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A Parábola das Dez Virgens, também conhecida como Parábola das Virgens Néscias, é uma das mais conhecidas parábolas de Jesus. No entanto, ela aparece em apenas um dos evangelhos canônicos. De acordo com o Mateus 25:1–13, as cinco virgens que estão preparados para a chegada do noivo são recompensadas enquanto que as cinco que não estão são excluídas de seu banquete de casamento. A parábola tem um tema claramente escatológico: estar preparado para o Juízo Final[1].
Foi uma das parábolas mais populares na Idade Média, com enorme influência sobre a arte gótica, a escultura e a arquitetura de catedrais alemãs e francesas.
“ | «Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco prudentes. As néscias, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas juntamente com as lâmpadas. Tardando o noivo, toscanejaram todas e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro. Então se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. Disseram as néscias às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Porém as prudentes responderam: Talvez não haja bastante para nós e para vós; ide antes aos que o vendem e comprai-o para vós. Enquanto foram comprá-lo, veio o noivo; as que estavam apercebidas, entraram com ele para as bodas e fechou-se a porta. Depois vieram as outras virgens e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço. Portanto vigiai, porque não sabeis nem o dia nem a hora.» (Mateus 25:1–13) | ” |
A parábola é uma entre uma sequência de respostas para uma pergunta no Evangelho de Mateus:
“ | «Enquanto estava sentado no monte das Oliveiras, os discípulos aproximaram-se-lhe em particular, dizendo: 'Dize-nos quando sucederão estas coisas e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?'» (Mateus 24:3) | ” |
Outras parábolas nesta seqüência incluem a Parábola da Figueira (Mateus 24:32–35) e a Parábola do Servo Fiel (Mateus 24:42–51). A parábola das Dez Virgens[2] reforça o convite à prontidão perante o nosso desconhecimento da Segunda Vinda de Cristo[3]. Ela já foi descrita como uma "parábola de vigília"[4]. Como a Parábola da Moeda Perdida, é uma parábola sobre mulheres que segue imediatamente depois, e chega na mesma conclusão, que uma parábola sobre homens[5].
Nesta parábola, Cristo é o noivo[3][6], ecoando a imagem do Antigo Testamento de Jeová como o noivo em Jeremias 2:2 e passagens similares[3]. O evento esperado é a Segunda Vinda de Cristo[3][6]. RT France escreve que a parábola é "uma advertência dirigida especificamente àqueles dentro da igreja para que não assumam que o seu futuro está garantido incondicionalmente"[3].
A parábola não critica as virgens por dormir, uma vez que ambos os grupos fazem isso[6], mas por estarem despreparadas. Não está claro exatamente de que forma essa falta de preparação toma: as virgens néscias podem ter levado óleo em quantidade insuficiente ou, se elas acenderam suas candeias ou tochas pela primeira vez quando o noivo chegou (tendo dormido nas horas anteriores na escuridão), elas podem não ter levado óleo nenhum[7] (também não é claro se as virgens néscias conseguiram comprar óleo naquela noite[8]: a maioria das lojas estaria fechada no horário[9][10]).
A parábola não está escrita em louvor da virgindade[4] e certamente Luís de Granada, em seu The Sinner's Guide de 1555, escreve: "Ninguém intercede junto ao noivo em favor das cinco virgens néscias que, depois de desprezar os prazeres da carne e sufocando em seus corações o fogo da concupiscência, ou melhor, depois de observar o grande conselho da virgindade, negligenciaram o preceito de humildade e se tornaram cheias de orgulho por conta da sua virgindade"[11].
Enquanto que "um considerável número de exegetas supõem como fato que a parábola das Dez Virgens se origina no tempo de Jesus"[12], alguns comentarias, por conta de sua natureza escatológica, duvidam que Jesus a teria contado e que, ao invés disso, ela foi criada bem no início da igreja antiga. Uma grande maioria dos participantes do Jesus Seminar, por exemplo, apontam esta parábola como meramente similar a algo que Jesus teria dito ou simplesmente como falsa[13]. A obra do Jesus Seminar tem sido criticada, contudo[14][15]. Outros acadêmicos acreditam que esta parábola foi ligeiramente editada e é um excelente exemplo da habilidade de Jesus em contar parábolas[16]. A parábola das Dez Virgens aparece em todos os manuscritos do Novo Testamento antigos, com apenas pequenas variações em algumas palavras[17].
Para o entendimento devemos retratar-nos à tradição dos rabinos. No Talmude e Midrash Rabá se encontram várias parábolas. Eles usam elementos do dia-a-dia para ilustrar questãos teológigas e morais. O rei ou anfitrião simboliza Deus, os prudentes e néscios correspondem aos justos e não justos, um vestido bom é a vida justa diante de Deus, pão e agua são a Torá, óleo significa as boas obras, entre outros.
Os Pais da igreja viam muitas alegorias nessa parábola. Tomás de Aquino alista algumas interpretações alegóricas na Catena aurea:
A parábola era muito popular na época medieval e frequente na arte. As virgens prudentes são símbolos para a alma cristã, que é voltada para Deus praticando as cinco virtudes, enquanto as virgens néscias simbolizam os cinco tipos tradicionais de perversões.
Muitas catedrais góticas têm relevos e estatuas das virgens, em especial nos portões para o oeste, muitas vezes juntas com estátuas que simbolizam a igreja e a sinagoga.[18]
Esculturas se acham nos portais, e também no interior das catedrais. Vejam alguns exemplos:
Em igrejas antigas há muitos afrescos, em especial no norte da Europa. Na Escandinávia se acham também muitas pinturas a óleo, por exemplo nas igrejas medievais de Gotland Gothem e Stenkyrka. Dentro da igreja se encontram só as virgens prudentes, porque as néscias ficam fora da igreja.
A parábola das virgens é o tema do hino "Wachet auf, ruft uns die Stimme" (Acordai, os guardas chamam) de Philipp Nicolai e, com base nele, várias cantatas, entre elas a famosa Cantata 140 "Wachet auf, ruft uns die Stimme" de Johann Sebastian Bach[19].
Referências à Parábola das Dez Virgens se encontram, entre outros, na famosa canção da banda Genesis "Carpet crawlers"[20], no nome da banda "The foolish Virgins" ("As virgens néscias")[21] e na canção "Drop by Drop" de Kurt Bestor, Stephen Jones, Jenny Frogley e Ron Williams contam uma aplicação pessoal da parábola.
Uma versão moderna da parábola é "Mateus,25" de Axel Bergstedt, que conta de pessoas que esperam uma oportunidade única para elas, que muitas perdem por sendo despreparadas para uma longa espera[22].
Nas igrejas protestantes luteranas tradicionais, a parábola é lida como evangelho (Perícopa) no último domingo do ano eclesiástico, então o domingo antes do Advento. Na Igreja Ortodoxa da Arménia a história é tema da segunda-feira da semana santa e na terça-feira tem encenações especiais.
Na Doutrina Espírita, segundo Emídio Brasileiro,"a parábola representa o processo evolutivo do espírito rumo a sua perfeição intelecto-moral.O sentido de virgindade está na ignorância e na simplicidade com que Deus cria os espíritos para marcha do progresso. O noivo é o prêmio da perfeição alcançado depois de inúmeras jornadas evolutivas". A lâmpada representa a consciência e o azeite representa o cumprimento dos deveres morais e materiais.[23].
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