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língua austronésia Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A língua malaia ou malaio (latino: Bahasa Melayu; jawi: ببهاس ملايو, pronunciado /ba.ha.sa mə.la.ju/) é uma língua austronésia falada pelos malaios e por pessoas de outros grupos étnicos que habitam a península Malaia, o sul da Tailândia, as Filipinas, Singapura, o Timor-Leste, o centro-leste da ilha de Sumatra, as ilhas Riau e partes do litoral de Bornéu.[7]
Malaio Bahasa Melayu / بهاس ملايو | ||
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Pronúncia: | /ba.ha.sa mə.la.ju/ | |
Falado(a) em: | Malásia Indonésia Brunei Singapura Timor-Leste Tailândia | |
Região: | Sudeste da Ásia | |
Total de falantes: | L1 – 70 milhões (2007)[1] | |
Família: | Austronésia Malaio-polinésia Malaio-polinésia nuclear Malaica Malaio | |
Escrita: | Alfabeto latino (Malásia, Brunei, Indonésia e Singapura) Jawi (Malásia e Brunei) | |
Estatuto oficial | ||
Língua oficial de: | Indonésia (como Indonésio) Malásia (como Malásio) | |
Regulado por: | Badan Pengembangan dan Pembinaan Bahasa (Agência de Desenvolvimento e Manutenção de Línguas) na Indonésia[3] Dewan Bahasa dan Pustaka (Instituto de Língua e Literatura) na Malásia[4] | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | ms | |
ISO 639-2: | may | |
ISO 639-3: | msa
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Países onde o malaio é falado: Língua oficial
Minoria reconhecida ou língua de comércio
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É comumente confundida com a língua malásia (Bahasa Malaysia), que é o nome comumente aplicado à língua malaia usada na Malásia, em contraponto à língua indonésia (Bahasa Indonesia). O malaio é, portanto, uma macrolíngua que engloba ambos os idiomas. Não há um consenso total sobre essa diferenciação, visto que o órgão que regula o malaio na Malásia (Dewan Bahasa dan Pustaka; Instituto de Língua e Literatura) já declarou que ambos os termos podem ser usados para intitular o idioma da Malásia, dependendo do contexto, o que leva os próprios habitantes a utilizarem o termo que mais os agrada.[8]
O malaio possui entre 215 e 278 milhões de falantes, dos quais 70 milhões aprenderam-no como língua materna e cerca de 199 milhões falam o Indonésio, que é considerado o décimo idioma mais falado do mundo.[9] Por conta da ampla utilização no cotidiano de diversos países, é considerado um idioma ativo.[10]
A palavra "Melayu" é o gentílico da Malásia. Já o vocábulo "Bahasa" é oriundo do sânscrito, e significa "linguagem" no malaio, fazendo referência ao sistema de comunicação usando palavras ou símbolos, o que faz com que "Bahasa Melayu" signifique literalmente "língua malaia".
O "Bahasa Malaysia" têm uma etimologia quase idêntica, que é "língua da Malásia". Por mais que os dois nomes aparentem ser sinônimos, a diferença no significado deve ser ressaltada (o primeiro denomina a macrolíngua utilizada em diversos territórios, enquanto o segundo denomina o idioma utilizado especificamente na Malásia).[11]
O malaio é reconhecido como língua oficial em quatro países, Malásia, Indonésia, Brunei e Singapura, sendo um idioma minoritário em outros territórios. Além do malaio padrão, focado nos quatro países citados anteriormente, outras variações do idioma (como Malaio de Kutai e Malaio de Kedah) são faladas por indonésios e povos etnicamente malaios que habitam outros territórios (como as Ilhas Keeling), além do subgrupo em Bornéu Ocidental.[12]
Na Indonésia, o idioma é usado como língua franca em todo o país, mas como língua materna é utilizado principalmente em Sumatra (destaque para o dialeto Minangkabau) e nas áreas costeiras de Calimantã. Durante o primeiro Kongres Pemuda (Congresso da Juventude) da Indonésia, realizado em 1926, foi realizado o Sumpah Pemuda (Juramento da Juventude), onde o malaio foi proclamado como a língua unificadora da Indonésia. Em 1945, o idioma nomeado Bahasa Indonesia, ou indonésio, foi consagrado como a língua nacional na Constituição da agora independente Indonésia.[12]
Na Malásia, o malaio também foi proclamado como uma língua nacional quando o país se tornou independente, em 1957. Atualmente, junto com o inglês (que é usado na educação universitária), ele continua sendo uma das duas línguas oficiais do Estado.[12]
Em Brunei, o malaio é a única língua oficial, mas faz-se uso do inglês em níveis mais altos da educação.[12]
Em Singapura, apesar da língua malaia ser falada apenas por 15% da população, ela é considerada uma língua nacional e oficial junto com mandarim, inglês e tâmil.[13]
Por ser uma língua de contato e ter sofrido influência de outras culturas linguísticas, o malaio possui cerca de 137 variações espalhadas pelo sudeste da Ásia.[14] Apesar disso, existem 10 delas que são mais difundidas e que estão localizadas na península malaia.
É o considerado "malaio padrão".[14]
É falado principalmente no noroeste da Malásia e na Tailândia por cerca de 2,6 milhões de falantes (que o tem como língua nativa). Possui alguns subdialetos, como o Kedah Utara, Perlis-Langwaki e Penang. O uso do dialeto prevaleceu historicamente no sudoeste da Tailândia antes de ser substituído pelo tailandês.
Existem diferenças do malaio padrão em relação aos pronomes e ao vocabulário. Por exemplo:[15]
Com cerca de 1,4 milhões de falantes, o dialeto de Perak é um dos mais comuns na Malásia. É uma parte essencial da identidade dos habitantes do estado de Perak, e possui dois subdialetos, o Kuala Kangsar e o Perak Tengah, que recebem esse nome por conta dos distritos onde são majoritariamente falados.
Existem diferenças fonéticas, sintáticas e lexicais sutis entre o dialetos de Perak e os outros dialetos do malaio. Algumas dessas diferenças são:[16]
É falado principalmente do estado de Pahang, apresar de haver comunidades migrantes de seus falantes nativos em áreas urbanas como Klang, e outros estados da península. Ademais, no estado de Pahang, existem ao menos duas outras variedades do malaio que são tradicionalmente faladas. É utilizado por aproximadamente 1 milhão de pessoas. Existem alguns sub-dialetos do dialeto de Pahang, mas a forma falada na vizinhança da capital real de Pahang é considerada como o "sub-dialeto padrão".
Esse dialeto é conhecido pela sua acentuada ascensão e queda de tom e pelo sotaque rápido. Ele exibe uma série de diferenças do malaio padrão, principalmente na fonologia e no vocabulário, o que faz com que ele permaneça sendo ininteligível para falantes do dialeto padrão. Algumas dessas diferenças são:[17]
Também conhecido como dialeto de Kelantan-Pattani, ele possui cerca de 2 milhões de falantes na Malásia e mais 3 milhões na Tailândia, e também é usado como língua franca. É geograficamente isolado da maior parte da península por montanhas e florestas tropicais, o que faz com que o dialeto seja bem distinto de outras variedades do malaio.
Não é muito inteligível com o malaio padrão, e as principais diferenças estão vocabulário e na fonética. Algumas dessas diferenças são:[18]
É falado no estado do Terengganu, onde costumava ser uma língua franca que ajudava na comunicação entre diversos grupos étnicos. É mutualmente inteligível com os dialetos de Kelantan e de Kedah, além de ser falado por mais de 1 milhão de pessoas.
O dialeto de Terengganu desenvolveu distinções fonéticas, sintáticas e lexicais, o que fez com que ele se tornasse ininteligível com o malaio padrão, a ponto de parecer um idioma extremamente diferente. Algumas dessas distinções são:[19]
Falado majoritariamente em Negeri Sembilan e em Alor Gajah, e considerado por muitos como uma variante de Minangkabau. Possui cerca de meio milhão de falantes. É um dialeto relativamente próximo do malaio padrão, mas algumas das suas diferenças são:[20]
É falado no estado de Sarawak e possui cerca de 1 milhão de falantes.
É razoavelmente ininteligível com o malaio padrão por conta do vocabulário e da fonética. Por exemplo:[21]
O malaio foi usado pela primeira vez no primeiro milênio como Malaio Antigo, uma parte da família linguística Austronésia. Durante o período de dois milênios, o malaio passou por diversos estágios de desenvolvimento que derivaram de diferentes camadas de influência estrangeira através do comércio internacional, expansão religiosa, colonização e desenvolvimento de novas tendências socio-políticas. A forma mais antiga do malaio é descendente da língua Proto-Malaia-Polinésia, falada pelos primeiros colonos Austronésios no Sudeste da Ásia. Segundo alguns pesquisadores da Linguística, essa forma posteriormente evoluiria para o Malaio Antigo quando a cultura e as religiões indianas começassem a adentrar a região, provavelmente usando as escritas Kawi e Rencong. O Malaio Antigo já possuía alguns termos que existem atualmente, mas que são ininteligíveis para falantes modernos, enquanto a língua moderna já é amplamente reconhecida na escrita do Malaio Clássico de 1303 d.C.[22]
O malaio evoluiu extensivamente para o Malaio Clássico através do influxo gradual de diversos elementos do vocabulário Árabe e Persa quando o Islã adentrou a região. Inicialmente, o Malaio Clássico era um diverso grupo de dialetos, o que refletia as variadas origens dos reinos malaios do Sudeste Asiático. Um desses dialetos, que foi desenvolvido na tradição literária de Malaca no século XV, eventualmente se tornou predominante. A forte influência de Malaca no comércio internacional da região fez com que o malaio se tornasse uma língua franca no comércio e na diplomacia, aspecto que o idioma manteve durante a época de sucessivos sultanatos malaios, a era colonial europeia e os tempos modernos. Do século XIX ao XX, o malaio evoluiu progressivamente através de melhorias gramaticais significativas e enriquecimento lexical para se tornar uma língua moderna com mais de 800.000 frases referentes a diversos assuntos.[22]
O Proto-Malaio (inglês: Ancient Malay) é uma língua que acredita-se que tenha existido nos tempos Pré-Históricos e que tenha sido falada pelos primeiros colonos Austronésios da região. Sua ancestral, a língua Proto-Malaia-Polinésia (que derivou do Proto-Austronésio, outro idioma hipotético) começou a decair a partir de 2000 a.C., possivelmente por conta da expansão dos povos austronésios de Taiwan em direção ao sul (região que englobava as Filipinas, Bornéu, Celebes e as Ilhas Molucas). O Proto-Malaio foi falado em Bornéu por volta de 1000 a.C, e discute-se que ele tenha sido o antecessor de todos os dialetos malaios subsequentes.[23]
Por conta da expansão geográfica das línguas malaicas para o interior, do seu cárater ocasionalmente conservador e do fato das suas variações não serem causadas pela mudança induzida por contato, os linguistas geralmente concordam que a terra natal desses idiomas é o Bornéu.[24] Por volta do começo do primeiro milênio, falantes de malaio estabeleceram assentamentos em regiões costeiras que atualmente são parte do centro-sul do Vietnã, Sumatra, Península Malaia, Bornéu, Lução, Celebes, Ilhas Molucas, Ilhas Riau, Banca-Bilitom, Ilha de Java e Bali.[23]
No começo da Era Comum, a influência da civilização indiana no arquipélago crescia cada vez mais. Através do ingresso e da proliferação do vocabulário Dravidiano e da influência de religiões indianas de grande importância, como o Hinduísmo e o Budismo, o Proto-Malaio evoluiu para o Malaio Antigo (inglês: Old Malay). A inscrição de Dong Yen Chau (que acredita-se ser do século IV d.C) foi descoberta no noroeste de Tra Kieu, próxima à Indrapura, capital do antigo Reino de Champá, onde atualmente é o Vietnã;[25][26][27] Porém, essa é uma amostra controversa, visto que alguns especialistas consideram que ela foi escrita em Cham Antigo, ao invés de Malaio Antigo. Os espécimes incontroversos mais antigos do idioma são a inscrição de Sojomerto, encontrada no centro da Ilha de Java e datada do século VII d.C, a inscrição de Kedukan Bukit, encontrada no sul da Sumatra e várias outras inscrições que datam do século VII ao X, descobertas em diversos locais, como na Sumatra, Península Malaia, Ilha de Java, outras ilhas do arquipélago Sunda e Lução. Todas essas inscrições de Malaio Antigo usaram ou escritas de origem indiana (como Pallava e Nagari), ou os antigos caracteres de Sumatra, que foram influenciados pela Índia.[28]
O sistema de Malaio Antigo é fortemente influenciado por escrituras em sânscrito quando se trata de fonemas, morfemas e vocabulário, além de palavras relacionadas à cultura indiana (tais como puja, bakti, kesatria, maharaja e raja) e ao hinduísmo e budismo (tais como dosa, pahala, neraka, syurga/surga, puasa, sami e biara) e que continuam sendo usadas nos dias atuais. Consta também que alguns malaios, independentemente das suas religiões, possuem nomes derivados do Sânscrito, como é o caso dos nomes de deuses ou heróis indianos hindus.[28]
Afirma-se popularmente que o Malaio Antigo das inscrições de Srivijayan, encontradas no sul da Sumatra, é o ancestral do Malaio Clássico. No entanto, como é constatado por alguns linguistas, a relação precisa entre esses dois idiomas, seja ela de ancestralidade ou não, é problemática e permanece incerta.[29] Isso ocorre devido à existência de algumas peculiaridades morfológicas e sintáticas, além da presença de afixos que são familiares à língua javanesa e à língua batak, mas que não são encontrados nem nos manuscritos mais antigos de Malaio Clássico. Pode ser o caso da língua das inscrições de Srivijayah é uma prima próxima ao invés de ser um ancestral do Malaio Clássico.[30] Ademais, mesmo que as primeiras evidências do Malaio Clássico tenham sido encontradas na Península Malaia em 1303 d.C., o Malaio Antigo continuou sendo utilizado como uma língua escrita em Sumatra até o final do século XIV, fato evidenciado pela inscrição Bukit Gombak, datada de 1357,[31] e pelo manuscrito Tanjung Tanah, da Era Adityavarman (1347-1375).
O período do Malaio Clássico começou quando o Islã ganhou espaço na região e se tornou uma religião de Estado. Como resultado do crescimento do intercâmbio com o mundo islâmico, essa Era testemunhou a inserção do vocabulário Árabe e Persa e a integração da cultura islâmica com a cultura malaia local. Os primeiros exemplos de léxicos árabes incorporados no Malaio Pré-Clássico escrito em Kawi foram descobertos na inscrição Minye Tujoh, datada de 1380 e encontrada em Aceh, na Sumatra. Apesar disso, o Malaio Pré-Clássico adquiriu uma forma mais radical cerca de meio século antes conforme atestado na pedra de inscrição de Terengganu, datada de 1303 e na inscrição Pengkalan Kempas, datada de 1468 e encontrada na Península Malaia. As duas inscrições não só servem como evidência do Islã como uma religião de Estado, como também são as amostras mais antigas restantes do sistema de escrita , o modelo ortográfico clássico predominante. Inscrições similares que continham vários termos adotados do Árabe com alguns deles ainda escritos na forma indianizada também foram descobertas em outras partes da Sumatra e do Bornéu.[32][33]
O Malaio Pré-Clássico se desenvolveu e e atingiu a sua forma refinada durante a Era de ouro do Império de Malaca e seu sucessor Johor, começando no século XV.[34] Como uma cidade portuária movimentada com uma população de 200 mil pessoas de diferentes nações (a maior do Sudeste Asiático na época), Malaca se tornou um caldeirão de múltiplas culturas e idiomas.[35] Mais palavras oriundas do árabe, persa, tâmil e chinês foram absorvidas e o período presenciou o florescimento da literatura malaia clássica e o desenvolvimento profissional da liderança real e da administração pública. Em contraste com o Malaio Antigo, os temas literários de Malaca foram além dos belles-lettres decorativos e das obras teológicas, acontecimento comprovado pela inclusão da contabilidade, leis marítimas, notas de crédito e licenças comerciais na tradição literária. Alguns manuscritos proeminentes nessa categoria são "Undang-Undang Melaka" (Leis de Malaca) e "Undang-Undang Laut Melaka" (Leis marítimas de Malaca).[33][36]
O sucesso de Malaca como um centro de comércio, religião e produção literária fez com que a cidade se tornasse um ponto importante de referência cultural para os influentes sultanatos malaios em séculos posteriores, o que sucedeu na importância crescente do Malaio Clássico como a única língua franca da região. Através do contato e da troca interétnica, o Malaio Clássico se espalhou para além do mundo malaio tradicional,[37] o que resultou em uma língua de comércio chamada "Melayu pasar" (Malaio de bazar) ou "Melayu rendah" (Malaio baixo),[38] como oposto ao "Melayu tinggi" (Malaio alto) de Malaca-Johor. Na realidade, Johor até desempenhou um papel fundamental na introdução da língua malaia a diversas áreas na parte oriental do arquipélago. Acredita-se que o "Melayu pasar" seja um pidgin, talvez influenciado pelo contato entre comerciantes malaios, chineses e não nativos do idioma malaio. Contudo, o ponto mais importante foi que o malaio pidgin criolizou, criando múltiplas línguas novas tais como o Baba Malaio (inglês: Baba Malay), a língua betawi e o Malaio da Indonésia Oriental (inglês: Eastern Indonesian Malay).[39] Ademais de ser o instrumento primário na propagação do Islã e das atividades comerciais, o malaio também se tornou uma língua de corte e uma língua literária em reinos além de seu domínio tradicional, como em Aceh e Ternate. O idioma também era usado em comunicações diplomáticas com os poderes coloniais europeus, aspecto evidenciado pelas cartas diplomáticas do sultão Abu Hayat II de Ternate para o rei João III de Portugal datadas de 1521 até 1522, a carta do sultão Alauddin Riayat Shah de Aceh para o o capitão Sir Henry Middleton da Companhia Britânica das Índias Orientais datada de 1602, e uma carta dourada do sultão Iskandar Muda de Aceh para o rei James I da Inglaterra datada de 1615.[40]
Essa Era também presenciou o crescente interesse entre estrangeiros em aprender a língua malaia para fins de comércio, missões diplomáticas e atividades missionárias. Por conta disso, muitos dicionários e livros de listas de palavras foram escritos, sendo o mais velho deles o dicionário chinês-malaio sintetizado pelos oficiais Ming do Departamento de Tradutores da Academia Hanlin durante o auge do sultanato de Malaca. O livro era conhecido como "Man-la-jia yiyu" (chinês: 滿剌加譯語; Palavras traduzidas de Malaca)[41] e contém 482 itens categorizados em 17 campos nomeados (astronomia, geografia, estações e épocas, plantas, pássaros e animais, casas e palácios, corpo e comportamentos humanos, ouro e joias, social e história, cores, medidas e palavras gerais).[42][43][44] No século XVI, acredita-se que a lista de palavras continuava em uso na China, quando um oficial do arquivo da realeza revisou o registro em 1560[45] Em 1522, o primeiro dicionário europeu-malaio foi compilado pelo explorador italiano Antonio Pigafetta, que fez parte da expedição de circum-navegação de Fernão de Magalhães, e que contém aproximadamente 426 itens. A lista italiano-malaio se posteriormente se tornou a principal referência para a criação dos dicionários latim-malaio e francês-malaio.[46]
A fase inicial da colonização europeia no Sudeste Asiático começou com a chegada dos portugueses no século XVI, dos holandeses no século XVII e dos ingleses no século XVIII. Esse período também marcou o despertar da cristianização na região, que tinha foco em Malaca, Amboíno, Ternate e Batavia. Publicações de traduções da Bíblia começaram a surgir no começo do século XVII, apesar de haver evidências de que o missionário jesuíta Francisco Xavier traduziu alguns versos do livro sagrado no começo do século XVI. Na realidade, Francisco Xavier devotou muito da sua vida às missões em apenas quatro centros, Malaca, Amboina e Ternate, Japão e China, dos quais dois estavam na região de língua malaia (Malaca e Japão e China).[47]
Para facilitar trabalhos missionários, manuscritos e livros religiosos começaram a ser traduzidos para o malaio, sendo o primeiro deles começado em 1611 por Albert Ruyll, um comerciante holandês devoto. O livro era entitulado Sovrat ABC, que era escrito no alfabeto latino, o que representa a introdução dessa escrita e dos princípios básicos do calvinismo (que incluem os Dez Mandamentos, a própria fé e algumas orações) na região. Essa obra foi seguida por diversas bíblias traduzidas para o malaio, como é o exemplo de Injil Mateus dan Markus (o evangelho de Mateus e Marcos), e Perjanjian Baru (Novo Acordo).[48]
O século XIX foi um período de forte dominação política e comercial por parte do Ocidente sobre o arquipélago malaio. A demarcação colonial trazida pelo Tratado Anglo-Holandês de 1824 levou à colonização efetiva da parte sul das Índias Orientais pela Companhia Holandesa das Índias Orientais enquanto o Império Britânico mantinha diversas colônias e protetorados na península malaia e no norte do Bornéu. Os colonizadores holandeses e britânicos, ao perceberem a importância do entendimento das línguas e da cultura local, começaram a estabelecer vários centros de estudos linguísticos, literários e culturais em universidades como a de Leida e a de Londres. Milhares de manuscritos e outros artefatos históricos da cultura malaia foram coletados e estudados. O uso do alfabeto latino começou a expandir no campo da administração e da educação, onde as literaturas e idiomas ingleses e holandeses começaram a adentrar e se espalhar gradualmente na língua malaia.[49]
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento tecnológico do método de impressão (que permitiu a produção em massa a preços baixos) aumentou a criação de atividades relacionadas à leitura na língua malaia. Essa evolução posteriormente afastaria a literatura malaia da sua posição tradicional, que era nos tribunais malaios.[49]
Um escritor notável da época era Abdullah Munsyi, nascido em Malaca e famoso por obras como Kisah Pelayaran Abdullah ke Kelantan (A História da Viagem de Abdullah a Calantão), de 1838 e Kisah Pelayaran Abdullah ke Mekah (A História da Viagem de Abdullah a Meca), de 1854. As obras dele marcam o primeiro estágio da transição da literatura clássica para a moderna, fazendo com que ela deixasse sua forte presença em histórias folclóricas e lendas e passasse a comparecer mais em descrições histórias precisas. Na realidade, o próprio Abdullah ajudou Claudius Thomsen, um padre dinamarquês, a publicar a primeira revista malaia em 1831, meio século antes do primeiro jornal malaio ser produzido. Ela era chamada Bustan Ariffin, e seu principal tema eram as missões cristãs. Por conta disso, Abdullah Munsyi é considerado o pai da literatura malaia moderna, sendo o primeiro nativo a ter suas obras publicadas.[50]
Pela metade do século XIX e começo do século XX, o mundo da literatura malaia foi incrementado por escritoras mulheres como Raja Aisyah Sulaiman, conhecida pelo livro Hikayat Syamsul Anwar, de 1890, onde ela expressa a sua reprovação em relação ao seu casamento e ao seu apego à tradição e à corte real.
Os acadêmicos da região de Riau-Lingga também estabeleceram o Rusydiyah Club, uma das primeiras organizações literárias malaias que engajava em diversas atividades literárias e intelectuais no final do século XIX. O clube era composto por um grupo de estudantes de malaio, que discutiam diversos assuntos relacionados a escrita e publicação.[51]
Entre os primeiros exemplos de jornais malaios estão Soerat Kabar Bahasa Malaijoe of Surabaya, publicado nas Índias Orientais Holandesas em 1856 e Peranakan of Singapore, publicado em 1876. Houve também um jornal publicado no Sri Lanka, conhecido como Alamat Langkapuri, considerado o primeiro jornal malaio a ser publicado utilizando a escrita.[51]
Na educação, a língua malaia de Malaca-Johor foi determinada como a língua padrão e tornou-se meio de instrução nas escolas durante a era colonial. Começando em 1821, escolas que utilizavam o malaio eram estabelecidas pelo governo colonial britânico em Penão, Malaca e Singapura, que foram seguidos por diversos estados da península da Malásia. Esse desenvolvimento gerou a criação de livros didáticos para as escolas, junto com a publicação de materiais de referência como dicionários e livros de gramática. Além disso, um impulso importante foi dado na direção do uso do malaio na administração britânica, o que requere que todos os funcionários públicos ativos passem em um exame especial da língua malaia como uma condição para exercer o cargo, como foi publicado no veículo Straits Government Gazette 1859.[51]
Na Indonésia, o governo colonial holandês reconheceu a língua malaia de Malaca Johor como o "malaio elevado" e a promoveu como meio de comunicação entre os holandeses e a população local. O idioma também foi ensinado nas escolas do país.[51]
O florescimento da literatura malaia pré-moderna do século XIX levou a ascensão do movimento intelectual entre os locais e ao surgimento de novas comunidades de linguistas malaios. A apreciação do idioma cresceu, e vários esforços foram tomados pela comunidade para promover ainda mais o uso do malaio, assim como para melhorar as suas habilidades para enfrentar a Era moderna. Entre as medidas tomadas estava o planejamento de um corpus linguístico para o malaio, iniciado pela Pakatan Belajar-Mengajar Pengetahuan Bahasa (Sociedade para o Aprendizado e Ensinamento de Conhecimento Linguístico), estabelecida em 1888. A sociedade Pakatan Bahasa Melayu dan Persuratan Buku Diraja Johor (Sociedade Real de Língua Malaia e Obras Literárias de Johor), que recebeu esse nome em 1935, se envolveu ativamente na organização e compilação das diretrizes para ortografia, dicionários, gramática, pontuação, letras, redações, terminologias e etc.[52] O estabelecimento da Universiti Pendidikan Sultan Idris (Universidade Educacional Sultan Idris) (UPSI), em 1922, em Tanjung Malim, Peraque, intensificou esses esforços. Em 1936, Za'aba, um excelente acadêmico e palestrante da UPSI, produziu uma série de livros de gramática malaia entitulada Pelita Bahasa, o que modernizou a escrutura da linguagem do Malaio Clássico e se tornou a base da língua malaia que ativa atualmente. A mudança mais importante foi a sintaxe, que foi da forma passiva clássica para a forma ativa moderna. No século XX, outros melhoramentos também foram realizadas por outras associações, organizações, instituições governamentais e congressos em vários pontos da região.[53]
A escrita tem seu papel único na história da autoconsciência e da luta nacionalista na Indonésia e na Malásia. Além de serem a ferramenta principal para difundir conhecimento e informação, jornais como Al-Imam (1906), Panji Poestaka (1912), Lembaga Melayu (1914), Warta Malaya (1931), Poedjangga Baroe (1933) e Utusan Melayu (1939) se tornaram o principal estímulo em defender e moldar a luta pelo nacionalismo. A escrita, seja na forma de romances, contos ou poemas, tem um papel distinto em reanimar o espírito do Despertar Nacional Indonésio e o nacionalismo malaio.[54]
Faculdades e universidades com malaio como seu meio primário de instruções evoluiram para se tornarem centros proeminentes de pesquisas e produção de novas escritas intelectuais em malaio.[54]
Existem muitos dialetos e variações no malaio, mas essa é a fonologia do malaio padrão, chamado de Bahasa Melayu Baku. Ao contrário do tailandês e do mandarim, o malaio não é um idioma tonal.[55]
As seis vogais do malaio padrão (Bahasa Melayu Baku)[56][57] estão representadas abaixo.
Considerações extras sobre as vogais da língua malaia e seus fonemas estão citadas abaixo.[58]
Algumas análises sugerem que existem três ditongos fonêmicos nativos do malaio.[59] São eles:
Esses ditongos correm apenas no final dos morfemas dissilábicos ou trissilábicos.
Outras análises consideram que esses ditongos são apenas monotongos seguidos de uma aproximante, ou seja, ⟨ai⟩ representa /aj/, ⟨au⟩ representa /aw/ e ⟨oi⟩ representa /oj/. De acordo com essa análise, não existem ditongos fonêmicos no malaio.[60]
As consoantes do malaio padrão[56][57] estão representadas abaixo. Consoantes não nativas que ocorrem apenas em palavras emprestadas, principalmente do árabe e do inglês, são mostradas entre parênteses. Algumas análises listam 19 consoantes primárias no malaio, que são os 18 símbolos que não estão entre parênteses na tabela mais a oclusiva glotal [ʔ].[61][62]
Onde os símbolos aparecem em pares, o da direita representa a consoante sonora.
Os sons são representados ortograficamente pelos símbolos da tabela, exceto:[58]
Considerações extras sobre as consoantes da língua malaia e seus fonemas estão citadas abaixo.[58]
O malaio é uma língua isocrônica, o que significa que cada sílaba leva o mesmo período de tempo para ser enunciada. Em alguns idiomas, como o inglês e o alemão, quem leva o mesmo período de tempo para ser pronunciado são os segmentos divididos pela tonicidade de cada palavra. O que causa a diferença é que cada um desses segmentos pode ter um número diferente de sílabas, o que faz com que algumas partes frase sejam ditas de forma mais apressada do que outras.[64]
A sílaba tônica das palavras é sempre a penúltima. A exceção principal para essa regra é quando a penúltima sílaba contém a vogal /ə/, o que faz com que a tonicidade passe para a última sílaba.[64]
Mais de 90% dos léxicos nativos é baseado em morfemas de raiz dissilábica, com uma pequena porcentagem de raízes monossilábicas e trissilábicas.[65] Apesar disso, com a vasta difusão da prefixação e sufixação, são encontradas muitas palavras com cinco ou mais sílabas.
No léxico nativo, a estrutura da sílaba é C1VC2, onde C1 e C2 são opcionais e C1 pode ser qualquer consoante (embora /w/ e /j/ quase nunca apareçam no início da palavra). Em sílabas no final dos morfemas, C2 pode ser qualquer consoante exceto as laminais /t͡ʃ/, /d͡ʒ/, /ɲ/ e as plosivas sonoras (/b/, /d/, /g/). Em sílabas não finais, C2 é ou uma consoante nasal ou /r/ antes de qualquer outra consoante com a exceção de /h/, /w/ ou /j/. Por exemplo:[64]
bangsa - /baŋ.sa/ - nação → CVC - CV
bersih - /bər.sih/ - limpar/limpo → CVC - CVC
Em empréstimos linguísticos, outras consoantes aparecem na posição C2 em sílabas não finais. Por exemplo:
saudara - /saw.dar.a/ - irmão → na sílaba não final saw, o /w/ aparece na posição C2
hairan - /haj.ran/ - maravilhado → na sílaba não final hai, o /j/ aparece na posição C2
akhbar - /ax.bar/ - jornal → na sílaba não final ax, o /x/ aparece na posição C2
Com isso, conclui-se que as sílabas em malaio assumem quatro formas, sendo elas: CVC; CV; VC; V
O malaio utiliza dois alfabetos, o rumi (Brunei, Malásia e Singapura: Tulisan Rumi, literalmente "escrita romana"; Indonésia: Aksara Latin, literalmente "escrita latina"), que consiste nas 26 letras do alfabeto latino padronizado pela ISO e o jawi (em árabe: جاوي), uma variação do alfabeto árabe.[66]
O rumi é oficial na Malásia, em Singapura e na Indonésia, onde possui uma ortografia oficial diferente. Em Brunei, o rumi é um alfabeto cooficial com o jawi. A seguir, estão apresentadas as letras do alfabeto rumi, com o nome que é dado a elas no malaio padrão (que é diferente no indonésio, visto que a pronúncia do malaio padrão se assemelha a do inglês, enquanto a do indonésio se assemelha a do holandês, por conta dos diferentes polos de influencia europeia), o(s) fonema(s) que elas representam e um exemplo de aproximação para o português brasileiro.[67]
Como a pronúncia do português brasileiro varia de acordo com os dialetos, em ocasiões onde a pronúncia é ambígua a referente ao exemplo está indicada entre colchetes.
Letra | Nome | Fonema | Aproximação para o português |
---|---|---|---|
Aa | e | /a/ | acaba |
Bb | bi | /b/ | bola |
Cc | si | /t͡ʃ/ | tia ['tʃiɐ] |
Dd | di | /d/ | dado |
Ee | i | /ə/, /e/ | about (em inglês), terei |
Ff | éf | /f/ | faca |
Gg | ji | /g/ | gato |
Hh | héc | /h/ | corta ['kɔhtɐ] |
Ii | ay | /i/ | ilha |
Jj | jé | /d͡ʒ/ | dia ['d͡ʒiɐ] |
Kk | ké | /k/ | cada |
Ll | él | /l/ | lua |
Mm | ém | /m/ | mala |
Nn | én | /n/ | nada |
Oo | o | /o/, /ɔ/ | todo, pó |
Pp | pi | /p/ | pai |
kiu | /k/ | couro | |
Rr | ar | /r/ | carro |
Ss | és | /s/ | seda |
Tt | ti | /t/ | telha |
Uu | yu | /u/ | tudo |
Vv | vi | /v/ | vaca |
Ww | dabel yu | /w/ | we (em inglês) |
Xx | éks | /x/ | roda |
Yy | way | /j/ | you (em inglês) |
Zz | zet | /z/ | zebra |
No século II, o malaio foi usado nos reinos de Langkasusa e Gangga Negara, provavelmente usando as escritas Kawi e Rencong. A primeira inscrição que usava o jawi, alfabeto derivado do árabe, foi achada na pedra Terengganu em 1303, o que também indicava a chegada do Islã na península da Malásia. Por um período de cerca de 1000 anos (do século XII até os dias atuais), o jawi tem sido usado pelos malaios muçulmanos, tendo se adaptado ao longo dos séculos e evoluído da sua forma clássica para a forma aprimorada que é usada atualmente para propósitos educacionais, administrativos, comerciais e políticos.[68]
Existem cerca de 10.000 manuscritos malaios escritos em jawi ao redor do mundo, que abordam uma série de assuntos, que incluem ciência e matemática. Comerciantes, embaixadores, acadêmicos e colonizadores estrangeiros regularmente passavam pelo arquipélago malaio, onde o malaio era a língua franca. A realeza malaia usava a escrita jawi na comunicação durante o sultanato de Malaca no século XV, prática que continuou acontecendo até a independência da Malásia em 1957. A Declaração de Independência da Malásia foi escrita em jawi e em inglês, e durante o século XX, a imprensa continuou a utilizar a escrita como forma de expressar o nacionalismo fortalecido pela independência.[68]
No entanto, o auge do jawi na língua malaia diminuiria no quesito de importância no final do século XX e início do século XXI, quando foi substituído gradualmente pela escrita rumi, instalada através de um complicado processo de desenvolvimento da Malásia e da Indonésia.[68]
Seu processo de estabelecimento começou oficialmente com o Sistema Ortográfico de Van Ophuijsen em 1901, na Indonésia, seguido pelo Sistema de Wilkinson na Malásia em 1924 e o Sistema Zaaba também na Malásia em 1933. Em 1972, depois dessas mudanças, o Rumi acabou se tornando o alfabeto do Bahasa Indonesia e do Bahasa Malaysia. Nessa época, as transferências constantes de um sistema para o outro levantou suspeitas na população malaia, que começou a visualizá-las como formas sutis de impor o cristianismo no país, visto que a escrita romana era uma parte da cultura cristã latina.[68]
O jawi continua sendo um alfabeto reconhecido como cooficial em alguns locais, como é o exemplo de Brunei. enquanto é utilizado de forma não oficial em outros. Em 1966, o Ministério da Educação parou de ensinar a escrita jawi nas escolas, exceto na educação islâmica. Assim, a língua malaia na Malásia é encontrada escrita tanto em jawi quanto em rumi, a forma romanizada, o que indica a versatilidade e o dinamismo do malaio. Por outro lado, o malaio escrito em rumi faz com que a língua seja desconectada da sua herança tradicional, mais presente no jawi.[68]
Assim que o rumi ganhou de destaque e passou a ser usado mais amplamente, o jawi foi reduzido a utilizações menos importantes e passou a ser ensinado apenas quando atrelado ao ensino islâmico. Apesar dos diversos esforços que têm sido feitos para preservar a escrita jawi e reintroduzir seu uso entre os malaios (os estudantes que fazem testes e idiomas em malaio possuem a opção de responder as perguntas em jawi), o rumi permanece sendo a forma de escrita mais comum na Malásia, tanto oficial como informalmente.[68]
No ato hereditário de 2005, o alfabeto jawi foi qualificado como um item imaterial que deve ser conservado, algo também representado pela Política Educacional da Malásia de 2013, que aborda a importância de aumentar o prestígio e a dignidade da língua malaia. Essa preocupação com a conservação e a extinção do jawi se deve ao fato de que o idioma malaio possui uma longa tradição nessa escrita, o que significa que perder o alfabeto seria perder o passado da língua junto.[68]
Atualmente, o jawi continua sendo usado em áreas habitadas por populações mais conservadoras, como Pattani, na Tailândia, e Kelantan, na própria Malásia.[69]
Nos tópicos gramaticais abordados a seguir, além das referências especificadas, há uma referência comum que foi utilizada.[22]
Os pronomes em malaio são divididos em pessoais, possessivos, demonstrativos, locativos, interrogativos e indefinidos. Eles não são diferenciados por gênero (assim como a maior parte das palavras do idioma), mas podem ser classificados como formais e informais em alguns casos, dependendo da situação e do referente. Pronomes formais podem ser utilizados em qualquer situação e com qualquer interlocutor, sendo considerados neutros e educados, enquanto os pronomes informais são utilizados entre pessoas próximas ou que possuem um status social parecido, embora possam soar desrespeitosos caso não haja intimidade suficiente para a sua utilização. É comum que pronomes formais sejam utilizados com pessoas mais velhas, visto que o forte respeito aos idosos é um ponto recorrente nas culturas asiáticas.[70]
SINGULAR | PLURAL | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Caso | 1a Pessoa | 2a Pessoa | 3a Pessoa | 1a Pessoa | 2a Pessoa | 3a Pessoa | |
Pessoais | Formal | saya | awak | beliau | kami/kata | anda | mereka |
Informal | aku | engkau/kamu | dia | korang | dia orang |
Considerações extras sobre os pronomes pessoais da língua malaia estão citadas abaixo.[71]
O malaio usa dois pronomes demonstrativos, que são determinados pela distância física ou temporal do orador. São eles:
Alguns exemplos são:
Bakar selalu baca "Utusan Malaysia" (Bakar sempre lê "Utusan Malaysia") - Bakar selalu baca ini (Bakar sempre lê isso)
Kursus sejarah susah (O curso de história é difícil) - Itu susah (Aquilo é difícil)
Notas:
Existem três formas de demonstrar posse em malaio.[73]
Pronomes | Sufixos | Exemplo |
---|---|---|
aku | -ku | mejaku (minha mesa) |
kamu | -mu | mejamu (sua mesa) |
dia | -nya | mejanya (mesa dele/a) |
Alguns exemplos são:
Cintaku - Meu amor
Saodah rindu padamu - Saodah sente saudades de você
Existem três pronomes que podem ser usados para tratar de localizações, que são determinados pela distância que o local está em relação ao interlocutor. Além disso, é possível perceber certa semelhança entre os pronomes locativos e os demonstrativos.
Os verbos não são flexionados de acordo com pessoa ou número, e também não são marcados por tempo, que costuma ser indicado por advérbios. Porém, existe um sistema complexo de afixos (o malaio é uma língua aglutinativa, o que significa que as palavras são formadas através da adição de afixos a raiz de uma palavra) para dar nuances de significado e diferenciar vozes ou modos intencionais e acidentais, e que costumam ser ignorados na linguagem coloquial.
Alguns analistas afirmam que o malaio possui 4 modos: O imperativo, indicativo/assertivo, condicional e infinitivo/indefinido.
Os verbos também podem ser primitivos ou derivados. Os primitivos são aqueles que são originalmente verbos, enquanto os derivados são os verbos formados pela junção de afixos com verbos, advérbios ou adjetivos. Por exemplo:
Devido aos afixos e ao fato de que o significado de um verbo muda dependendo da função sintática que ele executa na frase, os verbos primitivos podem adquirir diversas formas e representar diversas situações. Ao invés da declinação como indicativo da pessoa que executa a ação (como é o caso do português), o malaio determina a pessoa por meio da sintaxe.[22]
Prefixos:
Sufixos:
Circunfixos:
Exemplo:
Duduk - sentar
Os 5 auxiliares para verbos e advérbios são:
A ordem das palavras na frase é sujeito-verbo-objeto, assim como no português. Não existem plurais nem gênero gramatical. Além disso, existem três tipos de sentenças em malaio, as equacionais, as verbais e as existenciais.[22]
As sentenças equacionais consistem em sujeito e predicado, que algumas vezes é visto como complemento por apresentar informações adicionais sobre o sujeito, ou seja, "complementa" o seu significado. O sujeito de uma sentença ocupacional costuma ser uma frase nominal (FN), enquanto o predicado pode ser uma frase nominal, adjetiva (F ADJ), adverbial (F ADV), preposicional (F PREP) ou verbal (FV).
É importante lembrar que a função da FV como predicado em uma sentença equacional é diferente da sua função em uma sentença verbal. A FV descreve estados na sentença equacional, enquanto costuma descrever ações na sentença verbal.
As sentenças verbais consistem em sujeito e predicado, que necessariamente contém uma FV. A FV contém no mínimo um verbo, e pode apresentar objeto direto (OD) ou indireto (OI) e outros complementos, que podem ser frases nominais ou adverbiais.
São sentenças que demonstram existência por meio do uso da partícula ada, que pode ser traduzida como "existe", "há".
Segue um exemplo de vocabulário malaio, o artigo 1 da Declaração dos Direitos humanos.[74]
Malaio padrão | Português |
---|---|
Perkara 1
Semua manusia dilahirkan bebas dan sama rata dari segi maruah dan hak-hak. Mereka mempunyai pemikiran dan perasaan hati dan hendaklah bertindak di antara satu sama lain dengan semangat persaudaraan. |
Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Eles possuem pensamentos e sentimentos e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. |
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