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Senhorio (Honra) do século XIII Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Senhor de Bordonhos, ou Senhor da Honra de Bordonhos, é um título anterior ao reinado de D. Dinis I de Portugal, confirmado por este rei nas Inquirições gerais de 1288,[1][2] na pessoa de Dona Maria de Negrelos, que se encontrava nesse ano na posse do senhorio.
Senhor de Bordonhos | |
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Criação | D. Dinis I de Portugal |
Ordem | Honra e Morgado |
Tipo | juro e herdade |
1.º Titular | D. Maria de Negrelos |
Linhagem |
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Actual Titular | Extinto - representado pelos viscondes de Várzea e marqueses de Castelo Melhor |
D. Maria de Negrelos pôde conservar o privilégio de Honra, por ser fidalga, tendo herdado a honra de seus antepassados.
A Honra de Bordonhos tinha "mais de uma légua de extensão",[1] e incluía os padroados das Igrejas de Santa Maria da Várzea[3] e de Bordonhos.[4]
A Honra de Bordonhos, como "senhorio de geração espontânea" (as honras eram produto da chamada "Reconquista", sendo assim imposições do poder senhorial, independentes de atos régios),[5] remontava, provavelmente, a um período muito anterior ao reinado de D. Diniz; mas foi somente nas Inquirições, por este ordenadas no ano de 1288, que foi produzida a primeira evidência documental da sua existência, estando então na posse da acima referida fidalga, D. Maria de Negrelos.
Maria de Negrelos foi casada com Afonso Vivas, irmão do bispo de Viseu, D. Miguel Vivas. Do casamento nasceu um filho, Nuno Afonso Vivas, que de mulher desconhecida teve uma única filha, Aldonça Nunes Vivas, que foi assim a 3.ª senhora de Bordonhos e casou com João Pires Homem.[6][7]
Deste casal foi neto Heitor Homem, 7.º senhor de Bordonhos, que casou com D. Isabel de Sousa, nascida c. 1375, filha de D. Lopo Dias de Sousa (1337 - 07.08.1377), que era bisneto do rei D. Afonso III, e foi Alcaide-mor do Castelo de Chaves por mercê de D. Fernando I (e também senhor das vilas de Mafra e Ericeira, em conjunto com seu sobrinho do mesmo nome, Dom Lopo Dias de Sousa, o famoso mestre da Ordem de Cristo).[8]
Sucedeu assim na casa de Bordonhos a filha deste casal, também chamada Isabel de Sousa, que casou com Fradique Lopes de Alvim, filho de Fradique Lopes Fradique (nobre inglês que veio para Portugal na comitiva de João de Gante, duque de Lencastre), e de Isabel de Alvim.[9] Na sequência deste casamento, os senhores de Bordonhos começariam a usar, predominantemente, os sobrenomes Lopes de Sousa, certamente em homenagem ao seu ilustre antepassado, o acima referido D. Lopo Dias de Sousa.[10]
Deste casal foi filho João de Sousa Homem, 9.º senhor de Bordonhos, que nasceu c. 1440 e faleceu no Porto, tendo casado com D. Isabel Pinheiro (que em 1563 obteve a renovação dos prazos que eram do seu marido), filha ilegítima de D. Diogo Pinheiro, 1.º bispo do Funchal, e irmã de D. Rodrigo Pinheiro (c. 1482 - 1572), bispo de Angra e depois bispo do Porto.[11]
O filho primogénito, Diogo Lopes de Sousa, herdou a casa dos pais, sendo assim o 10.º senhor de Bordonhos; e, "no último dia de agosto de 1564 justificou serem seus os padroados de Santa Maria da Várzea e de São João de Bordonhos .. que forão sempre dos possuidores da quinta de Bordonhos ... de que estavão de posse há mais de duzentos annos".[1] Casou com sua prima direita, D. Isabel de Sousa.
Tiveram filho primogénito a Rui Lopes de Sousa (c. 1534 - Chaves, 20.11.1625), 11.º senhor de Bordonhos, que esteve na batalha de Alcácer Quibir, de onde regressou resgatado à sua custa, e se recusou a reconhecer Filipe I de Portugal como rei, pelo que foi excluído do perdão geral de 1581.[12] Foi comendador de Porto de Mós na Ordem de Cristo e casou cerca de 1560 com D. Maria da Silva, trineta de Lourenço Mendes de Vasconcelos, senhor da honra de Nomães, e Morgada e administradora do vínculo do Pinheiro, em Santa Maria de Alheira (Barcelos), que passou assim, por via deste casamento, para a casa de Bordonhos.[12]
De Rui Lopes de Sousa foi irmão segundogénito Pedro Lopes de Sousa, personalidade marcante da História da expansão portuguesa, e da História do Sri Lanka, como 1.º governador do Ceilão português, tendo falecido em combate na campanha de Danture, em 9 de outubro de 1594.[13][14]
A varonia da casa de Bordonhos passaria, várias gerações mais tarde, para um ramo segundogénito dos Lemos, senhores da Trofa, pelo casamento - em 29 de maio de 1733 - de D. Tomásia Margarida de Sousa, filha herdeira de Diogo Lopes de Sousa, 18º senhor de Bordonhos, e de sua mulher D. Maria Josefa de Almeida Castelo-Branco (herdeira do vínculo de Santar, que incluía a chamada Casa das Fidalgas),[15][16] com Xavier Francisco de Lemos, filho mais novo de Bernardo de Carvalho e Lemos, 8.º senhor da Trofa.[17][18][19]
Deste casal foi filho primogénito Fradique Lopes de Sousa e Lemos (nascido em Santar, a 14 de setembro de 1735), 20.º senhor de Bordonhos, tendo a sucessão da casa seguido a sua linha masculina de descendência até o 24.º e último senhor de Bordonhos, D. Rui Lopes de Sousa e Lemos de Carvalho e Vasconcelos, que nasceu após o 1.º quartel do século XIX, tendo falecido sem geração em 1914. Ele foi também chefe da primogenitura da varonia dos Lemos da Trofa, 14.º administrador do vínculo de Pinheiros, em Barcelos e 9.º senhor do vínculo de Santar.[20][15]
O irmão mais novo do 20.º senhor de Bordonhos, Bernardo de Carvalho e Lemos,[21][22] Morgado do Outeiro e Ladário por sua mulher,[23] teve descendência masculina, que viria a herdar duas gerações mais tarde, por casamento, o senhorio dos Direitos Reais de Paredes da Beira.[24] Com sucessão até hoje, na família Sousa Pinto, da Casa da Torre das Pedras, em Paredes da Beira, nos Lemos de Azevedo Taborda, da casa-solar e morgado de Mouronho, e nos Queiroz de Ataíde e Lemos, da Casa e quinta do Cruzeiro, em Viseu.[24][25]
Pedro Brum da Silveira Pinto da Fonseca (Bitarães, Casa de Coura, 16.11.1902 - Santar, Casa das Fidalgas, 11.01.1978), primo em 3.º grau do acima referido 24.º e último senhor de Bordonhos, acabaria por herdar parte do património do antigo morgadio de Bordonhos. Faleceu sem deixar geração, tendo doado, em 1975, a quinta e Palácio de Santar, mais conhecida por "Casa das Fidalgas", à família do atual duque de Bragança.[15][26]
A representação dos senhores de Bordonhos ficaria assim na descendência de D. Maria Antónia Adelaide Taveira de Sousa Alvim Lemos e Menezes (1821 - 1907), 2.ª viscondessa de Guiães, neta materna do 21.º senhor de Bordonhos; casou, em 24.05.1836, com João da Silveira Pinto da Fonseca, 2.º visconde da Várzea de Abrunhais.
O neto deste casal, João da Silveira Pinto da Fonseca, 3.º visconde da Várzea, casou com D. Helena Maria de Vasconcelos e Sousa, 7.ª marquesa de Castelo Melhor, com descendência na qual esses títulos continuaram até hoje.[27]
o Morgado das terras de Bordonhos q. tem mais de hua legua de extensao, q. logrou os privilegios de Honra, e ja antes do reynado do sr. Rey D. Deniz, como constava do Livro das suas Inquiriçoes feitas no anno de 1326 [1288] fl. 52 com os padroados das suas Igrejas e da Varzea
Por determinação de D. João I, foi abolida a era de César e o ano 1460 desta era passou a ser o ano 1422 da era cristã.
Paróquia de Várzea de Lafões [São Pedro do Sul]. Era abadia da apresentação dos Lopes de Sousa, Morgados de Bordonhos. Diocese de Viseu.
(Bordonhos] Tinha o privilégio de honra, já antes do reinado de D.Dinis, que permaneceu com Dona Maria de Negrelos, por ser fidalga
[D. Lopo Dias de Sousa] ...bem recebido de D. Fernando, que lhe deu em 1368 a alcaidaria-mor de Chaves, achava-se 3 anos depois ... de posse das vilas de Mafra e Ericeira, conjuntamente com seu sobrinho do mesmo nome.
Isabel de Alvim casou com Fradique Lopes Fradique, fidalgo inglês ... [seu filho] Fradique Lopes de Alvim [casou com] D. Isabel de Sousa, f.ª de Heitor Homem e D. Isabel de Sousa
João de Souza Homem ... [ou] João de Souza Fradique, fidalgo da Casa Real ... Faleceu no Porto antes de 13.7.1563, data em que D. Isabel Pinheiro teve em Vila Nova de Gaia renovação dos prazos que seu falecido marido, aí referido como João de Souza Homem (nome que em geral usou como adulto) tinha do mosteiro de Lorvão, a saber: a quintã de Bordonhos, em S. Pedro do Sul...
Chronology. Governors. (May 1594 - 1594) Pedro Lopes de Sousa (d. 1594)
A casa [Das Fidalgas, em Santar] foi mandada construir no séc. XVII por Domingos de Sampaio do Amaral por ocasião do casamento de sua filha D. Joana de Sampaio com João de Almeida Castelo Branco que viriam a ser os detentores da capitania-mor do concelho de Senhorim e os instituidores do morgado de Santar. Foi passando de geração em geração até que, em 1975, Pedro Brum da Silveira Pinto a doou ao representante da casa real portuguesa, D. Duarte Pio, e ao seu irmão, D. Miguel de Bragança, duque de Viseu.
Carta de Doação. Mercê de nova em duas vidas da Casa da Trofa. Filiação: Jerónimo Carvalho de Vasconcelos. 28.05.1699
D. Ruy Lopes de Sousa Alvim Lemos de Carvalho e Vasconcelos ... 24.º senhor de Bordonhos, Chefe da primogenitura da varonia dos Lemos da Trofa, 14.º administrador do vínculo de Pinheiros, em Barcelos e 9.º senhor do vínculo de Santar
Baptizado de Bernardo, filho de Francisco Xavier de Carvalho Souza e Lemos e de sua mulher D. Tomásia Margarida de Souza, 5 de maio de 1738
Alvará. Foro de Moço Fidalgo. 04.06.1768
Bernardo de Carvalho e Lemos, moço fidalgo da C. R., da casa de Bordonhos e da casa dos Lemos senhores da Trofa, e sua mulher D. Rosa Angélica Perpétua de Castelo Branco, senhora dos morgadios e casas do Ladário e Outeiro
[Descendência de] Xavier Francisco de Souza e Lemos, morgado de Bordonhos (S. Pedro do Sul) e sr. da casa da Fidalga (Santar) pelo seu cas. c. D. Tomásia Margarida de Souza
O 3° Visconde (1887), João da Silveira Pinto da Fonseca Correia de Lacerda e Altero de Figueiredo Sousa e Alvim (1863-1937), foi também 7° Marquês de Castelo Melhor pelo casamento com D. Helena Maria do Santíssimo Sacramento de Vasconcelos e Sousa Ximenes, 7ª Marquesa de Castelo Melhor. Detém actualmente a representação das Casas Bernardo João da Silveira de Vasconcelos e Sousa, 9° marquês de Castelo Melhor, professor universitário e historiador, director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo entre 1998 e 2001.
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