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espécie de ave Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O talha-mar-asiático (Rynchops albicollis), também conhecido como bico-de-tesoura-indiano, é uma dentre três espécies que pertencem ao gênero Rynchops, família Laridae. Esta ave aparenta-se com a família Sternidae, mas como outros talha-mares, tem a mandíbula superior curta e a mandíbula inferior alongada, esta última sendo sulcada na superfície da água quando ocorre o sobrevoo da lâmina, buscando a pescaria de presas aquáticas. É encontrado na Ásia meridional, onde se distribui de maneira desigual, principalmente em rios ou estuários — atualmente, seus números populacionais diminuem. Bem visível, sua coloração preta, branca e laranja é vívida.
Talha-mar-asiático | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Vulnerável (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Rynchops albicollis (Swainson, 1838) | |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
Rhynchops albicollis |
A ave é negra em maior parte de sua envergadura, contrastando com o corpo branco e o bico laranja. Suas asas são longas e pontiagudas, assemelhando-a com os esternídeos, medindo cada uma 40—43 cm, e a envergadura em si, 108 cm. O topo destas asas e do tronco é na coloração preta de tom escuro, com uma borda posterior branca. Já as partes baixas são maioritariamente alvas, mas escurecendo gradativamente às proximidades da ponta das asas e das penas. A capa negra da cabeça não cobre a fronte e a nuca, que são brancas. Sua cauda é curta e ramificada, alva, com a porção superior das penas centrais enegrecida. O bico alongado é alaranjado, mas com a ponta em coloração amarela; como os outros talha-mares, possui a mandíbula inferior maior que a superior. Os membros inferiores são vermelhos.[2] No bico, a metade articulada pela mandíbula inferior é flexível e tem formato de uma lâmina com a ponta cortada. Já a mandíbula superior é dotada de considerável mobilidade.[3] Os bicos dos juvenis são normais, com a mandíbula inferior crescendo à medida que crescem.[4]
Adultos que não se reproduzem são mais escuros, apresentando tonalidade marrom se comparados com espécimes reprodutores. A coloração dos juvenis varia entre cinza e marrom no topo do corpo, com franjas pálidas nas penas das costas e das asas. Neste estágio, a cabeça apresenta mais branco do que numa ave adulta, enquanto o bico se colore numa mescla de laranja com marrom, findando numa ponta escura.[2] A espécie emite vocalização nasalada em alto volume — kyap-kyap — mas geralmente é bastante silenciosa.[2]
Rynchops niger, originário da América, é maior e seu bico dispõe de uma extremidade enegrecida. O talha-mar-africano, por sua vez, é menor, com uma cauda mais negra e sem a nuca branca da espécie asiática.[5]
Este talha-mar é encontrado em vastos rios e lagos, pântanos, além de zonas úmidas costeiras como os estuários. Sua presença é mais comum à água doce, particularmente durante a temporada de acasalamento. Colônias de procriação se situam em ilhas ou lidos, usualmente fluviais. O âmbito da espécie tem se tornado cada vez mais fragmentado nas últimas décadas. Ainda é localizada em partes do Paquistão (como a rede de drenagem do rio Indo na Caxemira), da Índia — norte e centro, ao longo do rio Ganges[6] —, de Bangladesh e Birmânia. Anteriormente também ocorria em Laos, Camboja e Vietnã. Visita o Nepal raramente, quando não está reproduzindo, e já foi registrada como espécie errática no Omã, Tailândia central, com antigas menções ao Irã e à China. Presentemente, os últimos refúgios deste talha-mar são a Índia e Bangladesh.[7] É mais habitual durante o inverno, sendo encontrado em estuários costeiros da Índia ocidental e oriental, e chegando tão a sul quanto Karwar na primeira, e a Chennai e Puducherry na última.[8][9][10][11][12]
A área do rio Chambal é conhecida como locação de colônias reprodutivas da espécie.[13][14] Juntamente foi documentada chocagem às margens do rio Mahanadi na barragem de Munduli (divisão de vida selvagem de Chandaka) em Cuttack.[15]
A ave apanha seu alimento ao voar baixo com o bico aberto sobre a superfície, adentrando a mandíbula inferior na água para escumar através dela. Quando um peixe é encontrado, acaba por mover a mandíbula inferior, o que leva a ave a levantar a mandíbula superior, capturando a presa com um movimento da cabeça.[3] Predam em pequenos bandos e muitas vezes com a presença de esternídeos. A alimentação se consiste principalmente de peixes, mas também ingerem pequenos crustáceos e larvas de insetos. Frequentemente se nutrem ao crepúsculo e podem ser noturnos.[2]
A época de reprodução se dá principalmente entre março e maio. Procriam em colônias com até 40 pares, geralmente com esternídeos e outras aves. O ninho é uma pequena cavidade no solo, efetuada principalmente em bancos de areia expostos, o que permite um ponto de vista desobstruído em caso de predadores que se aproximem.[2] Os ovos são da cor de camurça ou brancos com manchas e listras marrons.[16] A ninhada contém de 3 a 5 ovos. A espécie pode indultar em parasitismo de ninhada heteroespecífico de baixa intensidade, depositando seus ovos em ninhos de gaivina fluvial (Sterna aurantia).[17] Tende a incubar os ovos durante os períodos do dia com menores temperaturas, e frequentemente se ausentam do ninho durante o trecho calorento do dia.[18] Há registros de que adultos incubadores costumam molhar as penas do abdômen para arrefecer os ovos.[19] Um espécime ao ninho foi observado retirando um filhote invasor de Sterna aurantia com sua pata, posteriormente lançando-o na água.[3]
No passado, a espécie tinha uma ampla distribuição de habitat ao longo dos rios do subcontinente indiano,[20] das redes de drenagem dos rios mianmarenses, e também do rio Mekong. Registros oriundos do Laos,[21] Camboja e Vietnã provêm principalmente do século XIX e relatos contemporâneos são escassos.[22]
A população restante atualmente se concentra na Índia e no Paquistão e estimam-se números de 6,000 a 10,000 indivíduos. Tais cifras em declínio levaram o talha-mar-asiático a ser classificado como espécie vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza.[1] Trata-se de espécie ameaçada por destruição de biótopo, poluição e perturbação antropogênica. A maioria das colônias da ave não é legalmente protegida, ainda que exceções sejam abarcadas por reservas naturais, como a do Santuário Nacional de Chambal, Índia.[13]
E. H. N. Lowther citado como observador original em 1949
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