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Razão irracional associada à estética proporcional Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Proporção áurea, número de ouro, número áureo, secção áurea, proporção de ouro é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega (PHI), em homenagem ao escultor Phideas (Fídias), que a teria utilizado para conceber o Parthenon, e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. Também é chamada de se(c)ção áurea (do latim sectio aurea),[1] razão áurea,[2] razão de ouro, média e extrema razão (Euclides), divina proporção, divina seção (do latim sectio divina), proporção em extrema razão,[3] divisão de extrema razão ou áurea excelência.[4][5] O número de ouro é ainda frequentemente chamado razão de Phidias.[6][7][8]
Este número irracional é a única solução positiva da equação φ2 = φ + 1. Ou seja[alpha 1]:
Desde a Antiguidade, a proporção áurea é usada na arte.[9] É frequente a sua utilização em pinturas renascentistas, como as do mestre Giotto. Este número está envolvido com a natureza do crescimento. Phi (não confundir com o número Pi ), como é chamado o número de ouro, pode ser encontrado de forma aproximada no homem (o tamanho das falanges, ossos dos dedos, por exemplo), nas colmeias, entre inúmeros outros exemplos que envolvem a ordem de crescimento na natureza.
Justamente por ser encontrado em estudos de crescimento, o número de ouro ganhou um status de "ideal", sendo alvo de pesquisadores, artistas e escritores. O fato de ser apoiado pela matemática é que o torna fascinante.
Dois valores positivos estão em razão áurea se sua razão é igual à razão da sua soma pela maior das quantidades. Algebricamente, dados e , , então:
Onde representa a razão áurea. O seu valor é constante e pode ser encontrado a partir da definição anterior.
Usando a parte direita da equação, vemos que o que pode ser substituído na parte esquerda, resultando em:
Cancelando b em ambos os lados, temos:
Multiplicando ambos os lados por resulta:
Finalmente, subtraindo de ambos os membros da equação e multiplicando todas as parcelas por encontramos:
Agora, basta resolver essa equação quadrática. Pela fórmula resolutiva de uma equação quadrática:
A única solução positiva dessa equação quadrática é a seguinte:
O número áureo está presente na fórmula do termo geral da Série de Fibonacci:
O número áureo pode ser aproximado pela divisão do n-ésimo termo da Série de Fibonacci pelo termo anterior, sendo a aproximação tanto melhor quanto maior for n. Por exemplo:
O número áureo também pode ser encontrado através de frações contínuas, normalmente representadas como [a,b,c,d,e,...], o que resulta em:[10]
A aproximação do número áureo vem com a quantidade de números 1 em uma representação de Série de Frações. O valor varia em torno do número áureo, sendo maior ou menor alternadamente, mas sempre se aproximando deste.
Um número irracional sempre pode ser aproximado por números racionais, e os convergentes da representação em fração contínua são as melhores aproximações. A aproximação é tão melhor quando se corta a expansão em um coeficiente grande; por exemplo, uma boa aproximação de π = [3; 7, 15, 1, 292, 1, 1, 1, ...] é obtida ao se tomar π ~= [3; 7, 15, 1] = 3.141592654... Como todos os coeficientes da fração contínua de φ são um, todas suas aproximações por racionais são ruins - de fato, φ é o pior número para ser aproximado por racionais.[10]
Um decágono regular, inscrito numa circunferência, tem os lados em proporção áurea com o raio da circunferência.
Um pentagrama regular é obtido traçando-se as diagonais de um pentágono regular. O pentágono menor, formado pelas interseções das diagonais, também está em proporção com o pentágono maior, de onde se originou o pentagrama. A razão entre as medidas dos lados dos dois pentágonos é igual ao quadrado da razão áurea. A razão entre as medidas das áreas dos dois pentágonos é igual a quarta potência da razão áurea.
Chamando os vértices de um pentagrama de A, B, C, D e E, o triângulo isósceles formado por A, C e D tem seus lados em relação dourada com a base, e o triângulo isósceles A, B e C tem sua base em relação dourada com os lados.
Quando Pitágoras descobriu que as proporções no pentagrama eram a proporção áurea, tornou esse símbolo estrelado como a representação da Irmandade Pitagórica. Esse era um dos motivos que levava Pitágoras a dizer que "tudo é número", ou seja, que a natureza segue padrões matemáticos.
Como os vegetais não têm formas exatas, a ponto de serem construídos com régua e compasso, a divina proporção, bem como a série Fibonacci, só podem ser encontradas por aproximação. Portanto, seria inexato atribuir correlações perfeitas entre a natureza e uma formulação idealizada pelo homem.[11][12]
Nos animais, as medidas também são aproximadas e os desenhos e as modelagens, produzidos dentro desse cânone ideal, são criações exclusivas de artistas, "designers", ilustradores, escultores, entre outros.[11][12]
Essas proporções anatómicas ideais foram representadas pelo "Homem Vitruviano", obra de Leonardo Da Vinci.
O homem, em muitas ocasiões, tem buscado o ideal da perfeição nas linguagens artísticas.
A proporção áurea foi muito usada na arte, em obras como O Nascimento de Vênus, quadro de Botticelli, em que Afrodite está na proporção áurea. Essa proporção estaria ali aplicada pelo motivo de o autor representar a perfeição da beleza.
Em O Sacramento da Última Ceia, de Salvador Dalí, as dimensões do quadro (aproximadamente 270 cm × 167 cm) estão numa razão áurea entre si. Na história da arte renascentista, a perfeição da beleza em quadros foi bastante explorada com base nessa constante. Vários pintores e escultores lançaram mão das possibilidades que a proporção lhes dava para retratar a realidade com mais perfeição.
A Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, tem a proporção áurea nas relações entre o tronco e a cabeça, bem como nos elementos da face, mas isso é uma característica inerente ao ser humano e tais proporções podem ser encontradas na maioria das pinturas em que a anatomia tenha sido respeitada.[15] Medições feitas por computador mostraram que os olhos de Mona Lisa estão situados em subdivisões áureas da tela.[14]
Em geometria, o retângulo de ouro surge do processo de divisão em média e extrema razão, de Euclides. Ele é assim chamado porque ao dividir-se a base desse retângulo pela sua altura, obtêm-se o número de ouro 1,618.[16]
O número de ouro está presente em diversas obras de compositores clássicos, sendo o exemplo mais notável a famosa Sinfonia n.º 5, de Ludwig van Beethoven.[17] O compositor húngaro Béla Bartók também utilizou esta relação de proporcionalidade constantemente em sua obra,[18] assim como o fez o francês Claude Debussy em diversas composições.[19]
No jazz, há músicos que usam os números da série Fibonacci na divisão rítmica e dos compassos.[20]
No livro "O Número de Ouro", Matila Ghyka demonstrou a existência da proporção áurea em textos escritos por Victor Hugo, Shakespeare, Paul Valéry, Pierre Louys, entre outros. Na pesquisa, Ghyka relacionou as estrofes de acordo com o ritmo da leitura, o que ele chamou de ritmo prosódico.[21]
O diretor russo Sergei Eisenstein utilizou o número no filme O Encouraçado Potemkin para marcar os inícios de cenas importantes da trama, medindo a razão pelo tamanho das fitas de película.
Na Pirâmide de Quéops, no Egito, cada bloco é 1,618 vezes maior que o bloco do nível logo acima e também, as câmaras em seu interior seguem esta proporção, de forma que os comprimentos das salas são 1,618 vezes maiores que as larguras. Ainda, nas ruínas do Parthenom, na Grécia, são notadas inúmeras presenças da razão áurea.[22]
A aplicação da seqüência e da razão de ouro, mais especificamente o seu inverso, 0,618, na análise dos padrões de reversão de ações é o ponto que liga Fibonacci ao mercado de ações. São pontos baseados nos números descobertos pelo italiano que, segundo muitos analistas, podem indicar os níveis de suporte ou resistência de um papel.[23]
A proporção áurea é utilizada como referência para o desenvolvimento de logótipos, materiais gráficos e obras audiovisuais,[24] por muitos designers e diretores de arte.
É muito comum, dentro da área audiovisual e fotografia, utilizar-se a regra dos terços, porém muito se defende a substituição dessa técnica pela Proporção Áurea,[25] já que por sua vez a regra do ponto de ouro é intrínseca à natureza e superior à regra dos terços primária, como descrito pelo fotógrafo britânico Jon Sparkman[26]
Linha do tempo baseada nos estudos de Priya Hemenway:[27]
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