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O aleúte[1] ou aleuta (Unangam Tunuu) é um idioma da família esquimó-aleúte. É falado pelos aleútes (Unangax̂) que vivem nas ilhas Aleutas[1], ilhas Pribilof e ilhas Comandante. Em 1995 existiam apenas 305 falantes do aleúte.
Aleúte Unangam Tunuu | ||
---|---|---|
Falado(a) em: | Estados Unidos Rússia | |
Região: | Alasca (Ilhas Aleutas e Pribilof) e Krai de Kamchatka (Ilhas Comandante) | |
Total de falantes: | 305 (em 1995) | |
Posição: | - | |
Família: | Esquimó-aleúte Aleúte | |
Escrita: | Alfabeto latino | |
Regulado por: | Sem regulador oficial | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | -- | |
ISO 639-2: | ale | |
ISO 639-3: | ale
|
O aleúte está, juntamente com as línguas esquimós (iúpiques e inuíte), no grupo esquimó-aleúte. Os principais grupos dialetais são o aleúte oriental, o aleúte de Atka e o extinto dialeto de Attu. Todos os dialetos apresentam influências léxicas do russo, mas o aleúte de Copper Island em especial também adotou muitas terminações inflexionais russas, apresentando uma morfologia verbal caracteristicamente eslava.[2]
Dentro do grupo oriental estão os dialetos de Unalaska, Belkofski, Akutan, das ilhas Pribilof, Kashega e Nikolski. O dialeto das ilhas Pribilof têm mais falantes vivos do que qualquer outro dialeto do aleúte. O grupo de Atka englopa os dialetos de Atka e da ilha de Bering. O aleúte de Attu, já extinto, foi um dialeto distinto que mostrava influência dos outros dois grupos. A região de Copper Island (ou Mednyy) foi colonizada pelos habitantes de Attu, e o aleúte de Copper Island é uma forma altamente crioulizada deste dialeto, misto com o russa. Ironicamente, hoje em dia o aleúte de Copper Island é falado apenas na ilha de Bering, para onde os habitantes de Copper Island foram evacuados em 1969.
Segue uma comparação dos numerais nos três principais dialetos (oriental, de Atka e de Attu):
Português | Aleúte oriental | Aleúte de Atka | Aleúte de Attu |
---|---|---|---|
um | ataqan | ataqan | ataqan |
dois | aalax | alax | ulax |
três | qaankun | qankus | qankun |
quatro | sichin | sichin | siching |
cinco | chaang | chaang | chaang |
seis | atuung | atuung | atuung |
sete | uluung | uluung | uluung |
oito | qamchiing | qamchiing | qavchiing |
nove | sichiing | sichiing | sichiing |
dez | hatix | hatix | hatix |
Os fonemas consonantais dos diversos dialetos aleútes estão representados abaixo. A primeira linha de cada célula indica a representação do fonema no alfabeto fonético internacional (AFI); a segunda indica como o fonema é representado na ortografia aleúte. As formas ortográficas em itálico representam os fonemas emprestados do russo ou do inglês; as formas ortográficas em negrito representam fonemas aleútes nativos. Alguns fonemas são exclusivos de dialetos específicos do aleúte.
Obs.: o aleúte oriental moderno eliminou a maioria das distinções entre nasais, sibilantes e aproximantes.[3]
O aleúte tem seis fonemas nativos para as vogais: as vogais curtas /i/, /a/, e /u/, e suas equivalentes longas /iː/, /aː/, e /uː/. Estas são representadas ortograficamente como i, a, u, ii, aa, e uu, respectivamente.
Antes ou depois de uma consoante uvular, o i se torna um /e/ retraído, o a ainda é pronunciado como /a/ mas é retraído e o u torna-se um /o/ retraído. Antes ou depois de uma consoante coronal, o a se torna /e/ ou /ɛ/ e o u se torna /y/ ou /ʉ/.[4]
A maioria das palavras aleútes pode classificada como substantivos ou verbos. Noções que são expressas no português através de adjetivos e advérbios são expressas geralmente através de verbos ou sufixos derivacionais.
Os substantivos recebem obrigatoriamente a designação de seu número gramatical (singular, dual ou plural) e de seus "casos" (absolutivo ou relativo; alguns pesquisadores, como Anna Berge, refutam tanto a caracterização deste aspecto como sendo um "caso" e os nomes "absolutivo" e "relativo". Este enfoque sobre os substantivos aleútes viria da linguística esquimó, porém estes termos podem ser enganosos quando aplicados ao aleúte). A forma absolutiva é a forma padrão, enquanto a forma relativa comunica uma relação entre o substantivo e outro membro da oração, possivelmente alguma que tenha sido omitida.
Nas construções possessivas, o aleúte marca tanto o possuidor quando o possuído:
tayaĝu-x̂
homem-ABS
'[o] homem'
ada-x̂
pai-ABS
'[o] pai'
tayaĝu-m ada-a homem-REL pai-POSSM 'o pai do homem'
O possuidor precede o possuído.
Os chamados "substantivos posicionais" são um conjunto fechado e especial de substantivos que podem estar nos casos locativo e/ou ablativo; nestes casos, comportam-se essencialmente como pósposições. Morfossintaticamente, as orações substantivas posicionais são quase idênticos a orações possessivas:
tayaĝu-m had-an homem-REL direção-LOC 'em direção ao homem'
Os verbos são flexionados de acordo com o modo e, quando finitos, com a pessoa e o número. As terminações de pessoa e número concordam com o sujeito d overbo se todos os participantes nominais de uma oração forem evidentes; no geral, se um complemento (incluindo o complemento de um verbo, o objeto de um substantivo posicional ou o possuidor de um substantivo) for omitido, sua ausência será refletida por uma desinência anafórica no verbo; em tais situações, o sujeito normalmente estará no caso relativo. Compare:
Piitra-x̂ | tayaĝu-x̂ | kidu-ku-x̂. |
Peter-SG.ABS | homem-SG.ABS | ajudar-PRESENT-3SG |
'Peter está ajudando o homem.'
Piitra-m | kidu-ku-u. | |
Peter-SG.REL | ajudar-PRES-3SG.ANA |
'Peter o está ajudando.'[5]
Quando mais de uma informação for omitida, o verbo concorda com o elemento cujo número gramatical for maior. Isto pode levar a ambiguidades:
kidu-ku-ngis ajudar-PRES-PL.ANA 'Ele/ela os ajudou.' / 'Eles o/a/os ajudaram.'[6]
Tanto substantivos quanto verbos estão sujeitos a uma extensa morfologia derivacional. As palavras aleútes começam com um conteúdo morfêmico, chamado de 'raiz' ou 'base', seguido ou não por sufixos derivacionais ('pós-bases'). As terminações flexionais são obrigatórias; curiosamente, não existem terminações flexionais "zero" (nulas) para qualquer um dos tipos de palavras.
A ordem canônica do aleúte é Sujeito-Verbo-Objeto.
Embora o aleúte tenha sido derivado da mesma língua-mãe que os idiomas esquimós, os dois grupos linguísticos evoluíram de maneiras distintas, o que resultou em diferenças tipológicas significativas. A morfologia flexional aleúte foi grandemente reduzida em relação ao sistema que deve ter existido no proto-esquimó-aleúte, e enquanto as línguas esquimós marcam o argumento verbal morfologicamente, o aleúte se baseia mais em uma ordem fixa de palavras.
Ao contrário dos idiomas esquimós, o aleúte não é ergativo-absolutivo. Os sujeitos e objetos em aleúte não são marcados diferentemente, de acordo com a predicação verbal (ou seja, se o verbo é transitivo ou intransitivo); como padrão, ambos recebem a terminação do chamado substantivo absolutivo. No entanto, se um complemento compreendido (que pode ser o complemento do verbo, ou algum outro elemento da oração) estiver ausente, o verbo leva uma desinência "anafórica" e o substantivo-sujeito leva a terminação dos substantivos "relativos".
Uma característica tipológica compartilhada tanto pelo aleúte quando pelos idiomas esquimós é a morfologia derivacional polissintética, o que pode gerar palavras extremamente compridas:
Ting | adalu-usa-naaĝ-iiĝuta-masu-x̂ta-ku-x̂. | |
me | mentira-para-tentar-novamente-talvez-PERFECTIVE-PRESENT-3SG |
'Talvez ele tenha tentado me enganar novamente.'[7]
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