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A teoria da personalidade tem por objetivo organizar o conhecimento a respeito da personalidade de tal maneira que a grande quantidade de informação gerada pela pesquisa científica seja organizada de maneira sistemática e coerente e novas hipóteses possam ser geradas para uma futura comprovação.[1]
A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa vida, e uma elaboração da nossa história, da forma que sentimos e interiorizamos as nossas experiências, acompanha e reflecte a maturação psicológica. Em suma, a personalidade é um processo activo e que intervém em diferentes factores.
Diversos autores se dedicaram à pesquisa da personalidade, cada um com ênfases teóricas e metodológicas diferentes, o que os levou muitas vezes a resultados completamente distintos. Apesar de todas as diferenças, no entanto, todos os teóricos procuram oferecer resposta a algumas perguntas básicas:[1]
A expressão "estruturas da personalidade" refere-se àquelas características estáveis da personalidade. As diferentes teorias da personalidade se diferenciam quanto às estruturas consideradas como base para o estudo:[1]
As diferentes teorias da personalidade não se diferenciam somente quanto às unidades que tomam como base, mas também quanto à relação que há entre elas. Alguns autores consideram, por exemplo, que diferentes traços de personalidade se relacionam de maneira hierárquica. Existem duas formas de relação hierárquica entre duas características: (1) característica A é um exemplo da característica B (ex. ser "sociável", "conversador" são exemplos de "extroversão) ou (2) característica A serve a característica B (ex. ser "pontual" está a serviço (é um caminho para) ser "consciencioso"). Já outros autores como Albert Bandura consideram que as diferentes estruturas e sistemas da personalidade podem se influenciar mutuamente sem necessariamente serem organizadas hierarquicamente.
As diversas teorias da personalidade diferenciam-se também quanto à maneira como explicam a dinâmica da personalidade, ou seja, a motivação e outros aspectos que levam à ação observável. Algumas teorias, ditas hedonistas, afirmam que o comportamento humano tem dois objetivos principais: a busca de prazer e evitar sensações desagradáveis. Assim as necessidades humanas surgem de um aumento da pressão interna (desagradável) que exige uma solução (ver pulsões) ou ainda da busca de um estado de maior prazer, por exemplo, de fama, dinheiro, poder, reconhecimento, etc. Outras teorias, pelo contrário, partem do princípio de que o ser humano busca sobretudo sua autorrealização, ou seja, seu desenvolvimento pleno enquanto pessoa. Segundo tais teóricos, o desenvolvimento de si-mesmo possui um valor tão importante para o ser humano, que ele estaria disposto aceitar uma aumento de tensão e estresse para atingi-lo. Outras teorias dão ainda maior ênfase aos processos cognitivos, ao esforço do indivíduo de compreender a si mesmo e ao mundo que o cerca. Para tais autores o maior esforço do ser humano não está tanto direcionado ao hedonismo ou à autorrealização, mas à busca de consistência interna e compreensão do mundo. Isso significa aqui, que o ser humano está empenhado a construir (cognitivamente) uma autoimagem e uma imagem do mundo que o cerca consistentes, mesmo que à custa de dores e desprazeres.[1]
No correr do desenvolvimento da psicologia da personalidade a pesquisa deu ênfase maior ora a uma tipo de motivação ora a outro. No entanto a pesquisa recente parece apontar para um quadro mais complexo, em que os diferentes tipos de motivação desempenham um papel de importância variada, mas sempre em interação.
As diferentes teorias da personalidade se diferenciam também, quanto à maneira com que explicam crescimento e desenvolvimento e ao valor que dão aos diferentes fatores que desempenham um papel nesse processo:[1][3]
As primeiras teorias da personalidade surgiram em um contexto clínico e com um fim muito prático: oferecer um fundamento teórico para os transtornos mentais e seu tratamento. As teorias posteriores, mesmo não tendo se originado em um contexto clínico, oferecem também novas possibilidades para a psicoterapia. A capacidade de determinada teoria de guiar e enriquecer a prática terapêutica é um dos principais elementos para uma avaliação da relevância dessa teoria.[1]
Além de descrever a estrutura, os processos dinâmicos, o desenvolvimento e as possibilidades de mudança da personalidade, uma teoria da personalidade termina, por sua própria natureza, tocando e tendo de se posicionar em outros temas da maior relevância que, no entanto, ultrapassam o âmbito da psicologia da personalidade. A resposta dada a essas perguntas são, muitas vezes, dependentes do ambiente sócio-cultural do pesquisador e mostram como a cultura influencia o processo científico:[1]
Como se vê, as teorias da personalidade refletem a própria complexidade do ser humano e, oferecem, assim, sempre uma imagem parcial. Dessa forma, mais importante do que a pergunta "quais teorias são corretas e quais são falsas?" é a questão "Quão útil é esta teoria para o desenvolvimento do meu saber, para responder às questões postas pela ciência e pelas exigências práticas". A história da psicologia e de outras ciências oferece numerosos exemplos de como mesmo teorias em determinados aspectos erradas podem ter uma importância prática: apesar dos problemas, tais teorias podem oferecer uma orientação tanto para a pesquisa futura quanto para a prática.[1]
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