antes do pai, pelo que, até à sua própria morte, fora ele o herdeiro dos desígnios da Casa de Sousa. Tal não chegou a acontecer, pois precedeu o irmão na morteː a 25 de abril de 1243, Gonçalo falece, e fez-se sepultar junto a Garcia no abadia de Alcobaça.[3]. Foram os próprios filhos de Garcia que herdaram a chefia da família[3].
Garcia casou com Elvira Gonçalves de Toronho, filha de Gonçalo Pais de Toronho e de Ximena Pais da Maia, de quem teve:
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