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Protossionismo (em hebraico: מְבַשְרֵי הציונות, pronunciado: Mevasrei ha-Tzionut) é um conceito de historiografia aplicado a pensadores ativos durante a segunda metade do século XIX que defendiam a criação de uma pátria judaica, influenciados pela ideia de nacionalismo moderno que se espalhava pela Europa naquela época. Sua atividade se concentrou entre os anos de 1860 a 1874, antes do estabelecimento do sionismo prático (1881) e do sionismo político (1896). É por essa razão que eles são chamados de protossionistas ou precursores do sionismo.
Embora o século XVII tenha suscitado a ideia geral, entre judeus e não judeus, de "restaurar os judeus em Israel naturalmente por meio da colonização e de ações políticas",[1] ainda não estava claramente definido qual seria seu objetivo final. Tais ideias não uniram as pessoas para a ação e dependiam do projeto nacional e do Estado (a nação judaica).[2]
Entre os protossionistas estão incluídos o rabino Yehuda Bibas (1789–1852), o rabino Judah Alkalai (1798–1878), o rabino Zvi Hirsch Kalischer (1795–1874), o filósofo Moses Hess (1812–1875) e Sir Moses Montefiore (1784–1885).
Em 1805, Maomé Ali tomou o poder do Egito Otomano após uma guerra civil entre os mamelucos e os otomanos reinantes. Ele sonhou com um novo Egito renascendo das cinzas do declínio otomano: "Estou bem ciente de que o Império (Otomano) caminha a cada dia para a destruição... Sobre suas ruínas construirei um vasto reino... até o Eufrates e o Tigre". Em sua visão, o Levante seria o celeiro do Egito, fornecendo ao país produtos agrícolas e recrutas para suas guerras contra os otomanos. A maior parte do campesinato árabe muçulmano na Palestina voltou-se contra Ibraim Paxá, filho mais velho e sucessor de Ali, uma vez que as suas constantes exigências de recrutamento de soldados passavam a ser vistas como uma sentença de morte, o que os levou à revolta dos camponeses da Palestina, em 1834.[3] Nesse contexto, o protossionismo se desenvolveu à medida em que mais judeus começavam a imigrar para a região sob o governo de Ibrahim Pasha. Depois que os otomanos recuperaram o controle do Levante na Crise Oriental de 1840, o período Tanzimat trouxe uma reforma significativa nas estruturas legais de propriedade da terra, começando com o Código de Terras de 1858. Anteriormente baseada no cultivo, a propriedade da terra passou a ser baseada no título e no registro, o que abriu caminho para as futuras compras de terras pelos sionistas.[3]
O estudioso da Torá judaica medieval Maimônides defendeu o reestabelecimento da soberania judaica na Terra de Israel em um longo prefácio aos seus 13 princípios de fé. Ele escreveu que a independência nacional judaica aconteceria por meios naturais e defendeu a sua concretização por meio do ativismo político.[4] Da mesma forma, o filósofo judeu medieval Yehudah Halevi também defendeu ideias protossionistas, escrevendo que apenas na Terra de Israel os judeus poderiam estar verdadeiramente seguros.[5]
De acordo com Ben-Zion Dinur, a aliá de Judah HeHasid e de seu grupo em 1700 abriu uma nova era que começou a desenvolver processos como o incentivo à produtividade, o renascimento da língua hebraica e as aspirações nacionais. Nahum Sokolow definiu os protossionistas como qualquer pessoa que desejasse renovar a comunidade judaica na Terra de Israel, ou que escrevesse sobre o problema judaico, a partir do século XVII. Essa definição mais ampla abrange figuras como Moses Montefiore, Adolphe Crémieux, Eliezer Ben-Yehuda e Sabbatai Zevi. Nathan Michael Gerber também traçou os precursores do sionismo até o século XVII.
Segundo Arie Morgenstern, o pensador lituano Vilna Gaon (1720–1797), promoveu um ensinamento do Zohar (livro do misticismo judaico) citando a previsão de que "os portões da sabedoria acima e as fontes de sabedoria abaixo se abrirão" "após seiscentos anos do sexto milênio", ou seja, após o ano 5600 do calendário judaico (1839–1840 d.C.). Muitos entenderam que isso implicava a vinda do Messias naquela época. Isso causou uma onda de migração judaica para a Terra Santa que começou em 1808 e se tornou dominante até 1840.[6] Embora o Messias não tenha aparecido, o governo otomano assumiu o controle da Palestina dos egípcios em 1840, e seus direitos recentemente estabelecidos para todos os cidadãos otomanos — independentemente da religião — foram estendidos às populações não muçulmanas da Palestina, o que incluía o povo judeu local. O direito de comprar e possuir terras tornou-se um marco bem significativo, embora menos notado, no retorno do povo judeu à Terra Santa.
Jacob Katz, por sua vez, argumenta que apenas três homens podem ser apontados como "precursores do sionismo": o rabino Judah ben Solomon Hai Alkalai, o rabino Zvi Hirsch Kalischer e o pensador Moses Hess, pois, embora outras pessoas tenham agido de várias formas, foram apenas as ações desses três que deixaram a marca no Hovevei Zion. O Hovevei Zion (Amantes de Sião em hebraico) era um grupo considerado protossionista, que pregava uma ligação afetiva dos judeus com a terra da Palestina.[7] Samuel Leib Zitron cita o rabino Alkalai como o pioneiro do sionismo político moderno.
Katz argumenta que os rabinos Alkalai e Kalisher mudaram sua visão de mundo religiosa, abandonando as "bases da percepção não realista das visões messiânicas tradicionais".[8] Ele também explica que durante suas ações como precursores do sionismo “não fazia parte da agenda uma questão de falta de direitos para os judeus ou discriminação social”[8] e, portanto, a ideia moderna de nacionalismo judaico não foi um sucesso nos anos em que eles operaram. Desde o final da década de 1870, com a crescente dificuldade econômica dos judeus do Leste Europeu e a crescente onda de antissemitismo, dois milhões e meio de judeus deixaram a Europa Oriental (até a Primeira Guerra Mundial), embora apenas uma pequena porcentagem deles tenha emigrado para Israel.
Citron e Samuel Ettinger argumentam que, ainda que o movimento de Hovevei Zion tenha sido precedido por diferentes personalidades que abordaram o problema judaico, os poucos atos que eles estavam dispostos a fazer não influenciaram as gerações seguintes, não afetaram em nada o movimento sionista e, portanto, não há nenhuma pessoa que possa ser chamada de "arauto do sionismo".
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