Tefé
município brasileiro do estado do Amazonas Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Tefé é um município brasileiro do interior do estado do Amazonas, Região Norte do país. Sua população, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, era de 59 250 habitantes. Sua área territorial é de 23 808 quilômetros quadrados, sendo o quadragésimo oitavo maior município do Brasil em área e o vigésimo terceiro do Amazonas.
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Município do Brasil | |||
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, em Tefé | |||
Símbolos | |||
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Hino | |||
Gentílico | tefeense | ||
Localização | |||
Localização de Tefé no Amazonas | |||
Localização de Tefé no Brasil | |||
Mapa de Tefé | |||
Coordenadas | 3° 21′ 14″ S, 64° 42′ 39″ O | ||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | Amazonas | ||
Municípios limítrofes | Uarini; Alvarães; Coari; Tapauá. | ||
Distância até a capital | 575 km | ||
História | |||
Fundação | 1759 (265 anos) | ||
Administração | |||
Prefeito(a) | Nicson Marreira Lima (UNIÃO [1], 2021–2024) | ||
Características geográficas | |||
Área total [2] | 23 704,426 km² | ||
População total (estatísticas IBGE/2021[3]) | 59 250 hab. | ||
• Posição | AM: 8º | ||
Densidade | 2,5 hab./km² | ||
Clima | equatorial (Am) | ||
Altitude | 75 m | ||
Fuso horário | Hora do Amazonas (UTC-4) | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2010 [4]) | 0,639 — médio | ||
PIB (IBGE/2018[5]) | R$ 934 210,62 mil | ||
• Posição | AM: 6º | ||
PIB per capita (IBGE/2018[5]) | R$ 15 530,32 | ||
Sítio | https://tefe.am.gov.br/ (Prefeitura) |
Está distante 523 quilômetros de Manaus, capital do estado, e 2 304 quilômetros de Brasília, capital nacional.[6]
A cidade fica às margens do lago Tefé, lago formado pelo alargamento do rio de mesmo nome nas proximidades de sua foz, que é um dos afluentes do Rio Solimões na sua margem direita.
Tefé possui um IDH de 0,639 (médio), típico das cidades do interior do estado. A principal fonte de renda da cidade é o comércio local e a agricultura, uma vez que são escoados vários alimentos para outras cidades, inclusive a capital, Manaus.
A área em que hoje se localiza o atual município de Tefé era, nos primórdios, habitada pelos indígenas, predominantemente as tribos Tupebas ou Tapibas. O nome Tefé origina-se destas tribos.[7]
O padre Samuel Fritz foi enviado para o Amazonas a serviço da Espanha e fundou as primeiras missões jesuíticas na região para catequizar os indígenas. Essas missões também eram responsáveis por prestar serviços sociais à comunidade indígena.[7] Os portugueses, desrespeitando o Tratado de Tordesilhas, subiram o Rio Solimões, vindos do Grão-Pará, com a finalidade de conquistar o Amazonas e dominar as terras dos espanhóis, o que resultou em um grande conflito entre as duas nações, quando esses chegaram à região.[7]
O governador do Grão-Pará enviou tropas comandadas pelo Capitão Correia de Oliveira, em 1708, para expulsar os espanhóis. Assim sendo, o padre Sana promulgou que Samuel Fritz deveria deixar a região do Amazonas, conforme ordem da Coroa Portuguesa. Samuel Fritz se retirou e foi até o Peru em busca de apoio para combater os portugueses. Muitos indígenas que lutavam em apoio aos portugueses morreram vítimas do confronto, e novamente os espanhóis voltaram a dominar a região, conforme já estava estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas.[7]
Em 1709, portugueses e espanhóis voltaram a entrar em confronto. Novamente, Portugal sai vitorioso, o que leva os índios a uma fuga em massa para o interior das matas, adentrando a foz do lago Tefé, onde atualmente está a área do município de Tefé.[7]
Pouco tempo depois, o frei André da Costa chega à região com a finalidade de tomar contas das missões da Ilha dos Veados e Parauari. A partir de 1718, frei André da Costa, temendo novos ataques dos espanhóis, entrou pela foz do lago Tefé, fixando-se na margem direita deste com seus seguidores peregrinos.[7][8]
O Tratado de Madrid foi assinado alguns anos depois, pelos reis de Espanha e Portugal. O tratado visava dar fim às lutas entre os dois países pela posse das terras do norte brasileiro, e procurava delimitar o território de domínio dos dois países na região. A área de Tefé passou a ser usada como limite territorial do domínio das duas Coroas, mas ainda assim, nenhuma das duas nações mostrava-se disposta a ceder a região de Tefé, o que causava enorme discussão à época. Apesar da tensão, Portugal mantinha predominantemente sua influência sobre Tefé.[7][8]
Tefé foi elevada à categoria de vila em 1759, título concedido pelos portugueses. A vila passou a chamar-se Vila de Ega, e fazia parte da Capitania de São José do Rio Negro.[8] A discussão sobre os limites territoriais sob domínio espanhol continuava, até que uma expedição demarcadora, comandada por D. Francisco de Requena, foi enviada pela Espanha. A expedição ocupou todo o Solimões até as proximidades da Vila de Ega. Em 1787, o português Manoel Lobo d’Almada assumiu a capitania de São José do Rio Negro e deu início à expulsão por completo dos espanhóis.[7]
Tefé foi desmembrada em 1817, quando uma de suas vilas, Olivença, recebeu status de município, com território desmembrado de Tefé. No entanto, tempos depois, o município de Olivença foi suprimido e seu território retornou ao de Tefé. Nessa época, a comarca do Alto Amazonas, que compreendia o atual estado do Amazonas, era formado por apenas quatro municípios, sendo que um deles era Tefé. Em relação à área territorial, Tefé chegou a ser o maior município do mundo em território, abrangendo vastíssima região, superior a 500.000 km², equivalente ao território atual da Tailândia.[8]
Em 1833, o governo da província do Grão-Pará obteve o controle de Ega, devido à delimitação territorial feita entre Portugal e Espanha. O Grão-Pará ignorou a denominação Vila de Ega e restituiu o nome da região para Tefé.[7] Em 1850, o Amazonas foi desmembrado do Grão-Pará e elevado à categoria de província, sendo que Tefé passou a fazer parte da nova província. Cinco anos depois, em 1855, o Governo da Província do Amazonas elevou Tefé à categoria de cidade.[9]
A população do município, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021 era de 59 250 habitantes, sendo o 8º mais populoso do estado e apresentando uma densidade populacional de 2,52 habitantes por km².[3] Segundo o censo de 2010, promovido pelo mesmo órgão estatístico, 50,7% da população eram homens (31 518 habitantes), 49,3% (29 945 habitantes) mulheres, 88% (50 069 habitantes) vivia na zona urbana e 12% (11 384 habitantes) na zona rural.[10]
Os traços culturais, políticos e econômicos herdados dos portugueses são notáveis e marcantes no município de Tefé. Desenvolveu-se assim, mas, voltando um pouco atrás na história, não se pode esquecer a importância dos indígenas no quesito contribuição étnica. Foram eles que iniciaram a ocupação humana no Brasil.[11]
Na sua formação histórica, a demografia tefeense é o resultado da miscigenação das três etnias básicas que compõem a população brasileira: o indígena, o europeu e o negro, formando, assim, os mestiços da região. Mais tarde, com a chegada dos imigrantes, formou-se um caldo de cultura singular, que caracteriza a população tanto da cidade quanto do estado, seus valores e modo de vida. No entanto, é muito notável a predominância da influência do indígena brasileiro no município, devido principalmente ao fato de esse estar situado no estado com a maior população indígena no país. Outra etnia marcante no município é o caboclo (também chamado mameluco), resultado da miscigenação do indígena com o branco.[12][13]
Segundo o censo demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população de Tefé está composta por: pardos (79,78% ou 15 944 habitantes); brancos (15,66% ou 3 233 habitantes); indígenas (1,48% ou 378 habitantes); pretos (2,49% ou 952 habitantes) e amarelos (0,60% ou 214 habitantes).[14] O município possui um dos maiores percentuais de população branca no estado.[15]
Tal qual a variedade cultural verificável em Tefé, são diversas as manifestações religiosas presentes. Embora tenha se desenvolvido sobre uma matriz social eminentemente católica, tanto devido à colonização quanto à imigração — e ainda hoje a maioria da população da cidade declara-se católica, é possível encontrar atualmente na cidade dezenas de denominações protestantes diferentes, assim como a prática do candomblé, das religiões orientais, das religiões cristãs restauracionistas, do espiritismo, entre outras. Nos últimos anos, as denominações protestantes, principalmente de cunho pentecostal e neopentecostal, têm crescido bastante na cidade.[16] De acordo com dados de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Tefé está composta por: católicos (46.541 habitantes); protestantes (15.146 habitantes); pessoas sem religião (1.351 habitantes); espíritas (755 habitantes); umbandistas e candomblecistas (10 habitantes) e religiões orientais (7 habitantes). Entre as igrejas protestantes, destacam-se a Assembleia de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus. Entre as denominações cristãs restauracionistas, destacam-se A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e as Testemunhas de Jeová. Não se teve registro de tradições esotéricas. Pessoas com outras religiosidades eram 738 habitantes.[17]
De acordo com a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística vigente desde 2017,[18] o município pertence às regiões geográficas intermediária e imediata de Tefé.[19] Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, o município fazia parte da microrregião de Tefé, que por sua vez estava incluída na mesorregião do Centro Amazonense.[20]
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1969 (a partir de 1° de setembro) a menor temperatura registrada em Tefé foi de 14,6 °C em 27 de junho de 1994,[21] e a maior atingiu 39,7 °C em 25 de fevereiro de 2007.[22] O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 163,9 milímetros (mm) em 27 de setembro de 2000.[23] Janeiro de 2012, com 637,2 mm, foi o mês de maior precipitação.[24]
Dados climatológicos para Tefé | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 37,4 | 39,7 | 37,2 | 36,4 | 36 | 36,8 | 37,4 | 37,6 | 38,6 | 38,2 | 38 | 37,6 | 39,7 |
Temperatura máxima média (°C) | 32,1 | 32,1 | 32,3 | 32,1 | 31,7 | 31,7 | 32,2 | 33 | 33,4 | 33,3 | 32,8 | 32,5 | 32,4 |
Temperatura média compensada (°C) | 26,6 | 26,5 | 26,7 | 26,7 | 26,5 | 26,3 | 26,4 | 27 | 27,3 | 27,1 | 27,1 | 26,8 | 26,8 |
Temperatura mínima média (°C) | 22,6 | 22,6 | 22,5 | 22,7 | 22,7 | 22,1 | 21,9 | 22,2 | 22,3 | 22,5 | 22,7 | 22,6 | 22,5 |
Temperatura mínima recorde (°C) | 18 | 15,8 | 18,2 | 18,9 | 18,4 | 14,6 | 14,9 | 15,4 | 18,8 | 19,4 | 18,8 | 19 | 14,6 |
Precipitação (mm) | 274,2 | 247,1 | 306,5 | 297,1 | 254,3 | 158,2 | 120,5 | 96,4 | 132,9 | 160,3 | 181 | 217,2 | 2 445,7 |
Dias com precipitação (≥ 1 mm) | 18 | 17 | 18 | 19 | 17 | 14 | 11 | 9 | 11 | 12 | 13 | 16 | 175 |
Umidade relativa compensada (%) | 90 | 89 | 89,4 | 89,9 | 90,8 | 89 | 88,1 | 86,8 | 86,6 | 87,5 | 88,2 | 89,2 | 88,7 |
Insolação (h) | 140,2 | 112,3 | 127,5 | 125,2 | 130,9 | 142,5 | 181 | 191,8 | 180,2 | 170,3 | 148,3 | 140,9 | 1 791,1 |
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (normal climatológica de 1981-2010;[25] recordes de temperatura: 01/09/1969-presente)[21][22] |
A cidade de Tefé é o município polo da região do Triângulo Jutaí – Solimões - Juruá, é a cidade com maior número de Instituições Educacionais da região possuindo universidades, centros técnicos e grande rede de escolas e instituições de ensino particulares.
As escolas estaduais de ensino fundamental e médio na área urbana de Tefé, são as seguintes: Deputado Armando de Souza Mendes, Governador Gilberto Mestrinho, Professor Isidoro Gonçalves de Souza, Alcijara de Queiroz, Amélia Lima, Antidio Borges Façanha, Corintho Borges Façanha, Eduardo Ribeiro, Eduardo Sá, Madre Maria das Merces, Nossa Senhora das Graças, Frei André a Costa, Madre São José e Santa Teresa.
As escolas municipais de ensino fundamental na área urbana da cidade são as seguintes: Helyon De Oliveira, Eduardo Santos, Santa Teresa, Flora Agrícola, Augustinho de Castro, Bom Jesus, Deus é Amor, Henrique Lima, Imaculada Conceição, Doroteia Bezerra dos Santos, Indígena Santa Cruz, Wenceslau de Queiroz, Indígena Padre Augusto Cabrolier, Rei Davi, Samuel Fritz, Santo Isidoro, Santa Clara, Santa Maria, Indígena Pacáia, São Paulo, Santa Luzia, Nossa Senhora Aparecida, São Luiz e Santa Maria.
Tefé possui seis instituições de ensino superior, sendo três de caráter público e três de caráter privado: Centro de Estudos Superiores de Tefé, Universidade Aberta Brasil (UAB), Faculdade Metropolitana de Manaus (FAMETRO), Universidade Paulista (UNIP), além da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o Instituto Federal do Amazonas (IFAM). Além destas instituições, o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (CETAM) oferece cursos de nível técnico, bem como o Instituto Federal do Amazonas (IFAM).
A prefeitura do município de Tefé, segundo dados do (IBGE) em 2010, arrecada em média anualmente uma receita bruta de aproximadamente 55.000.000 milhões de reais e possui despesas que somam aproximadamente 47.000.000 milhões de reais. Esses valores são originados de arrecadação de impostos, tarifas, projetos, convênios municipais e prestação de contas.
Fabricas e Indústrias - é um setor pouco diversificado, não existem médias ou grandes indústrias em Tefé. Neste município encontramos apenas pequenas fábricas de material cerâmico para construção civil, móveis, metalúrgicas e vidraçarias.
Agricultura – É basicamente de produtos de subsistência como hortaliças e frutas regionais produzidas apenas para atender as necessidades locais. A maioria dos produtos agrícolas são comprados das regiões Sul e Sudeste do Brasil. O município possui grandes áreas de cultivo da mandioca para produção de farinha, Tefé divide com o município de Uariní a produção da farinha mais valorizada do Estado do Amazonas, conhecida como a “Farinha do Uarini”, são produzidas toneladas de farinha de mandioca para abastecer a cidade de Manaus.
Pecuária – A criação de rebanhos é pouco desenvolvida, o gado em sua maioria é comprado de outras regiões da Amazônia, pois o município é localizado em terra-firme, imprópria para cultivo de pastagens e criação de rebanhos.
Pesca - A produção de pescado possui grande destaque na economia local. A cidade de Tefé fica localizada próxima às maiores áreas de pesca do Amazonas, devido a isso, é grande a quantidade de empresas instaladas em flutuantes relacionadas à venda e compra de pescado, principalmente peixes lisos, tambaqui e pirarucu, que é vendido tanto para mercado interno (Tefé/Manaus) como externo (Colômbia/Peru e Ásia).
Comércio – É o setor mais desenvolvido da economia do município, pois existem uma grande quantidade de pequenas lojas dos setores de vestuário, calçados, eletrodomésticos, móveis, eletroeletrônicos, material de construção, armarinhos, tecidos, estivas e bebidas.
Setor de Serviços - Existe no município de Tefé um grande fluxo diário de pessoas, devido o fato de a cidade ser sede dos principais Bancos e Instituições Financeiras que não são encontradas nos municípios vizinhos, possui também quartéis militares das Forças Armadas, instituições de ensino superior e de saúde, Policia Federal, ONGs e entidades de preservação do meio ambiente e do indígena, sede do Poder Judiciário e Político Administrativo do Amazonas. É o principal porto fluvial e rota de passagem de grandes embarcações que navegam no rio Solimões.
Aeroporto - na cidade existe o Aeroporto Regional de Tefé, administrado pela Infraero equipado para receber medias e grandes aeronaves da região.
A cidade de Tefé exerce forte influencia econômica sobre as cidades de Alvarães, Uarini, Fonte Boa, Maraã, Jutaí, Carauari, Eirunepé, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá e Tabatinga.[26]
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