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Tentativa de golpe militar Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Revolta de Aragarças, conhecida localmente como Revoltoso do Veloso,[1] foi uma tentativa de golpe militar contra o governo de Juscelino Kubitschek realizada em 2 de dezembro a 4 de dezembro de 1959. Feita principalmente por oficiais da Aeronáutica e Exército ligados a outra revolta contra o governo JK, conhecida como Revolta de Jacareacanga, essa intentona realizou o primeiro sequestro de avião na história do Brasil.
Revolta de Aragarças | |||
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Avião de rebeldes pega fogo em Aragarças | |||
Data | 2 de dezembro de 1959 - 4 de dezembro de 1959 | ||
Local | Aragarças | ||
Desfecho | Golpistas exilados e reféns libertos | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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A tentativa de golpe tinha como o objetivo derrubar o governo JK e instaurar uma ditadura militar no país. Os golpistas, ao todo 18 pessoas, previam que receberiam apoio das forças armadas e de políticos ligados a UDN, o partido de oposição, porém isso não ocorreu e ela foi sufocada em 36 horas. Os revoltosos fugiram para os países vizinhos e ninguém morreu.
A revolta foi orquestrada pelo autoentitulado Comando Revolucionário, que reunia oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército, somando-se ao todo quinze pessoas, além de três civis, chefiados pelo major aviador Haroldo Coimbra Veloso e pelo tenente-coronel João Paulo Moreira Burnier, contra o então presidente da República, Juscelino Kubitschek.[2][3] Alguns dos militares, como Veloso, já haviam tentado dar um golpe em 1956, que ficou conhecido como Revolta de Jacareacanga. Eles foram anistiados.[2] Eles estavam planejando o golpe desde 1957.[4]
O estopim foi o fato de Jânio Quadros recusar-se a concorrer ao cargo de presidente como candidato apoiado pelos partidos de oposição, fazendo com que a chapa PSD-PTB se perpetuasse no poder. A aliança era herdeira do getulismo e do trabalhismo e estava no poder desde 1946, porém as forças armadas ansiavam que o país fosse governado pelo partido de oposição, a UDN.[2][3]
Além disso, corriam boatos de que JK estava negociando uma emenda constitucional que permitiria sua reeleição e que o governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola estava orquestrando um golpe contra Jânio que instauraria uma ditadura trabalhista de caráter comunista. Entre as acusações, estava a de que Brizola ameaçava levar para o "paredão os que tripudiavam sobre a miséria do povo".[2][3]
A revolta começou em 2 de dezembro de 1959, quando dez homens liderados por Haroldo Veloso e João Paulo Moreira Burnier roubaram três aviões de modelo C-47 repletos de armas e explosivos da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro.[2][3][5]
Algumas horas depois, major Eber Teixeira Pinto sequestrou o avião comercial Constellation da Panair quando este sobrevoava Barreiras, na Bahia. Ele havia decolado do aeroporto Santos Drummont, no Rio de Janeiro, em rumo a Manaus levando 46 pessoas, 38 passageiros e 8 tripulantes,[1] incluindo o senador Remy Archer (PSD-MA) e o repórter da Globo José Ribamar Castello Branco, a sobrinha do general Lott e o presidente do Banco da Amazônia. Este foi o primeiro sequestro de uma aeronave no Brasil.[2][3]
Em seguida, cinco homens liderados pelo major Washington Mascarenhas sequestrou um Beechcraft D-18 de propriedade da Companhia Estanífera do Brasil que estava no aeroporto de Pampulha, em Belo Horizonte.[2][3][5]
Os C-47 e o Beechcraft pousaram em Aragarças, onde esperaram pela chegada do Constellation. O objetivo era bombardear os palácios das Laranjeiras e do Catete, no Rio, e ocupar as bases de Santarém, Aragarças, Xingu, Cachimbo e Jacareacanga.[5] O local de pouso foi escolhido com o objetivo de difundir os ideais do grupo, por ser um centro de oficiais geograficamente importante e caminho de rotas aéreas. Os revoltosos esperavam que os militares e políticos ligados a UDN se juntassem ao golpe, e que JK declarasse estado de sítio, impedindo assim a eleição presidencial de 1960.[2][3] Além disso, Veloso conhecia a cidade e era amigo íntimo de muitos dos moradores. Os reféns foram levados ao Grande Hotel, e os militares espalharam galhos e tonéis de combustível na pista de pouso da cidade, para impedir a chegada de mais aviões. A cidade foi sitiada e as comunicações foram cortadas.[1]
No dia seguinte, o jornal Repórter Esso chegou a notificar que o avião havia caído. O senador Victorino Freire (PSD-MT) subiu à tribuna do Palácio Monroe para expor a situação, mas foi interrompido pelos senadores Otávio Mangabeira (UDN-BA) e Afonso Arinos (UDN-RJ) por terem recebido um manifesto do Comando Revolucionário, que anunciou seu sequestro. O manifesto chamava o Poder Executivo como corrupto, o Legislativo como demagógico e o Judiciário como omisso. Além disso, afirmava que o Brasil estava prestes a cair nas mãos de comunistas infiltrados no governo.[2]
A tentativa de golpe foi amplamente rechaçada por nomes ligados ao governo, como Lameira Bittencourt (PSD-PA), e a oposição, como João Vilas Boas (UDN-MT).[2] Carlos Lacerda não apenas foi contra o golpe, como denunciou o Ministro da Guerra general Lott.[3] Entre outros que foram contra estão Caiado de Castro (PTB-DF) e Lima Teixeira (PTB-BA).[2]
Apesar disso, alguns políticos ligados a UDN apoiaram o golpe. Otávio Mangabeira comparou os revoltosos com Tiradentes, Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas. Afonso Arinos comparou o ocorrido com a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. Entre outros que deram apoio, está Daniel Krieger (UDN-RS).[2] Burnier esperava que ao menos 300 homens se juntassem ao golpe, porém apenas 34 pessoas aderiram, que foram reduzidas a 15 ao fim da revolta. Nenhuma guarnição se juntou aos golpistas.[5]
No dia 4, o General Lott enviou paraquedistas para Aragaças, que metralharam a cauda de um dos aviões C-47, que estava retornando de um voo de inspeção no Mato Grosso, e os tonéis de combustível foram bombardeados. Os rebeldes fugiram com os outros aviões para a Argentina, Paraguai e Bolívia, e os reféns foram liberados em Buenos Aires. A revolta foi sufocada em 36 horas e ninguém foi morto. Os moradores relatam que a fumaça demorou semanas para se dissipar, e havia forte cheiro de carne queimada, mesmo que não houvesse vítimas fatais.[1][2]
Diferente do que havia ocorrido na Revolta de Jacareacanga, JK não anistiou os golpistas.[2] Foi aberto um inquérito para investigar a possível participação do marechal Castelo Branco, futuro presidente do Brasil, como verdadeiro articulador dos golpistas, porém ele foi rapidamente arquivado.[5] JK tentou extraditar os revoltosos, porém falhou pela falta de acordos com os países envolvidos.[6] Também tentou processá-los criminalmente e ameaçou destituí-los das forças armadas caso não voltassem. Houve a discussão jurídica se o caso tratava-se de um motim ou uma revolta, que implicaria em uma pena mais branda.[7] Os golpistas retornaram ao Brasil durante o governo Jânio Quadros.[4]
De acordo com o jornalista Wagner William, JK previu que o país se tornaria ingovernável caso a UDN não chegasse ao poder, e lançou general Lott como canditato sabendo que ele perderia. Ele previa que a UDN não faria um bom governo por causa da crise econômica e se desgastaria. Jânio Quadros "renunciou a renúncia" e ganhou a eleição presidencial, porém renunciou do cargo, o que levou o Brasil a uma Ditadura Militar em 1964.[2]
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