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A neuroteologia, também conhecida como bioteologia, neurociência da religião ou neurociência espiritual[1] é uma disciplina científica que estuda os processos cognitivos que produzem experiências subjetivas tradicionalmente categorizadas como religiosas ou espirituais,[2] relacionando-os com padrões de atividade no cérebro, descobrindo como e porque evoluíram nos humanos, e os seus benefícios. O assunto tem formado a base de vários livros de ciência popular.[3][4][5]
"Neuroteologia" é um neologismo que descreve o estudo científico dos correlatos neurais de crenças, experiências e práticas religiosas ou espirituais. Outros pesquisadores preferem usar termos como "neurociência espiritual" ou "neurociência da religião". Pesquisadores da área tentam explicar a base neurológica para experiências religiosas, como:[6]
Aldous Huxley usou o termo neuroteologia pela primeira vez no romance utópico Island. A disciplina estuda a neurociência cognitiva da experiência religiosa e da espiritualidade. O termo também é às vezes usado em um contexto menos científico ou em um contexto filosófico. Alguns desses usos, de acordo com a comunidade científica convencional, se qualificam como pseudociência. Huxley o usou principalmente em um contexto filosófico.
Atualmente, o uso do termo neuroteologia em artigos científicos já é comum. Uma pesquisa no serviço de indexação de citações fornecido pelo Institute for Scientific Information retornou 68 artigos em dezembro de 2020. Uma busca no Google Acadêmico na mesma época retorna várias páginas com livros e artigos científicos com a palavra neuroteologia no título ou resumo. Trabalhos sobre a base neural da espiritualidade ocorreram esporadicamente ao longo do século XX.
Existem várias áreas de estudo dentro da neuroteologia. Algumas delas são:
A neuroteologia tenta explicar a base neurológica para aquelas experiências, que são popularmente chamadas de espirituais, religiosas, ou místicas (e outros termos) para formas anormais de cognição, que quase sempre envolvem um ou mais dos seguintes itens:
Essas experiências são vistas como base de diferentes formas de religião e crenças .
Várias partes do cérebro estão relacionada com experiências místicas. São elas:
Cientistas há muito tempo têm especulado que sentimentos religiosos poderiam estar ligados a lugares específicos no cérebro. Um dos mais antigos escritos sobre o assunto datam de 1892, nos quais alguns textos sobre doenças cerebrais falavam de uma ligação entre "emoção religiosa" e epilepsia.
Em 1969, o biólogo britânico Alister Hardy fundou um Centro de Pesquisa de Experiência Religiosa (RERC) em Oxford depois de se aposentar do cargo de Professor de Zoologia da Linacre. Citando The Varieties of Religious Experience (1902), de William James, ele se propôs a coletar relatos em primeira mão de experiências numinosas. Ele recebeu o Prêmio Templeton antes de sua morte em 1985. Seu sucessor David Hay sugeriu em God's Biologist: A life of Alister Hardy (2011) que o RERC posteriormente se dispersou quando os investigadores se voltaram para novas técnicas de investigação científica.
Em estudos nas décadas de 1950 e 1960, foram tentados o uso de eletroencefalografia para estudar o comportamento das ondas cerebrais relacionado com estados espirituais. Em 1975, o neurologista Norma Geschwidn descreveu pacientes epilépticos com intensa experiência religiosa.
Durante a década de 1980, o doutor Michael Persinger estimulou o lobo temporal de pacientes humanos com um campo magnético fraco usando um equipamento que ele chamava de capacete de Deus (God helmet). Os pacientes relataram ter a sensação de "uma presença celestial no quarto". Esse trabalho ganhou atenção na época, mas não foi explicado o mecanismo que causava esses efeitos. Em 1987, Michael Persinger publicou um livro sobre o assunto intitulado "Neuropsychological Bases of God Beliefs".
Numa tentativa de focalizar o crescente interesse no campo, em 1994, o professor Laurence O. McKinney publicou o primeiro livro com o termo neuroteologia no título: "Neurotheology: Virtual Religion in the 21st Century" (Neuroteologia: Religião Virtual no Século XXI), escrito para uma audiência leiga. O livro ganhou grande interesse de pessoas como o Dalai Lama e o eminente teólogo Harvey Cox.
Um livro de 1998 sobre o assunto ganhou muita atenção: "Zen and the Brain", escrito pelo neurologista e praticante de Zen James H. Austin.
No final da década de 1990, os neurocientistas Andrew Newberg e Eugene d’Aquili usaram várias técnicas de neuroimagem em budistas experientes em profunda meditação, e, nos anos subsequentes, fizeram testes em freiras enquanto estavam rezando. Andrew Newberg e Eugene d’Aquili escreveram vários livros sobre o assunto:
Alguns recentes estudos com o uso de neuroimagem para localizar as regiões no cérebro ativas durante experiências que os pacientes associam como espiritual. David Wulf, um psicólogo da Wheaton Universidade de Massachusetts, disse que o "estudo de imagens do cérebro com os novos e poderosos aparelhos de neuroimagem como o MRIscanner, junto com a consistência do histórico de experiências espirituais por várias culturas, pela história e por religiões, sugerem um ponto em comum, e que isso reflete a estrutura e processos do cérebro humano. Ecoando antigas teorias de que sentimentos associados com experiências místicas ou religiosas são aspectos normais do funcionamento do cérebro sob circunstâncias extremas, e não comunicação direta com Deus ou outras entidades."
Alguns cientistas dizem que a neuroteologia pode reconciliar religião e ciência: mas, mesmo se não o conseguir, a neuroteologia pode desenvolver métodos seguros e precisos de indução a experiências espirituais para pessoas que não conseguem tê-las facilmente. Por causa dos efeitos positivos que essas experiências causam em pessoas que já a tiveram, alguns cientistas especulam que a habilidade de induzi-las artificialmente pode transformar a vida de algumas pessoas, tornando-as mais felizes, saudáveis e com melhor concentração.
A hipótese do gene divino propõe que alguns seres humanos carregam um gene que lhes dão a predisposição para episódios interpretados por algumas pessoas como revelação religiosa. A ideia foi postulada e promovida pelo geneticista Dean Hamer, diretor da Unidade Estrutura do Gene e Regulação do Instituto nacional do Câncer, nos Estados Unidos. Hamer escreveu um livro sobre o assunto intitulado "O gene divino: Como a fé é pré-programada dentro dos nossos genes (The God Gene: How Faith is Hardwired into our Genes)".
De acordo com a hipótese, o gene divino (VMAT2) não é “codificado” para a crença em Deus, mas é arranjado fisiologicamente para produzir sensações associadas, por alguns, com a presença de Deus ou outras experiências místicas, ou mais especificamente espiritualidade como um estado da mente.
Que vantagens evolutivas isso pode levar, e de que esses efeitos vantajosos são efeitos colaterais, são questões que ainda estão para serem totalmente exploradas. O doutor Hamer teorizou que a transcendência faz as pessoas ficarem mais otimistas, o que as leva a ficarem mais saudáveis e com mais probabilidade de terem muitos filhos.
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