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A Parábola dos Lavradores Maus é uma das parábolas de Jesus encontrada nos três evangelhos sinóticos, em Lucas 20:9–19, Marcos 12:1–12 e Mateus 21:33–46, e no apócrifo Evangelho de Tomé. Ela descreve um fazendeiro que planta uma vinha e a deixa aos cuidados de lavradores, que falharam em seu dever.
Esta parábola é sobre os sumo-sacerdotes e os fariseus e foi contada para as pessoas presentes no Templo de Jerusalém durante a última semana antes da morte de Jesus.
“ | «Depois começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou ali um lagar, edificou uma torre e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para outro país. No tempo da colheita enviou um servo aos lavradores, para receber deles do fruto da vinha; mas eles, agarrando-o, o açoitaram e mandaram embora sem coisa alguma. Tornou a enviar-lhes outro servo; e a este o feriram na cabeça, e o carregaram de afrontas. Enviou ainda outro, e a este mataram; e enviou muitos outros, a alguns dos quais açoitaram e a outros mataram. Restava-lhe ainda um, o seu filho amado; a este enviou por último, dizendo: Terão respeito a meu filho. Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa. Agarrando-o, mataram-no e lançaram-no fora da vinha. Que fará o senhor da vinha? Virá e exterminará os lavradores e entregará a sua vinha a outros. Nunca lestes sequer esta passagem da Escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como a pedra angular; Isto foi feito pelo Senhor, E é maravilhoso aos nossos olhos? Procuravam prendê-lo (mas temeram o povo), porque perceberam que contra eles proferia esta parábola. Deixando-o, retiraram-se.» (Marcos 12:1–12) | ” |
Todas as versões sinóticas da parábola afirmam que os sacerdotes do Sinédrio entenderam que a parábola de Jesus foi dirigida contra eles e que eles são os lavradores. Era frequente na época que lavradores cuidassem das propriedades quando o proprietário estava ausente e se ele não tivesse herdeiros, os trabalhadores tinham prioridade no direito à terra[1].
A descrição da vinha é de Isaías 5:1–30. Utilizar uma vinha como uma metáfora para descrever Israel era uma prática comum no discurso religioso da época[1]. Ela também pode se referir à aliança ou talvez ao mundo todo[2]
A produção feita no vinhedo pode ser uma metáfora para todos os bens produzido pelo povo e que as autoridades não estão compartilhando com Deus, tentando mantê-los para si mesmos[3]. A produção da vinha também pode ser o próprio povo, pois é delas que os governantes tomam conta.
O dono da vinha é Deus e o filho é Jesus. Uma interpretação comum dos servos é a dos profetas judeus, embora seja possível que eles sejam os mensageiros de Deus anteriores[4]. O significado dos "outros" a quem será dada a vinha é debatido. Algumas interpretações propõem que sejam outros judeus ou cristãos ou talvez até mesmo os judeo-cristãos[3]. Eles são geralmente vistos como sendo a nova comunidade cristã[5].
Como consequência dessas interpretações, a parábola é geralmente interpretada como dizendo que Deus (o "proprietário") repetidamente envia profetas ("servos") para recolher o que lhe é devido, as uvas, um símbolo do bem. Os sacerdotes ("lavradores" ou "arrendatários"), no entanto, se recusam a receber os profetas e em vez disto os ferem, cada um de forma mais cruel do que o anterior, querendo cada vez mais o controle de Israel (a "vinha") para si mesmos; porém, quando eles finalmente mataram o "filho", Deus ("proprietário") irá revogar-lhes o direito sobre Israel ("vinha") e irá dá-lo aos seguidores de Jesus ("a outros"). Deus havia concedido a sua "vinha", a sua "Aliança", sua terra que produz uvas, símbolo do bem, para seus trabalhadores, os sacerdotes judeus ou as autoridades de todo o mundo, para ser trabalhada em seu benefício. No entanto, quando ele manda alguém para recolher o que lhe é devido, os profetas do passado, seus inquilinos se recusam a pagar e ferem cada servo de maneira pior que o anterior, significando a desconsideração cada vez maior da vontade de Deus. Os lavradores parecem querer manter os bens e o controle da vinha para si próprios. Quando eles finalmente matarem seu filho que veio para recolher o que era devido, Deus decide conceder a vinha para aqueles que lhe serão mais confiáveis.
A vinha antiga é Israel. E a vinha nova é a Igreja Cristã. Que guarda os mandamentos há 2000 anos.
Jesus portanto criticou as autoridades judaicas diretamente por rejeitarem a vontade de Deus para o seu benefício do próprio e pelo tratamento dado a si mesmo por elas (veja Rejeição de Jesus).
Também parece haver uma referência histórica direta feita por Jesus, a Senaqueribe, rei da Assíria setecentos anos antes. Senaqueribe havia conquistado a Babilônia na época em que Ezequias era o rei de Judá e havia colocado diversos governantes para tomar conta da cidade, sem sucesso, pois todos foram derrubados. Finalmente, ele enviou seu filho e herdeiro, Assurnadinsumi, para governar, mas ele também, logo em seguida, foi morto. Finalmente, o próprio Senaqueribe foi até lá e destruiu a cidade, não deixando pedra sobre pedra, e lançando uma maldição para que Babilônia não fosse reconstruída por 70 anos.
Outros pensam que poderia ser uma referência à destruição de Jerusalém pelos romanos, vista pelos cristãos como castigo de Deus pela morte de Jesus, e sua suposição de que suas novas comunidades seriam o "novo Templo". Não há menção na parábola sobre a forma que se daria a morte de Jesus, a crucificação ou ressurreição, a menos que a citação dos Salmos seja contada (vide #Exegese). O filho é morto fora da vinha, o que poderia ser uma referência à morte de Jesus fora da cidade de Jerusalém, embora na versão de Marcos desta parábola, ele é morto dentro e em seguida jogado para fora.
Ver Jesus como uma "pedra" para construir alicerces ("pedra angular") precede a destruição de Jerusalém no entanto. Paulo, em Romanos 9:33, refere-se a Jesus como uma pedra. Ele não usa os Salmos para sua sustentação bíblica, mas usa citações de Isaías (Isaías 8:14 e Isaías 28:16). Lucas afirmou, provavelmente após a destruição de Jerusalém, em Atos 4:11 que Pedro usou o mesmo salmo para descrever Jesus logo após a Sua morte. A Primeira Epístola de Pedro, que a maioria dos estudiosos consideram como pseudoepígrafo, usa tanto Isaías e os Salmos como referências em 2:6-8.
Jesus parece referir-se a si mesmo como uma pedra sobre a qual um edifício é construído. O edifício parece ser a nova comunidade cristã. Jesus prediz que será rejeitado, talvez fazendo referência à sua morte. Esta passagem é uma citação de Salmos 118:22–23. Muitos escritores do Novo Testamento usaram este salmo para resumir o que compreendiam da morte de Jesus como sendo parte de seu papel como o messias[6]. O salmo se refere a alguém ser salvo da morte por Deus. É notável que a palavra hebraica para filho, ben , é muito similar a para pedra, eben, que pode ser a origem desta interpretação[4]. Uma vez que Jesus disse isso no Templo, isto poderia refletir sua visão de Jesus como substituto do Templo, trazendo a presença de Deus para a humanidade[7].
O provérbio sobre a pedra que os construtores rejeitaram tecnicamente se refere a uma pedra angular, mas é quase universalmente interpretada como uma pedra fundamental, e sem que o significado do ditado tenha um significado pequeno. Como uma pedra fundamental é essencialmente uma alegoria para as pessoas rejeitando a coisa mais importante (sem ela, um arco construído a partir de seções entrará em colapso). Metaforicamente, o ditado, no contexto dos sinóticos, é interpretado como uma crítica direta aos sacerdotes por rejeitar o que era mais importante. Estudiosos estão divididos, porém, se a pedra é suposto ser o próprio Jesus ou apenas seus ensinamentos
A parábola, segundo a Fonte Q, provavelmente apareceu primeiro em Marcos e, em seguida, foi copiada e ligeiramente alterada por Mateus e Lucas. A fonte de Marcos é disputada, com a tradição mais antiga, de Pápias de Hierápolis, citando Pedro como fonte de Marcos.
Ela também aparece no Evangelho de Tomé (versos 65-66), que alguns têm sugerido como tendo precedido os evangelhos canônicos, embora a data em que foi escrito ainda seja geralmente considerada como incerta pelos estudiosos.
A versão de Mateus afirma que o método para matar o terceiro servo foi o apedrejamento, o que não aparece nas outras versões. O apedrejamento pode ser uma referência à mortes dos mártires cristãos e talvez à morte de Tiago, o Justo[5]. Mateus também relata os sacerdotes respondendo a Jesus que os lavradores devem ser expulsos, uma piada sobre si mesmos que eles só percebem mais tarde, embora Marcos e Lucas relatem que Jesus lhes respondeu isso. Lucas e Mateus relatam uma declaração sobre o poder destrutivo da pedra que falta em Marcos.
Ireneu de Lyon usou esta parábola para defender a ligação entre Deus do judaísmo e Jesus, em sua Adversus Haereses[8]. Se o leitor vê os servos como sendo os profetas judeus, então o proprietário que os enviou deve ser o mesmo pai do filho na história, que são Deus, o Pai, e Jesus, de modo que o "Deus dos judeus" também deve ser o pai de Jesus. Marcião defendia que Jesus não era o filho do Deus descrito nas Escrituras judaicas. Alguns transferiram esta parábola contra as autoridades judaicas para todos os judeus e a utilizaram para justificar o anti-semitismo, uma tese que vai contra o pensamento geral de ela foi dirigida contra os sumo-sacerdotes, que eram saduceus, e não contra o povo judeu em geral.
A versão que aparece no apócrifo Evangelho de Tomé é:
“ | 65. Disse ele: Um homem tinha uma vinha. Arrendou-a a uns colonos para a cultivarem, a fim de receber deles o fruto. Enviou seu servo para receber o fruto da vinha. Os colonos prenderam o servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: Talvez não o tenham reconhecido. E enviou-lhes outro servo. Mas os colonos espancaram também este. Então o senhor mandou seu filho, dizendo: Talvez tenham respeito a meu filho. Mas, como os camponeses soubessem que esse era o herdeiro da vinha, prenderam-no e o mataram. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 66. Disse Jesus: Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram. Ela é a pedra angular. | ” |
— Evangelho de Tomé 65-66[9]. |
A parte sobre a pedra que foi rejeitada pelos construtores aparece nos três evangelhos sinóticos também, mas "dentro" da parábola e não fora, como um pensamento separado, como acontece no Evangelho de Tomé. Neste também falta a curta explicação de Jesus sobre a relação entre ambos que aparece nos evangelhos.
Os céticos costumam afirmar que Jesus realmente não previu sua própria morte e que as previsões deste tipo são exemplos de vaticinium ex eventu, uma profecia após o fato. Isto poderia ser visto como uma referência à crença da nova Igreja que eles tinham superado o judaísmo através da morte e ressurreição de Jesus e do papel como o messias.
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