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Afonso III de Portugal
Rei de Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Afonso III (Coimbra, 5 de maio de 1210[1] – Alcobaça, 16 de fevereiro de 1279), apelidado de o Bolonhês por seu casamento com Matilde II, Condessa de Bolonha, foi o Rei de Portugal de 1248 até à sua morte, e também o primeiro monarca português a utilizar definitivamente o título de Rei do Algarve. Além disso, ele foi Conde de Bolonha de 1238 até 1253 em direito de sua esposa. Era o segundo filho do rei Afonso II e sua esposa Urraca de Castela, tendo ascendido ao trono depois de depor seu irmão mais velho Sancho II.
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Vida
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D. Afonso III pelo seu pai, é bisneto de Afonso Henriques e de Mafalda de Sabóia. Pela sua mãe, é bisneto de Henrique II de Inglaterra e de Leonor de Aquitânia.
Como segundo filho, D. Afonso não deveria herdar o trono destinado a Sancho e por isso viveu em França, onde se casou com Matilde II, Condessa de Bolonha em 1235,[1] tornando-se assim conde jure uxoris de Bolonha, onde servia como um dirigente militar, combatendo em nome do Rei Luís IX de França, seu primo, pois as mães eram irmãs.
Foi o quinto rei de Portugal, sucedendo ao irmão, em 1248, depois de uma guerra civil que opôs os dois irmãos. Foi um reinado de reorganização administrativa. A sua política foi continuada pelo filho, o rei Dinis.
Neste reinado foi conquistado definitivamente o Algarve em 1249 e realizadas cortes com representantes dos concelhos pela primeira vez, em 1254.
Enquanto foi rei teve conflitos com o clero e refreou os abusos da nobreza.
Casou por duas vezes, não tendo filhos do primeiro, casou com a filha do rei de Castela de quem teve vários filhos. O primeiro varão, D. Dinis, foi rei de Portugal, com 17 anos.
Subida ao trono
Em 1245,[2] os conflitos entre Sancho II e a Igreja tornaram-se insustentáveis e o Papa Inocêncio IV, a 20 de março,[2] despacha a Bula Inter alia desiderabilia que prepara a deposição de facto do monarca.
O papado, através de duas Breves, ainda aconselha Afonso, Conde de Bolonha, a partir para a Terra Santa em Cruzada e também que passe a estar na Hispânia, fazendo aí guerra ao Islão, mas a 24 de julho,[2] a Bula Grandi non immerito depõe oficialmente D. Sancho II do governo do reino, e D. Afonso torna-se regente.
Os fidalgos levantam-se contra D. Sancho e D. Afonso cede a todas as pretensões do clero no "Juramento de Paris", uma assembleia de prelados e nobres portugueses, jurando que guardaria todos os privilégios, foros e costumes dos municípios, cavaleiros, peões, religiosos e clérigos seculares do reino.[3][4] Abdicou imediatamente das suas terras francesas e marchou sobre Portugal, chegando a Lisboa nos últimos dias do ano, onde se fez coroar rei em janeiro de 1248 após o exílio e morte de D. Sancho II em Toledo.[5]
Até à morte de D. Sancho e a sua consequente coroação, D. Afonso apenas usou os títulos de Visitador, Curador e Defensor do Reino.
É desta época que a bandeira passa a usar faixa com os castelos, para se distinguir da bandeira real. A bandeira de D. Afonso passou a ser a nova bandeira real.[6] A nova bandeira mostrava o apoio que a tia materna, Branca de Castela, rainha de França deu ao sobrinho.[6]
Esta guerra durou de 1245 a 1247 e acabou com o clima de anarquia que existia no reinado anterior.[7]
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Reinado
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Para aceder ao trono, D. Afonso abdicou de Bolonha e repudiou Matilde para casar com Beatriz de Castela. Decidido a não cometer os mesmos erros do irmão, o novo rei prestou especial atenção à classe média de mercadores e pequenos proprietários, ouvindo suas queixas. Por este procedimento, D. Afonso III ficou conhecido também como o pai do "Estado Português", distribuindo alcaides pelos castelos e juízes pelas diferentes vilas e terras. O objectivo era a implantação de um poder legal com o qual todos os habitantes do Reino português mantivessem uma relação de igualdade.
O avanço para sul à custa dos mouros terminou em 1249 com a conquista definitiva do Algarve.
Em 1254, na cidade de Leiria convocou a primeira reunião das Cortes, a assembleia geral do reino, com representantes de todos os espectros da sociedade.[6] D. Afonso preparou legislação que restringia a possibilidade das classes altas cometerem abusos sobre a população menos favorecida e concedeu inúmeros privilégios à Igreja. Recordado como excelente administrador, D. Afonso III organizou a administração pública, fundou várias vilas e concedeu o privilégio de cidade através do édito de várias cartas de foral.
Em 1255, transferiu a capital do Reino de Portugal de Coimbra para Lisboa. Coimbra tinha sido a capital desde D. Afonso Henriques. O rei gostou da cidade e adquiriu casas, melhorando as condições de residência.[8]
Foram por sua ordem feitas as Inquirições Gerais, iniciadas em 1258, como forma do rei controlar, não só o grande poder da Nobreza, mas também para saber se lhe estavam a ser usurpados bens que, por direito, pertenciam à Coroa.[6]
Foi com este rei que Portugal atinge a sua plena independência.[9] A partir de 1270, o rei negociou com Afonso X de Castela a abolição perpétua de ajuda militar que Portugal ainda devia ao reino de Leão, estando este agora unido ao reino de Castela, desde 1230.[9]
O reinado foi uma época de progresso social e aumento das áreas cultivadas. Aumenta a influência dos juristas, defensores do direito romano.[10]
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Reconquista

Com o trono seguro e a situação interna pacificada, D. Afonso voltou sua atenção para os propósitos da Reconquista do Sul da Península Ibérica às comunidades muçulmanas. Durante o seu reinado, Faro foi tomada com sucesso em 1249 e o Algarve incorporado no reino de Portugal.[11] Passa a usar o título de Rei de Portugal e do Algarve.
Apesar desta conquista, a guerra contra os mouros continuou no mar.[10]
Após esta campanha de sucesso, D. Afonso teve de enfrentar um conflito diplomático com Castela, que considerava que o Algarve lhe pertencia. Seguiu-se um período de guerra entre os dois países, até que, em 1267, foi assinado um tratado em Badajoz que determina a fronteira no Guadiana desde a confluência do rio Caia até à foz, a fronteira luso-castelhana.[10]
Segundas núpcias
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Em 1253, o rei desposou D. Beatriz, popularmente conhecida por D. Brites, filha de D. Afonso X de Castela, O Sábio. Desde logo isto constituiu polémica pois D. Afonso era já casado com Matilde II de Bolonha. A nova rainha era neta de Fernando III de Castela. Este rei era primo coirmão de D. Afonso, através da mãe, D. Urraca.
O Papa Alexandre IV respondeu a uma queixa de D. Matilde, ordenando ao rei D. Afonso que abandone D. Beatriz em respeito ao seu matrimónio com D. Matilde. O rei não obedeceu, mas procurou ganhar tempo neste assunto delicado, e o problema ficou resolvido com a morte de D. Matilde em 1258. O infante, D. Dinis, nascido durante a situação irregular dos pais, foi então legitimado em 1263.
O casamento funcionou como uma aliança que pôs termo à luta entre Portugal e Castela pelo Reino do Algarve. Também resultou em mais riqueza para Portugal quando D. Beatriz, já após a morte do rei, recebe do seu pai, Afonso X, uma bela região a Este do Rio Guadiana, onde se incluíam as vilas de Moura, Serpa, Noudar, Mourão e Niebla. Tamanha dádiva deveu-se ao apoio que D. Beatriz lhe prestou durante o seu exílio na cidade de Sevilha.
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Excomunhão do rei e do reino
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No final da sua vida, viu-se envolvido em conflitos com a Igreja, tendo sido excomungado em 1268 pelo arcebispo de Braga e pelos bispos de Coimbra e Porto, para além do próprio Papa Clemente IV, à semelhança dos reis que o precederam. O clero havia aprovado um libelo contendo quarenta e três queixas contra o monarca, entre as quais se achavam o impedimento aos bispos de cobrarem os dízimos, utilização dos fundos destinados à construção dos templos, obrigação dos clérigos a trabalhar nas obras das muralhas das vilas, prisão e execução de clérigos sem autorização dos bispos, ameaças de morte ao arcebispo e aos bispos e ainda, a nomeação de judeus para cargos de grande importância. A agravar ainda mais as coisas, este rei favoreceu monetariamente ordens religiosas mendicantes, como franciscanos e dominicanos, sendo acusado pelo clero de apoiar espiritualidades estrangeiradas. O grande conflito com o clero também se deve ao facto do rei ter legislado no sentido de equilibrar o poder municipal em prejuízo do poder do clero e da nobreza.
O rei, que era muito querido pelos portugueses por decisões como a da abolição da anúduva (imposto do trabalho braçal gratuito, que obrigava as gentes a trabalhar na construção e reparação de castelos e palácios, muros, fossos e outras obras militares), recebeu apoio das cortes de Santarém em Janeiro de 1274, onde foi nomeada uma comissão para fazer um inquérito às acusações que os bispos faziam ao rei. A comissão, composta maioritariamente por adeptos do rei, absolveu-o. O Papa Gregório X, porém, não aceitou a resolução tomada nas cortes de Santarém e mandou que se excomungasse o rei e fosse lançado interdito sobre o reino em 1277.
À sua morte, em 1279,[12] D. Afonso III jurou obediência à Igreja e a restituição de tudo o que lhe tinha tirado. Face a esta atitude do rei, o abade de Alcobaça levantou-lhe a excomunhão e o rei foi sepultado no Mosteiro de Alcobaça.[13]
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Títulos, estilos, e honrarias
Títulos e estilos
- 5 de Maio de 1210 – Maio de 1239: "O Infante D. Afonso de Portugal"
- Maio de 1239 – 24 de Julho de 1245: "O Infante D. Afonso de Portugal, Conde de Bolonha"
- 24 de Julho de 1245 – 4 de Janeiro de 1248: "D. Afonso de Portugal, Visitador, Curador e Defensor do Reino"
- 4 de Janeiro de 1248 – 16 de Fevereiro de 1279: "Sua Mercê, o Rei"
O estilo oficial de D. Afonso III enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Afonso III, Rei de Portugal e Conde de Bolonha". Em 1253, por suspeitar da sua esterilidade, D. Afonso repudia a esposa, D. Matilde, e abandona o título de Conde de Bolonha, passando a usar apenas o título de "Rei de Portugal". Após a conquista definitiva do Algarve e a disputa quanto ao domínio algarvio com Castela, o Tratado de Badajoz reconhece a D. Afonso III o senhorio do Algarve, evoluindo a sua titulatura régia para: "Pela Graça de Deus, D. Afonso III, Rei de Portugal e do Algarve".
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Genealogia
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Descendência
Primeira esposa, Matilde II de Bolonha, sem descendência.
Segunda mulher, infanta Beatriz de Castela (1242–1303)ː
- D. Branca de Portugal (1259[14][15]–1321), senhora do Mosteiro de Las Huelgas em Burgos;
- D. Dinis I de Portugal (1261–1325),[16][17] sucessor do pai no trono, casou-se com a rainha Santa Isabel de Aragão;
- D. Afonso de Portugal[17] (8 de fevereiro de 1263–2 de novembro de 1312), senhor de Portalegre,[18] casou-se com a infanta Violante Manuel, senhora de Elche e Medellín, filha do infante Manuel de Castela e de Constança de Aragão;
- D. Sancha de Portugal (2 de fevereiro de 1264–Sevilha, c. 1284);[19][17]
- D. Maria de Portugal (1265–c. 1266), que faleceu antes de completar um ano;[17]
- D. Vicente de Portugal (22 de janeiro de 1268–1268),[16] faleceu no mesmo ano de seu nascimento, segundo a inscrição no seu túmulo no Mosteiro de Alcobaça;[17]
- D. Fernando de Portugal, segundo Figanière, morreu em 1262 e foi sepultado no Mosteiro de Alcobaça,[20] embora, "a única vez que é referido na documentação reporta-se ao ano 1269, pelo que terá nascido e morrido no mesmo ano".[21]
Em algumas crónicas antigas, menciona-se outra filha, Constança, no entanto, não há provas da sua existência segundo Figanière. Esta suposta filha, segundo outros historiadores, morreu muito nova em Sevilha e foi sepultada no Mosteiro de Alcobaça. No entanto, "esta referência deve (…) aplicar-se à infanta D. Sancha (que deve), embora com diferentes nomes, ter sido uma única infanta".[22]
Filhos naturais
Havidos de Madragana Ben Aloandro, depois chamada Mor Afonso, filha do último alcaide do período mouro de Faro, o moçárabe Aloandro Ben Bakr:
- D. Martim Afonso Chichorro;[23][24] (1250–1313);
- D. Urraca Afonso de Portugal (c. 1260–depois de 1290) casada por duas vezes, a primeira em 1265 com Pedro Anes de Riba de Vizela e a segunda em 1275 com João Mendes de Briteiros,[25][26] filho de Mem Rodrigues de Briteiros.
Havido de Maria Peres de Enxara:
- D. Afonso Dinis[27][24] (1260–1310).
Havida em Elvira Esteves:
- D. Leonor Afonso (m. 1259), freira no mosteiro de Santa Clara em Santarém.[28]
De outras senhoras:
- D. Fernando Afonso,[24] cavaleiro hospitalário;
- D. Gil Afonso[29] (1250–1346), cavaleiro hospitalário;[24]
- D. Rodrigo Afonso[30][31] (1258 – 10 de Setembro de 1302), prior de Santa Maria da Alcáçova de Santarém[32];
- D. Leonor Afonso (n. 1250), senhora de Pedrógão e Neiva, casada por duas vezes, a primeira com D. Estevão Anes de Sousa, senhor de Pedrógão e a segunda em Santarém em 1273 com D. Gonçalo Garcia de Sousa,[31] filho de Garcia Mendes II de Sousa;
- D. Urraca Afonso (m. 4 de novembro de 1281), viveu no mosteiro de Lorvão.[28]
Ancestrais
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Ver também
Referências
- Caetano de Sousa 1735, p. 159.
- Varandas, José Manuel Henriques (2010). «Bonus Rex ou Rex Inutilis». Universidade de Lisboa. Consultado em 6 de outubro de 2024
- «O Portal da História - Juramento de Paris de D. Afonso III». www.arqnet.pt. Consultado em 26 de novembro de 2019
- Saraiva 1993, p. 96.
- Caetano de Sousa 1735, p. 160.
- Saraiva 1993, p. 97.
- Saraiva 1993, pp. 95-97.
- Marques 1980, p. 171.
- Marques 1980, p. 173.
- Saraiva 1993, p. 567.
- Caetano de Sousa 1735, pp. 160–161.
- Caetano de Sousa 1735, p. 164.
- Caetano de Sousa 1735, p. 163.
- Salazar y Acha 1990, p. 222.
- García Fernández 1999, p. 909.
- Caetano de Sousa 1735, p. 173.
- Rodrigues Oliveira 2010, p. 138.
- Caetano de Sousa 1735, pp. 173, 185–188.
- Caetano de Sousa 1735, pp. 175–176.
- Caetano de Sousa 1735, p. 172.
- Rodrigues Oliveira 2010, pp. 138–139.
- Rodrigues Oliveira 2010, p. 139.
- Sotto Mayor Pizarro 1997, pp. 172-173.
- Caetano de Sousa 1735, p. 177.
- Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 176.
- Caetano de Sousa 1735, p. 179.
- Sotto Mayor Pizarro 1997, pp. 176-178.
- Caetano de Sousa 1735, p. 180.
- Sotto Mayor Pizarro 1997, pp. 183-184.
- Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 172.
- Caetano de Sousa 1735, p. 178.
Bibliografia
Ligações externas
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