Subordinacionismo
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O subordinacionismo era a crença cristã primitiva de que Jesus Cristo era subordinado a Deus, o Pai em essência (igualdade ontológica) ou função. Esta ideia não é aceita hoje pelas igrejas ortodoxas, pois ela contraria a doutrina da Trindade. [1]

História da doutrina

Esta doutrina desenvolveu-se entre os séculos II e III, para desaparecer gradualmente após o Concílio de Niceia de 325.[2] Entre aqueles que de alguma forma o professaram ou nele incorreram, devemos recordar:
- os Docetistas, convencidos de que Cristo não tinha um corpo material;
- o Monárquico modal, que sustentava que o Filho era uma forma pela qual o Pai se manifesta;
- os Adopcionismo, que pensavam que Jesus era um homem normal, adoptado por Deus na altura do seu baptismo;
- Orígenes Adamâncio, que acreditava que o Filho era um atributo do pensamento do Pai;
- Santo Hipólito de Roma, convicto de que Jesus tinha sido criado por Deus e que a sua essência humana estava subordinada à divina;
- os Arianos, que pensavam que o Filho não era consubstancial com o Pai, e que não tinha sido gerado, mas criado.
A doutrina opunha-se à afirmação da consubstancialidade das três Pessoas da Trindade e ressurgiu por vezes na história do cristianismo entre os movimentos heréticos medievais que pregavam o antitrinitarismo.
A subordinação de Cristo ao Pai no novo testamento
Os adeptos do subordinacionismo apontam que existem vários versículos no Novo Testamento que dão a ideia de subordinação de Cristo ao Pai e de superioridade do Pai (I Coríntios 11:3; I Coríntios 15:24–28, João 14:28)
O ensino da subordinação dos Pais da Igreja
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Perspectiva
Na verdade de um modo ou de outro, muitos dos teólogos da primitiva igreja ensinavam que o filho era subordinado ao Pai. Apologistas (os pais da igreja) como Justino, Ireneu, Clemente de Alexandria e outros, consideravam Jesus como servo subordinado a Deus, o Pai.[3]
A ideia de Jesus ser subordinado a Deus se encontra também na Didaquê, que é uma primitiva catequese cristã. Nela Jesus é chamado de servo do Pai, porém o texto não deixa explícito o sentido ou tipo de subordinação ao ele se refere.[3]
Um dos primeiros expoentes a combater explicitamente o subodinacionismo foi Orígenes de Alexandria.[4]
Durante a controvérsia ariana, os semi-arianos e algums ortodoxos (como Eusébio de Cesareia) defenderam o subordinacionismo. Foi somente no Primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) que a doutrina da subordinação de Cristo ao Pai, que era defendida por Ário, foi rejeitada pela Igreja em favor da ideia da igualdade entre o Pai e o filho.
Depois dos concílios de Niceia, Constantinopla e Calcedônia tornou-se padrão no cristianismo a posição atanasiana de coeternidade das pessoas divinas. Tal postura iria ser mais tarde desafiada por socinianos e unitários.
Hoje as ideias subordinacionalistas são encontradas em grupos considerados heréticos e não cristãos como as Testemunhas de Jeová, cristadelfianos, pelos unitários bíblicos e Novo Calvinistas.[5]
Ressurgência no Novo Calvinismo
No movimento chamado de Novo Calvinismo surgido a partir dos anos 1960 em países de língua inglesa emergiu uma doutrina que vê Jesus Cristo como eternamente subordinado funcionalmente a Deus Pai. [6] Essa doutrina, em inglês Eternal Subordination of the Son, correponde a uma visão complentarista de relações de gêneros na família nuclear, na qual o marido é a cabeça da casa.[7] [8]. Antes confinada a círculos teológicos, a doutrina ganhou visibilidade com a publicação de um livro de John Piper e Wayne Grudem em 2006 acerca das relações familiares. [9]
Referências
- Enciclopedia Italiana (1936). Treccani, ed. «Subordinazionismo»
- Urban, Linwood. A short history of Christian thought. Oxford University Press, 1995.
- Ramelli, Ilaria LE. "Origen’s anti-subordinationism and its heritage in the Nicene and Cappadocian line." Vigiliae Christianae 65.1 (2011): 21-49.
- Jowers, Dennis W., and H. Wayne House, eds. The New Evangelical Subordinationism?: Perspectives on the Equality of God the Father and God the Son. Wipf and Stock Publishers, 2012.
- Holmes, Stephen R. "Classical trinitarianism and eternal functional subordination: some historical and dogmatic reflections." Scottish Bulletin of Evangelical Theology (2017).
- Kovach, Stephen D., and Peter R. Schemm Jr. "A Defense of the Doctrine of the Eternal Subordination of the Son." Journal of the Evangelical Theological Society 42.3 (1999): 461.
- Johnson, Keith E. "Trinitarian Agency and the Eternal Subordination of the Son." The New Evangelical Subordinationism?: Perspectives on the Equality of God the Father and God the Son (2012): 108.
- Piper, John, and Wayne Grudem, eds. Recovering biblical manhood and womanhood: A response to evangelical feminism. Crossway, 2006.
Ligações externas
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