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cartunista e animador japonês (1928-1989) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Osamu Tezuka (em japonês: 手塚 治虫; romaniz.: Tezuka Osamu; nascido em Toyonaka, Osaka, Japão, 3 de novembro de 1928 — Tóquio, Japão, 9 de fevereiro de 1989) foi um mangaká, um quadrinista de mangás, bastante influente no Japão e no resto do mundo, lembrado por muitos como o "pai do mangá moderno" (em japonês: 現代漫画の父; romaniz.: gendai manga no chichi; lit. "pai do mangá moderno") ou simplesmente "Deus do mangá" (em japonês: 漫画の神様; romaniz.: Manga no Kami-sama; lit. "Deus do Mangá"). Tezuka foi um grande influenciador, tendo servido de exemplo a outros grandes artistas de mangá, como Go Nagai, Shotaro Ishinomori, Rumiko Takahashi e a dupla Fujiko Fujio.
Tezuka Osamu | |
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Nome completo | Osamu Tezuka |
Pseudônimo(s) | Osamu Tezuka |
Nascimento | 3 de novembro de 1928 Toyonaka, Osaka, Império do Japão |
Morte | 9 de fevereiro de 1989 (60 anos) Tóquio, Japão |
Nacionalidade | japonês |
Educação | |
Ocupação | |
Assinatura | |
Tezuka começou o que ficou conhecido como a revolução do mangá no Japão com sua obra Shin Takarajima, publicada em 1947. Sua produção lendária geraria algumas das séries de mangá mais influentes e bem-sucedidas da história, incluindo Astro Boy, Kimba, o Leão Branco, Dororo, Black Jack e Hi no Tori, que ganhou diversos prêmios.
Tezuka morreu de câncer de estômago em 1989. Sua morte teve um impacto imediato no público japonês e em outros mangakás. O Museu Tezuka Osamu foi construído em Takarazuka dedicado à sua memória e obras, e Tezuka recebeu muitos prêmios póstumos. Vários animes estavam em produção no momento de sua morte, juntamente com os capítulos finais de Hi no Tori, que nunca foram lançados.
Sua grande produtividade e suas técnicas e gêneros pioneiros transformaram o mundo das histórias em quadrinhos no Japão. Não é o inventor dos mangás, é o autor que os popularizou. O desenho de Tezuka é facilmente identificável: o traço é claro, as imagens, simples, o enquadramento cinematográfico e o humor têm sempre seu lugar. O autor nunca hesita em se colocar em cena, com sua silhueta reconhecível principalmente por sua boina e seus óculos grossos. No entanto, não se coloca sempre em bons papéis e é expulso de cena às vezes.
Uma indicação de sua produtividade: a sua obra completa publicada no Japão reuniu cerca de 400 volumes, mais de 80 000 páginas (na verdade, sua obra completa chega a mais de 700 mangás com mais de 150 000 páginas).[2][3] A grande maioria dessas obras nunca foi traduzida do original japonês e continua inacessível aos leitores do Ocidente.
Nascido em Toyonaka, distrito de Osaka, a família mudou-se para Takarazuka quando tinha apenas cinco anos.
Seus pais estimulavam muito a criatividade dos filhos (ele tinha um irmão e uma irmã mais novos). Sua mãe levava-os para concertos e para as peças do famoso Teatro de Takarazuka e seu pai tinha um projetor de filmes em que exibia, por exemplo, O Gato Félix, O Marinheiro Popeye, Betty Boop e Mickey Mouse. Influenciado por animações de Walt Disney,[4] mais tarde Osamu diria que assistiu à Bambi mais de 80 vezes.[5]
Já nessa época fazia histórias em quadrinhos e criava personagens, muitos dos quais baseados em seus amigos e professores, ou, como o Higeoyaji ("Papai Bigode", em japonês), baseado em um desenho que um amigo fez do próprio pai. Quanto aos amigos, se inicialmente tinha problemas com as crianças da mesma idade, pouco depois participava dos clubes de história, geografia e música na escola e chegou mesmo a criar um clube para estudos sobre insetos. Ao andar pelos campos de Takarazuka para recolher e estudar insetos, ele adquiriu o senso de preservação do meio ambiente que apareceria posteriormente.
Quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial, Osamu tinha onze anos e acabou trabalhando em uma fábrica nos anos finais desta. A guerra marcaria sua visão de mundo e a paz e o apreço à vida se tornariam valores defendidos por ele em suas obras.
Em 1945, então com dezessete anos, Tezuka se iniciou estudo de medicina na Universidade de Osaka. E nessa época conhece Sakai Shichima que pouco depois, pede para ele desenhar um mangá em formato akabon ("livro vermelho", do tamanho de um cartão postal) baseado na história escrita por Sakai, Shin Takarajima ("Nova Ilha do Tesouro"), que acabou vendendo 400 000 cópias e trazendo alguma fama a Tezuka.[6] Mas o início de sua carreira como desenhista de mangá se dá em 1946, um ano antes da publicação de Shin Takarajima, quando começa a escrever a tira de jornal no formato yonkoma O Diário de Ma-chan no jornal Shokokumin Shinbun, oJornal das crianças da escola de Mainichi.[4][7]
Em 1951, Tezuka se juntou ao grupo conhecido como Tokyo Children Manga Association, que consiste em outros artistas de mangá, como Noboru Baba, Jiro Ota, Furusawa Hideo, Fukui Eiichi, Irie Shigeru e Negishi Komichi.
Com o sucesso de Shin Takarajima, Tezuka viajou para Tóquio em busca de uma editora para mais de seu trabalho. Depois de visitar a editora Kobunsha, Tezuka foi recusado. No entanto, a editora Shinseikaku concordou em comprar The Strange Voyage of Dr. Tiger e Domei Shuppansha compraria Doutor Koronko, o Senhor Mistério (em japonês: 怪人コロンコ博士; romaniz.: "Kaijin Koronko Hakase").
Enquanto continuava seus estudos na faculdade de medicina, Tezuka publicou suas primeiras obras-primas: uma trilogia de épicos de ficção científica chamada Lost World, Metropolis e Next World.
Logo depois que Tezuka publicou seu primeiro grande sucesso, Kimba, o leão branco, foi publicado em Manga Shonen de 1950 a 1954.[8] Em 1951, Tezuka se formou na Escola de Medicina de Osaka[9] e publicou o Atomu Taishi, a primeira aparição do personagem Atom, conhecido no ocidente como Astro Boy.
Em 1952, o Atomu Taishi provou ser apenas um leve sucesso no Japão; no entanto, um personagem em particular tornou-se extremamente popular entre os garotos jovens: um robô humanoide chamado Atom.[10] Tezuka recebeu várias cartas de muitos garotos.[11] Esperando sucesso com uma série baseada em torno de Atom, o produtor de Tezuka sugeriu que ele recebesse emoções humanas.[12] Um dia, enquanto trabalhava em um hospital, Tezuka recebeu um soco no rosto de um soldado americano. Esse encontro deu a Tezuka a ideia de criar o Atom.[13] Em 4 de fevereiro de 1952, Tetsuwan Atom começou a ser publicado na Weekly Shonen Magazine. O personagem Atom e suas aventuras se tornaram um fenômeno instantâneo no Japão.
Em 1954 Tezuka publicou pela primeira vez o que ele consideraria o trabalho de sua vida, Phoenix, que originalmente apareceu em Mushi Production Commercial Firm.[14] Em 1958 Tezuka foi convidado pela Toei Animation para que seu mangá "Boku no Son Goku" pudesse ser adaptado em uma animação. Foi amplamente divulgado que Tezuka trabalhou como diretor no filme, embora o próprio Tezuka tenha negado trabalhar nele. Estava envolvido apenas em sua promoção, o que mais tarde despertou seu interesse pela indústria da animação.[15] O filme foi lançado como Saiyu-ki em 1960 e Alakazam no Ocidente.[16]
Em 1961, Tezuka entrou para a indústria de animação no Japão fundando a produtora Mushi Productions rivalizando com a Toei Animation. Começou a inovar a indústria com a transmissão da versão animada de Astro Boy em 1963. Esta série criaria o primeiro sucesso modelo para produção de animação no Japão e também seria a primeira animação japonesa dublada em inglês para uma audiência americana. Outras séries foram posteriormente transportadas para a animação, incluindo Kimba, o leão branco, a primeira série de animação japonesa produzida em cores. Em 1967, a primeira série animada japonesa produzida pela produção japonesa de animação no Japão para produção de animação no Japão para um público americano. Em resposta à revista, Garo e o movimento gekigá, Tezuka criou a revista COM,[17] Tezuka deixou o cargo de diretor em 1968 para fundar um novo estúdio de animação, Tezuka Productions, e continuou experimentando com animação no final de sua vida. A Mushi Productions entrou em colapso financeiro e as consequências produziriam vários influentes estúdios de produção de animação, incluindo o Sunrise.
Com dores no abdômen, Tezuka foi internado e acabou morrendo de câncer de estômago aos 60 anos, em 9 de fevereiro de 1989 em Tokyo.[18]
Essa lista traz apenas as obras de maior destaque do autor. Os anos citados ao lado de cada título referem-se ao período de publicação de cada mangá.
Entre outras animações produzidas por Osamu e exibidas com sucesso no Brasil podemos citar: Don Drácula, Visitantes do Espaço (também conhecido como Os Três Espaciais) e Jet Marte – O Menino Biônico (uma variação high-tech do Astro Boy).
Selos foram emitidos em sua homenagem em 1997. Além disso, a partir de 2003, a empresa japonesa de brinquedos Kaiyodo começou a fabricar uma série de figuras das criações de Tezuka, incluindo a princesa Safire, Unico, a Fênix, Dororo, Marvelous Melmo, o Magma Taishi e muitas outras. Até o momento, três séries das figuras foram lançadas.
Seu legado continuou sendo homenageado entre artistas de mangá e animadores. Tezuka guiou muitos artistas de mangá bem conhecidos, como Ishinomori Shotaro e Nagai Go. Artistas como Toriyama Akira (Dr. Slump e Dragon Ball)[24] também citaram Tezuka como inspiração para seus trabalhos. De 2003 a 2009, Naoki Urasawa e Takashi Nagasaki adaptaram um arco de Astro Boy na série de mistério sobre assassinatos Pluto.[25] Tezuka procurou divulgar os quadrinhos japoneses ao redor do mundo e aumentar as relações entre os autores de diversos países, foi assim que conheceu o francês Moebius e se tornou amigo pessoal do cartunista brasileiro Maurício de Sousa.[26] Em 2012, a Mauricio de Sousa Produções publicou um arco de duas edições revista Turma da Mônica Jovem, com alguns dos personagens principais de Tezuka, incluindo Astro Boy, Black Jack, Safire e Kimba, junto com a Turma da Monica em uma aventura na floresta amazônica contra um organização de contrabando cortando centenas de árvores. Foi a primeira vez que a Tezuka Productions permitiu que artistas estrangeiros usassem os personagens de Tezuka.[27] Em outubro de 2019, foi anunciado um projeto chamado Tezuka 2020, que é um mangá ilustrado pela inteligência artificial no estilo de Tezuka. No começo, as ilustrações eram distorcidas e horripilantes, mas depois de estudar rostos humanos reais, as ilustrações pareciam mais as dele. Depois de examinar milhares de imagens geradas pela IA, uma se destacou e o ilustrador Urumu Tsunogai criou o novo protagonista. Em 2020, um roteirista-desenhista IA criado por Kioxia foi encarregado de criar um novo mangá Tezuka chamado Paidon, que ocorre em uma sociedade apocalíptica futurista e foi lançado na revista Morning em 27 de fevereiro de 2020. Faz parte do projeto, que também foram desenhados por artistas humanos como Shigeto Ikehara, Kenichi Kiriki ou Urumu Tsunogai. O filho de Tezuka realizou uma cerimônia em 26 de fevereiro para apresentar as pessoas ao mangá. O editor da revista já confirmou que há uma sequência na produção.[28][29][30][31][32]
O museu de 1 400 m² inaugurado em 25 de abril de 1994 tem três andares. No subsolo, há uma "fábrica de desenhos" em que os visitantes podem fazer suas próprias animações, além de uma maquete da cidade de Takarazuka e uma réplica da mesa em que Tezuka Osamu trabalhava.
No andar térreo, no caminho antes da entrada do prédio, se encontram imitações das mãos e pés de diversos personagens de Tezuka (como em uma verdadeira calçada da fama) e do lado de dentro, no hall de entrada, réplicas da mobília de "A Princesa e o Cavaleiro". No mesmo andar, se encontra uma exposição permanente de mangás e uma sala para a exibição de animes. A exposição é dividida em duas partes: Tezuka Osamu e a cidade de Takarazuka e Tezuka Osamu, o autor.
No primeiro andar, são realizadas as exposições temáticas e estão disponíveis uma biblioteca, com quinhentas obras de Tezuka, uma videoteca e uma sala de descanso com a decoração inspirada em "Kimba, o Leão Branco".
Há ainda um observatório de vidro que representa o planeta Terra e é baseado em um livro escrito por ele em sua infância chamado "Salvem a Terra de Vidro".
Osamu Tezuka tem algumas de suas obras publicadas no Brasil, sendo a primeira "A Princesa e o Cavaleiro", lançada em 2002, pela editora JBC.
Título | Volumes | Data de Publicação | Editora |
---|---|---|---|
A Princesa e o Cavaleiro | 8 | Setembro de 2002 | JBC |
Buda | 14 | Fevereiro de 2005 | Conrad |
Adolf | 5 | Abril de 2006 | Conrad |
Metropolis | 1 | Agosto de 2010 | NewPOP |
Dororo | 4 | Outubro de 2010 | NewPOP |
Kimba - O Leão Branco | 2 | Abril de 2013 | NewPOP |
Crime e Castigo | 1 | Julho de 2013 | NewPOP |
Os Filhos de Safiri | 1 | Agosto de 2013 | NewPOP |
Don Drácula | 3 | Maio de 2015 | NewPOP |
Pinóquio | 1 | Fevereiro de 2017 | NewPOP |
Ayako | 1 | Fevereiro de 2018 | Veneta |
A Nova Ilha do Tesouro | 1 | Agosto de 2018 | NewPOP |
Prelúdio do Arco-Iris | 1 | Outubro de 2018 | NewPOP |
Faculdade de Mangá | 1 | Fevereiro de 2019 | NewPOP |
Recado a Adolf (reedição de Adolf) | 2 | Outubro de 2020 | Pipoca & Nanquim |
A Princesa e o Cavaleiro | 2 | Outubro de 2021 | JBC |
Buda | 8 | Abril de 2022 | JBC |
O Livro dos Insetos Humanos | 1 | Julho de 2022 | Darkside Books |
MW: Psicopatia Profana | 1 | Outubro de 2022 | Pipoca & Nanquim |
A Feiticeira da Tempestade | 1 | Julho de 2023 | Darkside Books |
Vampiro | 1 | Julho de 2023 | Pipoca & Nanquim |
Em fevereiro de 2022, a editora NewPOP anunciou que relançaria os mangás "Kimba – O Leão Branco" e "Don Drácula", ambos em um único volume, dentro de seu selo Prime.[33]
Na CCXP de 2022, a editora JBC anunciou que publicará no Brasil os mangás Astro Boy[34] e Fênix.[35]
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