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Um super-herói é um personagem modelo fictício "sem precedentes das proezas físicas dedicadas aos atos em prol do interesse público". Protagoniza as histórias de superaventura, ou super-aventura,[1] um gênero de ficção especulativa marcado também pelos super-vilões e pela associação com os quadrinhos estadunidenses, embora esteja presente noutros meios de comunicação por meio de adaptações e obras originais.[2]
Um super-herói ou super-heroína é um bom personagem, normalmente ajudando o mundo a se tornar um lugar melhor, dedicado a proteger o público e a impedir o mal.
O termo para o gênero tem criação mais recente, pelo sociólogo Nildo Viana, especialista em sociologia das histórias em quadrinhos.[2] O gênero tem origem especialmente nos quadrinhos estadunidenses desde a década de 1930 (e posteriormente nos filmes de Hollywood), bem como na mídia japonesa (incluindo kamishibai, tokusatsu, mangá e anime) desde a década de 1930. As histórias do gênero, desde a estreia do super-herói Superman em 1938, variam de aventuras-solo, breves episódios contínuos a sagas de grupos com vários personagens. Os quadrinhos estadunidenses têm dominado o segmento em revistas e outros meios de comunicação social. As personagens femininas são conhecidas como super-heroínas. Vale salientar que personagens não têm necessidade de ter superpoderes para serem considerados super-heróis, personagens como Batman e Homem de Ferro, por exemplo, derivam seu status da tecnologia que criam e usam, e não da biologia não humana ou sobre-humana, como Superman e Homem-Aranha, ou estudam e praticam magia para alcançar suas habilidades, como Zatanna e Doutor Estranho.[3][4][5] Enquanto a definição de "super-herói" no Dictionary.com é "uma figura, especialmente em uma história em quadrinhos ou desenho animado, dotada de poderes sobre-humanos e geralmente retratada como combatendo o mal ou o crime",[6] o antigo dicionário Merriam-Webster fornece a definição como "um herói fictício com poderes extraordinários ou sobre-humanos; também: uma pessoa excepcionalmente habilidosa ou bem-sucedida."[6] Termos como combatentes do crime mascarados, aventureiros fantasiados ou vigilantes mascarados às vezes são usados para se referir a personagens como The Spirit, que podem não ser explicitamente referidos como super-heróis, mas compartilham características semelhantes. Will Eisner, famoso autor de The Spirit, ao explicar porque não queria que o personagem fosse um super-herói, alegando que o conceito era negativo a medida que fora divulgado por Hitler em seu livro Mein Kampf, publicado nos Estados Unidos em 1935. Ele disse
“ | Porque tudo está interligado: num dado momento, o mundo recebe determinadas coisas de uma certa maneira, e o sucesso acontece porque a hora é apropriada. Se não fosse a depressão, teríamos tido menos livros miserabilistas à la Charles Dickens; nas histórias em quadrinhos, se não fosse Hitler, talvez não tivéssemos tido os super-heróis".[7] | ” |
O objetivo dos super-heróis é, geralmente, a defesa do bem, da paz, o combate ao crime, tomando para si a responsabilidade de ser protagonista na luta do bem contra o mal. No entanto, um super-herói também pode ser um personagem real ou fictício que inspira qualquer pessoa a agir melhor. Alguns super-heróis usam seus poderes para ajudar a combater o crime diário, além de combater ameaças contra a humanidade de supervilões, que são suas contrapartes criminosas. Muitas vezes, pelo menos um desses supervilões será o arqui-inimigo de um super-herói.
As editores de histórias de super-heróis foram rapidamente ganhando vários personagem, levando à criação progressiva de universos fantásticos elaborados, dos quais o Universo DC e o Universo Marvel são os principais exemplos. Superman e Batman, portanto, compartilham muitas aventuras. À medida que os universos compartilhados se desenvolvem, o herói pode se tornar menos excepcional em seu mundo. Em uma série como a Legião dos Super-Heróis, a equipe inclui dezenas de personagens e é composta em grande parte por extraterrestres cujos superpoderes são inatos e não adquiridos. A equipe atua como uma força de segurança oficial, mas é uma série futurista que se passa no século trinta. Em Savage Dragon, Erik Larsen transforma seu personagem em policial e o coloca em um mundo onde abundam super-seres. Astro City também é um lugar onde o super-herói é banalizado.
O universo dos super-heróis pode ser misturado com temas mitológicos ou mundos imaginários muito diversos, muitos heróis encontrar deuses olímpicos,asgardianos ou de outras mitologias,[8] bem como personagens literários (Drácula, Monstro de Frankenstein, Fu Manchu, entre outros). Alan Moore criou séries que às vezes caem apenas marginalmente do gênero. Ele remonta às fontes do gênero, por um lado, A Liga Extraordinária, que exibe personagens de romances de ficção científica e fantasia como Mr. Hyde e o Homem Invisível, e, por outro lado, Tom Strong, um personagem na tradição dos pulps e histórias em quadrinhos da Era de Ouro. Promethea é usado principalmente para falar sobre magia e tem quase um aspecto didático.
Em seu livro De Superman au Surhomme, Umberto Eco observa que a maioria das histórias de super-heróis evoluem fora do tempo, já que não envelhecem e têm uma vida idêntica. Eles também estão fora do mundo, porque, apesar de superpoderes às vezes consideráveis, os super-heróis modificam menos o equilíbrio do mundo que os rodeia do que se poderia acreditar. No seu sentido primordial, os super-heróis podem ser usados como personagens simbólicos, ou no limite da caricatura, às vezes envolvidos em histórias puramente maniqueísta que se destinam a uma audiência jovem. O arquétipo do super-herói, no entanto, tem muitas variações.
A palavra super-herói remonta a 1899.[9] Antecedentes do arquétipo incluem personagens mitológicos como Gilgamesh, Hanuman, Perseu, Ulisses, Davi, semideuses como Hércules na mitologia grega-romana,[10][11] ou deuses como Thor da mitologia germânica, que também seriam adaptados como personagens de quadrinhos. O vigilantismo é também um arquétipo das contas lendárias e populares através de personagens conhecidos, como Robin Hood.[12][11] As inspirações da vida real por trás de super-heróis fantasiados podem ser rastreadas até os "vigilantes mascarados" do Velho Oeste americano, como os San Diego Vigilantes[13] e os Bald Knobbers[14] que lutaram e mataram bandidos enquanto usavam máscaras.[15]
Em 1903, é lançada a peça de teatro britânica Pimpinela Escarlate de Emma Orczy, o personagem-titulo que popularizou a ideia um vingador mascarado e o tropo da identidade secreta.[12] Outros personagens incluem Green Hornet, Scarecrow of Romney Marsh e Spring Heeled Jack, o último de quem surgiu pela primeira vez como uma lenda urbana.[16]
Fantômas, criado em 1911 por Marcel Allain e Pierre Souvestre, está mais próximo do supervilão. Rapidamente adaptadas pelo cinema mudo, as aventuras de Fantômas inspiram, no cinema, as de Judex, um vigilante concebido como uma versão positiva de Fantômas.[17]
Da mesma forma, os heróis de ficção científica e John Carter, Buck Rogers e Flash Gordon, com as suas armas futuristas e gadgets;[18][19] Tarzan, com o seu alto grau de capacidade atlética e força, e sua capacidade de se comunicar com os animais; Conan, o Bárbaro de Robert E. Howard e o biologicamente modificado Hugo Danner do romance Gladiator,[nota 1] foram heróis com habilidades incomuns que lutaram inimigos, às vezes maiores que a vida. A palavra "superhero" teria surgido em 1917.[20]
Os antecedentes mais diretos são os personagens da literatura pulp como os mascarado Jimmie Dale/the Gray Seal (1914), Zorro[11] (criado por Johnston McCulley em 1919 com publicação da novela The Curse of Capistrano) com a sua marca "Z", o preternatural mesmérico Shadow (1930), o "auge humano Doc Savage (1933)[21][22][23] os heróis de aventuras espaciais do subgênero space opera como Lensman de E. E. Smith[24] e personagens dos quadrinhos como Hugo Hercules (1902) do cartunista William HD Koerner, publicado por cinco meses no jornal Chicago Tribune,[25] Patoruzú de Dante Quinterno (1928),[26] Popeye de E. C. Segar (1929). Uma outra notável influência foram os homens fores como Siegmund Breitbart[27] e Charles Atlas, esse último conhecido por anúncios de seu método de exercícios físicos publicados nas próprias revistas em quadrinhos.[28][29]
Um super-herói usa, na grande maioria dos casos, um traje especial para distingui-lo dos outros, para ajudá-lo a lutar melhor e / ou ocultar sua identidade. O traje é frequentemente descrito como muito apertado, mostrando os detalhes dos músculos do corpo mais do que na vida real e, portanto, é chamado de collant. O traje do Superman foi inspirado no medieval usado por Douglas Fairbanks no filme Robin Hood.[30]
Em 1936, são lançados os primeiros heróis mascarados das histórias em quadrinhos: O Fantasma, criado por Lee Falk e publicado em uma tira diária lançada em 17 de fevereiro de 1936[31] e The Clock, criado por George Brenner e publicado pela primeira vez em Funny Pages #6 (Novembro de 1936) da editora Centaur Publications.[32] Em agosto de 1936, nas páginas da revista pulp Thrilling Wonder Stories, Max Plaisted publica a história em quadrinhos Zarnak,[33] em uma seção de cartas, publicada em agosto de 1937, o termo supehero é usado para definir o herói da história.[34] Em 1937, surge na revista pulp Spicy Mystery Stories, a tira da personagem Olga Mesmer,[35] sobre uma mulher que possuía visão de raio-x.[36]
Historiadores apontam para a primeira aparição de Superman, criado por Jerome "Jerry" Siegel e desenhado por Joseph "Joe" Shuster, em Action Comics 1 (Junho de 1938) como a estreia do arquétipo de histórias em quadrinhos do super-herói.[37]
Fora da indústria de quadrinhos norte-americanos, personagens japoneses dos kamishibais, uma espécie de teatro de papel, como Ōgon Bat e Princípe Gamma (em japonês: ガンマ王子), já apresentavam uniformes e superpoderes no início da década de 1930.[38]
Em 1933, Jerry Siegel publica o conto de ficção científica The Reign of the Superman na terceira edição do fanzine Science Fiction: The Advance Guard of Future Civilization, ilustrada por Joe Shuster, a história era protagonizado por um ser humano que havia adquirido superpoderes após entrar em contato com uma rocha extraterrestre e usou a alcunha de Superman. No ano seguinte, o Superman foi remodelado como um herói para as tiras de jornal. A dupla tentou negocia-lo para publicar em jornais e em revistas em quadrinhos, porém, não conseguiram, em 1935, começaram a trabalhar na revista New Fun da National Allied Publications, editora que daria origem a DC Comics.[39]
Em 1936, surge o Eisner and Iger Studio, fundado por Will Eisner e Jerry Iger, o estúdio forneceria material para as editora Fiction House, Fox Feature Syndicate e Quality Comics, na Fiction House, publicou Sheena, a rainha das selvas, uma garota das selvas criada em 1937[18] para a revista britânica Wags, sendo publicada no ano seguinte pela Fiction House, na revista Jumbo Comics, em 1942, foi a primeira heroína a ter uma revista solo.[40] Pelo estúdio, passaram artistas como Jack Kirby, Bob Kane e Lou Fine.[41]
Em junho de 1938, Jerry Siegel e Joe Shuster introduziram o Superman na primeira edição da revista Action Comics da National Allied Publications, a publicação marca o início da "Era de Ouro" das histórias em quadrinhos americanas.[42] O personagem possuía muitas das características que vieram a definir o super-herói: uma identidade secreta, poderes sobre-humanos e um traje colorido incluindo um símbolo e capa. Os primeiros heróis dos quadrinhos foram, por vezes, também chamado de homens misteriosos ou heróis mascarados.
A pedido do editor da Fox Feature Syndicate, Eisner criou uma imitação do Superman, Wonder Man, que daria origem ao primeiro processo de plágio envolvendo um super-herói.[18]
Durante a década de 1940, havia muitos super-heróis: Flash, Lanterna Verde e Besouro Azul estrearam nesta época. Esta era viu a estreia da primeira super-heroína conhecida, Fantomah[18] de Fletcher Hanks, uma mulher imortal do Egito Antigo que poderia se transformar em uma criatura com superpoderes para combater o mal; Ela estreou em Jungle Comics # 2 (fevereiro de 1940) da editora Fiction House, creditado com pseudônimo "Barclay Flagg".[43] Invisible Scarlet O'Neil, uma personagem sem disfarce que lutou contra o crime e sabotadores de guerra usando o poder da invisibilidade criada por Russell Stamm, estrearia na tira de jornal homônima alguns meses depois, em 3 de junho de 1940.[44] Em 1940, Maximo the Amazing Superman estreou eum Big Little Book por Russell R. Winterbotham (texto), Henry E. Vallely e Erwin L. Hess (desenhos).[45][46]
Black Widow[nota 2] foi uma rara anti-heroína superpoderosa, a personagem era uma emissária de Satanás[18] que matava os malfeitores para enviá-los ao Inferno e estreou em Mystic Comics # 4 (agosto de 1940) da Timely Comics, uma antecessora da Marvel Comics na década de 1940.[47] A maioria das outras outras heroínas da época não tinham superpoderes. As personagens notáveis incluem The Woman in Red,[18] introduzido lançada em Thrilling Comics #2 (março de 1940) da Standard Comic;[47] Lady Luck, que surgiu no suplemento de jornal The Spirit Section em 2 de junho de 1940;[48] A personagem cômica Red Tornado, que estreou em All-American Comics #20 (novembro de 1940);[49] Miss Fury, que estreia na tira de jornal homônima da cartunista Tarpé Mills em 6 de abril de 1941;[50] Phantom Lady, lançada na revista Police Comics # 1 (agosto de 1941) da Quality Comics;[51] Black Cat, lançada em Pocket Comics #1 (também em agosto de 1941) da Harvey Comics;[52] Black Canary, apresentada em Flash Comics #86 (agosto de 1947) como uma personagem de apoio.[53] A super-heroína da quadrinhos mais icônica, que estreou durante a Era de Ouro, é a Mulher-Maravilha. Inspirado pelas amazonas da mitologia grega, ela foi criada pelo psicólogo William Moulton Marston, com ajuda e inspiração de sua esposa Elizabeth e seu amante mútua Olive Byrne. A primeira aparição da personagem foi em All Star Comics # 8 (dezembro de 1941), publicado pela All-American Publications,[54] uma das duas empresas que se fundiriam para formar DC Comics em 1944.[39]
Durante a Segunda Guerra Mundial, os super-heróis se tornaram ainda mais populares, sobrevivendo ao racionamento de papel e a perda de vários talentosos ilustradores que serviram nas forças armadas.[55]
A busca de histórias simples de vitórias do bem sobre o mal que poderiam levar a consular ou parcialmente esquecer os horrores da guerra e do momento em que pode explicar a popularidade dos super-heróis em tempo de guerra. Nesta pesquisa dos leitores, os criadores dos quadrinhos responderam com histórias em que os super-heróis de combate as forças do Eixo e introduziram alguns heróis inspirados em temas patrióticos, incluindo o Capitão América da Timely Comics,[18][11] que, juntamente com o Tocha Humana e Namor, mais de uma vez salvaram o mundo da ameaça do nazismo.[56]
O Capitão América também apareceu pela primeira vez na imprensa em dezembro de 1940, um ano antes do ataque a Pearl Harbor pelo governo japonês, quando os Estados Unidos ainda estavam isolados. Criado por Joe Simon e Jack Kirby, o super-herói foi a personificação física do espírito americano durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1947, o roteirista e desenhista filipino Mars Ravelo introduziu a primeira super-heroína do país, Darna, uma que encontrou um talismã místico de outro planeta que lhe permite se transformar em um mulher guerreira adulta.[57]
Em 1952, o mangá Tetsuwan Atom de Osamu Tezuka (mais popularmente conhecido no Ocidente como Astro Boy) foi publicado. A série se concentrou em um menino robô construído por um cientista para substituir seu filho falecido. Sendo construído a partir de um robô incompleto originalmente destinado a fins militares, Astro Boy possuía poderes surpreendentes, como o
voo através de propulsores em seus pés e a incrível força mecânica de seus membros.[58][59]
Após a guerra, os super-heróis perderam popularidade. Um fator foi uma cruzada moral que foi considerada prejudicial para os quadrinhos, que foram acusados de incitar a delinquência juvenil. O movimento foi liderado pelo Dr. Fredric Wertham, que, no livro Seduction of the Innocent (1954). Em resposta várias editoras adotaram o Comics Code Authority, um sistema de auto-censura.[37][11][18][60] Alguns pesquisadores chamam esse período de interregno ou "Era atômica" (1946-1955).[61]
Em 1956 a DC Comics lançou uma nova versão do Flash, que foi um sucesso imediato.[37][62][63] Isso levou a empresa a reviver outros super-heróis como Gavião Negro e Lanterna Verde,[18][64] que ganharam um enfoque mais próximo da ficção científica, lançando uma era mais tarde considerada a Era de Prata dos Quadrinhos. e lançar a equipe de super-heróis da Liga da Justiça da América, o que teria reavivado as glórias do primeiro supergrupo da editora, a Sociedade da Justiça da América. Proponente principal desta renovação foi o editor Julius Schwartz, que teve a ideia de reformular os personagens de histórias em quadrinhos dos anos quarenta e cinquenta.[65] Como principais colaboradores estiveram Gardner Fox, Joe Orlando, John Broome, Curt Swan, Joe Kubert e Carmine Infantino, todos símbolos desse período que ficou conhecido como Era de Prata dos Quadrinhos. Durante esta era, DC apresentou personagens como de Batwoman em 1956, Supergirl,[66] Miss Arrowette[67] e Bat-Girl;[68]
Em 1957, no Japão, Shintoho produziu a primeira série de filmes com o personagem de super-herói Super Giant, sinalizando uma mudança na cultura popular japonesa em direção a super-heróis mascarados tokusatsu sobre monstros gigantes de kaiju. Juntamente com Astro Boy, a série Super Giant teve um efeito profundo na televisão japonesa. 1958 viu a estreia do super-herói Gekko Kamen na televisão japonesa.[69] Foi o primeiro de vários programas de super-heróis televisionados que formariam o gênero tokusatsu.[70] Criado por Kōhan Kawauchi, ele seguiu seu sucesso com os super-heróis dos tokusatsus, 7-Color Mask (1959)[71] e Messenger of Allah (1960), ambos estrelados por um jovem Sonny Chiba.
Com o retorno dos super-heróis da DC, Stan Lee editor da concorrente Atlas Comics (anteriormente conhecida como Timely) de Martin Goodman, e artistas/coautores Jack Kirby e Steve Ditko e outros ilustradores lançaram uma nova linha de super-heróis (a Atlas passou a usar o nome Marvel Comics), começando com o Quarteto Fantástico, equipe criada em 1961 para competir com a Liga da Justiça. Contudo, as novas aventuras enfatizavam conflitos pessoais para o desenvolvimento do caráter, mas também com muita ação e aventura.[11] Esta nova forma de entender os super-heróis teve como consequência que muitos deles diferiam muito dos padrões criados em 1940.[72] Alguns exemplos:
Em 1963, Astro Boy foi adaptado para uma série de televisão de anime altamente influente.[77] Phantom Agents de Tatsuo Yoshida, foi lançada em 1964 centrou-se em ninjas que trabalham para o governo japonês. Em 1966, surge a série de ficção científica/terror Ultra Q criada por Eiji Tsuburaya, que eventualmente daria origem a Ultraman, gerando uma franquia de sucesso focada no subgênero do herói gigante, onde os super-heróis seriam tão grandes quanto os monstros gigantes (kaijus) que eles lutaram.[78] Em 1966, Ōgon Bat teve um filme estrelado por Sonny China[79] e no ano seguinte, ganha uma série de anime.[80]
O monstro kaiju Godzilla, originalmente um vilão, começou a ser retratado como um super-herói radioativo nos filmes de Godzilla,[81] começando com Ghidorah (1964).[82] Na década de 1970, Godzilla passou a ser visto como um super-herói, com a revista King of the Monsters, em 1977, descrevendo Godzilla como "Super-herói dos anos 70".
Em 1971, Kamen Rider lançou o "Henshin Boom" na televisão japonesa no início dos anos 70, impactando bastante o gênero de super-heróis tokusatsu no Japão.[83] Em 1972, o anime Science Ninja Team Gatchaman estreou, baseado na ideia da equipe de super-heróis Phantom Agents, além de apresentar cores diferentes para membros da equipe e veículos especiais para apoiá-los,[84] seus veículos também podiam se combinar em um maior. Outro evento importante foi a estreia de Mazinger Z por Go Nagai, criando o gênero Super Robot.[85] Go Nagai também escreveu o mangá Cutie Honey em 1973, embora o gênero garota mágica já existisse, o mangá de Nagai apresentou sequências de transformação que se tornariam um elemento básico do mesmo.[86]
A década de 1970 veria mais anti-heróis serem introduzidos na ficção de super-heróis. Tais exemplos incluíram a estreia de Skull Man, de Shotaro Ishinomori (a base de seu Kamen Rider) em 1970, Devilman de Go Nagai em 1972 e Punisher de Gerry Conway e John Romita em 1974.
Mais tarde, o mangá Dark Skull Man receberia uma adaptação para a televisão e sofreria mudanças drásticas. O personagem foi redesenhado para se parecer com um gafanhoto, tornando-se o renomado primeiro herói mascarado da série Kamen Rider. Kamen Rider é um herói de motocicleta em uma fantasia de inseto, que grita Henshin (metamorfose) para vestir sua roupa e ganhar superpoderes.
As ideias do feminismo da segunda onda, que se espalharam da década de 1960 até a década de 1970, influenciaram bastante a maneira como as empresas de quadrinhos retratariam e comercializariam suas personagens femininas: a Mulher Maravilha foi por um tempo renovada como uma artista marcial que se modifica diretamente inspirada pela personagem Emma Peel da série de televisão britânica The Avengers (nenhuma relação com a equipe de super-heróis com o mesmo nome), mas mais tarde voltou ao conceito original de Marston depois que os editores da revista Ms. desaprovaram publicamente o personagem que estava sendo desqualificado e sem seu traje tradicional; Supergirl foi transferida de um recurso secundário da Action Comics para a um título principal em Adventure Comics em 1969; Lady Liberators apareceram em uma edição de Os Vingadores como um grupo de super-heroínas controladas pela mente lideradas por Valquíria (na verdade uma supervilão disfarçada) e deveriam ser uma paródia caricaturada de feministas;[87] e Jean Grey se tornou a personificação de um entidade cósmica conhecida como Força Fênix, com poder aparentemente ilimitado no final dos anos 70, um forte contraste de sua representação como o membro mais fraco de sua equipe há uma década.
As duas principais editoras começaram a introduzir novas super-heroínas com um tema feminista mais distinto, como parte de suas histórias de origem ou desenvolvimento de personagens. Exemplos incluem Big Barda, Power Girl e The Huntress da DC Comics; e da Marvel, a segunda Viúva Negra, Shanna, a Mulher Demônio e a Felina. As personagens coadjuvantes do sexo feminino, profissionais de sucesso ou que ocupam cargos de autoridade por direito próprio, também estreou nas páginas de vários títulos populares de super-heróis a partir do final dos anos 1950: o interesse amoroso de Hal Jordan, Carol Ferris, foi apresentado como vice-presidente da Ferris Aircraft e, posteriormente, assumiu a empresa do pai; Medusa, que foi introduzida pela primeira vez na série Quarteto Fantástico, é membro da Família Real Inumana e uma pessoa de destaque na sociedade quase-feudal de seu povo; e Carol Danvers, uma oficial decorada da Força Aérea dos Estados Unidos que se tornaria uma superheroína fantasiada anos depois.
Em 1975, Himitsu Sentai Gorenger, de Shotaro Ishinomori, estreou no que agora é TV Asahi, trouxe os conceitos de equipes multicoloridas e veículos de apoio que estreou como uma versão Gatchaman em live-action e iniciou a franquia Super Sentai (a base para a série american Power Rangers) séries nos anos 90). Em 1978, Toei adaptou o Homem-Aranha em uma série de televisão live-action. Nessa continuidade, o Homem-Aranha tinha um veículo chamado Marveller que poderia se transformar em um robô gigante e poderoso chamado Leopardon, essa ideia seria transferida para Battle Fever J de Toei (também co-produzido pela Marvel) e agora equipes multicoloridas que não só tinha veículos de apoio, mas robôs gigantes para combater monstros gigantes.
Em 1940 já havia paródias do gênero como Super Mouse.[88] Em 1969, a Mondadori, editora que publicava quadrinhos da Disney na Itália, Pato Donald ganhou outra identidade como Superpato, inicialmente, inspirado em Diabolik, um ladrão dos quadrinhos italianos, anos depois, o Superpato passou a ser retratado como um super-herói.[89] Nos Estados Unidos, Pateta também foi dotado de uma identidade como um super-herói, o Superpateta, adquirindo poderes semelhantes aos de Superman ou Marvelman ao comer um tipo especial de amendoim. Superpato e Superpateta integraram grupos de super-heróis em histórias produzidas no Brasil (Clube dos Heróis) e na Itália (Ultra-Heróis).[90]
Nos EUA, apesar de genericamente utilizado no termo popular, o stermo Super Hero e Super Heroes são marcas registradas somente aos personagens da DC Comics e Marvel (U.S. Trademark Serial Nos. 72243225 and 73222079). Outras companhias tem utilizado termos como Superhero ou super-hero (com hífen).[91] DC Comics e Marvel Comics têm sido assíduas na proteção de seus direitos sobre a marca "Super Hero" em jurisdições onde os registros estão em vigor, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.[92]
Os críticos na comunidade legal contestam se as marcas "Super Hero" cumprem o padrão legal para a proteção de marca registrada na designação distintiva dos Estados Unidos de uma única fonte de um produto ou serviço. Existe um conflito sobre cada elemento desse padrão: se "Super Hero" é distintivo e não genérico, se o "Super Hero" designa uma fonte de produtos ou serviços, e se a DC e a Marvel representam conjuntamente uma única fonte.[93] Alguns críticos caracterizam ainda mais as marcas como um uso indevido da lei de marcas registradas para combater a concorrência.[94] Além de uma ação de remoção de marca registrada realizada em 2016 contra o registro DC Comics e Marvel Comics no Reino Unido, nenhuma disputa envolvendo a marca registrada "Super Hero" teve julgamento ou audiência.[92] America's Best Comics, originalmente parte do selo Wildstorm, usou o termo science hero, cunhado por Alan Moore.[95]
As seguintes marcas registradas são registradas em conjunto para MARVEL CHARACTERS, INC. e DC COMICS:
Como mencionado, as duas empresas também possuem uma variedade de outras marcas relacionadas a super-heróis. Por exemplo, a DC possui “Legion of Super-Heroes" e "DC Super Hero Girls" e a Marvel possui “Marvel Super Hero Island" e "Marvel Super Hero Adventures."[101]
A DC e a Marvel ganharam uma reputação por proteger zelosamente suas marcas de super-heróis. Conforme observado acima, um desses casos incluiu um homem chamado Graham Jules, que tentou publicar um livro intitulado "Business Zero to Superhero".[102] Em 2014, ele recebeu uma ordem de cessar e desistir da DC e da Marvel, que alegaram que seu uso do termo super-herói causaria confusão e diluiria suas marcas.[102] Ele recebeu uma oferta de alguns milhares de dólares em acordo para mudar o nome de seu livro, mas ele não cedeu[102]Poucos dias antes da audiência agendada no Intellectual Property Office em Londres, as empresas recuaram.[102]
Um cenário semelhante ocorreu quando o criador de histórias em quadrinhos Ray Felix tentou registrar sua série de histórias em quadrinhos "A World Without Superheroes" no USPTO.[103] Felix é um dos muitos que argumentam que o termo "super-herói" se tornou genérico (veja a discussão abaixo[104] A marca de Felix está atualmente abandonada, mas ele declarou que pretende lutar contra a DC e a Marvel pelo uso do termo.[105]
Há um debate em andamento entre acadêmicos jurídicos e nos tribunais sobre se o termo "super-herói" se tornou genérico devido ao seu uso generalizado na cultura popular, semelhante a termos como "aspirina" ou "escada rolante", que perderam sua proteção de marca registrada e se tornaram termos genéricos para seus respectivos produtos.[106] Alguns argumentam que a marca registrada do termo "SUPER-HERÓI" corre o risco de se tornar genérica.
Os tribunais observaram que determinar se um termo se tornou genérico é uma investigação altamente factual, não adequada para resolução sem considerar evidências como definições de dicionário, uso da mídia e pesquisas com consumidores.[107] Os proprietários de marcas registradas podem tomar medidas para impedir a genericide , como usar a marca registrada com o nome genérico do produto, educar o público e policiar usos não autorizados.[108] No entanto, o uso indevido pelo público por si só não faz necessariamente com que uma marca registrada se torne genérica se o significado principal do termo ainda for indicar uma fonte específica.[109]
Alguns especialistas legais argumentam que, assim como os termos outrora registrados como "aspirina" e "ioiô", o termo "super-herói" agora se refere principalmente a um tipo geral de personagem com habilidades extraordinárias, em vez de personagens originários de editoras específicas. No entanto, a DC e a Marvel podem ser capazes de preservar sua marca registrada referindo-se consistentemente a "super-heróis da DC" e "super-heróis da Marvel" e desafiando usos não autorizados.
Em última análise, se "super-herói" se tornou ou se tornará genérico é uma questão complexa que continua a ser debatida. O impacto potencial sobre criadores independentes e o domínio público também está implicado. Se "super-herói" for considerado genérico, isso pode abrir a porta para que mais criadores usem o termo para descrever personagens sem medo de violação de marca registrada. No entanto, os tribunais ainda podem achar que usos específicos de termos genéricos são confusos ou enganosos, dependendo do contexto específico.[110][111]
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